terça-feira, 31 de maio de 2011

Sobre a WWF



A WWF é uma das organizações independentes de conservação da natureza mais importantes a nível mundial. Tem cerca de 5 milhões de apoiantes e está activa nos cinco continentes em mais de 100 países.
O estilo único da WWF combina objectivos globais com critérios científicos, experiência e rigor, envolve acção a todos os níveis, do local ao global e apresenta soluções inovadoras que visam a protecção da vida humana e da natureza.
Desde a sua criação, em 1961, tem mantido elevados níveis de sucesso. Actualmente, a WWF financia cerca de 2000 projectos e emprega cerca de 4000 pessoas em todo o mundo. Tem um rendimento anual de 600 milhões de CHF.


Este ano a WWF completa 50 anos de conquistas ambientais em todo o mundo. Nestes cinquenta anos, a WWF conquistou o seu lugar de líder mundial de conservação da natureza graças ao seu estilo único, combinando objectivos globais com critérios científicos, experiência e rigor, apresentando soluções inovadoras que visam a protecção da vida humana e da natureza;
Neste seu cinquentenário, a WWF convida-o a fazer uma viagem virtual em MyWorld e a fazer uma promessa para salvar o mundo em que vivemos.

WWF - Governos e empresas devem unir-se em acção conjunta para impedir a perda de floresta



O primeiro capítulo do relatório Florestas Vivas, divulgado hoje, examina as causas da desflorestação e identifica as oportunidades de mudança nos negócios para um novo modelo de sustentabilidade, que pode beneficiar governos, empresas e comunidades.

Baseado numa nova análise global que aponta para que mais de 230 milhões de hectares de floresta poderão desaparecer até 2050 se nenhuma acção for tomada, o relatório propõe que os responsáveis ​​políticos e as empresas se unam em torno de uma meta de desflorestação e degradação florestal zero (ZNDD), que deve ter o ano de 2020 como horizonte de referência mundial, para evitar as alterações climáticas irreversíveis e reduzir a perda de biodiversidade.

"Estamos a desperdiçar florestas valiosas por não conseguirmos resolver questões políticas vitais, tais como a governança e os incentivos económicos para mantermos a floresta viva", disse Rod Taylor, Director do Programa Florestas da WWF Internacional.

sábado, 28 de maio de 2011

A luta pela igualdade de género em Portugal

Maria Veleda

Irene Lisboa

Guiomar Torreão

Carolina Beatriz Ângelo

Carolina Michaelis
Adelaide Cabete

Ana de Castro Osório

Domitila Carvalho

Ainda em 1906, Carolina Beatriz Ângelo (a primeira especialista em ginecologia e a primeira mulher a poder votar em Portugal), Adelaide Cabete (médica e professora), Domitila de Carvalho (a primeira mulher a entrar na porta férrea da Universidade de Coimbra, Emília Patacho e Maria do Carmo Lopes, aderiram ao Comité Português da La Paix et le Désarmement par les Femmes. É digno de registo este passo, sobretudo, porque permitiu com coragem e grande sacrifício, ainda em plena Monarquia, tomar consciência e preparar uma luta, que se avizinhava terrivelmente difícil, mas perante a qual jamais abrandariam. Estas e outras mulheres que se juntaram à sua causa, marcarão decisivamente a História do século XX português, particularmente, a história da militância política das Mulheres Portuguesas.
Em Maio de 1911, para combater, sobretudo, a ignorância e a superstição, aparece o Grupo das Treze. Treze, número simbólico com o qual as sócias da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas quiseram surpreender e, desde logo, quebrar uma primeira superstição. Para elucidar a sociedade quanto aos seus propósitos tinham máximas, todas elas compostas por 13 palavras, como: ”O fanatismo é uma espécie de lepra que corrompe e devora o pensamento”. Ou ainda: “A sociedade ideal será aquela em que a mulher levante templos à ciência”. E também: “A ciência fortalece as almas, a superstição amortalha-as na treva da Morte”.
Foi com este espírito ousado que surgiram, tentando despertar novas ideias nas assembleias que as ouviam: “Iluminar as almas, libertar as consciências, eis a verdadeira missão da mulher moderna”.
Criaram um distintivo: uma medalha com o número 13, com a qual apareceram na sessão solene de apresentação pública do Grupo, estando presentes Judite Pontes Rodrigues, Carolina Amado, Ernestina Pereira Santos, Lydia d’Oliveira, Maria Veleda, Antónia Silva, Adelina Marreiros, Honorata de Carvalho, Marianna Silva, Filipa d’Oliveira, Berta Vilar Coelho, Lenia Loyo Pequito, Carolina Rocha da Silva - esta última em substituição de Maria da Madre de Deus Diniz d’Almeida, que não pode comparecer na sessão inaugural.
Como “Grupo das Treze” não duraram muito: existiram apenas até Outubro de 1913, mas, como sócias da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas foram activistas dinâmicas, destacando-se, também, pelas iniciativas cívicas e políticas, a escritora Ana de Castro Osório.
Lutaram com heroicidade e determinação pelo direito ao voto das mulheres, pela lei do divórcio (entre outras) e apoiaram a Obra Maternal, instituição criada no tempo da monarquia com o objectivo de proteger e educar as crianças sem família ou vítimas de maus tratos e, em 1913, reivindicaram no Senado e na Câmara de Deputados a revogação da lei que permitia o direito de fiança a violadores de menores.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Discurso de Barack Obama aos alunos dos E.U.A.



Sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aulas, e para os que entraram para o jardim infantil, para a escola primária ou secundária, é o primeiro dia numa nova escola, por isso, é compreensível que estejam um pouco nervosos. Também deve haver alguns alunos mais velhos, contentes por saberem que já só lhes falta um ano. Mas, estejam em que ano estiverem, muitos devem ter pena por as férias de Verão terem acabado e já não poderem ficar até mais tarde na cama.
Também conheço essa sensação. Quando era miúdo, a minha família viveu alguns anos na Indonésia e a minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde andavam os outros miúdos americanos. Foi por isso que ela decidiu dar-me ela própria umas lições extras, de segunda a sexta-feira, às 4h30 da manhã.
A ideia de me levantar àquela hora não me agradava por aí além. Adormeci muitas vezes sentado à mesa da cozinha. Mas, quando eu me queixava, a minha mãe respondia-me: "Olha que isto para mim também não é pêra doce, meu malandro..."
Tenho consciência de que alguns de vocês ainda estão a adaptar-se ao regresso às aulas, mas hoje estou aqui porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar.
Já fiz muitos discursos sobre educação e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender. Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia em frente da televisão ou a jogar com a Xbox. Falei da responsabilidade do vosso governo de estabelecer padrões elevados, de apoiar os professores e os directores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os alunos não têm as oportunidades que merecem.
No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades, se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção aos professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, se quiserem ser bem sucedidos. E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria educação.
Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.
Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores - suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais -, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores - quem sabe capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina -, mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal, mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo.
No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida garanto-vos que não será possível a não ser que estudem.
Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso.
E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola, agora, vai decidir se, enquanto país, estaremos à altura dos desafios do futuro.
Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas Ciências e na Matemática para curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na História e nas Ciências Sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia.
Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e intelecto para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem - se abandonarem a escola -, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país.
Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso e sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois anos e eu fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldade em pagar as contas e nem sempre nos conseguia dar as coisas que os outros miúdos tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me sozinho e tive a impressão de que não me adaptava, e, por isso, nem sempre conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem ter dado para o torto.
Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e consegui ir para a faculdade, estudar Direito, e realizar os meus sonhos. A minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto, trabalharam muito e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as melhores escolas do nosso país.
Alguns de vocês podem não ter tido estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem.
Apesar de tudo isso, as circunstâncias da vossa vida - o vosso aspecto, o sítio onde nasceram, o dinheiro que têm, os problemas da vossa família - não são desculpa para não fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal. Não são desculpa para responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem.
A vossa vida actual não vai determinar forçosamente aquilo que vão ser no futuro. Ninguém escreve o vosso destino por vocês.
Aqui, nos Estados Unidos, somos nós que decidimos o nosso destino. Somos nós que fazemos o nosso futuro.
E é isso que os jovens como vocês fazem todos os dias em todo o país. Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Quando Jazmin foi para a escola não falava inglês. Na terra dela não havia praticamente ninguém que tivesse andado na faculdade, e o mesmo acontecia com os seus pais. No entanto, estudou muito, teve boas notas, ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Brown e, actualmente, está a estudar Saúde Pública.
Estou a pensar ainda em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que aos três anos descobriu que tinha um tumor cerebral. Teve de fazer imensos tratamentos e operações, e uma delas afectou-lhe a memória, levando-o a estudar muito mais - centenas de horas a mais - que os outros. No entanto, nunca perdeu nenhum ano e entrou agora na faculdade.
E também há o caso da Shantell Steve, da minha cidade, Chicago, no Illinois. Embora tenha saltado de família adoptiva para família adoptiva nos bairros mais degradados, conseguiu arranjar emprego num centro de saúde, organizou um programa para afastar os jovens dos gangues e está prestes a acabar a escola secundária com notas excelentes e a entrar para a faculdade.
A Jazmin, o Andoni e a Shantell não são diferentes de vocês. Enfrentaram dificuldades como as vossas. Mas não desistiram. Decidiram assumir a responsabilidade pelos seus estudos e esforçaram-se por alcançar objectivos. E eu espero que vocês façam o mesmo. É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleçam os seus próprios objectivos para os estudos, e para que façam tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objectivo pode ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção nas aulas ou ler todos os dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa actividade extracurricular ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade. Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação, por serem quem são ou pelo seu aspecto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. Ou pode ser que decidam cuidar de vocês mesmos para aprenderem melhor. E é nesse sentido que espero que lavem muitas vezes as mãos e que não vão às aulas se estiverem doentes, para evitarmos que haja muitas pessoas a apanhar gripe neste Outono e neste Inverno.
Mas decidam o que decidirem gostava que se empenhassem. Que trabalhassem duramente.
Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar - que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou por serem estrelas de reality shows -, mas a verdade é que isso é muito pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os vossos objectivos à primeira. No entanto, isso pouco importa. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado duas vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos ao longo da sua carreira. No entanto, uma vez disse: "Falhei muitas e muitas vezes na minha vida, mas foi por isso que fui bem-sucedido."
Estas pessoas alcançaram os seus objectivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos definam - temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer dizer que temos de fazer um esforço maior para nos comportarmos bem.
Não é por termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de estudar mais.
Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não entramos para a primeira equipa da universidade a primeira vez que praticamos um desporto. Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo.
Não tenham medo de fazer perguntas. Não tenham medo de pedir ajuda quando precisarem. Eu todos os dias o faço. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um adulto em quem confiem - o pai, o avô ou um professor ou treinador - e peçam-lhe que vos ajude. E mesmo quando estiverem em dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as outras pessoas vos abandonaram, nunca desistam de vocês mesmos. Quando desistirem de vocês mesmos é do vosso país que estão a desistir.
A história da América não é a história dos que desistiram quando as coisas se tornaram difíceis. É a das pessoas que continuaram, que insistiram, que se esforçaram mais, que amavam demasiado o seu país para não deixarem de dar o seu melhor.
É a história dos estudantes que há 250 anos estavam onde vocês estão agora e fizeram uma revolução e fundaram este país. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 75 anos e ultrapassaram uma Depressão e ganharam uma guerra mundial, lutaram pelos direitos civis e puseram um homem na Lua. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 20 anos e fundaram a Google, o Twitter e o Facebook e mudaram a maneira como comunicamos uns com os outros. Por isso, hoje quero perguntar-vos qual é o contributo que pretendem fazer. Quais são os problemas que tencionam resolver? Que descobertas pretendem fazer?
Quando daqui a 20 ou a 50 ou a 100 anos um presidente vier aqui falar, que vai dizer que vocês fizeram pelo vosso país?
As vossas famílias, os vossos professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês têm a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros, o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E, por isso, espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem. Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em vocês. Tenho a certeza que são capazes.



(proferido dia 8.9.2009)

Festa, alegria, lágrimas e sofrimento.

O filme que aqui publico é terrível, sim, mas é importante mostrá-lo.
Apesar de exibido a todas as horas, em todo o mundo, com protagonistas e cenários diferentes mas sempre com o mesmo enredo e o mesmo fim.
Em segundos, partimos da alegria para a dor. Da vida para a morte. Da música para o silêncio. Da luz para a escuridão.

Iniciando a viagem sem regresso que marcará, para sempre, os que ficaram mergulhados na dor e na revolta.

Ficou o brilho das estrelas. O sol e o mar. O verde da terra e o azul do céu. A saudade e o Amor...mas eles não ficaram.


Rua e Luta



Em 1896, Guerra Junqueiro, no seu Pátria, refere que “um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas (...)”, mostra bem como a passividade e a indiferença de um povo perante uma realidade que lhe é hostil, melhor dizendo, a falta de atitude de um povo perante a prepotência, o autoritarismo e a injustiça, podem torná-lo presa fácil de ditadores e exploradores que dele se servem e dele dependem. Ao longo da História, particularmente a partir das grandes revoluções do século XVIII, na Inglaterra e na França, animado pelos ideais iluministas, empreende a caminhada para a sua libertação e toma nas suas mãos o seu destino.
Cortam-se amarras! O povo vem para a rua e, com enorme coragem e determinação, muitos são os que pagam com a vida a sua luta pela liberdade e pela dignidade roubada, há muitos e muitos anos, por ditadores sanguinários e corruptos instalados na cadeira do poder.
Esta onda está a varrê-los e não parará jamais!
Começou com toda a força na Praça Tahrire, no Cairo, e continua a alastar por todo o Médio Oriente, África, Europa...
Em Portugal, iniciou-se a 12 de Março de 2011 com a GERAÇÃO À RASCA, um acontecimento histórico, um dia memorável!
Também lá estive. Porque a minha geração continua à rasca e a dos nossos filhos à rasca está e estará. Porque são sempre os mesmos à rasca para desenrascar os do costume: os "comedores", os "trafulhas", os medíocres, "os das cunhas", "os
 promíscuos", os corruptos, os lambe-botas, "os vendilhões" ...
Não foi para isto que os meus pais lutaram mas também é por isto que eu continuarei a lutar.
Todos somos responsáveis pelo estado a que isto chegou. A defesa da democracia merece a nossa intervenção cívica e política, já, não somente porque o futuro estará comprometido se não agirmos, mas, sobretudo, porque o HOJE já é uma luta desesperada contra a fome, a miséria, a opressão e a prepotência instaladas. E porque o amanhã nada será se o HOJE nada for, estaremos todos irremediavelmente perdidos se não tivermos a consciência dos problemas e as razões que os causaram. Olhemos para a História, particularmente, a partir da 1ª metade do século XX. Quando é que aprendemos a lição? Lição de História, Lição de Vida?
12 de Março de 2011 foi a voz da Rua, do Povo, do Descontentamento, da Revolta, da Injustiça.
A voz de uma democracia ameaçada, violada sistematicamente pela arrogância e estupidez de uma espécie de políticos, para os quais não existe a cultura do exemplo nem moral política, muito menos democracia ética.
Servem políticas de ocasião à medida das suas clientelas e fazem da Política um meio rápido e infalível para o mediatismo que tanto procuram, a qualquer preço, desconhecendo o que é a dignidade, sentido do dever, honra e lealdade, para com o com o país e para com os eleitores.
No dia 12 de Março, senti que se levantava do chão o espírito de Abril e a confiança na luta.
Pacificamente, milhares de pessoas, jovens e adultos, explorados, escravizados, enganados, defraudados, saíram à rua. Mostraram a verdade dos seus dias e uma vida cada vez mais perto de o não ser.
Mostraram que a mentira impera e o terror também. Que da seriedade continuamos arredados, falsamente conduzidos para um beco de desilusões e fracassos, em nome de uma modernidade demagogicamente optimista, incorporada no sorriso e discurso dos líderes que NÃO ouvem o clamor da multidão.
Ética e moral política, precisam-se, mas coragem e determinação, também!
Bertolt Brecht, no seu Elogio da Dialéctica, diz-nos:
“A injustiça avança hoje a passo firme.
Os tiranos fazem planos para dez mil anos.
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são.
Nenhuma voz além da dos que mandam. (…) Quem pois ousa dizer: nunca?
De quem depende que a opressão prossiga? De nós. De quem depende que ela acabe? Também de nós.” (…)
O que é esmagado, que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha?
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.”

"you know, a job you can always get another. Not another country!"


Maria Nazaré Oliveira

Acesso à água é um direito humano


As Nações Unidas aprovaram a resolução que considera o acesso a água potável e saneamento um direito fundamental, do qual estão ainda privadas cerca de 884 milhões de pessoas.
O acesso à água é "essencial para usufruir do direito à vida". Por isso, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu o acesso a água limpa e saneamento como um direito humano fundamental, aprovando uma resolução apresentada pela Bolívia por 122 votos a favor e 41 abstenções.
Todos os anos morrem cerca de 1,5 milhões de crianças com menos de cinco anos por doenças relacionadas com a falta de acesso a água potável e saneamento. Para além disso, adianta a ONU, há 884 milhões de pessoas com difícil acesso a água própria para beber, enquanto 2600 milhões não têm condições de saneamento.
A resolução agora aprovada apela aos países para que intensifiquem os esforços no sentido de disponibilizar água e saneamento a todos os cidadãos. China, Rússia, Alemanha, França, Espanha ou Brasil votaram favoravelmente, mas entre os países que se abstiveram estão Estados Unidos, Reino Unido e Canadá.
Londres justificou a sua abstenção ao considerar que a resolução não define com clareza o alcance do novo direito nem as obrigações que resultam da resolução.
A jurista portuguesa Catarina Albuquerque, que está a trabalhar como especialista independente sobre esta questão, deverá apresentar um relatório no Conselho dos Direitos Humanos em Genebra, no próximo ano. O representante norte-americano na Assembleia Geral da ONU, John Sammis, considerou que o texto agora aprovado "não reúne o consenso de todos os países e pode mesmo minimizar o trabalho que está a decorrer em Genebra", adiantou a BBC. Também o representante do Canadá considerou o texto "prematuro", uma vez que se aguarda um relatório sobre o assunto.
No entanto, vários activistas dos direitos humanos congratularam-se com a decisão. "Esta é uma conquista muito significativa por estabelecer o acesso a um bem elementar para a sobrevivência", disse ao PÚBLICO Pedro Krupenski, director executivo da Amnistia Internacional em Portugal. "É importante que se tome consciência de que a água é um bem escasso e fundamental para evitar o controlo do acesso."
Ainda que não seja de esperar a rápida democratização da acessibilidade, Krupenski considera que "há uma tomada de consciência dos líderes do mundo". O resultado imediato, diz, "é a satisfação de ter mais um direito humano tão fundamental".
Na semana passada, a Amnistia Internacional em Portugal tinha enviado uma carta ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, a apelar para que a resolução da ONU reconhecesse o direito à água como parte do direito a um padrão de vida adequado estabelecido na Convenção Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais. Portugal votou favoravelmente a resolução. Por Isabel Gorjão Santos

Há 884 milhões de pessoas com difícil acesso a água potável OLAV A. SALTBONES/REUTERS/

quarta-feira, 25 de maio de 2011

NÃO, NÃO, NÃO!














Senti-me feliz e orgulhosa por ter estado na Marcha a favor dos DIREITOS DOS ANIMAIS dando voz a milhares de seres que sofrem horrores nas mãos do pior predador - o Homem -, retratados em centenas de cartazes violentíssimos que vi, com imagens de uma realidade feita de sofrimento, que me dói profundamente, precisamente porque continua a existir e pouco ou nada se tem feito para acabar com tudo isso.
Animais abandonados, doentes, torturados, explorados, presos a vida inteira, criados em condições desumanas, humilhados nos circos, maltratados, abatidos sem o mínimo respeito e dignidade, condenados a trabalhos forçados, sobretudo nos campos, estropiados nos laboratórios, deixados numa agonia profunda e a esvair-se em sangue, quer nos matadouros quer nas ruas e estradas...
Tantos exemplos de crueldade que há, caso da TOURADA, sinónimo também de TORTURA, BARBARIDADE E MORTE, espectáculo degradante QUE ALGUNS PAGAM PARA VER E APLAUDIR!
Lutarei sempre contra a existência de justiça (e leis) só para alguns, a prepotência e a exploração dos mais fracos e a humilhação e indiferença com que são tratados.
Lutarei sempre para derrubar a perversa ignorância e o vil poder dos que se afirmam pelos bens que têm (ou julgam ter) e não pelo BEM que fazem.
Dos que, pela sua enorme estupidez, não se enxergam como tal, cegos que estão no seu falso pedestal de vã superioridade, ganha à custa da bajulação social, corrupção, troca de favores, "partidarismo", cobardia, mentira e sofrimento dos outros.
Na Marcha, muitos passavam por nós com uma altivez que enojava e até sorriam cinicamente como quem cospe.
Na sua ignorância e estupidez, na futilidade das suas cabeças ocas e na arrogância conservadora com que vêem os outros - como inferiores a si -, não sabem nem nunca saberão o que é ter convicções, ideais, valores, lutar por eles e dar mais sentido ao existir. E que essa luta não é mais do que a procura da harmonia entre todos os seres, entre todos os animais, humanos e não humanos. Um grito que se solta contra a violência e a exploração dos mais fracos, dos indefesos e dos inocentes.
Eu luto e lutarei sempre ao lado destes. Eu luto e lutarei por eles porque acredito num amanhã diferente. Um AMANHÃ que RESPEITE e trate com DIGNIDADE todos os ANIMAIS, durante a sua vida mas também na sua morte.
Nazaré Oliveira

Educação Cívica









Enquanto as pessoas não perceberem que a rua é a casa de toda a gente, continuaremos a ver cenas de horror, inadmissíveis e revoltantes, como é o caso dos "senhores" e "senhoras" que, estupidamente, com os ecopontos mesmo ao lado ou os contentores a a 2 metros, insistem em deixar os seus saquinhos do lixo do lado de fora, num claro desrespeito pelos outros e, sobretudo, pelo Ambiente!
Que moral tem esta gentinha para vir falar de civismo e criticar os outros?
Que medíocres! Que fazer com esta gente?
E os que "grafitam" a torto e a direito, paredes, janelas, azulejos, fachadas de prédios, monumentos... Quando se tomam medidas a sério contra este vandalismo e estes criminosos? Por que razão é que as autoridades e as autarquias ainda não as tomaram? Por que razão as nossas Câmaras não são mais actuantes nesta questão da limpeza pública e recolha de lixos, argumentando sempre que não têm pessoal suficiente para o fazer?
Não há desculpa: para este e outros sectores carenciados, requisitem pessoas inscritas nos Centros de Emprego, que recebem o rendimento mínimo há anos ou que continuam a fazer "formação para inglês ver", não se sabe bem porquê nem a quem interessa...Coloquem-nas, sim, em lugares onde a mão de obra nunca é demais! É o caso da limpeza das ruas, das serras, florestas, dos acessos às praias... Enquanto este país continuar assim, sem determinação política para tomar medidas sistematicamente adiadas e urgentes, descurando completamente o ensino da educação cívica nas nossas escolas, nada de bom poderemos projectar para o futuro.

Que beleza!





Fotografia de Francisco Torgal


Adoro!

domingo, 22 de maio de 2011

Reflexão sobre a democracia


Paira sobre o mundo uma grande perplexidade.

[...] No momento em que a interrogação sobre a democracia se estende a novos e velhos países, é de um problema de civilização que se trata.

Interessa [...] saber o que nessa nossa experiência levou a democracia a implodir não só na ética que a deve conduzir, como também na eficácia dos seus próprios mecanismos.

[...] Para que a democracia seja viável no século XXI, é preciso outro recomeço. Fazer a recuperação da História e descobrir, vislumbrar, intuir novos paradigmas e assim, talvez, inventar a democracia.»

Maria de Lourdes Pintasilgo

Mulheres e cidadania


Partindo de um conceito de cidadania activa, que deve contar com a participação de todos e que inclui o questionamento de uma ordem estabelecida que não é justa nem democrática, Maria de Lourdes Pintasilgo aponta para a necessidade de mudança social e de instauração de uma sociedade nova, baseada em valores éticos e verdadeiramente democráticos. Em seu entender, a democracia que vivemos, mais formal do que substantiva, assentando mais em procedimentos e regras instituídas do que em princípios e valores, não é uma democracia verdadeira.

Nesta perspectiva assume relevo a reflexão sobre o papel das mulheres e a sua contribuição, enquanto cidadãs, para o objectivo da mudança, particularmente através do acesso e participação na vida política, ou seja a gestão da polis, que é expressão simbólica privilegiada do exercício da cidadania.

Em textos que vão desde inícios da década de 70 até finais da década de 90 do século XX, esta ideia vai-se aprofundando e enriquecendo numa multiplicidade de aspectos e dimensões, de modo bem típico do pensamento de Maria de Lourdes Pintasilgo.

Logo em 1972, num discurso que faz perante o ECOSOC , é pioneira a sua reflexão sobre o papel das mulheres, acentuando, por um lado, a invisibilidade social daquelas, incompatível com as funções instrumentais que desempenham na comunidade e, por outro, a nova consciência das mulheres que desponta e que será força de mudança para toda a sociedade.

O momento do 25 de Abril e a movimentação social que se lhe segue parecem constituir alavanca poderosa no desenvolver deste pensamento. A “Carta Aberta às Mulheres de Abril”, um artigo não publicado, é testemunho forte de uma visão radical sobre a acção transformadora que as mulheres podem exercer. Evoca a sua experiência política, «uma mulher no seio de um universo masculino», e aparentemente regressada dessa «viagem ao mundo dos homens» contesta a organização desse mundo e os valores que o regem, ao mesmo tempo que evoca as vidas difíceis das mulheres e aspira à mudança que pode surgir de uma força colectiva daquelas que «querem e sonham com uma pátria nova».

Momento histórico, momento de charneira, em que há dois caminhos, o primeiro que é o da continuação do rumo da ordem social estabelecida, se bem que em novos moldes introduzidos pelo regime democrático, e o segundo que é o desafio da verdadeira revolução para a construção de uma sociedade estruturalmente nova, em que o questionamento do papel das mulheres leva ao questionamento da própria organização social. O título feliz do artigo “Partisanes ou suivantes ou les femmes dans le processus révolutionnaire portugais” expressa bem essa dicotomia que é simultaneamente «uma constatação e um desafio».

Esta é uma linha de pensamento que se vai aprofundar na relação que estabelece entre a emergência do feminino e a democratização da política, uma temática que vai sendo trabalhada em diversas perspectivas. Um texto não datado, mas que deve situar-se no final dos anos 90 ou início da década seguinte, formula-a claramente como “Emergence du féminin et démocratisation du politique” e, olhando o mesmo desafio de fundo, aponta as diversas fases de evolução deste processo e os obstáculos que se lhe opõem.

Trata-se de uma emergência do feminino que, permitindo às mulheres o exercício pleno da sua cidadania, em última análise implicará o seu acesso à decisão, em condições de igualdade com os homens. Uma igualdade que não é só quantitativa, mas que se traduzirá numa alteração qualitativa da própria vida democrática. Por isso se trata de uma «igualdade inédita e subversiva», que não se traduz na «integração unilateral das mulheres no mundo dos homens»; se for apenas essa a igualdade procurada ou alcançada, ela virá antes a criar uma nova forma de desigualdade. A igualdade a prosseguir inclui a aceitação da diferença, não da desigualdade, sendo que a diferença é mesmo uma dimensão valorativa da cidadania e da genuína democracia. Ela inclui, por outro lado, uma mudança de paradigma no domínio mais fundamental das relações humanas, o da relação homem-mulher, quer ao nível das relações pessoais, quer ainda ao nível das respectivas funções na vida social.

Nesta óptica, a experiência histórica milenar das mulheres, com tudo o que resulta da sua identidade própria, poderá ser uma mais valia para a democracia e torná-la mais viva e coerente. Para isso há que renovar as formas do seu funcionamento e não seguir modelos esgotados em si mesmos que já não dão resposta aos problemas e necessidades das pessoas. Há problemas novos que têm que ser vistos à luz das novas realidades do nosso tempo e das questões emergentes que as condicionam: a globalização e a interdependência, as movimentações e os desequilíbrios a nível mundial, a pobreza e a dependência de vastos sectores do planeta, a emergência do ambiente como novo actor social…Questões estas e outras a que o jogo político tradicional, em que apenas intervém uma minoria e que afasta a grande maioria de cidadãos e cidadãs, não dá resposta, provocando antes o descrédito e a descrença.

O exercício de uma nova cidadania das mulheres, um processo em construção na sua luta pela igualdade e pela participação, poderá trazer novas dimensões à solução dos problemas do mundo, pelo próprio carácter multifacetado que caracteriza essa cidadania e que resulta da própria natureza da identidade e experiência femininas. Por outro lado, na visão de Maria de Lourdes Pintasilgo, será também uma cidadania que se baseia na importância do sujeito, na dignidade da pessoa e num novo contrato social numa comunidade de homens e mulheres igualmente livres.

Para a autora, a cidade é o lugar em que o ser humano, a pessoa, emerge como sujeito de direitos, não apenas os direitos civis e políticos, valorizados numa visão tradicional da democracia, mas também os direitos económicos, sociais e culturais, e mesmo os chamados novos direitos, que devem ser igualmente valorizados numa visão de verdadeira democracia. Seguindo esta linha de pensamento ressalta em vários textos a estreita convergência entre a emergência do feminino e o questionamento da política tradicional.

A plena cidadania feminina trará novos rostos para o poder e transformará o próprio poder na sua natureza mais intrínseca. Como refere designadamente no texto “Femmes et Hommes au Pouvoir”, conferência pronunciada em Paris em 1999, ela proporcionará a passagem de um “poder sobre” para um “poder com” e de um “poder contra” para um “poder para”. Será uma oportunidade para as mulheres de humanizar o poder, de mudar a sua natureza, combinando «uma racionalidade técnica e operacional sem falhas com um cuidado do outro, sem compromisso nem demissão».

Assim, para Maria de Lourdes Pintasilgo não parece haver qualquer dúvida que as características próprias da identidade feminina trarão uma nova dimensão à democracia. Um texto fundamental, não obstante o seu carácter inacabado - “Cidadania feminina e sociedade activa” - explora esta perspectiva e acentua o carácter existencial da cidadania das mulheres, a que chama «cidadania múltipla», dada a sua proximidade e interacção com todas as esferas essenciais da vida. Encontrar «novas palavras e novos métodos» é o conselho que vai buscar a Virgínia Woolf para o exercício desta cidadania que, em seu entender, é imperativa e urgente.

É, aliás, muito interessante verificar como, mesmo quando o entusiasmo reflectido nos textos iniciais, especialmente ligados com a revolução de Abril, se vai esbatendo e dando lugar até a alguma decepção pelos objectivos não cumpridos, a chama permanece. A plena cidadania das mulheres é um objectivo essencial da democracia. Por isso, Maria de Lourdes Pintasilgo defende e promove o conceito de democracia paritária que considera portador de esperança e anunciador de futuro.

O texto “La démocratie paritaire” que escreve para uma publicação do Conselho da Europa, instância onde teve papel de relevo no desenvolvimento do conceito, é um texto emblemático do seu pensamento.

Para ela, a democracia verdadeira implica o colocar da pessoa no centro, como sujeito e objecto da acção política, acima dos mecanismos do mercado ou quaisquer outros. Mais do que regras ou procedimentos, por necessários que sejam, democracia é um «vasto sistema de valores e um modo de pensar que o grande princípio director deve ser o pleno respeito da dignidade do ser humano, que assim pode usufruir totalmente da sua cidadania».

Nesta visão, a igualdade que a democracia paritária exige é a igualdade perfeita, não apenas na lei e nas normas, mas na vida toda; por isso regista no mesmo texto que «a estratégia da paridade permitirá às mulheres o usufruto pleno da sua cidadania», sendo assim a democracia paritária uma dimensão essencial da democracia verdadeira, tão importante como o primado da lei ou a separação de poderes ou outros princípios tradicionalmente considerados.

Constituído por textos de natureza diferente, nacionais e internacionais, textos trabalhados e publicados e outros em estado de elaboração menos acabada, este acervo permite um olhar sobre a riqueza de pensamento de Maria de Lourdes Pintasilgo em relação ao tema Mulheres e Cidadania.

Mulheres e Cidadania, por Regina Tavares da Silva, http://www.fcuidarofuturo.com/

Prós e Contras de 16.5.2011 Parte II

Prós e Contras de 16.5.2011 - Parte I



Tema: Vozes Portuguesas. Um MUITO OBRIGADA à produção/RTP pelo convite que muito me honrou.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Menina dos Cravos (Amadeo Souza-Cardoso)

Menina dos Cravos
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Menina dos Cravos, 1913, figurou no London Salon deste ano.

Num espaço quase bidimensional, a realidade é decomposta em planos geométricos que se sobrepõem.


Pequena biografia:
Amadeo de Souza-Cardoso, nasceu em Manhufe, freguesia de Mancelos, Amarante, a 14 de Novembro de 1887 e morreu em Espinho, a 25 de Outubro de 1918. Foi um pintor português, precursor da arte moderna, prosseguindo o caminho traçado pelos artistas de vanguarda da sua época. Embora tendo tido uma vida curta, a sua obra tornou-se imortal. Frequentou o curso de Arquitectura na Academia de Belas Artes de Lisboa em 1905 que interrompeu para partir para Paris, em 1906, instalando-se em Montparnasse, tomando contacto primeiro com o Impressionismo e depois com o Expressionismo e o Cubismo, dedicando-se, assim, exclusivamente à pintura. As primeiras experiências deram-se no desenho, especialmente como caricaturista. Em 1908 instala-se no número catorze da Cité de Falguière. Em Paris, frequentou ateliers preparatórios para Academia de Beaux-Arts e a Academia Viti do pintor catalão Anglada Camarasa. Em 1910 fez uma estadia de alguns meses em Bruxelas e em 1911 expôs trabalhos no Salon des Indépendants, em Paris, havendo-se aproximado progressivamente das vanguardas e de artistas como Amedeo Modigliani, Constantin Brancusi, Alexander Archipenko, Juan Gris e Robert Delaunay. Em 1912 publicou um álbum com vinte desenhos e, em seguida, copiou o conto de Gustave Flaubert, "La Légende de Saint Julien l'Hospitalier", trabalhos ignorados pelos apreciadores de arte. Depois de participar em 1913 de uma exposição com oito trabalhos nos Estados Unidos da América, no Armory Show, voltou a Portugal, onde teve a ousadia de realizar duas exposições, respectivamente no Porto e em Lisboa. Nesse ano participou ainda no Herbstsalon da Galeria Der Sturm, em Berlim. Em 1914 encontrou-se em Barcelona com Antoni Gaudí, e parte para Madrid onde é surpreendido pelo início da I Guerra Mundial. Regressou então a Portugal, onde iniciou meteórica carreira na experimentação de novas formas de expressão, tendo pintado com grande constância ao ponto de, em 1916, expor no Porto 114 obras com o título "Abstraccionismo", que foram também expostas em Lisboa, num e noutro caso com novidade e algum escândalo. O cubismo em expansão por toda a Europa foram influências marcantes no seu cubismo analítico. Amadeo de Souza-Cardoso explora o expressionismo e nos seus últimos trabalhos experimenta novas formas e técnicas, como as colagens e outras formas de expressão plástica. Em 25 de Outubro de 1918, aos 31 anos de idade, morre prematuramente em Espinho, vítima da "pneumónica" que grassava em Portugal.
(Wikipédia)

Agrupamentos à força!

SEXTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2010

É um triste fim de ano lectivo. Pelo menos, confuso e irritante para os professores das escolas públicas. De repente, têm todos de agrupar, de escolher novas direcções provisórias, de se juntar. Ficava caro ter tantos directores e tantas direcções? Uma pena o Ministério da Educação ter descoberto isso tão tarde. Mas, por outro lado, uma pena as direcções terem-se formado, traçado planos e projectos para agora deitar tudo para o lixo, para começar de novo e com que motivação?
Resultarão os mega-agrupamentos? Ou as escolas ficarão ainda mais isoladas? Como gerir os egos dos ex-directores e futuros directores? E a mão de ferro de alguns?
É caso para dizer como costuma referir a Fenprof: é o "ataque à escola pública"!
Mas que não se fique a pensar que a escola privada também não é atacada, há uma crise, lembram-se? Há pais a tirar os filhos das privadas e, provavelmente, a dormir pouco de noite quando lêem as notícias, quando vêem que a escola pública vai de mal a pior porque não basta ter escolas bonitinhas, com quadros interactivos e corredores imaculados, é preciso um corpo docente estável e motivado, duas coisas que os professores do ensino público não sabem o que é, há muito tempo...
Bárbara Wong. Blogue EDUCAR EM PORTUGUÊS.

Ainda há escolas e professores

Ainda há escolas e professores que se preocupam em dignificar a palavra democracia e que fazem a diferença pela sua postura cívica interventiva.
Escolas que, com toda a legitimidade, numa desejável colaboração institucional, não só criticam directrizes do Ministério da Educação (ME) como apontam caminhos que tragam urgentemente a harmonia e a motivação a uma classe docente cada vez mais violentada na essência do seu trabalho, com decretos, despachos e orientações absurdas sobre a avaliação do seu desempenho e a pretensa procura do mérito e competência. Mas o ME não as leva a sério e as respostas são sempre desfavoráveis, claramente evidenciadoras de um diálogo que nunca se pretendeu verdadeiramente e redundou em unilateralidade e imposições.
Num torpor e estranho aceitacionismo, há escolas e Direcções que executam apressadamente tudo o que lhes chega, como é o caso das últimas regulamentações sobre a avaliação dos professores, multiplicando-se em dezenas e dezenas de reuniões infindáveis nas quais pouco tem importado o que os professores pensam e dizem. Assustadoramente, invadem-nos com centenas de e-mails e páginas escritas para reflexão orientada superiormente, no entanto, quanto divisionismo e discussões estéreis provocam, quanto desânimo e frustração.
Apesar de legitimadas pelo voto dos seus pares e conhecedoras deste ambiente que tem vindo a degradar-se nas escolas, as Direcções quase nunca ou nunca convocam os professores para, legitimamente, em sede de Reunião Geral ou Conselho Pedagógico, tomarem uma posição de escola. Deveriam denunciar publicamente que o ME continua a não dar resposta aos pedidos das escolas sobre a dificuldade de operacionalização da avaliação docente e dos prejuízos que isso está já a provocar, inevitavelmente, no trabalho com os alunos. Tal como a atitude da maioria dos deputados, cujo servilismo partidário e ascensão social se sobrepõe aos interesses do país real, e até do Presidente da República. Aliás, dois dos candidatos às próximas eleições, que acabaram por pactuar com o governo, cada um à sua maneira, aquando da votação do Estatuto da Carreira Docente, aparecem-nos agora como arautos do Estado Social e Justiça Social! E quantos deputados visitam as escolas do seu círculo eleitoral para verificarem SERIAMENTE como é HOJE o trabalho dos professores e as condições em que o fazem?
Aprendamos com a experiência de 2008/2009 - avaliação de pares por pares -, que não resultou nem resultará se pretendemos qualidade e isenção, excepto para os “habilidosos”, cuja capacidade de encenação lhes permitiu, como sempre, aproveitarem-se do sistema.
Ainda agora, o ME só privilegia a “formação com créditos”, mesmo que essa formação, pedagógica e cientificamente administrada seja comprovadamente de pouco nível. No entanto, rejeita completamente formação acrescida, universitária, que o professor escolheu, pagou e consta do seu curriculum, mas da qual não tem “créditos”.
Este ME está completamente perdido no meio dos atropelos que causou. Demonstra falta de conhecimento da realidade, falta de liderança e honestidade.
É cada vez mais exigente e desgastante uma carreira no ensino que não se compadece da falta de rigor e da complexidade perversa de experiências legislativas. Nem pode continuar a ser um tubo de ensaio onde se doseia e mistura mérito com competência… a qualquer preço. Estão a destruir a paz nas escolas. Instalou-se o medo, a chantagem e a ameaça da estagnação na carreira, sobretudo para os contratados, caso não se cumpra o que sempre pretenderam e que sub-repticiamente acabaram por impor. Instalou-se o conflito de interesses inter-pares, gerador de confusão, parcialidade, grande desgaste psicológico e até físico, com avaliados e avaliadores a concorrerem às mesmas quotas (% de Muito Bons e Excelentes) por escola, e até elementos da Comissão de Avaliação e relatores a concorrem para o mesmo objectivo! Que nome dar a isto? Que legitimidade existe quando coordenadores são obrigados a assistir a aulas de relatores e o Director às dos coordenadores, não avaliando, obviamente, a qualidade científica do trabalho? Quando assistimos a uma aula, não podemos nem devemos separar a dimensão pedagógica da científica, logo, fica desde logo viciada a linha de partida e desacreditado um processo que deveria ser sério e transparente para ser correctamente aplicado. Um processo que tornasse a progressão na carreira justa e motivadora, da qual os alunos, a Escola e o país, naturalmente, sairiam a ganhar.
Não pode haver, outra vez, “acordos de princípios”que vão contra as legítimas aspirações dos milhares de professores que se manifestaram publicamente. «Quando não se aceita a prova da realidade entra-se no reino da irracionalidade». Foi e é o que continua a acontecer e os resultados estão à vista de todos.
Já não se aguenta tanta arrogância e pretensiosismo de um governo que se arvora em defensor do mérito e da competência mas cuja acção continua a envergonhar a democracia e o ideário da primeira República que diz ter comemorado.

Maria Nazaré Oliveira

A propósito dos Professores II

Meu artigo publicado pelo PÚBLICO
Os responsáveis políticos esquecem-se que sem verdadeiro investimento na EDUCAÇÃO e nos PROFESSORES nada vingará nem tão cedo sairemos do marasmo, mediania e cauda da UE.
Porque esse investimento, que se pretende de qualidade, se traduzirá, por isso mesmo, na melhoria do ensino e na preparação dos nossos jovens para o assumir de responsabilidades profissionais mas, também, cívicas, lamentavelmente tão pouco visíveis num país que já tem mais de três décadas de democracia!
Nada se poderá fazer de autêntico e credível sem se valorizar a Educação e os Professores, os grandes agentes da mudança. Mudança que já tarda e que já preocupa, quando olhamos para outros parceiros comunitários e para os resultados do investimento que fizeram na Educação.
Vim para o ensino por opção e gosto muito do que faço. Nunca temi a sua avaliação nem a dos seus encarregados de educação! Mas, ao fim destes anos, de facto, não há grandes compensações, a não ser a satisfação e motivação desses jovens perante o trabalho que desenvolvo, o seu sucesso e o afecto que a eles sempre me liga e ligará.
Estamos num país onde todos buscam protagonismo a qualquer preço! Todos querem mandar! Todos querem ser chefes, dar ordens… todos querem opinar sobre a educação e os professores, todos se acham uns “iluminados”, até mesmo os que há anos têm estado afastados do ensino e das escolas, das salas de aula, essas, sim, o verdadeiro terreno de quem trabalha ensinando.
E nunca me assustou ser avaliada, como aliás sempre fui, apesar de considerar que o antigo modelo de avaliação também não me agradava, por ser, justamente, muito nivelador “por baixo”, pouco ou nada exigente na averiguação do trabalho desempenhado pelos professores e, por isso mesmo, injusto e rejeitável.
No entanto, há qualquer coisa que continua a falhar na avaliação dos professores! Neste novo modelo que o Ministério começou por impor e nas posições dos sindicatos!
Neste governo, cada vez mais preocupado com a imagem e não com a realidade. Com um discurso estéril e repetitivo, escandalosamente demagógico, irónico e falsamente optimista, animado pelo clientelismo político que cada vez mais toma conta da governação, da Assembleia da República e até dos sindicatos!
Que negociações têm sido estas? Que raio de mudanças positivas e de propostas credíveis saíram dessas reuniões com os sindicatos e o Ministério da Educação? Alguns chegaram a cantar vitória perante as palavras sorridentes de uma nova ministra, nada convincente e muito pouco segura do que diz! Vitória? Porquê? Que reivindicações foram satisfeitas? Foram as que verdadeiramente nos preocupavam? Aquelas que são fundamentais para a nossa carreira e lhe dão a dignidade e reconhecimento merecidos? Aquelas que o país e os nossos jovens necessitam para sair da mediocridade e do baixo nível que atingimos no seio da Europa comunitária?
Os problemas continuam, pior, há novos problemas e agravaram-se os que já existiam! Reina o desalento, a confusão derivada da ineficácia e do absurdo de certas decisões “vindas de cima”, por exemplo, o estatuto do aluno, a forma como “vê” a sua assiduidade, a forma contemplativa, permissiva e até irresponsável com que a trata… não penalizando verdadeiramente quem não vai às aulas, nem os seus pais tantas vezes coniventes, banalizando e desautorizando o papel do professor, uma vez que, por exemplo, o obriga a fazer provas de recuperação sabendo de antemão que, assim, “ tapa o sol com a peneira”, mascara a realidade e contribui para a cada vez maior desresponsabilização dos alunos! E estes, já se aperceberam do esquema. Já viram que a falta de assiduidade não é grave… que há sempre uma justificaçãozinha ou uma provazinha à sua espera! Continuam a faltar! Sem vergonha nenhuma. Tantas vezes apoiados por encarregados de educação que justificam tudo e mais alguma coisa, muitos deles prontos a criticar os professores mas aceitando tudo dos seus educandos!
As pessoas não imaginam o tempo que o professor Director de Turma perde com estas situações criadas pelos alunos que faltam frequentemente, que são indisciplinados… o tempo que perde em contactos inglórios com os encarregados de educação, quer pelo telefone quer por carta! E muitos nem sequer respondem! E o dinheiro que as escolas gastam semanalmente com coisas destas!

A propósito dos professores I

Meu artigo publicado pelo PÚBLICO

Nunca vi tantos professores desmotivados! Colegas com provas dadas como excelentes profissionais ao longo de dezenas de anos! Colegas que sempre investiram na escola, nos alunos, que mostraram inequivocamente esse trabalho, que investiram na actualização científica de qualidade (mesmo paga pelo seu próprio bolso!), na relação pedagógica motivadora através de uma prática lectiva dinâmica, ajustada à contemporaneidade de uma vida tão cheia de desafios e de mudanças, valorizando os conhecimentos e a sua aplicação sem perder de vista a formação do indivíduo como ser pensante, capaz de agir em consciência, com sentido crítico e espírito de cidadania.
Um ano depois da “nova” avaliação dos professores, vejo esses professores estoirados, cansados, asfixiados em reuniões e papéis tantas vezes desnecessários, desanimados, fartos de trabalhos administrativos que nada têm a ver com o seu métier, sem tempo para o que é essencial - a preparação científico-pedagógica das aulas -, fazendo-o nas suas casas, despendendo muitas e muitas horas, particularmente aqueles que continuam a querer que o seu trabalho seja bem feito mesmo que para isso roubem ao descanso (e muitos até à família!).
O trabalho do professor é muito mais do que estar na sala de aula! Muito mais do que isso! É preparar os conteúdos programáticos que vai abordar de acordo com os diferentes níveis de escolaridade que lecciona, é pensar em estratégias e defini-las, criar materiais de suporte adequados à realidade turma, facilitadores da comunicação mas também das aprendizagens, seleccionar bibliografia, fontes diversas adequadas à problemática em questão, propor tipologias de trabalho diferenciado para as quais traça, antecipadamente, orientações metodológicas bem definidas, indicação de fontes diversas para pesquisa, sugestão de temas e definição de objectivos específicos para cada um, de cada grupo, tendo em vista uma avaliação desejavelmente diferenciada que se traduza na obtenção de melhores resultados, com maior envolvimento do aluno e, por isso mesmo, mais gosto em saber, caso dos trabalhos de grupo, a pares, individuais, trabalhos de pesquisa (investigação), orientados em contexto de sala de aula ou fora dela, visionamento de filmes sobre os quais os alunos entregarão relatórios previamente definidos pelo professor, visitas de estudo com guiões feitos pelo mesmo e, naturalmente, a avaliação de tudo isto, com critérios de correcção feitos pelo docente para cada uma destas actividades que exemplifiquei.
A aula propriamente dita, para mim, é o resultado de tantas e tantas horas deste trabalho que a antecedeu. Mas não menos desgastante, pelo contrário, pois aí estaremos perante um colectivo, um grupo, uma turma, que é preciso orientar ao nível da aprendizagem e dos diferentes ritmos de aprendizagem, das atitudes, do cumprimento das regras e interiorização de boas práticas, das relações interpessoais exigindo, obviamente, a maior atenção, e constituindo todos os dias um sistemático desafio à nossa criatividade, aos nossos sentidos e capacidade de resistência física e psicológica.

EU SEI



Contra a desumanidade! Pela dignidade!