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domingo, 17 de março de 2019

A justiça climática é a luta pelo destino da Humanidade



Só faremos isto em conjunto, pela acção persistente e decidida de milhões de pessoas. “Vamos mudar o destino da Humanidade.”


15 de Março de 2019


Hoje é um dia histórico, com uma das maiores mobilizações globais de sempre, sobre qualquer tema que seja. É a maior mobilização de jovens e a maior mobilização pela justiça climática que alguma vez aconteceu. Todas as pessoas que mobilizaram, que convocaram e que hoje se juntam e se encontram nas ruas de mais de mil cidades por todo o mundo devem saber que fazem parte de um momento extraordinário. Começa uma nova História da justiça climática.

Durante as últimas três décadas, milhares de pessoas por todo o mundo empurraram um comboio pesado, o comboio da inércia, o comboio da conformação, o comboio do sistema, à procura de soluções e vontade política para resgatar a civilização. Muito mais grave do que a meia dúzia de negacionistas de alterações climáticas (com desproporcionado impacto mediático), foram mesmo os arquitectos das políticas dos últimos anos os grandes responsáveis por vivermos numa emergência climática sem paralelo na História da Humanidade.


“O desprezo pelos jovens, o desprezo pelas pessoas comuns, foi convertendo superficialmente milhares de milhões em cínicos, em hipócritas, em seres amorfos e autocentrados. O poder retirado pela economia e pela política às populações foi criando um espírito de derrota, de impotência, de conformação a tudo o que viesse de cima, à ordem e à obediência. Apesar de haver sempre quem resistisse, esse espírito imperou durante muito tempo.”


De nada serviram Barack Obamas, Justin Trudeaus ou Uniões Europeias a gritar o seu empenho no combate às alterações climáticas, de nada nos serviram as tintas verdes com que empresas destruidoras como a BP ou a Volkswagen se foram pintando porque, apesar de andarmos há décadas à procura de acordos para cortar as emissões de gases com efeito de estufa, 2018 foi o ano com o mais alto nível de emissões alguma vez registado. Nesse contexto de enorme frustração, de enorme contradição, empurrámos, contra o senso comum, contra a política banal, contra a TINA (There Is No Alternative), assistimos ao colapso em Copenhaga, exigimos que não houvesse mais explorações de petróleo, gás e carvão, se queríamos salvar o futuro da civilização. Às costas, levávamos a Ciência, a vontade e a certeza de que isto não podia acabar assim, que a Humanidade não podia ser só isto. 

O desprezo pelos jovens, o desprezo pelas pessoas comuns, foi convertendo superficialmente milhares de milhões em cínicos, em hipócritas, em seres amorfos e autocentrados. O poder retirado pela economia e pela política às populações foi criando um espírito de derrota, de impotência, de conformação a tudo o que viesse de cima, à ordem e à obediência. Apesar de haver sempre quem resistisse, esse espírito imperou durante muito tempo. Chegados a um dia como hoje percebemos como era superficial esse espírito, e especialmente superficial a análise de que isso se poderia manter.

A temperatura média global nas últimas três décadas só tem comparação com o período interglacial do Eemiano, há mais de 115 mil anos. Haveria nessa altura, quanto muito, alguns milhões de seres humanos (menos do que os dedos de uma mão). O centro da Europa era uma savana, o Reno e o Tamisa tinham hipopótamos e crocodilos. O nível médio do mar era seis a nove metros mais alto do que hoje. Os cinco anos mais quentes desde que há registos são os últimos cinco (2016, 2015, 2017, 2018, 2014). Devido à queima massiva de gases com efeito de estufa que começou na Revolução Industrial e que disparou a partir do final da Segunda Guerra Mundial, criámos um clima em que nunca vivemos antes, diferente daquele em que foi possível inventar a agricultura, a escrita, a civilização. O capitalismo industrial fóssil acabou com o Holoceno, o período geológico dos últimos 12 mil anos que permitiu que a nossa espécie de instalasse e proliferasse por todo o planeta.

Mas a inacção garante-nos uma degradação muito maior do que esta, e cada dia, cada semana, cada mês em que a máquina industrial fóssil se mantém em produção máxima agrava o nosso futuro. Cada momento em que a máquina industrial fóssil se mantém em produção ficam em causa a viabilidade dos territórios em que habitamos hoje, a sua capacidade de nos continuar a sustentar, quer pela redução da capacidade de produção alimentar e da disponibilidade de água, quer pelos fenómenos climáticos extremos e a subida do nível médio do mar. A reacção perante este estado de coisas é uma manifestação de autoprotecção. Não estamos a defender a Terra, nós somos parte da Terra e estamos a defender-nos a nós mesmos.

Nomeada para o Prémio Nobel da Paz, Greta Thunberg, a jovem sueca de 16 anos que disse exactamente isto na cara das lideranças mundiais na Polónia, foi o ponto de apoio e a sua greve, todas as sextas-feiras frente ao Parlamento da Suécia, foi a inspiração para a greve mundial climática. Mais tarde, o colectivo que convocou esta greve diria em carta aberta publicada no The Guardian: “Vamos mudar o destino da Humanidade.” Não é menos do que isto o que precisa de acontecer. 

Esta chamada à acção colectiva retira o derrotista enfoque na acção individual que vigorou nas últimas décadas. Só faremos isto em conjunto, pela acção persistente e decidida de milhões de pessoas. Tentar reduzir o que acontece neste 15 de Março de 2019 a uma chamada para pequenas acções individuais ou locais é perverter o que está a acontecer: “Vamos mudar o destino da Humanidade.”

Tudo irá mudar nas nossas economias e nas nossas sociedades. Se não formos nós a organizar estas mudanças, será o novo clima, sem qualquer contemporização. Vivemos neste momento dentro do arranha-céus em chamas do capitalismo global e todos os alarmes estão a tocar. Não existe nenhum bombeiro mágico para apagar as chamas. Está na hora de sair e construir uma nova casa para a Humanidade.


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Greta Thunberg



quinta-feira, 27 de agosto de 2015

"Homos sim, sexuais é que não"





Jornais e televisões andam desde quinta-feira a repetir um comunicado do governo segundo o qual os “homossexuais vão poder dar sangue”. Vai-se ver do que se trata e é exatamente o contrário.

Afinal, o que a Direção Geral de Saúde decidiu é que a discriminação continua e que aliás as regras vão ficar piores do que em 2010. 
O Governo anuncia que se um homem tiver tido relações com outro homem nos últimos 6 meses ou no último ano é “excluído temporariamente” de dador, independentemente de se ter protegido ou não. A notícia é por isso espantosa: agora os gays podem dar sangue, mas na condição de serem homossexuais não praticantes.
É isto que propõe o relatório do grupo de especialistas que o Governo invoca para a sua decisão? Não se sabe. Desde 2012 que nos falam do grupo de trabalho criado pelo Instituto Português do Sangue, mas a divulgação dos seus resultados foi sendo sempre adiada. Ainda em junho deste ano, juntamente com outra deputada, requeri formalmente ao Ministério que nos facultasse as conclusões do grupo de trabalho. Mesmo sendo sua obrigação constitucional, até ao momento em que escrevo, nada. Só a Lusa, pelos vistos, teve direito a conhecê-las.
Curioso é que este anúncio pomposo sobre um pretenso “recuo na discriminação” de iniciativa governamental surja ao mesmo tempo em que consultas de rastreio de doenças sexualmente transmissíveis, dirigidas a homens gay, acabam por falta de verbas: um centro único no país e considerado exemplar pela Organização Mundial de Saúde, foi encerrado porque o Ministério da Saúde decidiu deixar de financiá-lo. Sobre a preocupação com a saúde pública, tantas vezes invocada neste debate, estamos conversados.
Mas vale a pena, também por isso, lembrar brevemente a história do sangue.
Nos questionários feitos aos dadores, perguntava-se o seguinte: “se é homem, teve relações com outro homem?”. Quem respondesse que sim, era proibido de dar sangue. Em 2010, o Parlamento aprovou, sem nenhum voto contra, uma resolução do Bloco para acabar com essa pergunta. Fê-lo por duas razões. Primeiro, porque a questão não dava nenhuma garantia, uma vez que não perguntava aquilo que verdadeiramente interessa, que é saber se a pessoa se protegeu ou não. Segundo, porque esse critério de exclusão constituía um desperdício, já que inibia a recolha de sangue de quem, dormindo com homens, não tinha comportamentos de risco.
A decisão do Parlamento mereceu consenso e o problema parecia estar ultrapassado. Mas não estava. Houve técnicos de saúde que continuaram a fazer a pergunta oralmente e a utilizar a orientação sexual para excluir pessoas. Em 2012, o Ministro decidiu suspender a decisão de acabar com a discriminação e criou um grupo de trabalho para empatar, cujo mandato de três meses se prolongou por três anos. Hélder Trindade, o presidente do IPST, expunha no final de abril deste ano, na comissão de saúde, o pensamento do Governo agora vertido em despacho: os homossexuais podiam dar sangue, desde que fossem abstinentes.
Os argumentos para sustentar esta posição são sempre os mesmos. É assim “lá fora” e é uma questão “científica”. Acontece que nem um nem outro são verdade. Em Espanha, por exemplo, esta questão não existe nos questionários. E sobre dados “científicos”, o raciocínio apresentado é uma pura falácia.
Os estudos sobre prevalência do VIH mostram que esta é maior entre “homens que têm sexo com homens” do que entre homens que têm sexo com mulheres, o que se explicaria pela maior perigosidade do sexo anal desprotegido. Os mesmos estudos indicam que em Lisboa a incidência de VIH Sida é mais do dobro (31 casos por 100 mil habitantes) que no Porto (14 por 100 mil). Um e outro dado são estatisticamente objetivos? São. Concluir daí que “morar em Lisboa” é um fator de risco e que, portanto, quem mora na capital (ou ali morou no último ano) deve ser proibido de dar sangue não é científico. É estúpido. O mesmo se passa com a categoria “homens que têm sexo com homens”. Tal como os lisboetas não contraem VIH por serem lisboetas, os homens não contraem o vírus por dormirem com homens. Num caso e noutro, contraem por não se protegerem. Por isso, é sobre esse comportamento que interessa fazer a pergunta (“Nas relações sexuais que teve, protegeu-se? De que forma?”). E é essa que continua a não ser feita.
Mais uma vez, portanto, se insiste no erro e não nos concentramos na saúde pública. E o problema é que, quando se sobrepõe o preconceito ao rigor, as vítimas não são apenas os alvos diretos da discriminação. Somos todos.


Dirigente do Bloco de Esquerda, sociólogo.


22 de Agosto 2015 

sábado, 8 de agosto de 2015

Parabéns aos investigadores portugueses e parabéns a todos os seus professores





Parabéns aos nossos investigadores! Parabéns, mais uma vez, à investigação que se faz em Portugal!

Não ganham o que ganha o CR 7 e afins, o Mourinho e afins, o que ganha o Mexia e outros afins, apesar de serem MUITO, MUITO MAIS IMPORTANTES PARA O PAÍS E PARA O MUNDO do que eles!
Ganham muito mal, muito mal, comparados com a grandiosidade do seu trabalho, do seu estudo e da sua abnegação...Trabalham muito, muito, e nem sempre em condições favoráveis...
Casos como estes mereciam abrir sempre todos os noticiários televisivos, ser 1ª página de todos os jornais, e, no mínimo, SEREM RECONHECIDOS PELO SEU TRABALHO, quer pelos seus compatriotas quer, claro, pela dita classe política que, de classe, pouca ou nenhuma tem apresentado há muitos e longos anos.

Infelizmente, esta é a triste e lamentável realidade de países, como o nosso, onde a verborreia narrativa dos que têm tido a hipótese de "tempo de antena", quer nas TVs quer nos jornais, mascara e manipula, assustadoramente e de forma muito pouco digna, os números reais da nossa real imagem. Como país e como pessoas.

A arrogância política, a mediocridade intelectual, a falta de educação cívica e de gente séria à frente das instituições gera sempre um pequeno país de pequenina gente que não vê o que, de facto, é importante e deve ser reconhecido. 
Reconhecido, louvado, promovido e bem pago.

Parabéns aos investigadores portugueses (de todas as áreas) e parabéns a todos os seus professores.


Nazaré Oliveira


Alguns extraordinários e recentes exemplos:


Portuguesa detecta cancro de pâncreas no sangue

Sexta-feira, 26 de Junho de 2015 



 © Universidade do Porto - Segundo o serviço de oncologia da CUF, todos os anos surgem em Portugal cerca de 500 casos novos de doentes com cancro do pâncreas

Uma simples análise ao sangue é suficiente para detetar cancro do pâncreas, um tipo de tumor difícil de diagnosticar e que resulta numa elevada mortalidade. A nova técnica foi desenvolvida por uma equipa liderada pela portuguesa Sónia Melo, da Universidade do Porto.

Sónia Melo, licenciada em Bioquímica pela Universidade do Porto, desenvolveu o seu estudo no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da mesma universidade (Ipatimup), demonstrando que as células tumorais do pâncreas produzem exossomas que possuem a proteína glypican-1 (GPC1).

O estudo revela que a deteção de exossomas positivos para a proteína GPC1, que circulam no sangue de pacientes com cancro do pâncreas, serve para diagnosticar a doença, de forma não invasiva. Esta ferramenta permite detetar fases iniciais de cancro do pâncreas, uma vez que basta uma simples análise de sangue, permitindo um diagnóstico mais precoce.

Sónia Melo conseguiu verificar que através da presença de exossomas com esta proteína no sangue é possível distinguir indivíduos sem doença ou com doença benigna do pâncreas, de doentes com cancro de pâncreas.

Os exossomas são nanovesículas produzidas por todas as células do corpo humano, que contêm em si mesmas, material genético e molecular, que representam as células que lhe deram origem. Depois de serem produzidas, estas nanovesículas podem ser libertadas na circulação sanguínea, chegar a órgãos distantes e alterar as células desses órgãos, explica o comunicado da Universidade do Porto.

Durante a investigação liderada por Sónia Melo, intitulado "Glypican-1 identifies cancer exosomes and detects early pancreatic cancer", publicada na revista "Nature", foi possível demonstrar, através de uma experência com ratinhos de laboratório, que a deteção de exossomas positivos para GPC1 se correlaciona com a presença de lesões pancreáticas iniciais, não detetáveis por ressonância magnética.

Este ano a investigadora da Universidade do Porto já foi distinguida pela L'Oréal Portugal, que lhe atribuiu uma medalha na 11ª edição do evento "Medalhas de Honra L'Oréal Portugal para Mulheres na Ciência", devido ao seu estudo realizado sobre os exossomas e a sua aplicação no surgimento de novas maneiras de diagnosticar e tratar o cancro, não tão invasivas como as convencionais.


Outro…


U. Aveiro abre caminho ao tratamento eficaz do Ébola

Terça-feira, 28 de Julho de 2015

O trabalho de um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) poderá abrir as portas a novas formas de diagnóstico e ao desenvolvimento de novas terapias de combate ao vírus Ébola que, no mais recente surto, ceifou 11 mil vidas.
Os especialistas em bioinformática e biologia computacional do Instituto de Engenharia Eletrónica e Informática (IEETA) e do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI) conseguiram identificar as sequências de ADN específicas deste vírus, que permitem diferenciar as suas várias "espécies" e distinguir o surto que começou em África no início de 2014 de outros episódios da doença.
"Os nossos resultados podem ser utilizados no diagnóstico do vírus Ébola, uma vez que as sequências que identificámos permitem distinguir entre espécies e surtos do vírus", explica, em comunicado enviado ao Boas Notícias, Raquel Silva, investigadora do IEETA e uma das autoras do estudo publicado, recentemente, na revista científica Bioinformatics.
Segundo a cientista, o trabalho "também pode ser aplicado no seu tratamento, já que [as sequências de ADN] estão localizadas em proteínas fundamentais para a replicação do vírus", embora tenham de ser, previamente, "realizados estudos adicionais em laboratório para determinar a sua eficácia". 
A principal inovação do trabalho da UA prende-se com o método utilizado para comparar o genoma do vírus contra uma sequência de referência, neste caso, o seu hospedeiro, sem recorrer ao alinhamento das sequências.
A investigação foi desenvolvida com recurso à construção de novos métodos computacionais que permitiram descrever um genoma usando informação de outro genoma. Para isso, os cientistas portugueses não usaram amostras do vírus Ébola, mas sim as suas sequências de ADN, que estão disponíveis em bases de dados públicas, nomeadamente no National Center for Biotechnology Information.
Na sua maioria, "estes genomas correspondem ao vírus do Ébola do surto iniciado em 2014 na África Ocidental [Guiné, Libéria e Serra Leoa], mas também foram incluídas sequências provenientes de surtos anteriores e das várias espécies do Ébola", conta Raquel Silva.


(Ainda) um longo caminho até à vacina

"Ao identificar regiões do ADN viral que não estão presentes no genoma humano, estas sequências têm potencial para serem usadas tanto no diagnóstico, como no desenvolvimento de novas terapêuticas", esclarece Raquel Silva. 
De acordo com a investigadora, "a sua especificidade para o vírus é maior, o que é uma vantagem, por exemplo, na identificação do vírus em amostras de origem humana ou no desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e seguros".
O vírus do Ébola, para o qual não há cura ou tratamento definitivos, continua a ser um mistério para os cientistas, razão pela qual a identificação de novos alvos terapêuticos "é relevante", destaca a equipa envolvida no estudo, da qual também fazem parte os investigadores Diogo Pratas, Luísa Castro, Armando Pinho e Paulo Ferreira.
O surto recente, com mais de 27.000 casos e mais de 11.000 mortes a lamentar, foi, lembra Raquel Silva, "uma chamada de atenção para a necessidade de aumentar a investigação nesta área, e permitiu realizar ensaios clínicos no terreno com novos fármacos, que não se mostraram eficazes?. 
Há, por isso, "um longo caminho entre uma descoberta científica e a sua transformação num serviço ou produto, como por exemplo, uma vacina", finaliza a especialista.

Clique AQUI para aceder ao estudo e AQUI para conhecer o 'software' desenvolvido pela Universidade de Aveiro para o estudo deste vírus (em inglês).

Outro...
  
Molécula patentada em Coimbra eficaz contra o cancro
 
Quinta-feira, 23 de Julho de 2015

A molécula Redaporfin, descoberta na Universidade de Coimbra (UC) e já patenteada, é eficaz no tratamento de vários tipos de cancro através de terapia fotodinâmica, uma terapia inovadora que permite eliminar as células cancerígenas de forma precisa. A conclusão é de um conjunto de estudos e experiências realizados em ratinhos entre 2011 e 2014.
Em comunicado enviado ao Boas Notícias, a universidade portuguesa conta que, nos ensaios efetuados, 86% dos ratinhos com tumores diversos que foram tratados com esta tecnologia, de acordo com exigentes protocolos de segurança, ficaram curados, não se observando efeitos secundários como acontece com os tratamentos convencionais, nomeadamente a quimioterapia.
Um estudo baseado nestas experiências e que acaba de ser publicado no European Journal of Cancer demonstrou, também, "uma taxa de reincidência da doença muitíssimo baixa", reiterando a eficácia da molécula. 
Segundo a UC, os testes realizados em modelos animais serviram de base para a arquitetura do plano dos ensaios clínicos que a empresa portuguesa Luzitin SA está a efetuar com doentes com cancro avançado da cabeça e do pescoço.
"[Estes testes] previram, com rigor, quando é que a resposta ao tratamento iria surgir, com que doses e em que circunstâncias seriam obtidos os efeitos terapêuticos no doente. Estas previsões estão a ser confirmadas nos ensaios clínicos em curso", congratula-se Luís Arnaut, catedrático da UC e diretor de Química Medicinal deste projeto. 
Para o especialista, está em causa uma confirmação excecional, isto porque, "considerando que são realidades muito distintas, na grande maioria dos estudos muito do conhecimento adquirido nos testes em animais não é confirmado nos humanos mas, neste caso, foi possível chegar à dose adequada para obter resultado terapêutico nos doentes sem efeitos adversos, como previsto".


Fármaco pode chegar ao mercado em três a quatro anos

A UC adianta que estão a decorrer, até ao final do ano, ensaios clínicos com doentes oncológicos em vários hospitais do país e que os resultados agora conhecidos e validados cientificamente "fundamentam a expectativa de que a terapia fotodinâmica com a molécula Redaporfin se revele mais eficaz do que as terapêuticas convencionais". 
Uma grande parte do percurso está já realizada, razão pela qual o catedrático acredita que este fármaco, o primeiro fármaco português para tratamentos oncológicos, poderá estar no mercado "dentro de três a quatro anos".
A investigação, iniciada há mais de uma década, envolve perto 40 investigadores dos grupos de Luis Arnaut e de Mariette Pereira da Universidade de Coimbra, da empresa Luzitin SA, criada para desenvolver este projeto, e de uma equipa de médicos do IPO-Porto.
A terapia fotodinâmica com Redaporfin permite combater de forma muito eficaz as células cancerígenas. A principal inovação do tratamento está associada ao facto de "a terapia estimular o sistema imunitário do paciente", limitando o processo de metastização do tumor. 
"Simplificando, o sistema imunitário fica de alerta e ativa a proteção anti-tumoral contra o mesmo tipo de células cancerígenas noutras partes do organismo", esclarece Luís Arnaut.
Fundada pela Bluepharma e pelos inventores da Redaporfin em 2012, a Luzitin SA realizou os estudos de pré-clínicos para obter autorização para a realização de ensaios clínicos com a Redaporfin e, desde 2014, está a realizar em Portugal um ensaio clínico de fase I/II com doentes de cancro avançado da cabeça e pescoço.


Outro...

Cérebro: Portugueses avançam no tratamento de tumores

Segunda-feira, 22 de Junho de 2015

Uma equipa de investigadores portugueses do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC) acaba de anunciar o desenvolvimento de uma nova nanopartícula capaz de entregar moléculas terapêuticas a tumores cerebrais malignos e que poderá aumentar a eficácia da quimioterapia.
A nanopartícula foi criada no âmbito de uma investigação, liderada pela cientista Conceição Pedroso de Lima, do CNC, e realizada ao longo dos últimos quatro anos, que visou o desenvolvimento de uma nova terapia para o glioblastoma, uma forma altamente maligna de tumor cerebral que reduz a vida dos doentes para 12 a 15 meses após o diagnóstico.
Em comunicado enviado ao Boas Notícias, Pedro Costa, primeiro autor do estudo, explica que a equipa conseguiu demonstrar que estas nanopartículas "entregam de forma eficiente às células tumorais pequenas moléculas terapêuticas (ácidos nucleicos que são macromoléculas localizadas no núcleo das células)".
Trata-se, explica o investigador cujo trabalho acaba de ser publicado na revista científica Journal of Controlled Release, de nanopartículas "compostas por moléculas de gordura (lípido) às quais se junta uma proteína que reconhece especificamente células cancerígenas".
"A entrega destas moléculas terapêuticas após administração intravenosa em ratinhos com glioblastoma, combinada com quimioterapia, resultou em significativa morte das células malignas e redução do tumor cerebral", congratula-se Pedro Costa (à direita).


Nanopartícula aumenta eficácia da quimioterapia


Segundo Conceição Pedroso de Lima, líder da investigação, as conclusões do estudo evidenciam que "uma das limitações no tratamento dos tumores cerebrais, que está relacionada com a dificuldade em entregar moléculas terapêuticas aos tumores, pode ser ultrapassada através da utilização de 'veículos de transporte' direcionados especificamente para os mesmos".
A criação desta nanopartícula é, portanto, "um passo importante", ainda que "inicial", no desenvolvimento "de uma abordagem terapêutica que se espera poder chegar a ensaios clínicos", afirma a cientista da UC.
De acordo com a investigadora, a "utilização das nanopartículas desenvolvidas" poderá, também, "contribuir para aumentar a eficácia da quimioterapia e reduzir os efeitos secundários associados" que, por norma, afetam os órgãos saudáveis durante o combate ao cancro.



 Outro...
(relacionado com a primeira foto aqui publicada)


Uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC) descobriu como a melatonina pode combater células cancerígenas.


“Descobrimos que a melatonina [hormona cujas características permitem chegar a qualquer célula, ajustar o ciclo sono-vigília, manter um envelhecimento saudável e regular o sistema imunitário] matava as células cancerígenas através de uma via mitocondrial. Quando as mitocôndrias das células cancerígenas estavam ativas, a melatonina diminuía a proliferação dessas células e impedia a produção da energia que elas necessitavam. O nosso estudo apresenta o tratamento com melatonina como uma estratégia promissora no tratamento de tumores, atacando células estaminais cancerígenas responsáveis pela sua reincidência”, afirma Ignacio Vega-Naredo, investigador do CNC, em comunicado.
Porém, o “sucesso de um tratamento à base da melatonina depende da atividade da mitocôndria da célula cancerígena, a qual é responsável pela produção da sua energia celular”, ou seja, esta só é eficaz num determinado estado evolutivo da célula cancerígena.
Apesar disso, os investigadores estão confiantes de que a pesquisa abre caminhos na investigação do cancro ao indicar a necessidade de criar tratamentos adequados ao estado evolutivo e energético da célula cancerígena, e evitando aplicar terapias não específicas que podem danificar células importantes ou não ter nenhum efeito terapêutico.

Cientistas encontram a ligação entre o sistema nervoso e imunológico



Uma descoberta sem precedentes acaba de ser divulgada em uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo, a Nature. Um grupo de cientistas encontrou vasos do sistema linfático que antes passaram despercebidos para os cientistas e que percorriam o sistema nervoso central.
Este achado vai mudar os livros, já que acreditava-se que o sistema linfático não ultrapassava a barreira hematoencefálica, uma estrutura de células que impede que certas substâncias cheguem ao cérebro.
Apesar de o sistema linfático estar muito bem mapeado através de todo o corpo, antes deste estudo pensava-se que, quando chegavam no cérebro, os vasos eram interrompidos. Esta nova descoberta vai ser muito boa para realmente saber o que acontece em doenças do sistema nervos central, como o Alzheimer, esclerose múltipla e até mesmo o autismo.
Agora os cientistas podem testar mecanicamente, como em todo o resto do corpo, a relação entre o sistema nervoso central e o sistema imune. O que antes parecia impossível de estudar, agora é uma realidade.
Mas como as coisas passaram sem ser percebidas durante muitos anos? Os pesquisadores que publicaram o artigo afirmaram que o método de preparação das lâminas para observar os vasos foi essencial. Antigamente, não se fazia ideia de que os vasos linfáticos estariam ali e por isso não existia um procedimento correto para encontra-los.


Nesta nova descoberta, os pesquisadores prepararam lâminas para ver ao microscópio as meninges, membranas que separam  e protegem os vasos sanguíneos que alimentam o cérebro, sem remover o osso do crânio no momento de fixar as células, numa espécie de banhos químicos que mantêm íntegros os tecidos.
Após separar cérebro da meninge mais profunda, a pia-máter, todos os constituintes ficavam sem danos, ao contrário dos métodos anteriores, onde a fixação do material ocorria quando as meninges já haviam sido separadas do osso do crânio.




Os pesquisadores observaram um padrão similar de rede de vasos que formavam as células imunes observadas nas lâminas preparadas. Eles testaram estas regiões para vasos linfáticos e foi exatamente o que encontraram. Os pesquisadores revelaram que, ao ver pela primeira vez isto, eles ficaram muito empolgados, porém, continuaram a testar para confirmar a hipótese de que existia uma ligação entre o sistema imune e o cérebro.
Agora, após esta incrível de descoberta, os trabalhos dos cientistas que estudam o cérebro só vão aumentar. Existem várias perguntas sobre doenças que afetam o sistema nervoso central e que com esta novidade podem ser resolvidas.



6.06.2015

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Anúncio sobre o cancro infantil comove o mundo


    (English) A brilliant public awareness ad to really make us think. 


No início deste ano, um anúncio interativo de champô de uma estação de metro Sueca fez furor pela sua abordagem peculiar: de cada vez que o metro passava, o cabelo da mulher no ecrã esvoaçava.

Recentemente, este conceito inspirou um outro anúncio do género: a Swedish Childhood Cancer Foundation criou uma versão surpreendente do mesmo e usou-a numa fantástica campanha de sensibilização para o cancro infantil

No começo, podemos ver os passageiros a rir sempre que o metro passa e o cabelo da mulher se despenteia. Mas, de repente, os seus sorrisos desvanecem quando o rosto de Lynn, de 14 anos, careca e a piscar os olhos, se despega do ecrã. No final do vídeo, surge uma mensagem alusiva à doença e o apelo à mobilização na luta contra a mesma (com um SMS, cada utente do metro contribui com cerca de 5 euros para a causa).

Só na Suécia, 300 crianças e jovens são diagnosticados com cancro todos os anos e 1.000 estão a receber tratamento.