Meu artigo publicado pelo PÚBLICO
Os responsáveis políticos esquecem-se que sem verdadeiro investimento na EDUCAÇÃO e nos PROFESSORES nada vingará nem tão cedo sairemos do marasmo, mediania e cauda da UE.
Porque esse investimento, que se pretende de qualidade, se traduzirá, por isso mesmo, na melhoria do ensino e na preparação dos nossos jovens para o assumir de responsabilidades profissionais mas, também, cívicas, lamentavelmente tão pouco visíveis num país que já tem mais de três décadas de democracia!
Nada se poderá fazer de autêntico e credível sem se valorizar a Educação e os Professores, os grandes agentes da mudança. Mudança que já tarda e que já preocupa, quando olhamos para outros parceiros comunitários e para os resultados do investimento que fizeram na Educação.
Vim para o ensino por opção e gosto muito do que faço. Nunca temi a sua avaliação nem a dos seus encarregados de educação! Mas, ao fim destes anos, de facto, não há grandes compensações, a não ser a satisfação e motivação desses jovens perante o trabalho que desenvolvo, o seu sucesso e o afecto que a eles sempre me liga e ligará.
Estamos num país onde todos buscam protagonismo a qualquer preço! Todos querem mandar! Todos querem ser chefes, dar ordens… todos querem opinar sobre a educação e os professores, todos se acham uns “iluminados”, até mesmo os que há anos têm estado afastados do ensino e das escolas, das salas de aula, essas, sim, o verdadeiro terreno de quem trabalha ensinando.
E nunca me assustou ser avaliada, como aliás sempre fui, apesar de considerar que o antigo modelo de avaliação também não me agradava, por ser, justamente, muito nivelador “por baixo”, pouco ou nada exigente na averiguação do trabalho desempenhado pelos professores e, por isso mesmo, injusto e rejeitável.
No entanto, há qualquer coisa que continua a falhar na avaliação dos professores! Neste novo modelo que o Ministério começou por impor e nas posições dos sindicatos!
Neste governo, cada vez mais preocupado com a imagem e não com a realidade. Com um discurso estéril e repetitivo, escandalosamente demagógico, irónico e falsamente optimista, animado pelo clientelismo político que cada vez mais toma conta da governação, da Assembleia da República e até dos sindicatos!
Que negociações têm sido estas? Que raio de mudanças positivas e de propostas credíveis saíram dessas reuniões com os sindicatos e o Ministério da Educação? Alguns chegaram a cantar vitória perante as palavras sorridentes de uma nova ministra, nada convincente e muito pouco segura do que diz! Vitória? Porquê? Que reivindicações foram satisfeitas? Foram as que verdadeiramente nos preocupavam? Aquelas que são fundamentais para a nossa carreira e lhe dão a dignidade e reconhecimento merecidos? Aquelas que o país e os nossos jovens necessitam para sair da mediocridade e do baixo nível que atingimos no seio da Europa comunitária?
Os problemas continuam, pior, há novos problemas e agravaram-se os que já existiam! Reina o desalento, a confusão derivada da ineficácia e do absurdo de certas decisões “vindas de cima”, por exemplo, o estatuto do aluno, a forma como “vê” a sua assiduidade, a forma contemplativa, permissiva e até irresponsável com que a trata… não penalizando verdadeiramente quem não vai às aulas, nem os seus pais tantas vezes coniventes, banalizando e desautorizando o papel do professor, uma vez que, por exemplo, o obriga a fazer provas de recuperação sabendo de antemão que, assim, “ tapa o sol com a peneira”, mascara a realidade e contribui para a cada vez maior desresponsabilização dos alunos! E estes, já se aperceberam do esquema. Já viram que a falta de assiduidade não é grave… que há sempre uma justificaçãozinha ou uma provazinha à sua espera! Continuam a faltar! Sem vergonha nenhuma. Tantas vezes apoiados por encarregados de educação que justificam tudo e mais alguma coisa, muitos deles prontos a criticar os professores mas aceitando tudo dos seus educandos!
As pessoas não imaginam o tempo que o professor Director de Turma perde com estas situações criadas pelos alunos que faltam frequentemente, que são indisciplinados… o tempo que perde em contactos inglórios com os encarregados de educação, quer pelo telefone quer por carta! E muitos nem sequer respondem! E o dinheiro que as escolas gastam semanalmente com coisas destas!
O que deveria fazer-se? Multas! Pagar! Talvez assim percebessem que o primeiro responsável pelo seu educando é o pai e/ou a mãe e não somente a escola/os professores.
A Escola e o Professor apoiam sempre o aluno nos termos em que a legislação o permite e exige, não significando isto que a responsabilidade seja só da Escola.
Considero, pela minha experiência, que a legislação deveria ser mais exigente quanto à intervenção (ou não intervenção!) dos pais na vida escolar dos seus filhos, e mais responsabilizados pelos danos causados e pelas atitudes e comportamentos que aqueles venham a desenvolver.
Enquanto o “português espertalhão” continuar sossegado a pensar que haverá sempre alguém que fará o seu trabalho ou que haverá sempre uma razão para não o fazer, “saindo habilidosamente de cena”, continuaremos a verificar a falência de projectos e iniciativas verdadeiramente voltadas para a consciencialização do nosso país, adiando cada vez mais o seu desenvolvimento e a sua modernização.
Sem a valorização da CLASSE DOCENTE, com uma séria avaliação do seu trabalho e o reforço da sua autoridade, nenhum país será um GRANDE PAÍS.
Maria Nazaré Oliveira
Os responsáveis políticos esquecem-se que sem verdadeiro investimento na EDUCAÇÃO e nos PROFESSORES nada vingará nem tão cedo sairemos do marasmo, mediania e cauda da UE.
Porque esse investimento, que se pretende de qualidade, se traduzirá, por isso mesmo, na melhoria do ensino e na preparação dos nossos jovens para o assumir de responsabilidades profissionais mas, também, cívicas, lamentavelmente tão pouco visíveis num país que já tem mais de três décadas de democracia!
Nada se poderá fazer de autêntico e credível sem se valorizar a Educação e os Professores, os grandes agentes da mudança. Mudança que já tarda e que já preocupa, quando olhamos para outros parceiros comunitários e para os resultados do investimento que fizeram na Educação.
Vim para o ensino por opção e gosto muito do que faço. Nunca temi a sua avaliação nem a dos seus encarregados de educação! Mas, ao fim destes anos, de facto, não há grandes compensações, a não ser a satisfação e motivação desses jovens perante o trabalho que desenvolvo, o seu sucesso e o afecto que a eles sempre me liga e ligará.
Estamos num país onde todos buscam protagonismo a qualquer preço! Todos querem mandar! Todos querem ser chefes, dar ordens… todos querem opinar sobre a educação e os professores, todos se acham uns “iluminados”, até mesmo os que há anos têm estado afastados do ensino e das escolas, das salas de aula, essas, sim, o verdadeiro terreno de quem trabalha ensinando.
E nunca me assustou ser avaliada, como aliás sempre fui, apesar de considerar que o antigo modelo de avaliação também não me agradava, por ser, justamente, muito nivelador “por baixo”, pouco ou nada exigente na averiguação do trabalho desempenhado pelos professores e, por isso mesmo, injusto e rejeitável.
No entanto, há qualquer coisa que continua a falhar na avaliação dos professores! Neste novo modelo que o Ministério começou por impor e nas posições dos sindicatos!
Neste governo, cada vez mais preocupado com a imagem e não com a realidade. Com um discurso estéril e repetitivo, escandalosamente demagógico, irónico e falsamente optimista, animado pelo clientelismo político que cada vez mais toma conta da governação, da Assembleia da República e até dos sindicatos!
Que negociações têm sido estas? Que raio de mudanças positivas e de propostas credíveis saíram dessas reuniões com os sindicatos e o Ministério da Educação? Alguns chegaram a cantar vitória perante as palavras sorridentes de uma nova ministra, nada convincente e muito pouco segura do que diz! Vitória? Porquê? Que reivindicações foram satisfeitas? Foram as que verdadeiramente nos preocupavam? Aquelas que são fundamentais para a nossa carreira e lhe dão a dignidade e reconhecimento merecidos? Aquelas que o país e os nossos jovens necessitam para sair da mediocridade e do baixo nível que atingimos no seio da Europa comunitária?
Os problemas continuam, pior, há novos problemas e agravaram-se os que já existiam! Reina o desalento, a confusão derivada da ineficácia e do absurdo de certas decisões “vindas de cima”, por exemplo, o estatuto do aluno, a forma como “vê” a sua assiduidade, a forma contemplativa, permissiva e até irresponsável com que a trata… não penalizando verdadeiramente quem não vai às aulas, nem os seus pais tantas vezes coniventes, banalizando e desautorizando o papel do professor, uma vez que, por exemplo, o obriga a fazer provas de recuperação sabendo de antemão que, assim, “ tapa o sol com a peneira”, mascara a realidade e contribui para a cada vez maior desresponsabilização dos alunos! E estes, já se aperceberam do esquema. Já viram que a falta de assiduidade não é grave… que há sempre uma justificaçãozinha ou uma provazinha à sua espera! Continuam a faltar! Sem vergonha nenhuma. Tantas vezes apoiados por encarregados de educação que justificam tudo e mais alguma coisa, muitos deles prontos a criticar os professores mas aceitando tudo dos seus educandos!
As pessoas não imaginam o tempo que o professor Director de Turma perde com estas situações criadas pelos alunos que faltam frequentemente, que são indisciplinados… o tempo que perde em contactos inglórios com os encarregados de educação, quer pelo telefone quer por carta! E muitos nem sequer respondem! E o dinheiro que as escolas gastam semanalmente com coisas destas!
O que deveria fazer-se? Multas! Pagar! Talvez assim percebessem que o primeiro responsável pelo seu educando é o pai e/ou a mãe e não somente a escola/os professores.
A Escola e o Professor apoiam sempre o aluno nos termos em que a legislação o permite e exige, não significando isto que a responsabilidade seja só da Escola.
Considero, pela minha experiência, que a legislação deveria ser mais exigente quanto à intervenção (ou não intervenção!) dos pais na vida escolar dos seus filhos, e mais responsabilizados pelos danos causados e pelas atitudes e comportamentos que aqueles venham a desenvolver.
Enquanto o “português espertalhão” continuar sossegado a pensar que haverá sempre alguém que fará o seu trabalho ou que haverá sempre uma razão para não o fazer, “saindo habilidosamente de cena”, continuaremos a verificar a falência de projectos e iniciativas verdadeiramente voltadas para a consciencialização do nosso país, adiando cada vez mais o seu desenvolvimento e a sua modernização.
Sem a valorização da CLASSE DOCENTE, com uma séria avaliação do seu trabalho e o reforço da sua autoridade, nenhum país será um GRANDE PAÍS.
Maria Nazaré Oliveira