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quinta-feira, 26 de junho de 2025

Perder um animal de estimação (o luto)


 A relação entre humanos e animais de estimação é única e profunda. Muitas pessoas consideram os seus animais de estimação como membros da família, e a perda de um animal de estimação pode ter um impacto significativo na saúde mental dos seus donos e desencadear uma série de emoções e efeitos negativos. Neste artigo, exploramos como a perda de um animal de estimação afeta a saúde mental e emocional, assim como as estratégias para lidar com esse luto.

A profunda ligação humano-animal

A conexão entre humanos e os seus animais de estimação é muitas vezes comparável a relações humanas. Os animais de estimação oferecem amor incondicional, companhia e apoio emocional. Essa ligação é frequentemente construída ao longo de muitos anos, o que torna a perda ainda mais dolorosa.

Luto e emoções complexas

A perda de um animal de estimação desencadeia uma variedade de emoções, incluindo tristeza, luto, raiva, culpa e ansiedade. Pode desencadear um processo de luto semelhante ao experienciado quando se perde um ente querido. A intensidade dessas emoções pode surpreender alguns e muitos indivíduos podem sentir-se incompreendidos no seu sofrimento.

Impacto na saúde mental

A perda de um animal de estimação pode ter um impacto significativo na saúde mental dos donos. Pode desencadear ou agravar problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, incluindo tristeza profunda, falta de interesse nas atividades e isolamento social. Além disso, a solidão e o vazio deixados pela ausência do animal de estimação podem ser avassaladores, especialmente se o animal desempenhava um papel importante na vida diária do seu dono. Também podem sentir culpa por não terem sido capazes de proteger ou cuidar adequadamente do animal de estimação, especialmente se a perda foi devido a doença ou acidente. Por vezes, a perda de um animal de estimação, pode deixar os donos com uma sensação de falta de propósito, uma vez que cuidar do animal muitas vezes desempenha um papel importante nas suas vidas.

 

Pontos a ter em conta:

  • Vínculo emocional

    Quanto mais próximo e afetivo for o relacionamento com o animal de estimação, maior pode ser o impacto emocional da perda.
     
  • Duração do relacionamento

    Se teve o animal de estimação por muitos anos, pode ser mais difícil ajustar-se à sua ausência.
     
  • Circunstâncias da morte

    Perder um animal de estimação devido a uma doença prolongada ou acidente traumático pode afetar o processo de luto de maneiras diferentes.
     
  • Apoio social

    A presença de amigos, familiares ou grupos de apoio que compreendam a dor da perda de um animal de estimação pode ser um fator de proteção contra o luto complicado.
     
  • Histórico de perdas

    Se já teve outras perdas significativas recentemente, como a morte de um ente querido humano, isso pode tornar o luto pela perda do animal de estimação mais desafiador.
     
  • Personalidade e estilo de enfrentamento

    Pessoas com diferentes personalidades e estilos podem lidar com a perda de maneiras diversas. Algumas podem ter mais dificuldade em expressar as suas emoções.
     
  • Expectativas culturais

    A cultura e as normas sociais em relação ao luto por animais de estimação variam amplamente. Alguns podem minimizar a importância do luto por animais de estimação, o que pode tornar o processo mais difícil para quem passa por ele. 
     
  • Antecedentes de saúde mental

    Pessoas com histórico de problemas de saúde mental, como depressão ou ansiedade, podem ser mais suscetíveis a experienciar um luto complicado.
     
  • Nível de apoio do veterinário

    A maneira como os profissionais de saúde veterinária lidam com a perda do animal de estimação e oferecem suporte às famílias enlutadas pode desempenhar um papel significativo no processo de luto.
     
  • Integração da perda

    Às vezes, a negação da perda ou a dificuldade em integrá-la pode prolongar o processo de luto.

Para lidar com a perda de um animal de estimação e mitigar os impactos na saúde mental, é importante reconhecer a dor da perda e procurar estratégias saudáveis para lidar com isso. 

Algumas sugestões específicas incluem:

  • Permita-se sentir

    É importante permitir-se sentir o luto e todas as emoções associadas. Não se apresse a superar a perda.
     
  • Fale sobre isso

    Compartilhar as suas emoções com amigos, familiares ou um profissional pode ser terapêutico.
     
  • Participar em grupos de apoio

    Para compartilhar experiências com outros que passaram por perdas semelhantes.
     
  • Crie uma lembrança

    Honrar a memória do animal de estimação criando uma lembrança ou memorial pode ser reconfortante.
     
  • Estabeleça uma rotina

    Manter uma rotina diária pode ajudar a trazer estabilidade e estrutura à vida após a perda.
     
  • Considere adotar novamente

    Quando se sentir pronto, adotar um novo animal de estimação pode ajudar a preencher o vazio emocional, não substituindo a perda, mas potenciando um novo vínculo afetivo.
     
  • Se necessário procurar apoio psicológico, como terapia ou aconselhamento.

É importante lembrar que o luto pela perda de um animal de estimação é uma experiência pessoal e única para cada indivíduo. Não existe um caminho "certo" ou "errado" para vivenciar o luto, e o processo pode variar amplamente de uma pessoa para outra. Se está ou conhece alguém que esteja a enfrentar o ludo pela perda de um animal de estimação e está a ter dificuldades para lidar com a situação, é aconselhável buscar apoio de um profissional de saúde mental ou grupo de apoio especializado em luto por animais de estimação.


autor: 

Eduardo Carqueja
Psicólogo e presidente da direção da Delegação Regional do Norte da Ordem dos Psicólogos Portugueses, in https://cnnportugal.iol.pt/dossier/o-psicologo-responde-como-a-perda-de-um-animal-de-estimacao-afeta-a-saude-mental-do-dono/654b8874d34e65afa2f755b8#:~:text=%C3%89%20importante%20lembrar%20que%20o%20luto%20pela,luto%2C%20e%20o%20processo%20pode%20variar%20amplamente


domingo, 19 de janeiro de 2025

Para onde ligar ou escrever se for necessário um resgate animal?

                       


Encontrou um animal em risco ou abandonado? Deverá entrar em contacto com o Centro de Recolha Oficial (CRO) correspondente ao município em que o animal se encontra e com a Polícia de Segurança Pública (PSP).

Os CRO são os responsáveis legais por recolher animais abandonados e/ou em risco, garantindo-lhes cuidados médico-veterinários, esterilizaçãodesparasitação, guarida e comida apropriada, até que estes sejam adotados.

O Programa de Defesa Animal existe desde 2015 e está implementado em todo o dispositivo da PSP (todos os Comandos Distritais, Comandos Metropolitanos de Lisboa e Porto, e Comandos Regionais da Madeira e dos Açores), funcionando 24 horas por dias, durante todo o ano.

Os casos que não sejam da responsabilidade de patrulhamento da PSP são encaminhados para a força de segurança adequada.

Não deixe um animal abandonado ou em risco sozinho. Você pode ser a sua única e última esperança.

Resgate animal: contactos

Se está perante um animal abandonado ou em risco, envie uma mensagem eletrónica com a descrição do caso, a morada onde se encontra e fotografias/vídeos para os seguintes endereços eletrónicos (todos ao mesmo tempo):

PSP — Defesa Animal — defesanimal@psp.pt

GNR — SEPNA — sepna@gnr.pt

Vereador da Câmara Municipal — Pelouro da Veterinária (endereço eletrónico disponível no sítio web da Câmara Municipal)

Veterinário municipal (endereço eletrónico disponível no sítio web da Câmara Municipal)

Centro de Recolha Oficial (CRO) do município onde se encontra (endereço eletrónico disponível no sítio web da Câmara Municipal)

Junta de Freguesia (endereço eletrónico disponível no sítio web da Câmara Municipal)

Após enviar mensagem de correio eletrónico, telefone para todas as entidades supramencionadas, informe da situação e peça para agirem imediatamente.

Contactos telefónicos:

  • PSP — Defesa Animal — 217 654 242

  • GNR — SEPNA — 808 200 520

O animal que encontrou está em agonia e precisa de assistência médico-veterinária urgente? Leve-o até a uma clínica ou hospital veterinário. Embora os encargos financeiros passem a ser da sua responsabilidade, hoje existe uma rede de apoio muito grande na recolha de fundos.

O que fazer se vir um animal a sofrer de violência?

Neste caso, o importante é assegurar que o animal fica protegido (sem que isso coloque a sua própria segurança em causa). Tire fotografias ou filme para haver prova da violência quando fizer a denúncia.

Se o animal estiver em perigo imediato, transporte-o para um local seguro (clínica veterinária ou uma associação de proteção a animais).

Denuncie sempre que saiba de uma situação de maus-tratos, abandono, negligência ou risco do animal.

Faça a denúncia numa das entidades abaixo:

  • GNR — SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente). Poderá fazer a denúncia online, num posto da GNR, ou através do telefone 808 200 520 (Linha SOS Ambiente e Território, disponível 24 h/dia).

  • PSP (Programa de Defesa Animal). Pode fazer a denúncia numa esquadra da PSP, através da linha 21 Polícia — 217 654 242 — ou via correio eletrónico para defesanimal@psp.pt.

Se tiver dúvidas sobre como proceder, contacte uma associação zoófila, pois vão ajudá-lo a recolher informações e a encaminhar a denúncia.


in https://www.tomaconta.com/blog/resgate-animal


terça-feira, 14 de março de 2023

Debate sobre a extinção das touradas em 1821


Na sessão de 4 de agosto de 1821 das Cortes Constituintes, as touradas estiveram em debate.

Borges Carneiro apresentou um projeto de lei para a proibição dos espetáculos tauromáquicos, entendidos como contrários “às luzes do século, e à natureza humana”. Em causa, estava um entretenimento baseado no sofrimento dos animais, criados para servir o homem, mas não para serem martirizados.

 “Os homens não devem combater com os brutos, e é horroroso estar martirizando o animal, cravando-lhe farpas, fazendo-lhe mil feridas, e queimando-lhe estas com fogo: tão bárbaro espetáculo não é digno de nós, nem da nossa civilização.”

 Também o Deputado Teixeira Girão classifica as touradas como um” bárbaro divertimento”, uma “tolice em expor a vida sem fim útil, sem necessidade, uma “traição em inutilizar aos touros as armas que lhes deu a natureza” e uma “crueldade e cobardia em atormentá-los depois”.

 Em sentido contrário, vários Deputados argumentam com a tradição e popularidade do espetáculo, mas também pela existência de outros costumes que agridem os animais, como a caça ou, noutros países as “carreiras de cavalos e o combate dos galos”. Referindo-se ao projeto de lei de Borges Carneiro, Lemos Bettencourt afirma:

 “Admira-me, como levado de tão filosóficas tenções, não incluiu no mesmo projeto a proibição da caça, pois sendo todos os animais e aves entes sensitivos, não deviam ser objeto de divertimento do homem; e não devia o caçador matar a ave inocente”.

 Outros Deputados entendem que a sociedade portuguesa não está ainda preparada para a decisão de extinguir as corridas de touros. Assim pensa Serpa Machado, que defende ainda a diminuição da barbaridade do espetáculo e a abolição dos “touros de morte”:

 “Eu não seria de opinião que desde já fossem proibidas as festas de touros, porque ainda não é tempo; é necessário ir preparando os costumes. Entretanto apoio que o projeto vá à discussão, não para se abolir esse espetáculo, senão para diminuir a sua barbaridade. Vamos por ora preparando os costumes, que lá virá tempo em que ele caia por si mesmo.”

 Manuel Fernandes Tomás, confessando ser “amigo deste divertimento” e espetador semanal de touradas, refere que não se pode, de repente, transformar o país numa “Nação de filósofos”, sendo necessário preparar a sociedade:

 “Para extinguir-se aqui este espetáculo, é preciso que os costumes se vão preparando, querer de repente reduzir uma Nação a Nação de filósofos não me parece correto, nem sensato; este costume há de acabar entre nós, quando se extinguir na Espanha. Eu o declaro francamente, sou amigo deste divertimento; não é por ser valoroso, nem deixar de o ser, nem querer que os outros o sejam, senão porque fui criado com isso. Na teoria sou dos mesmos sentimentos filantrópicos; mas na prática não posso. Confesso a minha fraqueza: vou ver os touros todos os domingos. Eu não pugnarei porque os haja; mas tão pouco me oporei diretamente a que deixe de havê-los."

 O projeto de lei de Borges Carneiro para a extinção das touradas seria rejeitado.

 

in https://www.parlamento.pt/Parlamento/Paginas/Debate-sobre-a-extincao-das-touradas-1821.aspx

 

sábado, 14 de novembro de 2020

O início da causa animal

A emergência do Direito Natural e consequentemente a consciência dos Direitos do Homem no panorama filosófico e político na segunda metade do século XVIII fizeram surgir nas elites políticas e intelectuais europeias uma sensibilidade, lenta mas progressiva, relativamente a questões consideradas como dogmas ao longo dos séculos, como por exemplo, a questão da limitação e separação de poderes, as liberdades fundamentais, a abolição da escravatura, a abolição da pena de morte, a emancipação das mulheres, a repartição justa da riqueza, a legitimidade da propriedade, etc... No mesmo contexto filosófico-político alguns filantropos problematizaram e questionaram a relação de domínio do Homem em relação aos animais. No espírito de muitas individualidades o recurso à violência para com os animais, fundamentado na suposta superioridade do Homem perante a Natureza era tida como imoral, quer à luz do Cristianismo, quer à luz da Razão. Os maus tratos aplicados aos animais eram considerados cada vez mais como resquícios da barbárie e da incivilização dos antigos tempos do obscurantismo. O Homem entrara numa nova nova idade da História, a idade da Razão e do progresso moral e essa evolução tinha necessariamente de se refletir na relação homem - homem e homem - animal. 

Não tardaram a surgir propostas para que o poder político adotasse medidas de proteção aos animais. Os primeiros esforços legislativos contemporâneos para proteção animal contra os maus tratos dos humanos surgem no Reino Unido no início do século XIX. Em 1800, Sir William Pulteney tenta introduzir no código jurídico inglês uma lei que proíbe o bull-baiting, projeto-lei recusado pelo Secretário da Guerra William Windham (1750 - 1810) com o argumento de que tal lei era contra o entretenimento das classes populares da sociedade inglesa. No ano seguinte, William Windham rejeita uma outra proposta legislativa de proteção animal, da autoria de William Wilberforce (1759 - 1833) fundamentando que tal lei tinha sido idealizada pelos metodistas e jacobinos com a intenção de destruir o “antigo caráter inglês pela abolição dos desportos rurais”. Mais uma tentativa surge em 1809 pelo Lord Chancellor Thomas Erskine (1750 - 1823), ao propor uma lei de prevenção da crueldade sobre os animais, aprovada na Câmara dos Lordes mas rejeitada na Câmara dos Comuns. Uma vez mais William Windham insurge-se contra tais propostas legislativas, alegando desta vez que eram incompatíveis com os tão populares divertimentos da caça à raposa e a corrida de cavalos. 

Após estas tentativas frustradas finalmente surge a primeira lei de proteção animal. É a lei Act to prevent the cruel and improper treatment of cattle (Lei de prevenção ao tratamento cruel e imprópio do gado) mais conhecida pelo nome do seu autor, "Martin's Act". Esta lei, da autoria do deputado Richard Martin (1754 - 1834) foi aprovada pelo parlamento britânico em 1822. A designação “gado” no título da lei apenas incluía boi, vaca, ovelha, mula, e burro, deixando de fora outras espécies como o touro e o cão que foram englobadas na lei em atualizações posteriores (leis de 1835, 1849 e 1876). 

O primeiro julgamento ao abrigo do Martin’s Act foi o de Bill Burns, vendedor de fruta ambulante, que agrediu o seu burro de carga. O caso na altura ficou famoso em Inglaterra devido ao facto de o próprio Richard Martin ter acusado Bill Burns e durante julgamento ter levado o burro à sala do tribunal como prova das agressões para espanto dos juízes e público assistente. "The trial of Bill Burns" (o julgamento de Bill Burns). O deputado do parlamento britânico, Richard Martin, leva o burro do acusado Bill Burns a uma das sessões do julgamento para demonstrar ao juiz os maus tratos infligidos pelo dono, episódio que causou grande sensação na época, nomeadamente nos jornais. Esta pintura (óleo sobre tela) está atualmente da seda da Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Trial_of_Bill_Burns.jpg 


Richard Martin, Willian Wilberforce e outros estiveram envolvidos na fundação da Society for the Prevention of Cruelty to Animals em 1824, a primeira instituição do mundo dedicada à proteção animal. Esta instituição conseguiu fazer com que o Martin's Act de 1822 fosse alargado no seu âmbito pela Cruelty to Animals Act (lei da crueldade sobre os animais) de 1835, que abrangia cães e outros animais domésticos, abolia o bear-baiting e a luta de galos, assim como imponha melhores condições para os animais nos matadouros. A legislação de proteção animal inglesa foi sendo sucessivamente consolidada e ampliada ao longo do século XIX pelas leis de 1849 (Cruelty to Animals Act 1849 ), e de 1876 ( Cruelty to Animals Act 1876 ) de modo a abranger gradualmente mais espécies animais e modalidades de tratamento cruel ( consultar o site Animal Rights History para ter uma noção da produção legislativa inglesa sobre a proteção animal). O Reino Unido surge assim como o "berço" do movimento da causa animal e da legislação de proteção animal na contemporaneidade, sendo em breve trecho imitado por outros países europeus e americanos. 

E em Portugal? 

Em Portugal pouco se conhece sobre o estado de consciencialização para o bem estar animal na primeira metade de oitocentos. Percebe-se no entanto que a problemática da proteção animal está intimamente relacionada com as corridas de touros ou touradas. Existem referências para este período indicadoras de que as corridas de touros seriam mal vistas por certas pessoas. Sabe-se que um dos governadores do reino na ausência da corte no Brasil, o Principal Sousa (17-- 1817) se esforçou por proibir as touradas entre 1810 e 1817. Nas cortes constituintes (1821-1822) o deputado Borges Carneiro (1774 - 1833) apresentou à câmara constituinte um moção para a abolição das corridas de touros. No debate parlamentar perguntava ele aos seus colegas deputados: « Ora qual foi o fim da natureza criando estes animaes [os touros]? foi para que o homem se podesse servir delles, e quando muito que sei servissem para seu sustento; mas não foi de certo para que os martyrizasse, os enchesse de flexas, e se divertisse com elles, destruindo-os pouco a pouco por meio do fogo e do ferro. Taes não forão os fins para que a Divindade pôz os outros animaes debaixo do poder do homem.» Apesar da sua retórica e eloquência a moção foi rejeitada.
O deputado Borges Carneiro (1774 - 1833) eleito às cortes constituintes de 1821 -1822. No dia 04 de agosto de 1821 foi discutida nas cortes constituintes a sua moção para a abolição das touradas em Portugal. A moção foi rejeitada sob os mais variados argumentos. Fonte: http://www.arqnet.pt/dicionario/borgescarneirom.html Com o advento do Setembrismo, o ministro do Reino Passos Manuel (1801 -1862) governando em ditadura, aboliu a 19 de setembro de 1836 as corridas de touros. Porém esta lei foi revogada no ano seguinte com Carta de Lei de 30 de junho de 1837. Com a Carta de Lei de 21 de agosto de 1837 as receitas das corridas de touros realizadas em Lisboa revertiam para a Casa Pia e as receitas das touradas realizadas nos restantes municípios do território português ficavam afetas às Misericórdias ou a outras instituições pias, associando assim as touradas à caridade, o que deu mais um argumento a favor dos defensores da tauromaquia. 



 in http://blog-de-historia.blogspot.com/2012/02/o-aparecimento-da-legislacao-de.html (acesso dia 14.11.2020)

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Para denunciar casos de negligência, maustratos e abusos de animais




Se tiver conhecimento de casos de negligência ou abuso não fique indiferente. Denuncie!


A PSP recebe denúncias e ajuda a esclarecer questões através do telefone 21 765 4242e do email defesanimal@psp.pt


A GNR tem disponível a linha SOS Ambiente e Território através do número azul 808 200 520 e da página http://goo.gl/1zRBfA


 Se tiver conhecimento de uma situação de maus tratos ou de negligência utilize este texto para enviar a sua queixa às autoridades, não se esquecendo de anexar fotografias que comprovem os factosPoderá também enviar este texto ao Ministério Público.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

O que muita gente não sabe sobre as touradas




A VIOLÊNCIA DA "TOURADA À PORTUGUESA"

A chamada "tourada à portuguesa" consiste em esconder a parte mais violenta das touradas e a morte efectiva dos animais. Debaixo de um calor intenso, fora do seu ambiente natural e num espaço exíguo onde quase não se podem mexer, nem deitar, 6 touros são transportados até à praça.

Vão ser perfurados com bandarilhas que medem entre 35 a 90 cm de comprimento, com um ferro de 8 cm, um arpão de 4 cm de comprimento e 2 cm de largura
(artigo 51o do DL 89/2014 de 11 de Junho) enfeitadas com papel de seda de variadas cores.
Antes da "corrida" são imobilizados para serem "embolados" (ou seja, para que lhe cortem com uma serra a ponta dos cornos) com recurso a uma bitola com 1,4 cm de diâmetro. Os cornos são revestidos por uma protecção de couro, que lhes retira a noção de distância e protege os cavalos de serem esventrados.

Depois da "lide" os touros são recolhidos para o interior do camião, no caso das praças desmontáveis, puxados por uma corda amarrada à cabeça e a um tractor que os força a entrar no camião. Aí são imobilizados, e arrancadas as bandarilhas pelo "embolador", sem qualquer anestesia nem assistência veterinária. Para arrancar as bandarilhas é necessária a utilização de uma navalha para cortar a carne e fazer sair o arpão, deixando várias lesões no corpo do animal que ainda está vivo, apesar de exausto e em grande stress.

Os touros são transportados nestas condições para o matadouro (destino da esmagadora maioria dos animais, com excepção dos que são "indultados" para reprodução) onde são abatidos, geralmente à 2ª feira. Alguns morrem antes de chegar ao matadouro, devido às lesões, stress, calor, etc.
Ninguém vê, e ninguém permite que se registem estes momentos.

Esta fotografia escapou à "censura" dos que tentam com esforço manter uma "tradição" que já não devia existir, num país onde a maioria dos cidadãos não têm qualquer interesse por ela. Se os portugueses e os vilafranquenses soubessem o que são na realidade as "touradas à portuguesa", o cruel espectáculo não durava mais uma temporada.

Infelizmente, grande parte do sofrimento dos animais, permanece escondido entre as paredes dos camiões, sujas de sangue, e na escuridão dos curros das praças de touros. São cada vez menos os que se esforçam por encontrar argumentos para justificar tamanha crueldade para mero divertimento de uma minoria insensibilizada para o sofrimento destes animais.
As touradas portuguesas são menos cruéis que as outras? Não.




in vilafranquenses anti-tourada




domingo, 17 de março de 2019

A justiça climática é a luta pelo destino da Humanidade



Só faremos isto em conjunto, pela acção persistente e decidida de milhões de pessoas. “Vamos mudar o destino da Humanidade.”


15 de Março de 2019


Hoje é um dia histórico, com uma das maiores mobilizações globais de sempre, sobre qualquer tema que seja. É a maior mobilização de jovens e a maior mobilização pela justiça climática que alguma vez aconteceu. Todas as pessoas que mobilizaram, que convocaram e que hoje se juntam e se encontram nas ruas de mais de mil cidades por todo o mundo devem saber que fazem parte de um momento extraordinário. Começa uma nova História da justiça climática.

Durante as últimas três décadas, milhares de pessoas por todo o mundo empurraram um comboio pesado, o comboio da inércia, o comboio da conformação, o comboio do sistema, à procura de soluções e vontade política para resgatar a civilização. Muito mais grave do que a meia dúzia de negacionistas de alterações climáticas (com desproporcionado impacto mediático), foram mesmo os arquitectos das políticas dos últimos anos os grandes responsáveis por vivermos numa emergência climática sem paralelo na História da Humanidade.


“O desprezo pelos jovens, o desprezo pelas pessoas comuns, foi convertendo superficialmente milhares de milhões em cínicos, em hipócritas, em seres amorfos e autocentrados. O poder retirado pela economia e pela política às populações foi criando um espírito de derrota, de impotência, de conformação a tudo o que viesse de cima, à ordem e à obediência. Apesar de haver sempre quem resistisse, esse espírito imperou durante muito tempo.”


De nada serviram Barack Obamas, Justin Trudeaus ou Uniões Europeias a gritar o seu empenho no combate às alterações climáticas, de nada nos serviram as tintas verdes com que empresas destruidoras como a BP ou a Volkswagen se foram pintando porque, apesar de andarmos há décadas à procura de acordos para cortar as emissões de gases com efeito de estufa, 2018 foi o ano com o mais alto nível de emissões alguma vez registado. Nesse contexto de enorme frustração, de enorme contradição, empurrámos, contra o senso comum, contra a política banal, contra a TINA (There Is No Alternative), assistimos ao colapso em Copenhaga, exigimos que não houvesse mais explorações de petróleo, gás e carvão, se queríamos salvar o futuro da civilização. Às costas, levávamos a Ciência, a vontade e a certeza de que isto não podia acabar assim, que a Humanidade não podia ser só isto. 

O desprezo pelos jovens, o desprezo pelas pessoas comuns, foi convertendo superficialmente milhares de milhões em cínicos, em hipócritas, em seres amorfos e autocentrados. O poder retirado pela economia e pela política às populações foi criando um espírito de derrota, de impotência, de conformação a tudo o que viesse de cima, à ordem e à obediência. Apesar de haver sempre quem resistisse, esse espírito imperou durante muito tempo. Chegados a um dia como hoje percebemos como era superficial esse espírito, e especialmente superficial a análise de que isso se poderia manter.

A temperatura média global nas últimas três décadas só tem comparação com o período interglacial do Eemiano, há mais de 115 mil anos. Haveria nessa altura, quanto muito, alguns milhões de seres humanos (menos do que os dedos de uma mão). O centro da Europa era uma savana, o Reno e o Tamisa tinham hipopótamos e crocodilos. O nível médio do mar era seis a nove metros mais alto do que hoje. Os cinco anos mais quentes desde que há registos são os últimos cinco (2016, 2015, 2017, 2018, 2014). Devido à queima massiva de gases com efeito de estufa que começou na Revolução Industrial e que disparou a partir do final da Segunda Guerra Mundial, criámos um clima em que nunca vivemos antes, diferente daquele em que foi possível inventar a agricultura, a escrita, a civilização. O capitalismo industrial fóssil acabou com o Holoceno, o período geológico dos últimos 12 mil anos que permitiu que a nossa espécie de instalasse e proliferasse por todo o planeta.

Mas a inacção garante-nos uma degradação muito maior do que esta, e cada dia, cada semana, cada mês em que a máquina industrial fóssil se mantém em produção máxima agrava o nosso futuro. Cada momento em que a máquina industrial fóssil se mantém em produção ficam em causa a viabilidade dos territórios em que habitamos hoje, a sua capacidade de nos continuar a sustentar, quer pela redução da capacidade de produção alimentar e da disponibilidade de água, quer pelos fenómenos climáticos extremos e a subida do nível médio do mar. A reacção perante este estado de coisas é uma manifestação de autoprotecção. Não estamos a defender a Terra, nós somos parte da Terra e estamos a defender-nos a nós mesmos.

Nomeada para o Prémio Nobel da Paz, Greta Thunberg, a jovem sueca de 16 anos que disse exactamente isto na cara das lideranças mundiais na Polónia, foi o ponto de apoio e a sua greve, todas as sextas-feiras frente ao Parlamento da Suécia, foi a inspiração para a greve mundial climática. Mais tarde, o colectivo que convocou esta greve diria em carta aberta publicada no The Guardian: “Vamos mudar o destino da Humanidade.” Não é menos do que isto o que precisa de acontecer. 

Esta chamada à acção colectiva retira o derrotista enfoque na acção individual que vigorou nas últimas décadas. Só faremos isto em conjunto, pela acção persistente e decidida de milhões de pessoas. Tentar reduzir o que acontece neste 15 de Março de 2019 a uma chamada para pequenas acções individuais ou locais é perverter o que está a acontecer: “Vamos mudar o destino da Humanidade.”

Tudo irá mudar nas nossas economias e nas nossas sociedades. Se não formos nós a organizar estas mudanças, será o novo clima, sem qualquer contemporização. Vivemos neste momento dentro do arranha-céus em chamas do capitalismo global e todos os alarmes estão a tocar. Não existe nenhum bombeiro mágico para apagar as chamas. Está na hora de sair e construir uma nova casa para a Humanidade.


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Greta Thunberg



quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

This Powerful Video Is a Reminder That Animals Aren't Christmas Gifts



So many animals are abandoned after the holidays 😢 Please, NEVER give them as gifts.




Um vídeo que devia correr mundo.


So many animals are abandoned after the holidays 😢 Please, NEVER give them as gifts.



Os animais não são prendas de Natal! 

Mais um exemplo da mesquinhez e pequenez humana!

Chinese Badger-Hair Industry Exposed: Caged and Beaten for Makeup, Shavi...


Indústria chinesa de pêlo de texugo: enjaulado e espancado para maquiagem... Porquê tanta crueldade contra seres indefesos? Maldita gente que vive deste crime e/ou que o incentiva.

Sanguinária realidade em nome da mesquinhez e pequenez humana!

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

"Os profissionais da tourada são os que mais amam os animais"




Gente do pior que existe, do mais ordinário e abjeto que existe, quer quem promove estes espetáculos de dor e de morte quer os toureiros, cavaleiros, forcados...
 Quem assiste, aplaude ou os vê na TV...
Quem defende isto e escreve nos jornais... E quem publica...
Sim, as touradas & afins são espetáculos bárbaros, sanguinários, espetáculos de morte, morte lenta, morte de inocentes...
Mas a luta continua pelo fim destes espetáculos macabros!
Quanto sofrimento e dor para gáudio de psicopatas e gente perturbada (a todos os níveis)!
Meus queridos animais...

Nazaré Oliveira



Dizem que amam os touros (vídeo)







Que gente asquerosa! Que monstros!

Que gente sem um pingo de respeito por um ser inocente que agoniza, morre lenta e cruelmente às mãos do ódio, da indiferença, do sadismo e da humilhação de quem nos diz sempre que ama os touros ...

Maldita gente!

Criminosos sem castigo!

Torturam inocentes que nunca se podem defender dos seus impulsos assassinos!

Como é possível que ainda não tenham terminado estes “espetáculos” abomináveis? Como é possível que esta corja maldita faça isto a um pobre animal e delire de felicidade ao fazê-lo?

Dementes! Dementes perigosos que nem o ar que respiram merecem.

Meus queridos animais...



Nazaré Oliveira

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

O (mau) exemplo que vem de Espanha



Segundo uma notícia da ANDA, de 1 do corrente mês, só neste Verão serão vítimas de tortura e assassinato em festivais espanhóis mais de 60.000  mil animais.
“Não podem comemorar sem maltratar nenhum animal?”. Esta é a pergunta lançada pela organização Equo Animals, que usa as redes sociais para denunciar as atrocidades a que milhares de animais são submetidos na Espanha”.
“Com a chegada desta estação, explodem festas tradicionais que consistem em práticas bárbaras e incompreensíveis de maustratos a animais, como o touro enamorado, o touro de fogo e as ‘batalhas rats puing’ nas quais ratos mortos são lançados contra as pessoas”.
Gente abjeta! Desumana gente que isto promove, que a isto assiste e que isto aplaude.

Se as pessoas quisessem, boicotavam este e outros países, esta terra e outras terras, não comprando os seus produtos*, não os visitando enquanto estas tradições se mantivessem, como as touradas, todas elas ligadas ao sofrimento e à crueldade que se inflige, sádica e continuamente sobre estes seres indefesos.

Rápido se esquecem que estes crimes horrendos estão a ser cometidos aqui, na Europa. Na Europa Comunitária que esquece os pilares em que assentou e assenta a sua formação  e que continua  a pavonear-se e a autosuperiorizar-se com o seu mais do que bafiento  europocentrismo e a sua civilizacional arrogância.

Na Europa que critica mas que não dá o exemplo. Na Europa que foi a semente do diabo em 1914, em 1939. Na Europa que explorou e escravizou e que também cometeu genocídio.

A propósito, algum (a) de vocês escreveu a um dos noss@s eurodeputad@s sobre isto (e não só)? Se el@s não cumprem o seu dever, cumpramos nós o nosso.
Mais do que um dever cívico, a cidadania é um imperativo moral.

Nazaré Oliveira


*Como faço em Portugal, por exemplo, com Barrancos.



sábado, 4 de agosto de 2018

Campanha contra o abandono dos animais




A campanha da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) para sensibilizar a população portuguesa para a detenção responsável de animais de companhia e para o não abandono de animais começa esta semana.
De acordo com a DGAV, “todos somos responsáveis e todos podemos ter um papel ativo nesta questão do abandono dos animais de companhia”. Assim, a organização quer alertar os donos de animais de companhia para importância de “assegurar os cuidados básicos (abrigo, alimentação, cuidados de higiene, assistência veterinária, espaço para exercício), bem como o cumprimento de todas as obrigações legais próprias da espécie, nomeadamente, identificação eletrónica, registo e licença”.
No que diz respeito ao abandono de animais de companhia, a DGAV diz estarem em causa “o respetivo bem-estar, por falta de alimentação e de cuidados de saúde, os animais podem sofrer e provocar acidentes. Acrescem ainda riscos para a saúde humana e animal face à possibilidade de transmissão de doenças e de agressões a pessoas e a outros animais.”
Quando são abandonados, os animais são recolhidos e alojados por serviços municipais nos Centros de Recolha Oficial das autarquias (CRO) onde aguardam até 15 dias para que o respetivo detentor os reclame. Quando não são reclamados, podem ser adotados, após esterilização, por pessoas individuais ou associações de proteção animal devidamente legalizadas e que tenham condições adequadas para o seu alojamento.
Esta campanha de sensibilização marcará presença em vários meios de comunicação social e prevê a distribuição de folhetos quer à população como junto de médicos veterinários.
Veja, acima, o spot publicitário da DGAV.




artigo in http://www.veterinaria-atual.pt/na-clinica/campanha-da-dgav-abandono-animais-ja-esta-marcha/