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quinta-feira, 18 de abril de 2019

«Annunciata di Palermo»




"No Hoje de Deus na História da Humanidade, vejo-me confrontado com este quadro de Antonello da Messina, uma obra datada de 1475 e conhecida como a «Annunciata di Palermo», manifestamente uma Obra-Prima Absoluta da História da Arte Europeia e Mundial. (...) fabulosa representação, em perspetiva feminina, do Encontro de Deus com a Humanidade de que somos parte. (...) Para mim, basta um quadro como este para dizer ao mundo da imprescindível importância que a Beleza tem na articulação da nossa relação com o divino Transcendente. (...)”

Pe. João Vila-Chã (pg facebook)

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Trabalhadores (e trabalho) na PINTURA

"Peneirando o Trigo" - Gustave Courbet
Pintor francês (1819-1877)

"Colhendo Batatas" - Jules Bastien-Lepage
Pintor francês (1848-1884)

"Colheita de Algodão" - William Aiken Walquer
Pintor norte americano (1839-1921)

"O almoço do trolha"
de Júlio Pomar


"Jardineiros" - Gustave Callaibotte
Pintor francês (1848-1894)

Charles Auston
(Pintor africano-americano contemporâneo)


"Fazendeiro de Trigo" - Joe Jones
Pintor norte americano (1909-1963)

Jules Adler (1865-1952)
 La grève au Creusot (1899)

Quarto Stato,  di Giuseppe Pellizza da Volpedo

HOMENS DO FOGO, de LUIS DOURDIL



"A Respigadeira" - Jules Breton
Pintor francês (1827-1906)


"Operário" - Cândido Portinari
Pintor brasileiro (1903-1962)


"Quebradores de Pedras" - Gustave Courbet
Pintor francês (1819-1877)

"Hora do almoço"- trabalhadores de Nova York - Charles Ebbets

"O Pescador" - Charles Napier Henry
Pintor inglês (1841-1917)

"Plantadores de Batatas" - Vincent van Gogh
Pintor pós-impressionista francês (1853-1890)

sábado, 19 de abril de 2014

A Paixão de Cristo na poesia




Crucificação (c. 1582). Paolo Veronese (1528-1588).
Óleo sobre tela (102 x 102 cm). Musée du Louvre, Paris. 




Autores portugueses encontraram inspiração nos passos dolorosos da vida de Jesus. A sinfonia das suas palavras transporta-nos para o mistério da cruz. 


A inspiração de vários poetas mostra o olhar sofredor da Mãe que segura e chora o seu Filho: 

«Vejo-te ainda, Mãe, de olhar parado,
Da Pedra e da tristeza, no teu canto,
Comigo ao colo, morto e nu, gelado
Embrulhado nas dobras do teu mando»
(Torga, Miguel)

«Ó visão, visão triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa…
E deixa-me sonhar a vida inteira»
(Quental, Antero de)

«Oh Virgem de Nazaré,
Oh Mãe de Jesus
Lírio aberto aos pés da cruz,
Cujas pétalas de luz
Vertem lágrimas de fé»
(Conde de Monsaraz, [Papança, António Macedo])

«Junto da cruz, que estremecia ao vê-la
Chorou, baixinho, a Mater Dolorosa:
E a terra, em volta, soluçou com ela»
(Oliveira, António Correia de)

O Sinédrio decretara a Sua morte. Nestes passos dramáticos em direcção à humilhação, Jesus prepara-se para a doação total. Os doze esperam com ânsia uma palavra do Mestre.

«Levanta as mãos ao Céu vasto e piedoso
Vara-lhe o seio tenebroso espinho
Caem gotas, de sangue precioso,
De suor, nas violetas do caminho»
(Leal, A. Gomes)

Mesmo de poetas descrentes, a beleza da sua linguagem expõe um sentimento religioso. Ao longo dos séculos, a Paixão e Morte de Cristo são fonte inspiradora da poesia. Luís de Camões – uma das almas lusitanas – tem elegias onde canta a Paixão do Filho do Homem.

«Aquele corpo tenro e delicado,
Sobre todos os santos sacrossanto,
De açoutes rigorosos flagelados»
(Camões, Luís)

O poeta limiano, Diogo Bernardes considera-se culpado daquela morte. A luminosidade das suas palavras como que formalizam um pedido de desculpas. O lirismo religioso deste poeta do século XVI é marcado pela sinceridade. 

«Eu vos crucifiquei, eu vos vendi,
Eu vos neguei mil vezes, que não três
Eu fui o que esse lado vos abri!» …
«Por eles (os meus pecados), meu senhor, te vejo estar
Crucificado nesse duro lenho»
(Bernardes, Diogo)

Partindo das palavras do Evangelho de S. João (19, 1-3), o poeta da Arrábida ilustra a paixão de Jesus com a luminosidade de um místico. Frei Agostinho da Cruz assume a culpa do sofrimento e morte de Jesus. 

«Eu fui, eu sou Senhor, o que vos pus
Nesse duro madeiro pendurado,
Donde morreis por mim, doce Jesus»
(Cruz, Frei Agostinho)

Quando medita nas chagas de Cristo, Diogo Bernardes pede mesmo à sua alma que, por amor delas, se arrependa dos seus pecados e dê início a uma vida nova.

«Quando meus olhos nessas chagas ponho
E não me vejo em lágrimas banhado
Corrido fico, todo me envergonho»
(Bernardes, Diogo)

José Régio aborda os últimos passos de Jesus num registo diferente. Lamenta ter nascido tarde, mas considera que Ele foi crucificado pelos homens.

«Por isso choro em mim a mágoa verdadeira
De ter nascido tarde, e só te vir achar,
Feito em marfim, metal, pedra madeira,
No cimo dum altar»
……
«O Cristo, ao alto, alonga os magros braços nus
Por sobre a escuridão do rancho desolado
Que segue, ao som da marcha, o seu Jesus
Por nós crucificado»
(Régio, José)

Preso e atado à cruz, a multidão gritava: Crucifica, crucifica. A humilhação estava patente naquele rosto.
André Dias explica a crueldade daquela morte.Este poeta dos séculos XIV e XV (1348-1437) coloca nas suas palavras a injustiça daquele tribunal.
 
«E todos bradavam com grande voz e alta:
- Crucifica! Crucifica este falso profeta
E morra sobre a cruz morte cruel e feia,
Que jamais não engane toda a nossa gente»
(Dias, André) 

Depois de saber que tudo estava consumado, Jesus disse: «Tenho sede». Teve como bebida, o amargo vinagre.
 
«Mas tem sede o Rabi. Um, mais cruel,
uma esponja, em caniço pontiagudo,
toda em fel ensopou. – Ora, este fel
amarga mais o mestre do que tudo»
(Leal, A. Gomes)

Do alto da cruz, os seus olhos sem brilho contemplavam Jerusalém. Após ter tomado o vinagre, Jesus exclamou: «Tudo está consumado». E, inclinando a cabeça, rendeu o Espírito.

«Filhos de Cristo, consumou-se agora
O horrendo crime de Israel, na cruz.
Trémula se abre a terra; o sol descora
A igreja chora, - que morreu Jesus»
(Ribeiro, Tomás)

A noite ia tombando de hora a hora cheia de assombro e cósmica tristeza. Esta morte foi vida. Foi um rasgão no tempo.

«Tu morreste por nós na cruz da afronta
E o sangue derradeiro
Derramaste do alto do madeiro,
Jesus, filho de Deus, Deus Verdadeiro
Aos crimes do homem não lançaste a conta
Inocente cordeiro
Quando foste no alto do madeiro
Lavar com sangue o último e o primeiro»
(Garret, Almeida.)

Com a morte e ressurreição, a lanterna da vida brilha e alimenta a árvore frondosa do cristianismo.

«Meu Deus, aqui me tens aflito e retirado
Como quem deixa à porta o saco para o pão.
Enche-o do que quiseres. Estou firme e preparado.
O que for, assim seja, à tua mão
Tua vontade se faça, a minha não»
(Nemésio, Vitorino)





fonte:  http://www.agencia.ecclesia.pt/

sábado, 30 de março de 2013

Via Sacra

“Ecce Homo”( Portugal, 2ª metade do século XVI)
“Ecce Homo”( Portugal, 2ª metade do século XVI)


 
Bual
  
 
Portinari
 
Luiz Carlos de Andrade Lima

Aldo Locatelli  

Via Sacra (Buçaco)


Bual
  
Miguel Ângelo

  




Duro caminho de chegar à morte!
E dura condição
De ser nele,
Como eu,
Conjuntamente o Cristo e o Cireneu!

Condenado,
Açoitado,
...
A cair
E a sangrar
Sob o peso do lenho,
Se me quero sentir humano e ajudado,
O recurso que tenho
É cantar como um carro carregado.

É pedir a coragem dos meus passos
À força dos meus versos.
Versos que são apenas o sudário,
Solidário
E crispado,
Do meu rosto de carne, desenhado
No chão da caminhada.
Como ajuda que desse ao próprio corpo

A sombra por ele mesmo projectada.

 
 
 
in Miguel Torga - Antologia Poética, Publ. D. Quixote, pg. 197.

domingo, 23 de dezembro de 2012

O Natal na pintura portuguesa


Feliz Natal para todos os meus leitores!
Um abraço fraterno.



Anunciação. Bento Coelho (c. 1655)

Visitação. Maria Aurélia Martins de Sousa (Séc. XIX-XX)


Natividade. Paula Rego (2002)



Adoração dos Pastores. Gregório Lopes (Séc. XVI, 2.º quartel)

Adoração dos Pastores. Bento Coelho da Silveira (Séc. XVII, 2.ª metade)

Adoração dos Reis. Vasco Fernandes, Francisco Henriques (1501-1506)

Circuncisão. Oficina de José do Avelar Rebelo (Séc. XVII)

Repouso na Fuga para o Egipto. André Gonçalves (Séc. XVIII)

Menino entre os Doutores. José do Avelar Rebelo (c. 1635)
 


In O Mistério do Natal na pintura portuguesaTiago Alexandre Asseiceira Moita, ed. Paulus, 2009.
Para informação especializada sobre esta temática/este livro, consultar:

 http://histdocs.blogspot.pt/2012/12/o-natal-na-pintura-portuguesa.html