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quinta-feira, 18 de abril de 2019

«Annunciata di Palermo»




"No Hoje de Deus na História da Humanidade, vejo-me confrontado com este quadro de Antonello da Messina, uma obra datada de 1475 e conhecida como a «Annunciata di Palermo», manifestamente uma Obra-Prima Absoluta da História da Arte Europeia e Mundial. (...) fabulosa representação, em perspetiva feminina, do Encontro de Deus com a Humanidade de que somos parte. (...) Para mim, basta um quadro como este para dizer ao mundo da imprescindível importância que a Beleza tem na articulação da nossa relação com o divino Transcendente. (...)”

Pe. João Vila-Chã (pg facebook)

domingo, 12 de março de 2017

domingo, 5 de julho de 2015

O "Yes man" e o "May be man" (Mia Couto)

Quadro de Malangatana*


Quadro de Malangatana, 1983. Existe o "Yes man". Todos sabem quem é e o mal que causa. Mas existe o May be man. E poucos sabem quem é. Menos ainda sabem o impacto desta espécie na vida nacional. Apresento aqui essa criatura que todos, no final, reconhecerão como familiar.

O May be man vive do "talvez". Em português, dever-se-ia chamar de "talvezeiro". Devia tomar decisões. Não toma. Simplesmente, toma indecisões. A decisão é um risco. E obriga a agir. Um "talvez" não tem implicação nenhuma, é um híbrido entre o nada e o vazio.

A diferença entre o Yes man e o May be man não está apenas no "yes". É que o "may be" é, ao mesmo tempo, um "may be not". Enquanto o Yes man aposta na bajulação de um chefe, o May be man não aposta em nada nem em ninguém. Enquanto o primeiro suja a língua numa bota, o outro engraxa tudo que seja bota superior.

Sem chegar a ser chave para nada, o May be man ocupa lugares chave no Estado. Foi-lhe dito para ser do partido. Ele aceitou por conveniência. Mas o May be man não é exactamente do partido no Poder. O seu partido é o Poder. Assim, ele veste e despe cores políticas conforme as marés. Porque o que ele é não vem da alma. Vem da aparência. A mesma mão que hoje levanta uma bandeira, levantará outra amanhã. E venderá as duas bandeiras, depois de amanhã. Afinal, a sua ideologia tem um só nome: o NEGÓCIO. Como não tem muito para negociar, como já se vendeu terra e ar, ele vende-se a si mesmo. E vende-se em parcelas. Cada parcela chama-se "comissão". Há quem lhe chame de "luvas". Os mais pequenos chamam-lhe de "gasosa". Vivemos uma nação muito gaseificada.

GOVERNAR não é, como muitos pensam, tomar conta dos interesses de uma nação. Governar é, para o May be Man, uma OPORTUNIDADE DE NEGÓCIOS. De "business", como convém hoje dizer. Curiosamente, o "talvezeiro" é um veemente crítico da corrupção. Mas apenas, quando beneficia outros. A que lhe cai no colo é legítima, patriótica e enquadra-se no combate contra a pobreza.

Afinal, o May be man é mais cauteloso que o andar do camaleão: aguarda pela opinião do chefe, mais ainda pela opinião do chefe do chefe. Sem luz verde vinda dos céus, não há luz nem verde para ninguém.

O May be man entendeu mal a máxima cristã de "amar o próximo". Porque ele ama o seguinte. Isto é, ama o governo e o governante que vêm a seguir. Na senda de comércio de OPORTUNIDADES, ele já vendeu a mesma oportunidade ao sul-africano. Depois, vendeu-a ao português, ao indiano. E está agora a vender ao chinês, que ele imagina ser o "próximo". É por isso que, para a lógica do "talvezeiro" é trágico que surjam decisões. Porque elas matam o terreno do eterno adiamento onde prospera o nosso indecidido personagem.

O May be man descobriu uma área mais rentável que a especulação financeira: a área do não deixar fazer. Ou numa parábola mais recente: o não deixar. Há investimento à vista? Ele complica até deixar de haver. Há projecto no fundo do túnel? Ele escurece o final do túnel. Um pedido de uso de terra, ele argumenta que se perdeu a papelada. Numa palavra, o May be man actua como polícia de trânsito corrupto: em nome da lei, assalta o cidadão.

Eis a sua filosofia: a melhor maneira de fazer política é ESTAR fora da política. Melhor ainda: é ser político sem política nenhuma. Nessa fluidez se afirma a sua competência: ele sai dos princípios, esquece o que disse ontem, rasga o juramento do passado. E a lei e o plano servem, quando confirmam os seus interesses. E os do chefe. E, à cautela, os do chefe do chefe.

O May be man aprendeu a prudência de não dizer nada, não pensar nada e, sobretudo, não contrariar os poderosos. Agradar ao dirigente: esse é o principal currículo. Afinal, o May be man não tem ideia sobre nada: ele pensa com a cabeça do chefe, fala por via do discurso do chefe. E assim o nosso amigo se acha apto para tudo. Podem nomeá-lo para qualquer área: agricultura, pescas, exército, saúde. Ele está à vontade em tudo, com esse conforto que apenas a ignorância absoluta pode conferir.

Apresentei, sem necessidade o May be man. Porque todos já sabíamos quem era. O nosso Estado está cheio deles, do topo à base. Podíamos falar de uma elevada densidade humana. Na realidade, porém, essa densidade não existe. Porque dentro do May be man não há ninguém. O que significa que estamos pagando salários a fantasmas. Uma fortuna bem real paga mensalmente a fantasmas. Nenhum país, mesmo rico, deitaria assim tanto dinheiro para o vazio.

O May be Man é utilíssimo no país do talvez e na economia do faz-de-conta. Para um país a sério não serve.



por Mia Couto, escritor.



*https://pt.wikipedia.org/wiki/Malangatana


segunda-feira, 29 de junho de 2015

As pessoas medíocres são como os políticos medíocres





É sempre desejável e saudável o debate de ideias e a discussão política. No entanto, certas pessoas, em defesa do "nosso atual governo" e do anterior governo grego, o mesmo é dizer, em defesa desta UE e deste Eurogrupo, incomodam-me, revoltam-me! 
Como é possível ainda não terem visto que a troika não serviu Portugal, mas sim, os da grande finança, os do núcleo duro da UE, os interesses pessoais e familiares daqueles que nos governam, os da banca que sempre protegeram e, acima de tudo, os interesses das clientelas político-partidárias, dos seus afilhados e compadres, que trouxe e impôs, com o beneplácito de governos como o de Passos Coelho, de forma cruel e insensata, medidas de austeridade que o foram e continuam a ser só para o povo, o povão, o povão trabalhador do qual faço parte e que sempre viveu do seu salário e de acordo com as suas parcas possibilidades, o povão que aperta o cinto, cada vez mais, e que vê diariamente serem-lhe roubados direitos elementares enquanto a corrupção se agiganta e o oportunismo político frutifica. 
"Comem tudo e não deixam nada", nada,  exceto a revolta que nos conduzirá, espero eu, ao derrube desta corja de políticos faz-de-conta que, além de ignorantes são maus, muito maus, gente sem escrúpulos, sem sensibilidade e sentido de estado, sacanas sem lei quando se deparam com gente boa, inteligente, muito inteligente e sabedora, gente em condições e com categoria, como Varoufakis e Tsypras para quem a palavra do povo é sagrada e a Constituição também. 
Mas, os medíocres, as pessoas medíocres, tal como os políticos medíocres que defendem “até mais não”, precisamente porque o são mas capacidade não têm para o admitir, nunca aceitam e nunca conseguirão  aceitar quem melhor, muito melhor do que eles é e isso mostra e continuará a mostrar, porque do alto da sua estupidez e da sua menoridade intelectual e cívica jamais conseguirão ver, saber ou distinguir que há melhor, muito melhor do que eles, muito melhor do que as suas escolhas, porque incapazes também são de admitir o erro, a falha, tal a cegueira com que defendem quem defesa não merece.
De facto, cegos pela ambição desmedida de tudo submeter aos seus desejos mais profundos de uma sociedade manipulável e controlável, na qual, tal como na Alemanha nazi ou no Portugal salazarista, todos façam o culto do chefe e vivam, não de acordo com as suas ideias mas alinhados pelas ideias do furher, do duce ou de um outro qualquer salvador da pátria, os rapazolas excitam-se e consolam-se com a voz do dono, com o aperto de mão ensaiado, com o lugar na fotografia de grupo, ombro a ombro colocados, viscosamente sorridentes, cínicamente posicionados naquele estilo que é sempre o mesmo, tal como as gravatas os fatos as calças e os blazers de Merkel, tal como as intervenções ou omissões e tudo o mais que sabemos de uma UE cinzenta, muito cinzenta, quase negra, onde cada vez mais vemos e ouvimos, não a voz da razão mas a voz da chantagem e da ameaça, a voz de quem manda e os silêncios de quem só obedece, a voz de quem tem medo de perder, não a dignidade, porque nunca a tiveram, não a independência política, porque nunca a salvaguardaram, não a Ética, porque nunca lha ensinaram, mas o lugar o tacho o emprego o chorudo salário que do nosso é feito, as mordomias e privilégios com os quais vivem e transpiram numa afronta sem precedentes à transparência política e à igualdade social pela qual lutaram os que em Abril vieram para a rua e os que, em nome de Abril, na rua continuarão a ouvir-se, apesar da fome apesar das dores apesar da dureza da vida, apesar da morte e apesar dos criminosos à solta e dos seus cúmplices.
Como é possível que não percebam que, tal como este governo grego veio gritar bem alto que é preciso atender às realidades de cada povo para atender às exigências da troika, que não se pode fazer ajustamentos sem ter em conta o que cada povo, cada economia, pode, na realidade, suportar, que os planos de resgate têm de ser revistos, adaptados, e que da sua aplicação não pode resultar, como tem resultado, cada vez mais injustiças e desigualdades sociais, cada vez mais pobreza para os pobres, cada vez mais riqueza para os ricos, cada vez mais ignomínia e podridão numa Europa que já foi palco de duas guerras mundiais e que continua a desviar-se das grandes traves-mestras traçadas pelos que queriam uma Europa unida, solidária e em harmonia?
O povo grego, em liberdade, através de Varoufakis e Tsypras, veio dar e continua a dar uma lição de democracia e de Ética Política ao Mundo e, particularmente, ao mundo do servilismo e da subserviência político-institucional para o qual quase toda a Europa foi empurrada, com destaque para Portugal, vergonhosamente apelidado na imprensa mundial como o mais servil de todos eles.
O atual governo grego tudo tem feito para salvaguardar o seu povo da humilhação que ao nosso não foi poupada.
O atual governo grego, fiel depositário da confiança que os seus eleitores legitimamente lhe confiaram, tudo tem feito para proteger as suas instituições democráticas e os interesses do seu povo, ao contrário do governo do meu país que, vergonhosamente e de forma rastejante vai ao beija-mão, “cantando e rindo ao som das velhas trombetas" europeias.



Nazaré Oliveira




* Abaporu, da autoria de Tarsila do Amaral, 1928

domingo, 5 de abril de 2015

A Ressureição de Cristo na Pintura*

Rafaello Sanzio

Alexander Ivanov

Caravaggio

Autor desconhecido

Fra Angelico

Matthias Grunewuald

Paolo Veronese

Autor desconhecido - Igreja Matriz de Sidrolândia, Mato Grosso do Sul

Piero della Francesca
Pietro Perugino
El Greco

Luca Signorelli





*Alguns trabalhos selecionados por mim.


 Nota informativa:
"O que é a Páscoa" aqui e "A Ressurreição de Cristo" aqui.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Ensino artístico nas escolas





Absolutamente de acordo com as palavras de João Mota, encenador, a propósito do início da temporada do Teatro Nacional D. Maria II:

"O ensino artístico faz muita falta nas escolas", disse, defendendo que o teatro e a educação artística proporcionam aos mais novos "instrumentos fundamentais para o crescimento", como a improvisação, a espontaneidade e até o conhecimento da linguagem corporal.
"Chegou o tempo de se pensar seriamente no papel do ensino artístico na educação. O teatro, enquanto arte de afectos, ensina-nos a trabalhar e a respeitar o outro", sublinhou João Mota.
O teatro, a música, a dança...


(notícia da Lusa/SOL aqui)




Para consulta Ministério da Educação:  http://www.dgidc.min-edu.pt/index.php?s=directorio&pid=344