sábado, 28 de julho de 2012

Abertura dos Jogos Olímpicos 2012

Adorei este espetáculo!
Pela originalidade, criatividade, alegria, movimento, cor, capacidade de coordenação, união, e até pela exuberância e por um certo orgulho com que a Inglaterra se mostrava ao mundo como o berço que tinha sido de duas das maiores revoluções: a Revolução Agrícola e a Revolução Industrial acontecidas no século XVIII.
Sentia-se a alegria dessa partilha e constatávamos, sem dúvida, a importância desse legado para a Europa e para o Mundo, ainda hoje inquestionável para qualquer um de nós.
Até na Música, no Cinema, na Literatura!
Foi uma Inglaterra vaidosa de si e dos seus que a todos se deu naquele momento fantástico!
Uma lição de História, sem dúvida, talentosa e memorável.

Mais informação aqui.







jÁ AGORA, VALE A PENA VEREM "ABERTURAS" DE OUTROS JOGOS OLÍMPICOS:

 

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Deputados há muitos!

Sou uma mulher que se interessa (entre outras coisas) pela Política, mas sou apartidária.
Ontem, num dos jornais de fim de dia...um excelente mas pequeno debate ente João Semedo e José Correia, isto é, entre um político que sabe do que fala e explica magnificamente o que estava em discussão, e outro político que se esforça por fazer parecer que sabe e é entendido quando, na realidade, tal não se viu.
Gostei muito.
É bem o exemplo de que há políticos e Políticos. É bem o exemplo de que nem todos os que estão na Assembleia da República são "iguais". E ainda bem!
Deputados há muitos, sim, mas poucos são os que classe e categoria sempre tiveram e que continuam a dignificar aquela casa.

João Semedo, com a simplicidade e inteligência habituais, dá uma verdadeira aula, e em poucos minutos, sobre o grande assunto em apreço: as previsões da OCDE ou, melhor dizendo, o estado a que chegou o nosso país e os seus causadores! Vale a pena ver e ouvir.


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Vampiros


Notícia, revoltante! (clicar)

A crise continua a pagar-se, não com o dinheiro dos ricos, que abunda (e de que maneira!), mas com os cortes naquilo que deveria ser sempre salvaguardado: os salários dos pobres, melhor dizendo, os pobres dos salários.
Numa sociedade que se diz democrática e humanista, num estado de Direito tão apregoado, cada vez mais o capitalismo selvagem invade tudo e todos, como um polvo gigante de gigantes tentáculos.
Não é preciso ser-se grande iluminado na área da Economia ou Gestão para concluir do descalabro que a Política portuguesa está a ser, servindo-se dos mais pobres para engorda dos mais ricos.
Numa situação de crise como a que estamos a viver, deveriam ser intocáveis os salários dos mais pobres e os direitos dos mesmos face às investidas cada vez mais agressivas e monstruosas de quem detém o capital e dele mão não abre.
Notícias como esta, de uma realidade por nós cada vez mais conhecida, levam-nos a pensar que, tal como Salazar, o primeiro-ministro coloca as elites acima do Povo e as enaltece, seja a que preço for, colocando o Estado acima dos Cidadãos. Subvertendo completa e descaradamente aquelas que foram as grandes conquistas de Abril consignadas na nossa Constituição.
Em discursos vergonhosos de vergonhosa terminologia, só lhe falta publicamente pedir o fim das eleições, a existência de partido único, a censura e o reforço do estado policial.
Onde é que vamos parar?
Quem é esta gente que nos governa, petulante, arrogante, armada em "salvadores da pátria", completamente subordinada à bancocracia e a homens como estes - os 25 homens mais ricos de Portugal em 2012 - que, coitadinhos, perderam 17,5% da sua fortuna, avaliada agora em 14,4 mil milhões de euros?
E nós? O povão?
O jornal PÚBLICO naquela notícia de 25 deste mês publicava a lista dos dez mais ricos neste ano:

1. Alexandre Soares dos Santos: 2070 milhões de euros
2. Américo Amorim: 1955,9 milhões de euros
3. Família Guimarães de Mello, 700,1 milhões de euros
4. Belmiro de Azevedo: 680,9 milhões de euros
5. Família Alves Ribeiro: 650,8 milhões de euros
6. Rita Celeste Violas e Sá, Manuel Violas: 609,3 milhões de euros

7. Família Cunha José de Mello: 560 milhões de euros

8. Fernando Figueiredo dos Santos: 542,3 milhões de euros
9. Maria Isabel dos Santos: 542,3 milhões de euros
10. Luís Silva e Maria Perpétua Bordalo Silva: 521 milhões de euros
Incrível o que isto significa e em mim provoca!
Afinal, tal como sempre tenho dito, dinheiro há, seguramente, para pagar e sair da crise, só que, estão a ir buscá-lo a quem não devem: aos pobres.
Isto é admissível? Aceitável? E a troika? Que diz disto essa troika?
Enriquecem com o dinheiro que roubam e com a exploração que continuam a fazer dos mais vulneráveis. Mas, o mais grave, é que enriquecem com o beneplácito do governo, da Assembleia da república e da Presidência da República.
"Ó glória de mandar ó vã cobiça"!





Vampiros! Vampiros habituais e de longa data (veja-se, já agora, o quadro dos salários anuais auferidos em 2010 e 2011 pelos presidentes das empresas do PSI-20/ oito exemplos):



Manuel Faria de Oliveira, Galp
2010: 1.337.000 / 2011: 1.642.600 / Média: 1.489.800 milhões
José Honório, Portucel
2010: 1.532.491 / 2011: 1.425.895 / Média: 1.479.193 milhões
Zeinal Bava, PT
2010: 1.416.959 / 2011: 1.355.943 /Média: 1.386.451 milhões
Pedro Queiroz Pereira, Semapa
2010: 983.000 / 2011: 1.386.888 / Média: 1.184.944 milhões
Paulo Azevedo, Sonae
2010: 1.122.871 / 2011: 1.143.020 / Média: 1.132.945 milhões
António Mexia, EDP
2010: 1.043.541 / 2011: 1.034.840 / Média: 1.039.190 milhões
Ângelo Paupério, Sonaecom [Público]
2010: 1.004.800 / 2011: 1.027.100 / Média: 1.015.950 milhões
Ricardo Salgado, BES
2010: 1.222.000 / 2011: 801.000 / Média: 1.011.500 milhões

Não há dinheiro em Portugal? Por favor, não brinquem comigo!
Nazaré Oliveira

O Governo mexe nos mais fracos



Recebi este e-mail há pouco, que publico tal como recebi:


O general Pires Veloso, um dos protagonistas do 25 de Novembro de 1975 que naquela década ficou conhecido como "vice-rei do Norte", defende um novo 25 de Abril, de raiz popular, para acabar com "a mentira e o roubo institucionalizados".

"Vejo a situação atual com muita apreensão e muita tristeza. Porque sinto que temos uma mentira institucionalizada no país. Não há verdade. Fale-se verdade e o país será diferente. Isto é gravíssimo", disse hoje, em entrevista à Lusa.

Para o general, que enquanto governador militar do Norte foi um dos principais intervenientes no contragolpe militar de 25 de Novembro que pôs fim ao "Verão Quente" de 1975, "dá a impressão de que seria preciso outro 25 de abril em todos os termos, para corrigir e repor a verdade no sistema e na sociedade".

Pires Veloso, 85 anos, considera que não poderão ser as forças militares a promover um novo 25 de Abril: "Não me parece que se queiram meter nisto. Não estão com a força anímica que tinham antigamente, aquela alma que reagia quando a pátria está em perigo".

"Para mim, o povo é que tem a força toda. Agora é uma questão de congregação, de coordenação, e pode ser que alguém surja" a liderar o processo.

Inversão de valores

E agora que "o povo já não aguenta mais e não tem mais paciência, é capaz de entrar numa espiral de violência nas ruas, que é de acautelar", alertou, esperando que caso isso aconteça não seja com uma revolução, mas sim com "uma imposição moral que leve os políticos a terem juízo".

Como solução para evitar que as coisas se compliquem, Pires Veloso defendeu uma cultura de valores e de ética. "Há uma inversão que não compreendo desses valores e dessa ética. Não aceito a atuação de dirigentes como, por exemplo, o Presidente da República, que já há pelo menos dois anos, como economista, tinha obrigação de saber em que estado estava o país, as finanças e a economia. Tinha obrigação moral e não só de dizer ao país em que estado estavam as coisas", defendeu.
Pires Veloso lamentou a existência de "um gangue que tomou conta do país. Tire-se o gangue, tendo-se juízo, pensando no que pode acontecer.

E ponha-se os mais ricos a contribuir para acabar a crise. Porque neste momento não se vai aos mais poderosos".

O general deu como exemplo o salário do administrador executivo da Eletricidade de Portugal (EDP) para sublinhar que "este Governo deve atender a privilégios que determinadas classes têm".

"Não compreendo como Mexia recebe 600 mil euros e há gente na miséria sem ter que dar de comer aos filhos. Bem pode vir Eduardo Catroga dizer que é legal e que os acionistas é que querem, mas isto não pode ser assim. Há um encobrimento de situação de favores aos mais poderosos que é intolerável. E se o povo percebe isso reage de certeza", disse.

Para Pires Veloso, "se as leis permitem um caso como o Mexia, então é preciso outro 25 de abril para mudar as leis", considerando que isto contribui para "a tal mentira institucionalizada que não deixa que as coisas tenham a pureza que deviam ter".

Casos como este, que envolvem salários que "são um insulto a um povo inteiro, que tem os filhos com fome", fazem, na opinião do militar, com que em termos sociais a situação seja hoje pior, mesmo, do que antes do 25 de Abril: "Na altura havia um certo pudor nos gastos e agora não: gaste-se à vontade que o dinheiro há de vir".

Inversão do 25 de Abril

Quanto ao povo, "assiste passivamente à mentira e ao roubo, por enquanto. Mas se as coisas atingirem um limite que não tolere, é o cabo dos trabalhos e não há quem o sustenha. Porque os cidadãos aguentam, têm paciência, mas quando é demais, cuidado com eles".

"Quando se deu o 25 de Abril de 1974, disseram que havia de haver justiça social, mais igualdade e melhor repartição de bens. Estamos a ver uma inversão do que o 25 de Abril exigia", considerou Pires Veloso, para quem "o primeiro-ministro tem de arrepiar caminho rapidamente".

Passos Coelho "tem de fazer ver que tem de haver justiça, melhor repartição de riqueza e que os poderosos é que têm que entrar com sacrifícios nesta crise", defendeu, apontando a necessidade de rever rapidamente as parcerias público-privadas.

"Julgo que Passos Coelho quer a verdade e é esforçado, mas está num sistema do qual está prisioneiro. O Governo mexe nos mais fracos, vai buscar dinheiro onde não há. E, no entanto, na parte rica e nos poderosos ainda não mexeu. Falta-lhes mais tempo? Não sei. Sei é que tem de mudar as coisas, disse Pires Veloso.

Que se lixem eles!





O Senhor Professor José Adelino Maltez, que muito prezo e admiro, hoje, na sua página do FB, escreveu: “Confirmo que a guerra de invejas constitui a principal energia social dos nossos ciclos de decadência e de sucessivas quedas dos anjos, esses hábeis navegadores pelos interstícios do poder, na partidocracia, no negocismo e nos grandes lugares do Estado. Seria melhor que surgisse um novo paradigma de servidor público, um novo modelo de bom deputado, um novo conceito de ministro de Estado, com menos imagem, menos sondagem e menos sacanagem, mas também com menos soberba de intelectuário e mais verdade”.

Palavras que subscrevo inteiramente.

Estou farta de pseudo democratas, de pseudo intelectuais, de pseudo políticos, de pseudo revolucionários, de pseudo ministros, de pseudo primeiro ministros, de pseudo presidentes da República, de pseudo professores, de pseudo sindicalistas, de pseudo ativistas, de pseudo cidadãos, de falsários, ordinários e outros vigários.

De fascistas e ditadores disfarçados, de jogos debaixo da mesa, de promiscuidade institucional e de povo manso, humilde e obediente para o qual falar de luta quase ou nada vale, adormecido que está por uma apatia e estranho torpor que em tudo envergonharia (e envergonha) os que lutaram contra o Feudalismo, o Absolutismo, a Escravatura, o Imperialismo, o Colonialismo, o Nazismo, a Segregação racial, a Igualdade de todos perante a lei e a defesa dos mais elementares direitos conseguidos com tanta luta e determinação ao longo dos séculos por tanta gente que até com a própria vida essas conquistas pagaram. Para nós.

Utopia? Qual utopia? Se assim fosse, jamais teríamos essa gente que ao longo da História nos legou essa herança fabulosa de um caminho traçado em prol de uma Política e de políticas que sirvam com lealdade e exemplaridade os governados e não que deles se sirvam para a usurpação descarada do Poder, como acontece na atualidade.

Não deixem morrer a luta! Não deixem de se indignar! Não consintam mais a manipulação obscena de quem se autopromove pela demagogia, ignorância e populismo encartado.


Nazaré Oliveira

sábado, 21 de julho de 2012

Now We Are Free

De um dos filmes mais fantásticos que vi, neste caso, sobre Roma Antiga - "O Gladiador".
Excelente em tudo!
Que atores! Que música! Que qualidade! Que obra! 


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Eles não sabem, nem pensam, nem sentem

Hoje, nas minhas leituras pela imprensa e blogues que sigo, com a devida vénia, aqui publico o excecional texto do Mainstreet, sobre “o caso D. Januário Torgal Ferreira” e que, curiosamente, converge para a mesma linha de pensamento do meu artigo que publiquei dia 17 deste mês:



As reações de ministros, de homens do aparelho partidário do PSD e do CDS e, em particular, do ministro da defesa, Aguiar Branco, denotam um mal-estar impressionante.
Hoje, em declarações ao jornal i, D. Januário Torgal Ferreira, Major General da FFAA'S, responde de modo arrasador ao ministro, afirmações que pode confirmar aqui.

D. Januário é um homem da igreja católica, é um homem da filosofia, conhece os clássicos e sabe bem o que significa a ética, aparentemente dicotómica de Max Weber, da responsabilidade e da convicção.
No caso vertente, o Bispo das FFAA's arrima-se à da responsabilidade para afirmar isto:

“Não estou preocupado. Ele não é meu superior, não é meu ministro.” É a resposta de D. Januário Torgal ao ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, que ontem o desafiou a escolher entre “ser bispo das Forças Armadas e ser comentador político”.
Ao i, D. Januário contrapõe: “Um bispo não tem que escolher entre a sua função de membro da Igreja ou de comentador político. Um bispo tem de falar de tudo, é sua obrigação interceder pelos mais frágeis. Se isso é ser comentador político, que seja”.

Já o meu amigo e apreciado comentador JAM escreve texto seminal sobre a postura de D. Januário:
"D. Januário, visto por Aristóteles: a voz do homem não se reduz a um conjunto de sons. Não é apenas simples voz (phone), não lhe serve apenas para indicar a alegria e a dor, como acontece, aliás, nos outros animais, dado que é também uma forma de poder comunicar um discurso (logos). Graças a ela o homem exprime não só o útil e o prejudicial, como também o justo e o injusto. Como dizia Fénelon, "em Atenas tudo dependia do povo e o povo dependia da palavra". Nesta democracia também. Obrigado D. Januário, pela palavra, a que apenas se pode responder com outra palavra. Para podermos continuar a ser animais políticos, isto é, animais de discurso, que, muito simplesmente, significa razão."

Sobre a postura de D. Januário Torgal Ferreira, a propósito do que este disse sobre o estado a que o governo se deixou levar e o seu modus operandi, vale a pena ler as declarações do Professor (e Politólogo) José Adelino Maltez:

"D. Januário, de Janus (o deus bifronte, que olha para o passado e para o futuro, na imagem), o que abre portas, tem de optar entre ser bispo das forças armadas e comentador político, acabou de dizer o Ministro da Defesa, em comentário político. O porta-voz do CDS para a área acaba também de dizer que o ministro tutela e é superior hierárquico do senhor bispo. Vale-nos que o comandante chefe das forças armadas é professor da Universidade Católica e ainda não disse nada."
Quase como nota de rodapé, uma pequena súmula biográfica do homem que foi escolhido pelo Bispo do Porto (que esteve "exilado" em Roma por vontade de Salazar), para seu Chefe de Gabinete:

"(...) Alguns anos mais tarde, regressou a França para frequentar um curso de Pós-graduação em Paris-Nanterre (1977-1979), sob a direcção de Paul Ricoeur. De seguida, deu início à elaboração da sua dissertação de doutoramento em Filosofia, a qual veio a abandonar após a morte dos pais (a mãe faleceu em 1980 e o pai em 1983). Foi Reitor da Igreja de S. José das Taipas, no Porto, participou no Centro Diocesano de Preparação para o Matrimónio, foi Director do Secretariado para a Pastoral Familiar e da Pastoral Universitária e foi membro, a pedido do Prof. Daniel Serrão, da Comissão de Ética do Hospital de S. João. No decurso da sua carreira de docente universitário, entre 1970 e 1989, trabalhou como Professor Assistente na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde ministrou as disciplinas de Introdução à Filosofia, Axiologia e Ética, História da Cultura Clássica, História da Filosofia Antiga, Introdução às Ciências do Homem, Introdução à Psicologia (no Curso de Pós-graduação em Ciências Pedagógicas), Técnicas e Métodos de Investigação em Filosofia, Temas da Filosofia Contemporânea e Medieval e Hermenêutica do Texto Filosófico. Paralelamente, leccionou as disciplinas de Introdução à Psicologia e de História da Cultura na Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti (1970), também no Porto; regeu o seminário "Introdução às Ciências do Homem", na Universidade de Aveiro (1977) e leccionou no Instituto de Estudos Teológicos (1980), mais tarde transitando para o Curso de Teologia da Universidade Católica, no pólo do Porto. Em Abril de 1989, ao ingressar no Ordinariato Castrense como Bispo Auxiliar das Forças Armadas e de Segurança, abandonou a docência e a investigação científica. Nesse ano tornou-se Vigário-geral Castrense e Capelão-Mor das Forças Armadas, recebendo a patente de Brigadeiro e, mais tarde, de Major-General. De 1993 a 1999 foi porta-voz e secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, tendo estado em Oslo, em 1996, nessa qualidade, aquando da atribuição do Prémio Nobel da Paz a D. Ximenes Belo e a Ramos Horta. Em 2001 foi nomeado Ordinário Castrense, ou seja, Bispo das Forças Armadas e de Segurança, e, simultaneamente, Presidente da Comissão Episcopal das Migrações e Turismo e da Pax Christi, movimento católico internacional. A 24 de Junho de 2008 foi distinguido pelo Chefe de Estado-Maior do Exército, General José Luís Pinto Ramalho, com a Medalha D. Afonso Henriques, Mérito do Exército, 1ª classe. Januário Torgal Ferreira editou trabalhos de investigação em publicações periódicas, colabora nas enciclopédias Luso-brasileira e Logos e é comentador da rádio TSF."



Uma nota pessoal:

Num governo, em governos, em secretarias de estado, em empresas públicas, em gestores públicos, ministros, secretários de estado, assessores, secretárias... com "tantos e tão bons curriculum vitae e tantas e boas formações académicas", muitos deles sem nunca terem trabalhado em lado nenhum, a não ser lá, "nos gabinetes", realmente, é mais um caso para pensar nesta arrogância não só política como, também, intelectual, que tem governado a plebe!

Nelson Mandela - os caminhos da liberdade


Nelson Mandela - Os caminhos da liberdade: excelente reportagem de uma equipa da RTP encabeçada pelo jornalista António Mateus. No dia em que Nelson Mandela - um dos maiores ícones universais do nosso tempo - festeja 94 anos vale a pena recordar a evolução da África do Sul desde os dias de chumbo do regime racista de P. W. Botha até à actualidade.

António Mateus - que conhece bem a África do Sul, onde foi correspondente durante largos anos - recolhe os testemunhos de dois obreiros desta admirável transformação do mais próspero país do continente africano, anteriormente banido da comunidade internacional, num exemplo de multirracialismo, democracia e liberdade: Desmond Tutu e Frederik de Klerk. Ambos galardoados com o Nobel da Paz - o primeiro em 1984, pelo seu corajoso combate aos esbirros do apartheid, o segundo dez anos depois (em parceria com Mandela) por ter liderado enquanto chefe do Estado o processo de transição, que atingiu um dos seus momentos culminantes na hora da libertação do histórico líder do Congresso Nacional Africano, em Fevereiro de 1990, acompanhada com emoção em todo o mundo.

De Klerk, num depoimento emocionado, diz uma frase carregada de sabedoria: «Não devemos deixar que o futuro seja minado pelas amarguras do passado.»

Os cínicos de serviço, que lançaram os maiores anátemas à Primavera árabe iniciada em 2011 - e já traduzida em eleições na Tunísia, no Egipto e na Líbia - deviam ver com atenção esta reportagem.

Fazia-lhes bem.


in http://forteapache.blogs.sapo.pt/

terça-feira, 17 de julho de 2012

D. Januário Torgal Ferreira e os anjinhos



Defendo uma sociedade laica mas considero que a Igreja de Pedro (apóstolo), a Igreja que Jesus Cristo pretendeu e pretende, é aquela que, inequivocamente, deve estar ao lado dos pobres, dos explorados, dos humilhados, dos injustiçados, coisa que nem sempre vejo de forma clara, tal o pecado por omissão que tanto critico em certos membros da Igreja, sobretudo da Católica, mais temente aos homens do que a Deus, mais voltada para a teatralização e mediatização da fé do que para a verdadeira espiritualidade e cumprimento dos mandamentos que tanto propagandeia mas deveria interiorizar, deles sendo o principal exemplo.

Já lá vai o tempo em que o poder espiritual subordinava a si tudo e todos, e em que esse mesmo poder, omnipotente e omnipresente governava "a bem da nação", como aconteceu no Estado Novo, numa promíscua e aterradora ligação com o governo de Salazar-Caetano, e até, com Franco, Hitler ou Mussolini.

Mas é óbvia a importância que tiveram e têm homens (e mulheres) ligados a esta Igreja, como foi o caso de D. António Ferreira Gomes e tem sido o de D. Manuel Martins e de D. Januário Torgal Ferreira que, em nome do povo e em nome de valores que a todo o custo alguns querem varrer, vêm, destemidamente, num Portugal cada vez mais amordaçado, pôr-se ao lado da realidade que quem manda quer impingir, quando essa realidade é feita de mentira e de inverdades e que, por isso mesmo, denunciadas devem ser.
Aliás, em democracia, chega a ser crime não o fazer em nome da justiça e igualdade de todos perante a lei, pois é inadmissível o que, à custa do “25 de Abril” e do voto popular muitos têm galgado, pondo-se a salvo do atoleiro e da pouca-vergonha em que nos meteram e querem continuar a meter, completamente protegidos pelas leis que fazem (ou não fazem) e pelas impunidades políticas que os seus “cargos” lhe permitem.

É um imperativo moral fazer isto! Um dever cívico!

Pena é que a Igreja Católica, do seu púlpito, quer no Vaticano quer numa qualquer povoação de um qualquer lugar o faça, seja que membro for ou que funções ocupem, até mesmo os leigos e, particularmente, os que se dizem “praticantes-militantes”.
Incrível esta acomodação aos cargos e aos “lugarzinhos marcados”!
Relendo Eça de Queirós, sempre com uma inteligência e perspicácia fabulosas, de facto, mais uma vez concluo quão lentos temos sido ou andado há tantos séculos em matéria de intervenção e exigência cívica, política e governativa!

Em 1867, no “Distrito de Évora “dizia:

Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações. A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. À escalada sobe todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espetáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.

D. Januário Torgal Ferreira, o bispo das Forças Armadas, diz que há «diabinhos negros» no atual Governo, dizendo que “Há jogos atrás da cortina, habilidades e corrupção. Este Governo é profundamente corrupto nestas atitudes a que estamos a assistir", frisou, acrescentando: "Nós estamos numa peregrinação em direção a Bruxelas e quando tudo estiver pago daqui de Portugal sai uma procissão de mascarados a dizer: vamos para um asilo, salvem-nos".

Mas, D. Januário, se me permite, se estes são negros, os outros negros foram, pois, como todos sabemos e por aquilo que nos provocaram, nenhum deles tem desculpa pelo que fez ou permitiu que se fizesse!

O registo crítico relativamente ao Governo não é uma novidade, mas os termos utilizados por D. Januário Torgal Ferreira nunca tinham sido tão fortes.
Na última noite, o bispo das Forças Armadas disse que por comparação com alguns dos atuais membros do Governo, os anteriores eram uns «anjos ao pé destes diabinhos negros que acabam de aparecer».
Há alguns meses, este bispo já tinha comparado Pedro Passos Coelho a Salazar.
Contactada pela TSF, fonte do executivo disse que as palavras do bispo não mereceram qualquer tipo de reação.

"O problema é civilizacional, porque é ético. Eu não acredito nestes tipos, em alguns destes tipos, porque são equívocos, porque lutam pelos seus interesses, porque têm o seu gangue, porque têm o seu clube, porque pressionam a comunicação social, o que significa que os anteriores, que foram tão atacados, eram uns anjos ao pé destes diabinhos negros que acabam de aparecer", frisou no programa Política Mesmo da TVI 24horas.


D. Januário tem sido uma voz ao lado da razão. Diferente, pela positiva, desassombrada, corajosa.

Espero que o continuem a deixar falar e que as suas palavras continuem a ser um alerta para o nosso povo, tão revoltado mas tão manso e tão apático.

De boas intenções e de diabinhos destes está o inferno cheio! Bem cheio!


nazaré oliveira


O direito ao delírio

A utopia é como o horizonte:
vemo-lo ao longe, nunca o alcançaremos, mas serve para que continuemos sempre a caminhar.

Smoke gets in your eyes

Uma cantora que sempre adorei ouvir! Patti Austin.
Aqui, num dos muitos e belíssimos trabalhos que tem. 
Simplesmente... fantástica!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Mulheres martirizadas



Às vezes parece-nos um pesadelo imaginar que isto que vão ler continua a existir, em nome de tradições, culturas, religiões... Mas é verdade, sim, continuam a existir e a espalhar dor e revolta junto de mulheres, que, ainda crianças, adolescentes, são objeto de mutilação sexual, abusos continuados de toda a ordem, exploração e sevícias inimagináveis, violadas pelos maridos, proscritas tantas vezes pela comunidade e família...
Que horror de mundo, este, marcado (também) pela cultura da violência e pela insistente defesa de tradições a qualquer preço!
Felizmente que as organizações de Direitos Humanos e, particularmente, organizações de defesa das mulheres (e crianças) ganham cada vez mais mais visibilidade e a adesão de gente cada vez mais farta de religião com sofrimento e de cultura com crueldade!
Mesmo assim, a luta pela mudança de mentalidade(s) e a mentalidade em si, é uma das muitas batalhas difícil de travar na atualidade, sobretudo quando enraizada em religiões que exigem o sacrifício e a dor dos mais vulneráveis, sujeitando-os, em nome dessa mesma religião e "valores tradicionais" à pior das torturas: esvaziar de dignidade as pessoas e sujeitá-las a uma morte lenta e anunciada.
Este é um dos muitos exemplos que me chegou, desta vez, através do jornal i de hoje : Zeinabou Mint Mohamed.

Zeinabou foi excisada poucos meses depois de nascer, prometida aos cinco, noiva aos onze e forçada a um casamento combinado aos 13 anos. O seu inferno ainda não acabou.
Apesar disso Zeinabou ganhou coragem para usar a curta margem que dispõem do seu livre arbítrio: “Vivia bem, tinha um casamento rico, mas não era feliz. Eu não gosto de falar mal do meu país, algo que é sempre usado com segundas intenções, e devo mesmo dizer que a única coisa que mudaria eram os casamentos forçados” (…) “O meu casamento foi combinado pelos meus pais, no sentido de me garantirem uma vida confortável, com um marido bem colocado, mas eu só sonhava em acabar com aquele pesadelo”.
O convite de recordar a sua travessia e de a contar a um jornalista ocidental, embolava-lhe a voz e deixava o seu olhar escorregadio entre o copo de chá e a violência das suas memórias. “Tudo funciona de forma muito tradicional mas que, com aquela idade, não temos capacidade de contrariar. Certo dia o meu pai chamou-me e disse-me simplesmente: ‘Tu vais-te casar’. Uma semana depois conheci o senhor com quem o casamento estava combinado e soube que devia partir com ele para a sua cidade. Chorei, chorei, implorei ao meu pai para não me deixar ir, mas sem resultado. Ele tinha casado com a minha mãe tinha ela doze anos e, tal como eu, com uma grande diferença de idades.” Também a sua irmã mais velha havia saído de casa aos onze.
O casamento forçado é, de todas as práticas, aquela que mais é contestada, sobretudo pelas novas gerações. A origem destes comportamentos, não se circunscreve nem é resultado do Islão. A sua ancestralidade tem barbas bem mais antigas que qualquer profeta.
“Mudei de família, organizaram o casamento, e passei a ver a minha família apenas nas férias. Foi uma mudança horrível. Só pensava em voltar para casa. Sonhava, como todas as meninas de 13 anos, em casar com um príncipe por quem estivesse apaixonada”.
Zeinabou conta a sua história como se dela já não fizesse parte, narra o seu passado como se ele já não lhe pertencesse mesmo nos detalhes mais duros.
“O primeiro dia em que ele me mandou dormir com ele foi catastrófico. Não conhecia nada dos homens e o que me calhou como marido tinha quatro vezes a minha idade. Não sabia nada do que se ia passar ali. Ele veio e eu recusei-o mas ele não compreendeu. Dizia que era aquilo tinha de acontecer, que era isso que faziam as mulheres, que era o meu e o seu dever, e que se eu continuasse a recusar ele teria de chamar os amigos para me prenderem e para ele conseguir.”
A virgindade é algo fulcral no casamento tradicional. Poucos são os casamentos que se combinam sem estar implícita essa condição. Está previsto inclusive a anulação do casamento caso a mulher profane o negócio que a família celebrou com o seu marido. O uso da intimidade é tido como um abuso sem nome.
“Os seus amigos acabaram por vir, quatro deles. Agarram-me nos braços e nas pernas e ele finalmente conseguiu.” Com a excisão o desfloramento da mulher adquire contornos ainda mais violentos, uma vez que além da amputação do clitóris o sexo feminino é praticamente todo mutilado, deixando unicamente um pequeno orifício para urinar. O sexo feminino é reduzido à sua dimensão fisiológica sendo que as consequências são devastadoras quer do ponto de vista da saúde física quer do ponto de vista psicológico.
Zeinabou não considera ter sido violada na sua primeira experiência sexual, apesar de subjugada por quatro homens e tomada à força pelo marido: “Ele fez o que tinha de fazer. É assim. Eu não desejava estar ali nem passar por aquilo, tinha nojo dele, mas a verdade é que ele não tinha outra possibilidade. Era o seu dever como marido”.
Na primeira tentativa, conta, acabou por desmaiar. “Estava a sangrar muito e ele não encontrava o caminho”. Levada ao hospital para ser composta, volta a casa com um diagnóstico de infecção urinária e medicada para o efeito. “Estava com uma infecção e fiquei três dias a tomar medicamentos. Estava cheia de dores. Não me conseguia sentar e custava-me muito dormir.”
Passados poucos dias tudo se voltou a repetir, a repetir, a repetir, tantas vezes quantas fossem preciso até engravidar. Zeinabou, antes ainda de provar a adolescência, foi-se adaptando à sua função social de esposa e à sua contorcida condição de mulher. “Eu odeio-o, sinto repulsa, cada vez que me lembro dele e do que ele me fez.”
O filho nasceu quando tinha quinze anos e a partir daí conseguiu passar a rejeitá-lo, algo que se revelou mais fácil por nunca ter aceite a tradição da alimentação forçada e estar longe dos padrões de beleza que vigoram no imaginário masculino mauritano. “Eu não engordava, rejeitava a alimentação e a partir desse dia nunca mais tive de estar com ele. O meu pai já tinha tentado mas nunca conseguiram engordar-me. Eu recusava, vomitava sistematicamente. Chegaram a mandar-me para um sítio só para engordar, onde se vomitasse tentavam obrigar-me a comer tudo outra vez.”
Acabaria por continuar casada até aos dezoito anos, “altura em que ele foi apanhado a trair-me e eu pude pedir o divórcio”.
Quando assim é, é dado um período de reflexão onde a mulher deve viver em reclusão, na casa dos pais, afastada de todo e qualquer contacto social, para um e o outro ponderarem se querem mesmo levar o divórcio até ao fim. A Zeinabou não lhe custou a clausura. Era o último passo para a liberdade. “Nesse período ele mudou de ideias, voltou a oferecer o dote, mas eu não aceitei voltar para ele apesar da vontade da minha família mas eu só queria deixar aquela casa.”
O divórcio, para além de todas estas condições, implica ainda um último sacrifício. As mulheres que sejam mães de homens têm de abrir mão do seu filho. “Tive um filho com ele, que ficou com ele porque era homem e desde o divórcio que nunca mais o vi”.
Ao virar os vinte anos saiu de casa pelo seu pé e passou a viver de biscates entre Nouakchott e Dakar. “O dinheiro que o meu marido teve de pagar pelo divórcio não durou muito tempo, é uma ajuda muito pequena para começar a vida”.
Com os estudos médios praticamente acabados mas sem a conclusão do exame final, com uma formação profissional em informática e com fluência de duas línguas estrangeiras, não é fácil para Zeinabou encontrar trabalho. “Fui jornalista seis meses, onde fazia a crónica do tribunal, mas acabei por ser despedida”.
Sonha que um dia ainda voltará a casar, desta feita “com um homem pelo qual esteja apaixonada”, e conta que a mudança de mentalidades será sua aliada. “Alguns homens na Mauritânia já não ligam tanto a isso, mas mesmo assim não é fácil. Eu já estou a ficar velha e já fui casada”.
Eu sou muçulmana, não bebo álcool, só como carne halal e acho mal que os muçulmanos não sigam o Islão mas não posso ser a favor do que vivi.”

Até quando vai continuar esta morte lenta, Zeinabou Mint Mohamed? Até quando?


nazaré oliveira

domingo, 15 de julho de 2012

Alemanha? Haja vergonha!

Em 1953, a Alemanha de Konrad Adenauer entrou em default, falência, ficou Kaput, ou seja, ficou sem dinheiro para fazer mover a actividade económica do país. Tal qual como a Grécia actualmente.

A Alemanha negociou 16 mil milhões de marcos em dívidas de 1920 que entraram em incumprimento na década de 30 após o colapso da bolsa em Wall Street. O dinheiro tinha-lhe sido emprestado pelos EUA, pela França e pelo Reino Unido.

Outros 16 mil milhões de marcos diziam respeito a empréstimos dos EUA no pós-guerra, no âmbito do Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs (LDA), de 1953. O total a pagar foi reduzido 50%, para cerca de 15 mil milhões de marcos, por um período de 30 anos, o que não teve quase impacto na crescente economia alemã.

O resgate alemão foi feito por um conjunto de países que incluíam a Grécia, a Bélgica, o Canadá, Ceilão, a Dinamarca, França, o Irão, a Irlanda, a Itália, o Liechtenstein, o Luxemburgo, a Noruega, o Paquistão, a Espanha, a Suécia, a Suíça, a África do Sul, o Reino Unido, a Irlanda do Norte, os EUA e a Jugoslávia.

As dívidas alemãs eram do período anterior e posterior à Segunda Guerra Mundial. Algumas decorriam do esforço de reparações de guerra e outras de empréstimos gigantescos norte-americanos ao governo e às empresas. Durante 20 anos, como recorda esse acordo, Berlim não honrou qualquer pagamento da dívida.

Por incrível que pareça, apenas oito anos depois de a Grécia ter sido invadida e brutalmente ocupada pelas tropas nazis, Atenas aceitou participar no esforço internacional para tirar a Alemanha da terrível bancarrota em que se encontrava.

Ora os custos monetários da ocupação alemã da Grécia foram estimados em 162 mil milhões de euros sem juros. Após a guerra, a Alemanha ficou de compensar a Grécia por perdas de navios bombardeados ou capturados, durante o período de neutralidade, pelos danos causados à economia grega, e pagar compensações às vítimas do exército alemão de ocupação.

As vítimas gregas foram mais de um milhão de pessoas (38 960 executadas, 12 mil abatidas, 70 mil mortas no campo de batalha, 105 mil em campos de concentração na Alemanha, e 600 mil que pereceram de fome). Além disso, as hordas nazis roubaram tesouros arqueológicos gregos de valor incalculável.

Qual foi a reação da direita parlamentar alemã aos atuais problemas financeiros da Grécia? Segundo esta, a Grécia devia considerar vender terras, edifícios históricos e objetos de arte para reduzir a sua dívida.

Além de tomar as medidas de austeridade impostas, como cortes no sector público e congelamento de pensões, os gregos deviam vender algumas ilhas, defenderam dois destacados elementos da CDU, Josef Schlarmann e Frank Schaeffler, do partido da chanceler Merkel. Os dois responsáveis chegaram a alvitrar que o Partenon, e algumas ilhas gregas no Egeu, fossem vendidas para evitar a bancarrota.            

"Os que estão insolventes devem vender o que possuem para pagar aos seus credores", disseram ao jornal "Bild". Depois disso, surgiu no seio do executivo a ideia peregrina de pôr um comissário europeu a fiscalizar permanentemente as contas gregas em Atenas.

O historiador Albrecht Ritschl, da London School of Economics, recordou recentemente à "Spiegel" que a Alemanha foi o pior país devedor do século XX. O economista destaca que a insolvência germânica dos anos 30 faz a dívida grega de hoje parecer insignificante.

No século XX, a Alemanha foi responsável pela maior bancarrota de que há memória", afirmou. "Foi apenas graças aos Estados Unidos, que injectaram quantias enormes de dinheiro após a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, que a Alemanha se tornou financeiramente estável e hoje detém o estatuto de locomotiva da Europa. Esse facto, lamentavelmente, parece esquecido", sublinha Ritsch.             

O historiador sublinha que a Alemanha desencadeou duas guerras mundiais, a segunda de aniquilação e extermínio, e depois os seus inimigos perdoaram-lhe totalmente o pagamento das reparações ou adiaram-nas.            

A Grécia não esquece que a Alemanha deve a sua prosperidade económica a outros países.

Por isso, alguns parlamentares gregos sugerem que seja feita a contabilidade das dívidas alemãs à Grécia para que destas se desconte o que a Grécia deve atualmente.



Sérgio Soares, jornalista português

Contra o tráfico humano

Numa altura de grande desespero económico e social, a sociedade oferece o pior dos venenos: a compra da dignidade.

É nossa obrigação lutar contra isto mas, sobretudo, exigir que se criem, a nível nacional e internacional, mecanismos que combatam eficazmente quem destas pessoas se serve para ganhar cada vez mais dinheiro, dinheiro manchado com sangue e lágrimas de quem já vive morrendo, amordaçado que está ao suplício da prostituição, da venda de droga, do tráfico de mulheres e crianças e da escravatura a todos os níveis.

A Marca Publicidade, em parceria com a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género e o Governo Português apresentam em Portugal a Campanha "Coração Azul", uma iniciativa que tem como objetivo alertar e combater sobretudo o flagelo do tráfico de pessoas que atinge anualmente mais de 2.45 milhões de pessoas em todo o mundo.

É urgente defender mas, também, alertar.

Alertar para o perigo de quem à espera sempre está para destruir sonhos e vidas inocentes.

Malditos vampiros!

domingo, 8 de julho de 2012

Professores de Miguel Relvas




Muito pior do que saber que o aluno Miguel Relvas teve as equivalências que teve e que chegou a doutor sem estudar nada ou quase nada, e até mentiu e falseou informações, é saber que houve professores que o avaliaram sem nunca o terem visto naquela escola, como refere o EXPRESSO, havendo até agora um único e corajoso docente - coronel na reserva Almeida Tomé – que diz ter sido seu professor de Geoestratégia, Geopolítica e Relações Internacionais, assumindo que o teve como estudante.

Esses senhores professores que admitiram ao EXPRESSO só terem conhecimento que Miguel Relvas era licenciado neste curso, por esta Universidade, através dos jornais, o que deveriam fazer? O que vão fazer? O que se lhes deveria fazer, a eles e a quem disto há muito SABIA?

Não me venham com conversa! Não há hipótese de conversa alguma quando estamos perante mais um caso de gravíssima falta de profissionalismo e de ética profissional, a imputar à Universidade em geral mas, em particular, aos responsáveis que atribuíram, deste modo, as equivalências a este “aluno”, aos que concordaram com isso, aos que consentiram todas estas decisões, subscrevendo-as e assinando-as, dando despacho a mais uma vergonhosa decisão legislativa que dissemina cada vez mais a injustiça e a falta de Moral e Ética Política, na Educação (neste caso) mas também em tantos e tantos outros setores da nossa vida nacional.

"Era um aluno interessado e até modesto. Via-se que tinha bagagem, mas como tinha muitos afazeres veio pouco às aulas". A falta de assiduidade refletiu-se na nota final.”

O que é isto, meus senhores? Andam a fazer pouco dos professores sérios (que os há!), das Universidades sérias (que as há!) e dos estudantes sérios que a sério estudam!

“Via-se que tinha bagagem” (não sei como!) mas não se viu o que a olhos vistos era “claramente visto”: que era um oportunista e que, valendo-se da sua posição como deputado, solicitara equivalências que, certamente, se o não fosse, não pediria, pois neste país, infelizmente, interessa mais um canudo e um título de doutor ou engenheiro do que assumir com lealdade os compromissos que juraram cumprir naquela que deveria ser a nobre missão de governar e dirigir um país quando para tal foram investidos e mandatados.

Corrupção e compadrio, tráfico de influências e chantagem, manipulação de informações, falsificações, compra de favores, compra de silêncios, ameaças, tudo tem valido neste país, pelo que vemos, lemos, ouvimos, vamos sabendo, nesta ponta do iceberg que revolta e enoja tanto mais quanto mais a vamos vendo emergir.

“(…) mas como tinha muitos afazeres veio pouco às aulas". “A falta de assiduidade refletiu-se na nota final”.

Como? Passou a tudo! Onde estão os critérios de avaliação? Onde estão as provas efetuadas? Os enunciados dessas provas devidamente datados e arquivados e os documentos que se afixam sempre nas Faculdades com esse fim e nessas circunstâncias?
Vergonha, senhores professores que este aluno (e alunos como este) defendem! Vergonha, senhores professores que isto aceitaram!

A coerência e o brio profissional não podem estar sujeitas a pressões de espécie alguma, seja para avaliar um ministro ou o filho do senhor que varre a nossa rua.

Inconcebível este malabarismo pedagógico-político e esta esperteza saloia que tem tomado proporções gigantescas e sido tão frequente no nosso país!

Se fosse um simples professor de uma simples escola básica ou secundária, um  simples Conselho de Turma ou até  um simples Conselho Pedagógico a fazer isto a um simples aluno, caíam-lhe logo todos em cima, amedrontados que estão, sistematicamente, com o que possa resultar se a “fundamentação” do professor visado “não lhes bastar” ou “parecer não bastar ao Ministério”, ainda que esse aluno nunca na vida tivesse tido uma classificação positiva que demonstrasse, inequivocamente, que alguma coisa soubesse da sua disciplina, ou mesmo, ainda que assíduo ou fingindo-se assíduo tivesse sido.

Teme-se sempre, inclusive, a posição continuada e obstinada do encarregado de educação que pode sempre recorrer, depois, ao Ministério de Educação, para que o “menino” ou “menina” passem mesmo sem saber, numa clara afronta e desrespeito pelo trabalho de quem, por isso mesmo, o reprovou, e se recusa a passagens meramente administrativas, afinal, ainda em voga.

Mas o aluno Miguel Relvas e quem o avaliou, ultrapassou todos os limites do razoável!

É mais um escândalo na Educação! É mais um escândalo no nosso país! É mais um motivo de risota para a União Europeia e um murro no estômago da nossa democracia.

Nesta como noutras legislaturas, são atropelos a seguir a atropelos: desde licenciaturas feitas, ainda ninguém sabe como nem por quem, até avaliadores que desconhecem os avaliados mas cujas notas, supostamente, lhe atribuíram, passando por despachos feitos à pressa para um qualquer filho(a) de ministro entrar num curso ao qual não acederia se tal relação de parentesco com ele não existisse, tudo tem tido lugar neste país e nestas políticas de educação. Tudo do muito que ainda falta destapar!

Os Gato Fedorento faziam “Uma espécie de Magazine”. Os nossos governos e deputados têm feito uma espécie de Política”.

Vamos consentir que isto fique assim? Mais crimes sem castigo?

Se ainda há vergonha, por favor, demitam quem nos envergonha.



Nazaré Oliveira