Sem retirar a relevância às recentes manifestações que em
todo o mundo ocorreram em defesa da liberdade de expressão, direito maior das
democracias, necessidade basilar da existência humana, é impossível que não
pensemos nas crianças utilizadas como detectores de minas ou escudos humanos,
ou bombas, como nos recentes atentados provocados por Boko Haram, ou como
escravos sexuais ou soldados que as drogas ou o medo, ou a dependência grupal,
tornam temerários guerreiros.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Catarina II da Rússia, sobre a tortura e sobre as leis
![]() |
Catarina II, Carl-Ludwig Christinek |
Directrizes (Nakaz) emitidas pela imperatriz Catarina II, da Rússia, em 1767, para orientar a Comissão de Leis que reuniu aproximadamente 600 deputados representativos dos habitantes juridicamente livres.
De entre as ideias fortes descritas no
seu texto, destacam-se a noção de presunção de inocência que deve vigorar
enquanto não houver uma decisão condenatória proferida por um tribunal, bem como,
a supressão da tortura, que a monarca considera ineficaz para a descoberta da
verdade.
.
“O suplício da questão é uma
tortura estabelecida por numerosos países em que se faz sofrer o acusado, seja
para o obrigar a confessar durante a instrução, seja para o obrigar a confessar
que é culpado, seja para esclarecer alguma contradição nas suas respostas, seja
para denunciar os seus cúmplices, seja para descobrir outros crimes dos quais
não esteja acusado mas dos quais pode ser culpado.
Nenhum homem pode ser considerado
culpado antes de ser submetido a uma condenação dos tribunais; nenhuma lei pode
privá-lo da sua protecção antes de ser provado que ele seja desprovido dos seus
direitos […]
.
Se o crime for reconhecido, o
criminoso deverá apenas sofrer os castigos que a lei ordene, e nesse caso, a
tortura é quase sempre necessária. Se o crime não for reconhecido, o acusado
não deverá ser submetido à questão pela boa razão de que o inocente não
deve ser torturado, e aos olhos da lei, toda a pessoa que não seja reconhecida
culpada, é inocente […]
.
Enquanto é submetido aos suplícios
da tortura, um homem não é suficientemente senhor de si mesmo para dizer a
verdade […]. Em tais circunstâncias, mesmo uma pessoa inocente gritará que é
culpada, apenas para ter repouso. Assim, um tal expediente para distinguir um
inocente de um culpado não permite fazer essa diferença: os juízes não podem
saber com certeza se a pessoa que têm perante si é um culpado ou um inocente
[…].
.
A tortura é, assim, infalível para
condenar uma pessoa inocente mas de frágil constituição, e para fazer pagar uma
pessoa culpada que tenha confiança na sua robustez.
Prevenir os crimes constitui a
intenção e o fim de toda a boa legislação. Para prevenir esses crimes, é
necessário que as leis favoreçam cada indivíduo mais do que uma classe
particular de cidadãos da comunidade. É preciso que as pessoas temam as leis e
nada mais senão as leis.
Para prevenir os crimes, é também
necessário que a luz do conhecimento seja difundida por entre o povo.
.
Há outro método, que é recompensar a
virtude.
Enfim, o meio mais seguro e ao mesmo
tempo mais difícil para melhorar os costumes de um povo é ter um sistema
educativo perfeito”.
Catarina II da Rússia, 1767
Les mémoires de l’Europe, vol. IV: L’Europe des révolutions (1763/1830)
Paris, Éditions Robert
Laffont, 1972, p. 62 e 64
domingo, 18 de janeiro de 2015
Raif - condenado por criticar as autoridades religiosas do seu país
Sexta-feira,
dia 9, viveu-se um dia de terror em França e um dia negro para a liberdade de
expressão. Num supermercado de Paris, dezenas de pessoas eram feitas reféns e o
mesmo acontecia numa gráfica em Dammartin-en-Goele. Os sequestradores eram
perigosos e estavam armados. Dois dias antes, foram os autores de um sangrento
massacre ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, na capital
francesa.
O que
talvez não saiba é que este dia 9 foi também um dia de terror para Raif Badawi,
em Jeddah, na Arábia Saudita, onde começou a ser executada a pena de 1.000
chicotadas a que este blogger foi condenado. O crime que cometeu? “Insultar
o Islão e violar a lei de informação tecnológica do país”. Isto por ter criado
um fórum online para debate social e político e ter escrito textos
criticando as autoridades religiosas do país. Foi condenando também a 10 anos
de prisão. Assim, nessa sexta-feira pouco depois do meio-dia, uma carrinha da
polícia parou em frente à mesquita de Al-Jafali. Os transeuntes juntaram-se num
círculo enquanto o ativista foi tirado do veículo. “Um polícia aproximou-se
dele, por trás, com uma vara enorme nas mãos e começou a bater-lhe. Raif ergueu
a cabeça para o céu, fechou os olhos e arqueou as costas”, conforme relataram
testemunhas à Amnistia Internacional.
Raif
Badawi foi condenado a 1.000 chicotadas e a 10 anos de prisão. Todas as
sextas-feiras nas próximas 19 semanas receberá 50 chicotadas em praça pública.
Muitos acreditam que poderá não suportar o castigo. A sua filha, Doudi, de 10
anos, nunca pensou que um dia estaria sem o pai, como testemunha neste vídeo.
Assine a petição que encontra
no link bit.ly/LibertemBadawi
e passe a mensagem a todos os amigos e familiares.
Com os melhores cumprimentos,
Teresa Pina
As caricaturas de Maomé dividem os franceses
![]() |
Les caricatures de Mahomet dans "Charlie
Hebdo" divisent les Français.
© MAURIZIO
GAMBARINI/AFP
|
Quatre Français sur dix
pensent qu'il faut éviter de publier des caricatures de Mahomet, selon un
sondage Ifop publié dans "Le Journal du dimanche".
Les Français sont partagés sur le bien-fondé des caricatures de Mahomet
alors que des manifestations anti-Charlie agitent le monde
musulman. Plus de quatre sondés sur dix (42 %) jugent qu'il faut
éviter de publier des caricatures du Prophète, et près de la moitié (49 %) ne
sont pas favorables à une limitation de la liberté d'expression sur internet,
révèle un sondage Ifop publié dans Le Journal du dimanche.
À une question rappelant que "certains musulmans se sentent blessés ou
agressés par la publication de caricatures du prophète Mahomet", 57 %
répondent qu'il faut "ne pas tenir compte de ces réactions et continuer de
publier ce type de caricatures" contre 42 % qui pensent qu'il "faut
tenir compte de ces réactions et éviter de publier ce type de caricatures"
(1 % sans opinion). 50 % des personnes interrogées se déclarent favorables à
"une limitation de la liberté d'expression sur Internet et les réseaux
sociaux" contre 49 % qui n'y sont pas favorables et 1 % sans opinion.
Les Français pour la déchéance de nationalité en cas
de terrorisme
81 % des sondés sont favorables à "la déchéance de nationalité
française pour les binationaux (personnes ayant une double nationalité)
condamnés pour des actes de terrorisme sur le sol français", 68 % à
"l'interdiction du retour en France de citoyens français que l'on soupçonne
d'être allés se battre dans des pays ou régions contrôlés par des groupes
terroristes", et également 68 % à "l'interdiction de sortie du
territoire aux citoyens français soupçonnés de vouloir se rendre dans des pays
ou régions contrôlés par des groupes terroristes".
En revanche, 57 % ne sont pas favorables à
"d'autres interventions militaires françaises en Syrie, au Yémen
ou en Libye", et 63 % ne sont pas non plus pour "une intensification
des opérations militaires françaises en Irak".
Sondage réalisé par téléphone les 16 et 17 janvier auprès d'un échantillon
de 1 003 personnes, représentatif de la population française adulte (méthode
des quotas).
Le Point - Publié le 18/01/2015 à 08:55
"Deixámos que os nossos inimigos se infiltrassem"
À Paris, des bougies allumées en hommage aux victimes de la tuerie de "Charlie Hebdo". © CITIZENSIDE/JALLAL SEDDIKI |
Après
le massacre dans la rédaction de "Charlie Hebdo", Philippe Tesson estime
que "nous avons laissé nos ennemis nous infiltrer".
L'exhortation à l'unité et au rassemblement
de la nation lancée mercredi par le président de la République au
soir de la tuerie qui a ensanglanté Paris était tout à fait opportune. De même, les
paroles de compassion et l'hommage rendu aux victimes qu'il a prononcés. De
même encore, l'affirmation de sa volonté d'apporter une réponse qui soit
"à la hauteur du crime". Mais quelle réponse ? Certes, on n'attendait
pas que François Hollande, quelques heures seulement
après l'attentat, développât devant le pays le contenu de la riposte de la France
à cet acte de barbarie. Mais qu'il voie dans l'unité "notre meilleure
arme", cela semble un peu court. Un peu courte également la promesse que
les criminels seront "sévèrement punis". C'est le
minimum ! Ce crime en effet n'est pas seulement liberticide. "Morts pour
la liberté", dit-il. "Pour la liberté d'expression", avait-il
même dit le matin. Non, pour bien davantage que la liberté. Morts pour notre
survie et pour celle de toutes les valeurs qui ont fait notre culture, notre
honneur et notre gloire.
Condamné à une parole vraie
Nous sommes en guerre. Nous sommes condamnés à la guerre. Nous ne l'avons
pas cherchée. Nous y sommes contraints par un déferlement de sauvagerie que nos
faiblesses passées, nos peurs, nos complexes, nos scrupules, notre laxisme,
notre aveuglement, notre angélisme ont encouragé. À force de légèreté et sous
le couvert d'humanisme, nous avons laissé nos ennemis nous infiltrer. À force
d'égoïsme, nous avons abandonné à leur propre sort les peuples que nous avons
accueillis, nous les avons isolés de notre communauté et les avons laissés se
constituer chacun dans la sienne. À force d'arrogance, nous avons donné au
monde des leçons de morale que nous n'avons pas nous-mêmes respectées. À force
de nous entendre nous mettre en garde contre l'amalgame entre l'islam modéré et
l'islam fanatique, nous avons dispensé le premier de dénoncer avec la force
qu'il fallait la barbarie du second.
Ce sont ces errements que nous nous voyons aujourd'hui forcés d'abord de
reconnaître, ensuite de payer et de réparer autant que possible. Cette triple
tâche défie l'actuel président de la République et exige de sa part qu'il
renonce au discours lénifiant qu'il tient au pays depuis son accession au
pouvoir. Il ne va pas suffire qu'il envoie pour un résultat improbable, voire
négatif, le Charles de Gaulle dans le golfe Persique. Il est condamné à
une parole vraie devant le pays et à une action ferme contre l'ennemi.
Philippe Tesson
http://www.lepoint.fr/invites-du-point/philippe-tesson/charlie-hebdo-philippe-tesson-nous-sommes-en-guerre-08-01-2015-1894821_543.php
Consultez notre dossier : Attentat meurtrier contre "Charlie Hebdo"
sábado, 17 de janeiro de 2015
Subscrever:
Mensagens (Atom)