segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Onde chega a sacanice!




Onde chega a sacanice!
Na senda das malfeitorias que estes governantes nos têm feito, vem agora o Crato  da Educação brincar com a gramática, com os tempos verbais.
Crato diz que não prometeu aos professores a manutenção do lugar.
"Disse 'mantêm-se', não disse 'manter-se-ão'.
O Ministro da Educação voltou a surpreender afirmando que nunca disse que os docentes colocados erradamente iam manter as suas colocações.
Colocados erradamente! 
Só neste país um indivíduo destes não é preso. Pelo que diz, disse e continuará a dizer, impunemente,  enquanto a dignidade dos que continuamente humilha não for reposta.
A ele devem ser assacadas todas as responsabilidades pelo inferno que estes professores viveram e continuam a viver. 
Isto não se faz mas já o fez, sarcasticamente sorrindo como quem cospe, enquanto em muitas casas de professores a desolação, a fome e a frustração já mal se encobrem.

Nazaré Oliveira



O nosso país em mãos impróprias e mentes insanas




O meu país em mãos impróprias e mentes insanas!

Nunca tantos governaram tão juntos e tão mal! E de forma tão cruel para os mais pobres!
Nunca tanto desejei que um vento os levasse para bem longe!

"George, anda ver o meu país de marinheiros", dizia António Nobre! Anda ver o meu país de ditadores, digo eu.

Num processo perversamente pensado e perversamente aplicado, poucos se dão conta que são perversamente amputados do Querer e até do Sentir.


Nazaré Oliveira

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Pouca vergonha na Educação e na Justiça

















Um artigo assinado por José Mendes e publicado no JN, sobre a dececionante e reprovável ação de dois ministros: o da Educação e o da Justiça. Sobretudo o da Educação, pelos terríveis dramas familiares que continua a espalhar pela massacrada classe docente, particularmente os professores contratados, sistematicamente humilhados sem dó nem piedade.
Que pouca vergonha! Num país em condições, estariam há muito demitidos! Eles e os outros, claro!




Educação e justiça sem perdão



Saúde, segurança social, educação e justiça. São estes os quatro mais importantes pilares da organização de um Estado. Com mais ou menos recursos, com prioridades mais ou menos discutíveis, o mínimo que se exige de um governo é a garantia do funcionamento das máquinas que providenciam estes serviços, sem descontinuidades. É a essência do próprio Estado que está em causa. Pois Portugal vive hoje um lapso funcional em dois desses pilares. Educação e justiça apresentam desde há um mês o seu motor gripado, sem que o primeiro-ministro tenha daí tirado qualquer ilação séria.
Começando pela educação. A chegada de Nuno Crato ao Ministério, lá atrás, em 2011, abriu uma janela de esperança num setor que foi sempre complexo. O problema infraestrutural estava já em estado muito avançado de resolução, com a renovação de um lote substancial das escolas públicas. Apesar de alguns exageros, a verdade é que se exigia uma intervenção decidida sobre um parque escolar que estava muito degradado e esse crédito deve ser atribuído, sem favor, ao Governo de José Sócrates. Faltava, então, atacar a dimensão intangível: a qualidade do ensino prestado aos alunos e a racionalização de um processo de colocação de professores que nunca foi pacífico. Nuno Crato parecia o homem certo, aparentando estar preparado para o efeito. Em fevereiro de 2011, meses antes de ter assumido a pasta, afirmava, perentório, que "o Ministério da Educação deveria ser quase que implodido, devia desaparecer, dever-se-ia criar uma coisa muito mais simples, que não tivesse a Educação como pertença mas tivesse a Educação como missão". Afirmações fortes!
Passaram três anos e Nuno Crato parece não ter implodido nada, para além de si próprio. Já neste último setembro, teve de apresentar desculpas públicas aos professores, aos pais e ao país pelo facto de o seu ministério ter cometido um erro de palmatória na fórmula de posicionamento dos professores concorrentes à Bolsa de Contratação de Escolas (BCE). Basicamente, depois de ter colocado e contratado cerca de 800 docentes, viu-se obrigado a repetir as contas para corrigir os erros. Muito grave. Teve, pelo menos, a decência de dizer que nenhum professor seria prejudicado. O problema é que, por estes dias, a nova diretora-geral da Administração Escolar enviou instruções aos diretores de escola para anularem os contratos de cerca de 150 docentes que, tendo sido erradamente colocados, se haviam já instalado nos seus novos destinos e iniciado as aulas.
Criou-se uma descontinuidade no serviço público de educação. Há professores que terão de partir, sabe-se lá para onde, estudantes que tinham e deixarão de ter aulas e um ministro cuja palavra não conta.
Agora a justiça. Tal como a educação, não é terreno fácil. A fama de uma máquina lenta e mal equipada é um clássico entre nós. Quando se esperavam reformas que democratizassem o acesso, que agilizassem os processos, que travassem a vergonha da violação do segredo de justiça ou dos subterfúgios processuais com que muitos poderosos vão escapando das malhas da justiça, a ministra Paula Teixeira da Cruz arregaça mangas e atira-se a uma reforma que, basicamente, nada contribui para estes objetivos.
Não conheço ninguém que se reveja na reforma do sistema de justiça que a ministra pretendeu iniciar a 1 de setembro. Nem autarcas, nem juízes, nem oficiais de justiça, nem advogados, nem o comum dos cidadãos. Foi mais um passo no sentido da retirada do Estado das regiões do interior, remetendo uma parte da população portuguesa, pagadores de impostos como todos os outros, ao estatuto de cidadãos de segunda. Mas, ainda assim, esperar-se-ia sempre o cumprimento dos mínimos, isto é, que o sistema se mantivesse a funcionar, sem descontinuidades. Ora, o que é conhecido é que, com a alteração das comarcas, o sistema informático Citius estourou e perdeu-se o rasto a 3,5 milhões de processos! Para os menos atentos, vale recordar que "processos" significa vidas de pessoas. Que assim estão congeladas, porque a papelada de que dependem está perdida em combate. A senhora ministra cometeu a proeza inédita de fazer parar a justiça no país inteiro.
Nuno Crato e Paula Teixeira da Cruz falharam na sua missão mais básica, sem perdão possível. São hoje dois cadáveres políticos. O tempo de os demitir e, ainda assim, salvar a cara, está também esgotado para o primeiro-ministro. Lamentável.


 (título do autor)

A nossa democracia em risco de implosão?




Talvez seja da data ou da hesitação entre estações que marcou o primeiro domingo de Outubro e segundo do Outono. Mas os protagonistas dos discursos políticos do dia, nas comemorações de mais um aniversário da República (o 104.º) ou fora delas, pareceram andar à roda do mesmo ponto sem se aproximarem demasiado dele. O Livre, no I Congresso, anda à procura de “abertura”, Costa de um “ponto de equilíbrio”, Cavaco de uma “cultura de compromisso” que tarda. Tudo isto supõe diálogo, hipotéticas alianças entre políticos. Tudo isto pressupõe um sistema partidário minimamente saudável e credível. Mas, ouvindo o Presidente da República, ficamos a saber que tal sistema corre “o risco de implosão”. Porque não é satisfatório, porque não concilia os portugueses com a democracia, porque há promessas incumpridas que deixam marcas, porque há falta de confiança nas instituições. Isto é o que diz quem preside, há quase dez anos, ao regime que abriga tal sistema partidário. Não se pense, no entanto, que as palavras de Cavaco Silva contêm um lastro de autocrítica: o discurso que ele faz é para quem não se apazigua quando ele sugere, para quem rompe acordos quando ele dita que se façam, para quem segue caminhos que atrapalham o seu. Isso não impede que os seus alertas, réplicas de outros anteriores, façam sentido. Mas mais do que o “perigo” de implosão do sistema partidário “tal como o conhecemos” (as palavras são de Cavaco), o que implicaria que PSD, PS e CDS se pulverizassem em seitas distintas, assistimos é à infância de partidos emergentes e até à suprema ironia de ver um homem (Marinho e Pinto) arrasar os partidos mas formar um, apelando embora à “abertura da política aos cidadãos”. Não faria, com tal discurso, mais sentido formar um movimento de cidadãos para mudar o regime? Não, porque Marinho e Pinto já percebeu que vive bem nele. Mesmo com implosão, há-de querer sobreviver nos seus escombros.


Do editorial do PÚBLICO 6.10.14

Os professores são tratados como objectos




Na terceira semana de aulas, há turmas em que faltam seis professores, noutras três, noutras um, noutras aquele que há-de ser o director de turma.
"Parece que amanhã deve chegar uma nova remessa de professores à escola", ouço dizer, numa conversa entre alunos. Retenho a palavra "remessa". Um professor é como um conjunto de livros que chega à biblioteca ou de várias paletes de leite escolar para o refeitório. Como se fossem mais uma de tantas encomendas que as escolas fazem.
"Preciso de três professores de Matemática", grita a directora da escola para dentro do intercomunicador do drive-in de fast food. Avança com o carro e ao chegar à janelinha é informada: "Hoje não temos. Volte noutro dia..." E, enquanto isso, já passaram 12 dias úteis desde que as aulas começaram. Quantas aulas perdidas? Quanta matéria por dar? Como vão ser os estudantes preparados para os exames?
Os professores são tratados como objectos. A entidade empregadora não tem qualquer respeito por eles mas exige-lhes que façam o melhor trabalho, mesmo sem condições.
O professor de Filosofia foi colocado na sua primeira opção, na escola que tem o nome da sua filha, naquela onde sempre quis dar aulas, confessa, feliz, aos alunos. Foi colocado a tempo e horas e dá as boas-vindas a todos. Propõe-lhes jogos, adivinhas; coloca-lhes questões; põem-nos a pensar no sentido da vida; cria uma conta de email para cada turma, para que todos o possam contactar sempre que tenham dúvidas; decora o nome dos alunos; percebe quais são os que estão ali porque querem aprender e os que ali estão porque não. E, oito dias depois de estar colocado, enturmado, a criar rotinas, é informado: "O senhor está aqui por engano. Tem de sair."
Como fica este docente? Está motivado para recomeçar tudo noutro sítio? Terá outro sítio onde recomeçar?
Como é que o ministro que respeita tanto os professores brinca assim com as suas vidas?
Como é que se espera que estes profissionais sejam respeitadas pelos alunos, pelos pais, pelos outros colegas?
O início do ano lectivo é sempre turbulento, nunca nada está pronto a tempo e horas, dizemos encolhendo os ombros. Mas nunca foi assim. Quer dizer, foi assim noutros tempos, há muito tempo! Nos últimos anos, a máquina estava oleada e os professores estavam nas escolas a tempo e horas; a tempo de participarem nas reuniões de preparação do início do ano lectivo; a tempo de conhecerem a escola, os colegas, os cantos à casa, as rotinas...
Esperemos que amanhã chegue uma nova remessa. A última, sff., para ver se o ano lectivo finalmente começa.


BW

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Ganadeiros, toureiros e aficionados são carrascos de touros e cavalos





É comprovada e reconhecida pela Ciência (biologia, medicina veterinária, ciência do comportamento animal, neurologia) a apurada senciência de animais não humanos, nomeadamente de touros e cavalos, numa dimensão tão ou mais elevada do que a dos seres humanos, pois os touros e os cavalos são seres dotados de um sistema nervoso muito desenvolvido, experimentam emoções, possuem sentimentos, são seres conscientes, sofrem psicológica, emocional e fisicamente.
(Ver a “Declaração de Cambridge”, de 7 de Julho de 2012, da Cimeira de Especialistas reunidos em Cambridge sobre a Consciência Animal).
 Portanto, ansiedade, pânico, claustrofobia, fúria, fome, sede, esgotamento, dor, são sensações compartilhadas pelo homem, pelo touro e pelo cavalo.
Antes, durante e depois das práticas tauromáquicas, os animais são obrigados a experimentar tudo isto.

Vasco Reis
(Médico Veterinário)

***
Como diz a Isabel Ferreira, o  que é preciso mais para que o Estado Português ponha fim a esta selvajaria, que coloca Portugal no lodaçal da ignomínia em pleno século XXI depois de Cristo?


terça-feira, 30 de setembro de 2014

A malabarice de Passos Coelho


Chegou à minha caixa de correio esta "Malabarice"!



Um dia, Passos Coelho inventou este termo a propósito de qualquer coisa: "malabarice". Não explicou, mas esta filha do malabarismo e da vigarice, que não existe ainda nos dicionários, foi uma magnífica contribuição para a literatura nacional, que só posso saudar.

"Malabarice" é o que estamos a viver hoje.

"Malabarice" é o secretário-geral do Parlamento apresentar informações falsas para proteger o seu correligionário, quando tem obrigação de prestar informações verdadeiras.

"Malabarice" é Passos Coelho fingir que abdicou de 10% a título de exclusividade quando recebia 15% por ser vice-presidente da bancada, o que o impedia de receber os malabaristas 10%.

"Malabarice" é receber um subsídio de reintegração quando já se tem um trabalho pago e se continua a ocupar o mesmo posto no mesmo trabalho pago.

"Malabarice" era uma empresa que pedia por intermédio de um amigo (Miguel Relvas) um financiamento de 1,2 milhões para formar 1.063 técnicos para 9 aeródromos, dos quais só 3 estavam abertos e tinham dez trabalhadores.

"Malabarice" foi agora a explicação de Passos Coelho para o dinheiro que recebeu da Tecnoforma enquanto declarava exclusividade no Parlamento.

"Malabarice" é dizer que não recebeu qualquer remuneração certa e jogar com palavras, quando se fazia pagar em despesas de representação, que na época era a forma de não pagar imposto.

"Malabarice" é não dizer quanto recebeu nessas despesas de representação.

"Malabarice" é viver com subterfúgios para não pagar impostos e depois impor um colossal aumento de impostos aos trabalhadores e reformados.

"Malabarice" é dizer a todos os outros que vivem acima das suas possibilidades e usar todas as suas próprias possibilidades para não pagar os seus impostos.