sábado, 24 de setembro de 2011
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Vozes no centro do Mundo
Em "Vozes no Centro do Mundo", o correspondente Henrique Cymerman relata o conflito árabe-israelense por meio de entrevistas com os principais líderes de ambos os lados.
"Vozes no Centro do Mundo" visa proporcionar ao leitor ferramentas para que aprofunde a sua compreensão e conhecimento deste conflito e das suas origens, como também, para familiarizá-lo com os processos que se desenrolam à medida que se busca uma solução articulada pelos seus heróis conhecidos e desconhecidos.
"Reuni aqui entrevistas que conduzi ao longo da última década com as figuras mais proeminentes deste drama, tanto do lado israelita quanto do palestino”. Acrescentei declarações de líderes fundamentalistas islâmicos e comentários de especialistas internacionais sobre um dos fenómenos mais apavorantes da nossa época, a ameaça terrorista" - conta o autor.
A obra apresenta a última entrevista de Yitzhak Rabin (ex-primeiro-ministro de Israel), concedida algumas horas antes dele ser assassinado por um ultradireitista israelense; uma noite na companhia de Yasser Arafat, em seu quartel-general parcialmente destruído na Mukata, em Ramallah; o ponto de vista fundamentalista de dois líderes do Hamas, Ahmad Yassin e Abd Al-Aziz Al-Rantisi, mortos durante ataque israelense; as entrevistas entrecruzadas com Avi Ohayon, que ouviu pelo celular sua ex-esposa e dois filhos serem executados no Kibutz Metzer e, por outro lado, com o líder da Brigada dos Mártires de Al-Aqsa que planejou a infiltração. Na entrevista com este último, Cymerman relata que a esposa dele chorou quando ficou sabendo da morte das crianças israelenses, entre quatro e cinco anos, a mesma idade que os filhos deles. A vida da mãe e da cunhada de Wafa Idris, a primeira mulher-bomba da palestina; os relatos do psiquiatra palestino Eyad El-Sarraj, diretor dos serviços de saúde mental em Gaza que revela os traumas das crianças e jovens palestinos que ambicionam a honra de se tornarem homens-bomba; Omar Osama Bin Laden, que revela que recebeu proposta de proteção por parte do ex-presidente norte-americano George W. Bush, em troca do paradeiro do líder terrorista. O livro ainda apresenta entrevistas com Shimon Peres (presidente do Estado de Israel), Abu Mazen (presidente da autoridade Palestina), Ariel Sharon (ex-primeiro-ministro de Israel), Benjamin Netanyahu (primeiro-ministro de Israel), entre outros.
Para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que prefacia a obra, o lançamento de Vozes no centro do mundo coincide com um novo despertar no mundo islâmico e árabe. "Ainda não estão claros os desdobramentos da sacudida político-tecnológica ocorrida na Tunísia, no Egito, no Iêmen, no Bahrein e até na Líbia, e quem sabe na Arábia Saudita.
Mas um sopro de algo mais do que ditadura e fundamentalismo, um quê de democracia, ou pelo menos de participação popular e de liberdade, parece que se está esboçando".
Segundo Cymerman, os jovens do Facebook acenderam a chama dos protestos contra a ditadura, a corrupção e a falta de horizonte econômico. "Há quem fale da primavera árabe, mas no fundo seria mais adequado falar das Quatro Estações de Vivaldi para classificar a situação de cada Estado. O que está claro é que a dimensão do tsunami político é tal, que um país pode mudar de estação num abrir e fechar de olhos (...) As pessoas no centro do mundo foram agraciadas com coragem, uma criatividade impressionante, um senso de justiça bem-desenvolvido e um grande desejo de paz. Dessa forma, o mais importante é encontrar uma saída dessa situação impossível, a qual fez com que tantos pais chorassem pelos filhos" - finaliza o autor.
Henrique Cymerman nasceu em 1959, no Porto, Portugal. O pai é de origem polaca e a mãe nasceu em Málaga.
Henrique é o mais novo de três irmãos. O irmão é jornalista e a irmã, tradutora. Fez licenciatura e mestrado na Universidadede Tel Aviv em Ciências Sociais, especializando-se em Sociologia e Ciências Políticas, tendo lecionado essas matérias por dois anos. Em 1982 começou a trabalhar como jornalista para o diário Maariv, de Tel Aviv, e para o semanário londrino The Jewish Chronicle. Posteriormente, tornou-se correspondente do jornal de Barcelona, El Periódico de Catalunya, da emissora de televisão madrilenha Antena 3 e da SIC, desde a fundação da empresa, em 1992.
Além de fazer comentários regulares para a BBC e diversos canais de televisão de Israel, Henrique Cymerman é correspondente do diário La Vanguardia, de Barcelona. Entre vários prêmios recebidos ao longo da carreira, em 1998 foi premiado jornalista do ano pela Associação de Jornalistas da Espanha; em 2003, pelo Festival de Cinema de Nova Iorque, na categoria de melhor documentário de notícias com a reportagem "Um suicida no quarto das crianças", e em 2010 recebeu o prêmio da Unesco "Repórteres sem fronteiras". Henrique Cymerman e Esther, especializada em terapia pela arte e escritora de histórias infantis, são casados há 24 anos e têm duas filhas e um filho. Residem em Herzliya, a norte de Tel Aviv.
Recém-lançado pela editora Almedina, o volume traz, entre outros entrevistados:
Shimon Peres, Mahmoud Abbas, Yitzhak Rabin, Ariel Sharon e Omar Osama Bin Laden, filho de Bin Laden, além de conversas com líderes islâmicos fundamentalistas, especialistas em terrorismo e colaboradores (considerados traidores pela população).
"O título do livro corresponde ao que ele é: uma história do conflito e das suas consequências na vida das pessoas contada pelos seus protagonistas. E o que distingue este livro - na verdade, uma série de entrevistas feitas por um repórter íntegro, conhecedor da matéria e capaz de redigir de forma a prender o leitor - é o que ele mostra, para além das posições políticas já conhecidas dos homens de governo e de partido, como pensam e agem os líderes religiosos (que muitos qualificam de fundamentalistas) e, sobretudo, as pessoas simples, vítimas ou menos autoras das violências praticadas pelos contendores", escreve o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no prefácio do exemplar.
Trecho da entrevista com o filho de Bin Laden:
O que pensa da violência e do terrorismo?
Como qualquer ser humano e, especificamente um ser humano na minha posição, não apoio a violência, os combates, os ataques e esse tipo de coisas. Apenas se ocorrerem por uma boa razão e com o consentimento dos grandes governos, e se estes estiverem buscando justiça, como ocorre na Líbia. Por exemplo, a ONU possui tropas e as usa em situações específicas para alcançar a paz. Em casos como esse, nesse tipo de circunstância, estou disposto a envolver-me.
Como se sentiu depois do 11 de setembro, depois do atentado aos Estados Unidos, onde você estava e como você se sentiu nesse dia?
Não quero falar muito sobre esse dia. Mas faz 10 anos e eu já disse que ninguém pode estar de acordo com isso. Eu não sei quem está por trás desses ataques e pronto. Isso é tudo o que eu posso dizer sobre o assunto. É um assunto doloroso e não gosto de falar muito sobre ele.
Você disse que não sabe quem levou a cabo o ataque de 11 de setembro; você realmente não sabe?
O importante não é se eu sei ou não. Não quero me pronunciar sobre isso pois é um assunto antigo e não irá beneficiar falar dele. O relevante é que não estou de acordo com o que foi feito.
Você disse que quer bem a seu pai, embora não esteja de acordo com ele. Pode explicar melhor?
Sim, as pessoas de cultura oriental têm, de vez em quando, opiniões divergentes. Eu deixei o esconderijo de meu pai quando tinha 20 ou 21 anos. Decidi ir em busca da minha vida independente. Não tem nada a ver com eles, eu queria voltar para casa, viver em paz, não me meter na vida de outros povos.
Quando há ataques terroristas em diferentes lugares do planeta, atentados onde morrem cidadãos inocentes, o que você sente?
Morrem inocentes em todos os lugares do mundo, é um facto. Sinto o mesmo por todos os inocentes que morrem pelo mundo: judeus, palestinianos, americanos, afegãos, iraquianos... são seres humanos e não importa qual a cidadania nem a que se dedica o governo de seu país; eu importo-me com as pessoas, são civis.
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/972377-leia-trecho-de-entrevista-com-filho-de-bin-laden.shtml
https://www.livrarialoyola.com.br/detalhes.asp?secao=livros&CodId=1&ProductId=301474&Menu=1
"Sacanas sem lei"
Para aquelas pessoas que continuam a pactuar com estas criaturas, esta gentinha, sejam criadores, tratadores, "domesticadores", artistas de circo, toureiros a pé ou a cavalo, forcados, certos veterinários, gente que vê, que aplaude, que compra bilhete, que publicita, que apoia, gentinha que explora até à morte os pobres dos animais, sejam touros, cavalos, ursos, elefantes, cães, leões, tigres, macacos ou outros, para diversão ou para daí encherem os bolsos, e que, sadicamente os "acarinham e tratam bem" antes da humilhação final e da tortura e matança em público, aqui publico três EXEMPLOS REAIS do TERROR e do HORROR destas vidas ensombradas pela morte.
Há milhares de exemplos e, hoje em dia, ainda bem que temos as redes sociais para denunciar cada vez mais tudo isto e acabar com este NOJO! Divulguem, divulguem.
ISTO NÃO PODE CONTINUAR, seja onde for, como for ou com quem for!
Um abraço fraterno para todos os que estão do lado dos oprimidos e explorados como estes estão, até à morte, em nome da ganância e do sadismo.
Nunca tive vergonha de assumir as minhas causas e de defender os valores em que acredito. Nem nunca me inibi de tomar posição pública quando está em causa defender os que mais precisam e a sua dignidade, como é o caso destes animais, que choro, como sempre chorei a morte de inocentes.
Um grande obrigada aos meus amigos que continuam a lutar comigo, deste lado da barricada.
Sempre disse que se os defensores dos animais quisessem (os verdadeiros defensores!), uma posição radical poderia ser tomada para pressionar o legislador, o país, o mundo, no sentido de se pôr fim a estes espectáculos, a esta crueldade, a esta barbárie.
Por exemplo:
DEIXEM DE COMPRAR CARNE, pelo menos a de bovinos, ou NÃO ADQUIRAM NADA de terras onde estes animais são sacrificados, quer nas touradas, pegas, largadas ou outras!
Não levem as crianças aos circos nem aos jardins zoológicos, também estes, lugares de grande sofrimento, humilhação e tortura.
Expliquem aos vossos filhos o que se passa, na realidade, e não lhes escondam nada. Deixem-nos ver estes vídeos. Deixem que eles vos confrontem sobre isto e, por favor, sejam sérios e honestos nas vossas respostas.
Mostrar só uma parte da verdade A VERDADE não é nem nunca o será.
As grandes causas exigem grandes sacrifícios, sim, e ou se está ou não se está a favor delas!
Não pode haver meio termo perante isto. Não pode.
Quanta gente fantástica ao longo da História se sacrificou para termos o que tanta coisa temos, caso dos direitos cívicos e políticos para as mulheres, negros, o direito à liberdade, o direito à contestação, o direito à dignidade, o fim dos privilegiados e da sociedade de ordens, o fim da Inquisição, o fim dos regimes sanguinários e ditatoriais, o direito à igualdade de todos perante a lei, TANTAS E TANTAS BATALHAS TRAVADAS, CONQUISTAS, feitas por tanta gente ao longo dos séculos, gente anónima ou modesta no seu desempenho mas TÃO GRANDIOSA nos valores que defendeu, até com a própria vida.
Apesar de tudo, o animal-humano, no mundo, vai conseguindo algumas conquistas para uma vida mais feliz. No entanto, os pobres dos animais-não humanos, esses, desgraçadamente, continuam a ser humilhados e espezinhados até à morte.
Até na morte.
Morte lenta, desde a nascença, e agonia em vida.
Desespero de quem sempre se deu a quem nunca se lhe deu.
"Sacanas sem lei"!
Nazaré Oliveira
terça-feira, 20 de setembro de 2011
sábado, 17 de setembro de 2011
Mulheres portuguesas a quem muito devemos
Ainda em 1906, Carolina Beatriz Ângelo (a primeira especialista em ginecologia e a primeira mulher a poder votar em Portugal), Adelaide Cabete (médica e professora), Domitila de Carvalho (a primeira mulher a entrar na porta férrea da Universidade de Coimbra, Emília Patacho e Maria do Carmo Lopes, aderiram ao Comité Português da La Paix et le Désarmement par les Femmes. É digno de registo este passo, sobretudo, porque permitiu com coragem e grande sacrifício, ainda em plena Monarquia, preparar uma luta que se avizinhava terrivelmente difícil mas perante a qual jamais abrandarão. Marcarão decisivamente a História do século XX português, particularmente, a história da militância política das Mulheres Portuguesas.
Para combater, sobretudo, a ignorância e a superstição, aparece o Grupo das Treze, em Maio de 1911, número simbólico com o qual as sócias da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas quiseram surpreender e, desde logo, quebrar uma primeira superstição.
Com o objectivo de elucidar a sociedade quanto aos seus propósitos tinham máximas, todas elas compostas por 13 palavras, como: ”O fanatismo é uma espécie de lepra que corrompe e devora o pensamento”. Ou ainda: “A sociedade ideal será aquela em que a mulher levante templos à ciência”. E também: “A ciência fortalece as almas, a superstição amortalha-as na treva da Morte”.
Foi com este espírito ousado, que surgiram, tentando despertar novas ideias nas assembleias que as ouviam: “Iluminar as almas, libertar as consciências, eis a verdadeira missão da mulher moderna”.
Criaram um distintivo: uma medalha com o número 13, com a qual apareceram na sessão solene de apresentação pública do Grupo, estando presentes Judite Pontes Rodrigues, Carolina Amado, Ernestina Pereira Santos, Lydia d’Oliveira, Maria Veleda, Antónia Silva, Adelina Marreiros, Honorata de Carvalho, Marianna Silva, Filipa d’Oliveira, Berta Vilar Coelho, Lenia Loyo Pequito, Carolina Rocha da Silva - esta última em substituição de Maria da Madre de Deus Diniz d’Almeida, que não pode comparecer na sessão inaugural.
Como “Grupo das Treze” não duraram muito: existiram apenas até Outubro de 1913, mas, como sócias da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas foram activistas dinâmicas, destacando-se, também, pelas iniciativas cívicas e políticas, Ana de Castro Osório. Lutaram com heroicidade e determinação pelo direito ao voto das mulheres, pela lei do divórcio (entre outras) e apoiaram a Obra Maternal, instituição criada no tempo da monarquia com o objectivo de proteger e educar as crianças sem família ou vítimas de maus tratos. Em 1913, reivindicaram no Senado e na Câmara de Deputados a revogação da lei que permitia o direito de fiança a violadores de menores.
Nunca poderemos esquecer, também, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, que no início de 1911 se tornou a primeira professora universitária; Alice Pestana, grande defensora da educação feminina e da criança; Guiomar Torrezão, a operária das letras que fez dos jornais e das suas obras publicadas em livro as armas da sua luta; Regina Quintanilha, a primeira mulher a vestir uma toga, formando-se em Direito; Angelina Vidal, que deu a sua voz pelos mais desfavorecidos; Maria Rapaz, que se fez passar por homem para conseguir melhores condições de vida; Irene Lisboa, Áurea Judite do Amaral, e tantas e tantas operárias, burguesas, mulheres anónimas, no campo e na cidade, em casa ou na rua, que foram e continuam a ser lutadoras pela igualdade efectiva de género e por uma vida com dignidade e justiça para todos.
De registar, igualmente, organizações de mulheres que se dedicavam ao apoio a vítimas da Guerra – 1ª Guerra Mundial -, caso das Damas Enfermeiras da Cruz Vermelha Portuguesa, que incluía algumas mulheres de políticos, como a presidente Alzira Dantas Machado, mulher de Bernardino Machado, das mulheres de Afonso Costa, António José de Almeida, Norton de Matos e outras. Além de promoverem a assistência e a educação das mulheres dos soldados que lutavam na Guerra, fundaram escolas profissionais e lutaram pela igualdade de direitos entre homem e mulher.
Com o final da I República e o advento do Estado Novo, as mulheres remeteram-se para a esfera doméstica. Mas a luta não parara. Nem parou!
Como referira Adelaide Cabete, em 1924, é preciso defender todas as mulheres que sofrem e fazer a reforma de leis iníquas e desumanas que as mantêm num estado de inferioridade humilhante e revoltante.
Nazaré Oliveira
Bibliografia consultada:
DICIONÁRIO NO FEMININO – SÉCULOS XIX E XX”, ZÍLIA DE CASTRO OSÓRIO E JOÃO ESTEVES (DIR.)
CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS, A 4 DE MAIO DE 1924.
JORNAL DO CENTENÁRIO DA REPÚBLICA
Para combater, sobretudo, a ignorância e a superstição, aparece o Grupo das Treze, em Maio de 1911, número simbólico com o qual as sócias da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas quiseram surpreender e, desde logo, quebrar uma primeira superstição.
Com o objectivo de elucidar a sociedade quanto aos seus propósitos tinham máximas, todas elas compostas por 13 palavras, como: ”O fanatismo é uma espécie de lepra que corrompe e devora o pensamento”. Ou ainda: “A sociedade ideal será aquela em que a mulher levante templos à ciência”. E também: “A ciência fortalece as almas, a superstição amortalha-as na treva da Morte”.
Foi com este espírito ousado, que surgiram, tentando despertar novas ideias nas assembleias que as ouviam: “Iluminar as almas, libertar as consciências, eis a verdadeira missão da mulher moderna”.
Criaram um distintivo: uma medalha com o número 13, com a qual apareceram na sessão solene de apresentação pública do Grupo, estando presentes Judite Pontes Rodrigues, Carolina Amado, Ernestina Pereira Santos, Lydia d’Oliveira, Maria Veleda, Antónia Silva, Adelina Marreiros, Honorata de Carvalho, Marianna Silva, Filipa d’Oliveira, Berta Vilar Coelho, Lenia Loyo Pequito, Carolina Rocha da Silva - esta última em substituição de Maria da Madre de Deus Diniz d’Almeida, que não pode comparecer na sessão inaugural.
Como “Grupo das Treze” não duraram muito: existiram apenas até Outubro de 1913, mas, como sócias da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas foram activistas dinâmicas, destacando-se, também, pelas iniciativas cívicas e políticas, Ana de Castro Osório. Lutaram com heroicidade e determinação pelo direito ao voto das mulheres, pela lei do divórcio (entre outras) e apoiaram a Obra Maternal, instituição criada no tempo da monarquia com o objectivo de proteger e educar as crianças sem família ou vítimas de maus tratos. Em 1913, reivindicaram no Senado e na Câmara de Deputados a revogação da lei que permitia o direito de fiança a violadores de menores.
Nunca poderemos esquecer, também, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, que no início de 1911 se tornou a primeira professora universitária; Alice Pestana, grande defensora da educação feminina e da criança; Guiomar Torrezão, a operária das letras que fez dos jornais e das suas obras publicadas em livro as armas da sua luta; Regina Quintanilha, a primeira mulher a vestir uma toga, formando-se em Direito; Angelina Vidal, que deu a sua voz pelos mais desfavorecidos; Maria Rapaz, que se fez passar por homem para conseguir melhores condições de vida; Irene Lisboa, Áurea Judite do Amaral, e tantas e tantas operárias, burguesas, mulheres anónimas, no campo e na cidade, em casa ou na rua, que foram e continuam a ser lutadoras pela igualdade efectiva de género e por uma vida com dignidade e justiça para todos.
De registar, igualmente, organizações de mulheres que se dedicavam ao apoio a vítimas da Guerra – 1ª Guerra Mundial -, caso das Damas Enfermeiras da Cruz Vermelha Portuguesa, que incluía algumas mulheres de políticos, como a presidente Alzira Dantas Machado, mulher de Bernardino Machado, das mulheres de Afonso Costa, António José de Almeida, Norton de Matos e outras. Além de promoverem a assistência e a educação das mulheres dos soldados que lutavam na Guerra, fundaram escolas profissionais e lutaram pela igualdade de direitos entre homem e mulher.
Com o final da I República e o advento do Estado Novo, as mulheres remeteram-se para a esfera doméstica. Mas a luta não parara. Nem parou!
Como referira Adelaide Cabete, em 1924, é preciso defender todas as mulheres que sofrem e fazer a reforma de leis iníquas e desumanas que as mantêm num estado de inferioridade humilhante e revoltante.
Nazaré Oliveira
Bibliografia consultada:
DICIONÁRIO NO FEMININO – SÉCULOS XIX E XX”, ZÍLIA DE CASTRO OSÓRIO E JOÃO ESTEVES (DIR.)
CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS, A 4 DE MAIO DE 1924.
JORNAL DO CENTENÁRIO DA REPÚBLICA
Lembra-te de mim
Um filme que me marcou muito. Em muitos aspectos.
Vale a pena revê-lo, reflectir sobre tantas e tantas realidades e facetas da vida, relações humanas, familiares, sociais, forças e fraquezas... Com um final inesperado. Avassalador.
Excelentes interpretações.
Lembra-te de mim.
Sim, não te esqueceremos.
Vale a pena revê-lo, reflectir sobre tantas e tantas realidades e facetas da vida, relações humanas, familiares, sociais, forças e fraquezas... Com um final inesperado. Avassalador.
Excelentes interpretações.
Lembra-te de mim.
Sim, não te esqueceremos.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Papel destinado à Mulher no novo regime
Em 1932, em resposta a uma pergunta de António Ferro sobre qual seria o papel destinado à mulher no novo governo e regime (…) Oliveira Salazar afirmou que «…a mulher casada, como o homem casado, é uma coluna da família, base indispensável de uma obra de reconstrução moral» e «a sua função de mãe, de educadora dos seus filhos, não era inferior à do homem». Segundo ele, devia-se deixar «o homem a lutar com a vida no exterior, na rua… E a mulher a defendê-la, no interior da casa». Para Salazar, os homens e as mulheres não eram encarados como indivíduos mas como membros da família, o núcleo primário «natural» e «orgânico» do Estado Novo corporativo.
As mulheres, que constituíam o «esteio» dessa família tradicional defendida pela ideologia salazarista, tinham sido atiradas pelo regime liberal para o mercado de trabalho onde entravam em concorrência com os homens e, por isso, com o novo regime, deveriam regressar ao «lar». Para defender esse regresso à família e a separação de esferas de actuação entre homens e mulheres, Salazar aparentemente valorizou o papel de mãe e de esposa. Mas a apregoada «superioridade» feminina era derivada da sua função «natural» – portanto biológica.
Como a ideologia salazarista não se pautou pelos conceitos de «cidadania», de «igualdade» e de «liberdade», só aceitou o princípio da «diferença sem a igualdade» em vez «da igualdade na diferença», reservou às mulheres uma esfera própria de actuação – privada e pública – mas não atribuiu ao espaço feminino um valor igual ao do masculino. (…) As leis que no regime salazarista regularam os direitos políticos das mulheres e a sua situação na família, no trabalho e na sociedade, basearam-se na Constituição de 1933. Embora afirmando a igualdade de todos os cidadãos perante a lei e negando «o privilégio do sexo», esta incluía uma cláusula que consagrava as excepções ao princípio de igualdade constitucional: «salvo, quanto às mulheres, as diferenças da sua natureza e do bem da família».
(…) O Código do Processo Civil de 1939 reintroduziu o poder concedido ao marido de requerer a entrega e «depósito» judicial da mulher casada. Este possibilitava ao marido, em caso de saída da mulher da casa familiar, exigir judicialmente que ela fosse aí compulsivamente «depositada» em sua casa, como se fosse um fardo. As mulheres deixaram também de poder exercer comércio, viajar para fora do país, celebrar contratos e administrar bens sem o consentimento do marido. (…) O casamento tornou-se indissolúvel (…) e todos os casados pela Igreja – a larguíssima maioria -, que se separavam, já não se podiam voltar a casar. Esta situação (…) gerou (…) ligações extra-matrimoniais não legalizadas e aumentou o número, já de si grande, dos filhos ilegítimos. (…) Curiosamente, o Estado Novo foi o primeiro a conceder em Portugal o direito de voto e de elegibilidade às mulheres, embora sob certas condições (…). No entanto, (Salazar) especificou que o voto feminino não tinha sido conquistado pelas mulheres mas «decretado» pelo Chefe.
Texto (parte) apresentado por Irene Pimentel na sessão de abertura do Congresso Feminista/ 26 de Junho de 2008, in caminhosdamemoria.wordpress.com
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