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Assembleia da República Portuguesa |
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Parlamento Europeu |
Nenhum de nós deve afastar-se das
suas responsabilidades, até na Política.
O estado a que chegou o nosso país e
a Europa também a nós se deve, pelo que muito que não fizemos e devíamos ter
feito e até pelo muito que ignorámos ou denunciado não foi.
Como cidadãos, mandatámos alguns
deles – os deputados - para uma representação que, naturalmente, aguardávamos
com confiança. Mas nós só mandatámos! E não mandatámos para mandarem em nós,
mas sim, para exercer aquilo que deles sempre se espera: refletirem sobre os problemas que ao país vão surgindo e procurarem soluções justas,
harmoniosas, exequíveis, que nunca dano causem ao povo nem permitam que o mesmo sacrificado
seja em nome de interesses que contrariem a verdadeira essência de um regime
democrático.
Quem faz as listas dos partidos? Quem
entra nas listas dos partidos? Quem leva quem para certas listas de partidos?
Grupos. Pequenos grupos mandantes e tendenciosos que todos os partidos comportam, com gente
“bem falante” mas “mal pensante”, que lá está, sempre esteve e estará, mas para
defender os seus interesses pessoais, profissionais, e que, mercê da sua
posição de pater familias dentro desses partidos ou gente de bolsos cheios que os alimentam, vão liderando irresponsavelmente e manipulando da pior
maneira os jovens políticos das infantilizadas "jotas partidárias".
Politicamente mal nascidos e mal paridos, entram na Política e acham-se políticos. Pequena gente que o poder agarra ferozmente, com a voracidade de quem sabe não haver tempo a perder neste saque político-partidário rotativista em que a nossa governação se tornou!
Falam de Política mas mal sabem de Política ou sequer de Democracia, Estado Social ou Soberania Nacional, ofuscados que estão com as luzes de uma União Europeia cada vez mais afastada dos cidadãos e dos valores que a geraram.
Deslumbram-se com as fotografias de grupo e as relações internacionais de puro servilismo que os promoverá além-fronteiras!
Esquecem-se de nós, estes pequenos políticos de vistas curtas, quer no governo quer na oposição, afetados por gestos ridículos de ridícula pompa, vertidos numa oratória medíocre que deixa transparecer uma grave e lamentável falta de cultura e ética política.
Esquecem-se que fomos nós - o povo - que os mandatou para cumprirem o que prometeram cumprir com honra e lealdade e intervêm publicamente com um semblante de estranha indignação como se fôssemos nós, o povão, o culpado desta situação miserável a que chegámos!
Em momentos de clara gravidade
para o país ou de evidente má gestão política, muita desta gente dos partidos políticos não intervem séria nem oportunamente para não criar
conflitos no seu seio ou até para não perder padrinhos e afilhados, empregos
e outros favorecimentos, propositadamente alheados dos valores nacionais e da
democracia, que subalternizam face aos seus interesses corporativos sistematicamente negados quando deles se lhes pergunta, mas que mais tarde emergem e se revelam abrutamente quer sob
a forma de escândalos financeiros, compra de favores, compra de cargos, compra
de testemunhas, manipulação de concursos públicos, destruição de provas, fuga
de capitais, sem falar do horror que é a corrupção – passiva e ativa – e o
fazer de conta que dela nada se sabe ou sobre ela algo se faz!
Fazer de conta!
Fazer de conta que esses mandatários
nos estão verdadeiramente a representar? Não.
Não é possível fazer de conta que
isso está a acontecer quando olhamos para o que está a acontecer e quando todos
sabemos que esses mesmos mandatários remunerados são para tal e com o dinheiro de
todos nós.
Fazer de conta que não sabemos que
esses mesmos partidos funcionam como meio de ascensão social e profissional,
descurando a importância da intervenção política séria e inteligente dos seus
membros na Assembleia da República?
Mesmo os antigos Presidentes da
República, militantes, como todos sabemos , de partidos políticos, por que razão não foram (mais) atuantes, críticos, oportunos, relativamente aos erros de governação que entretanto se avolumaram irremediavelmente? Qual o seu papel? O seu dever?
No entanto, continuam a usufruir de mordomias que uma ofensa são para quem disse e diz ter feito um trabalho e serviço ao país. Um trabalho e um serviço que remunerado foi e que agora sentido não faz que continue a acontecer da forma que tem vindo a acontecer pois proveito não deveria ter quem funções daquele nível há muito cessou.
Afinal, onde estão os mais altos interesses da Pátria que também declaram constantemente?
O que faz todo o
sentido é, isso sim, apresentarem-se ao país completamente despojados dessas
mordomias que nunca sentido fizeram nem farão num estado que pretende a
equidade e justiça socia que os seus próprios partidos apregoam.
Afinal, o que justifica a manutenção dessas
mordomias? Num momento de tamanha gravidade económico-financeira e de
endividamento do país, por que não se tem “a coragem” de apresentar um
projeto-lei que acabe com elas, do mesmo modo que outras, claro?
O que impede o legislador de o fazer, neste e noutros aspetos de clara
injustiça e provocação que cada vez mais revolta os cidadãos?
Os interesses
político-partidários, claro!
Os interesses corporativos que asfixiam descaradamente os
interesses nacionais e relegam para último plano os interesses dos que neles
confiança depositaram para seus mandatários servirem.
Os partidos com assento na AR têm
feito o que querem e é revoltante sabermos que cada vez são menos permeáveis às
críticas dos cidadãos ou até mesmo às críticas que emanam do interior deles próprios.
Um exemplo? A disciplina de voto, a mesma “cartilha”, o mesmo “abanar da cabeça”,
os mesmos risos, as mesmas graçolas no hemiciclo.
Por estas e por outras razões, os
cidadãos sentem-se cada vez mais afastados da Política e enojados com os
políticos. Sentem que enganados foram
por quem se lhes apresentou jurando promessas e soluções sérias que jamais
pusessem em risco direitos e conquistas que arduamente conquistadas foram por
quem da vida só trabalho viu e dificuldades só sente.
São os partidos a mandarem no país e
não o povo. Os partidos e os bancos. Os bancos e os ricos. É o povo a afastar-se cada vez mais dos partidos, uma espécie de clubes privados, desmotivando e dificultando constantemente a entrada de quem da Política tarefa e missão nobre ainda lhe reconhece.
E isto é perigoso, muito perigoso, porque
levou e levará à descredibilização dos mesmos e da Política, logo, constitui ameaça à paz social e à democracia, ameaça que já estamos a sentir.
É por isso que todos temos de intervir.
Com responsabilidade.
Fernando Savater refere numa das
suas obras que os partidos não deviam passar de um instrumento destinado a
facilitar um certo grau de participação de todos nós nas tarefas da governação mas que acabam por se converter em fins em si próprios e por decidirem do bem e do mal
(tudo o que se faz em favor do partido é bom, tudo o que prejudica o partido é
mau).
É verdade, sim, mas para isso é importante a tomada de posição do povo
face a este estado de coisas, criticando e exigindo a mudança, quer através da
imprensa, redes sociais, assembleias de escola, de empresa, mas, sobretudo, na rua, manifestando o seu descontentamento e exigindo a criminalização de certos
atos políticos e a prisão de certos políticos que à miséria nos guiaram e que
impunemente da nossa miséria vão vivendo “à grande e à francesa” sem nada ou
ninguém contas ainda lhes ter exigido ou responsabilidades assacado.
É preciso acabar com os privilegiados
e criar formas de luta que tirem do poder os falsos democratas e retirem poder
aos falsos e paternalistas defensores do país e da nossa democracia.
É preciso relativizar
o poder dos partidos políticos obrigando-os a respeitar O PODER DA RUA e a
largar de vez o autoritarismo e a indiferença com que a olham e acabar com a
tendência para a resignação que temos mostrado.
É preciso dignificar a Democracia e expurgá-la dos males que lhe causaram.
Fascismo, nunca mais!
Nazaré Oliveira