Sempre defendi e defendo que o exemplo, os
bons exemplos, devem vir de cima!
Num país onde a Política e a Governação têm
sido tudo menos isso, é bom lembrar que a Política é fundamental mas com bons
políticos que mereçam a confiança do povo e inequivocamente se coloquem ao seu
lado.
Mas, "ó glória de mandar, ó
vã cobiça", têm sido um horror estes últimos governos e os deputados e
partidos que os apoiam! Tem sido um horror esta Política!
Pretensamente preocupados com a
gestão do bem-estar social do qual teoricamente se apropriam para o marketing
político-partidário, tudo tem servido para os servir ou dele se servirem, seja
o défice orçamental que em espiral se agigantou sejam os interesses de uma
União Europeia que mais desunião tem sido ou parecido ser.
Tudo tem sido feito em nome do
povo mas quase nada pelo povo.
Num estado de Direito nunca tal
deveria acontecer ou, a acontecer, imediatamente acionados deveriam ser
mecanismos que punissem exemplarmente quem criminosamente do voto popular se
apropriou para desvirtuar promessas que afinal por promessas se ficaram.
Nunca na Política os interesses
corporativos deveriam vingar, muito menos os interesses de quem na Política
busca carreira ou enriquecimento rápido, tal como vem acontecendo pós-25 de
abril.
Nunca o coletivo deveria sujeitar-se,
como está a ser sujeitado, a meia dúzia de maus tecnocratas ou péssimos
estrategas que, habilidosamente, da vida têm tirado proveito pessoal em
prejuízo do bem público que cinicamente julgam servir, sejam eles oriundos das
“Jotas”, clubes desportivos, comunicação social ou outras formas subtis de
parecer o que nunca foram ou serão: trabalhadores e conhecedores do terreno que
pisam, com diplomacia, é certo, mas sem sentirem verdadeiramente o pulsar do
país e o sofrimento do seu povo pelas privações que passa.
Num país onde todos se sentem
especialistas ou opinion
makers, promove-se a oratória fácil e a contra-argumentação à
medida da encomenda ou de quem os encomenda. Mas nada se aprende com isso e nem
por isso o país tem progredido, pelo contrário, atendendo ao estado de letargia
e de inação a que chegámos, de um estranho aceitacionismo que cada vez mais vai
minando a capacidade de indignação de um povo – do nosso povo -, indignação
indispensável à mudança e à Revolução que tarda.
Conquistas democráticas são
selvaticamente derrubadas ao arrepio dos mais elementares direitos
constitucionalmente garantidos, em nome dessa gente que se governa não nos
governando.
Fingem esquecer que a justiça
social e um Estado de Direito passam, acima de tudo, pela adoção de medidas
justas e adequadas aos diferentes setores da vida nacional e que nem todos os
meios justificam os fins, mesmo que esses fins sirvam objetivos claramente
nacionais mas sistematicamente deturpados precisamente pelos que, em cargos
para os quais foram delegados, tudo têm feito menos representarem os seus
eleitores.
Não se pode continuar a ver, por
exemplo, o sacrificar constante de um povo que no limite do seu sofrimento há
muito se encontra, e, ao mesmo tempo, assistir ao esbanjamento e gastos
milionários do Estado para a manutenção de mordomias e futilidades
institucionaise, bem como, ao enriquecimento rápido e ilícito, aos crimes de
colarinho branco, aos descarados favorecimentos de lóbis espalhados por todos
os setores e à promoção de rapazolas que do Trabalho mal ou pouco sabem porque
mal ou pouco o experimentaram.
Depois, do cimo do seu pedestal de fascizante
arrogância, querem fazer passar a imagem daquilo que nunca virão a ser ou nunca
foram: políticos sérios e gente de palavra.
Estes e muitos outros que por lá passaram,
apesar dos discursos paternalistas que agora proferem, esquecidos que estão de
uma prática governativa que também feridas abriu no processo democrático ou de
silêncios comprometedores que acabaram por proteger quem para o descalabro
financeiro e penúria social nos encaminhou.
De palavra e de honra se fazem os grandes
homens e os grandes políticos, sem as quais nada de bom se augura para país
algum.
A dignidade de um povo nunca deverá ser
negociável do mesmo modo que a luta contra os tiranos tréguas nunca lhes dará.
Contra os tiranos, os "vendilhões do templo" e os falsos democratas.
Hoje, mais do que nunca, é
importante ser-se um bom político, sabedor, justo, voltado para o país e para
os cidadãos, a pensar e a olhar com razoabilidade para os sacrifícios que pede
e a quem pede, sem perder a noção de que um bom governo é sempre aquele que
nunca põe acima dos interesses dos cidadãos quaisquer outros interesses, muito
menos, os interesses de quem pela voz do dinheiro poder emana e por causa desse
poder obedecido quer ser.
Um bom político não existe por
acaso do mesmo modo que a Política carreira não deveria ser.
Um bom político deixa que as suas
obras falem por si e não que os seus discursos provem o que jamais conseguirão
de outro modo provar: transparência e rigor ao serviço do país que juraram
servir.
Um bom político gosta de Política
mas sabe de Política.
Preocupa-se com a Política porque a Política
servirá para organizar o seu país na senda do progresso e na procura da
harmonia social tão desejada, mas, só bons políticos boa Política farão, certo?
Um bom político deseja sê-lo e
não só parecê-lo. Entregar-se à causa do seu país com espírito de missão e
fazer dessa missão um ato sublime de resistência à adversidade como aconteceu
com grandes homens ao longo da História.
No entanto, esses, fizeram-no com sentido de
Justiça. Justiça e equidade social, sentido de Estado, como só os grandes
políticos conseguem porque do seu povo o bem retribuído lhes será, exatamente
porque é esse bem o fim último da sua ação.
Um bom político dá-se a conhecer
pelas ideias e projetos que quer e concretiza para o seu país, para o bem do
seu país, e não pelo proveito que deles possa tirar para se promover ou
enaltecer pessoal ou profissionalmente.
Um bom político não nasce:
faz-se.
Faz-se através de um querer servir mas não
servir-se, de um conhecimento académico mas pragmático e realista, ajustado às
realidades de um país que de si precisa para singrar, florescer, desenvolver-se.
Um bom político aprende com os
livros mas mais aprende com a realidade da vida do seu povo à qual não deve
fugir, muito menos fingir não ver ou conhecer.
Um bom político tem que ter
fortemente interiorizado o sentido cívico da sua missão e a responsabilidade
nacional acrescida de que se reveste o seu trabalho e que à prática levará,
constituindo-se modelo de cidadania acima de qualquer suspeita.
Sem isto, nada valerá a pena.
Nem a ele nem à democracia que
diz servir.
nazaré
oliveira