quinta-feira, 2 de abril de 2015

Malditas touradas!





Esta imagem mostra-nos bem quão cruel e desumana é essa besta a quem chamam toureiro (e os aficionados pelas touradas):

o pobre animal, indefeso, de olhar aterrorizado, sofrendo, agonizando, sentindo a morte, e o criminoso, bem ao seu lado, com um ar tresloucado, possesso, enterrando bem fundo a espada fatal, com fome e sede do sangue inocente que já jorra e se espalha e o asfixia lentamente... e sem ninguém que o ajude.

Continuarei a lutar com todas as minhas forças para que acabe esta maldita tortura, esta terrível crueldade.

Eu sou contra a tortura e a barbárie.

Eu sou contra as touradas.




Nazaré Oliveira

quarta-feira, 1 de abril de 2015

A Páscoa de muitos cristãos




As pessoas professam religiões, dizem-se praticantes e com fé, ou não praticantes mas com fé, enfim, são tudo na sua autoavaliação cristã mas quase nada na sua prática ou demonstrando-a de forma pouco clara e até envergonhada.

Muitas delas, milhares e milhares por esse mundo fora, têm posto a sua religiosidade ao serviço de um deus claramente moldado à sua imagem e de uma igreja que pouco ou nada lhes exige, que "não lhes dá trabalho" ou que pouco ou quase nada os compromete.

Querem um deus de conveniência e uma igreja de feição, pouco crítica,  serena, observadora, acomodada em princípios e valores que a muito custo vai alterando, num imobilismo que nem sempre transparece mas que existe, presa que tem estado a uma estrututa organizacional interna ainda muito conservadora e que em nada tem contribuído para a Igreja da mudança, da verdadeira mudança, daquela que surgirá quando, com autenticidade, se quiser construir, não a igreja das pedras mas a igreja dos homens, a igreja que parte de dentro para fora.

Pese embora a ação de grandes líderes religiosos que esboçaram um novo rumo para a mesma e novas orientações para os seus fiéis, continuo a assistir à igreja das aparências, à igreja das fórmulas repetidas e repetidas ao longo dos séculos, fortemente responsável pela atitude passiva e acomodada de muitos e muitos dos seus seguidores, quer ao nível da sua formação religiosa e espiritual, quer ao nível de uma cidadania ativa e global na qual marcassem, porque deveriam marcar, efetivamente, a diferença.
Não basta dizer que se é cristão e que se é praticante, quando essa prática se resume, na maioria dos casos, a uma presença meramente física nas missas ou ao cumprimento de alguns sacramentos, caso do batismo ou do matrimónio.

Ser cristão implica saber sê-lo, assumi-lo, conhecer a palavra de Deus, refletir sobre ela, concretizá-la na sua relação com os outros, com a Vida, praticar o Evangelho, pôr-se ao serviço dos pobres, dos que não têm voz, dos injustiçados, dos mais vulneráveis, dos que sofrem. 
Ser cristão implica ser-se coerente, mais do que verdadeiro, envolver-se seriamente no compromisso que fez com Deus e com a sua palavra para a construção de um mundo realmente fraterno e em paz. De um mundo novo.

Infelizmente, não é isto que vejo em muitos e muitos deles, por esse mundo fora, sejam de que religião for mas, seguramente, dizendo-se cristãos:
Semeiam os conflitos, a guerra, servem-se da religião e de Deus para a fazer, indiferentes à dor e ao sofrimento dos outros, sem compaixão alguma, trate-se de pessoas ou animais que humilham, exploram, massacram, torturam, matam, para gáudio dos seus prazeres mais baixos e desprezíveis.

Estamos em plena quadra pascal. 
Quem vive de forma coerente a sua mensagem?  Quem a sente como tal?
Que lugar reserva cada cristão, na sua vida, para Cristo Ressuscitado? E que ensinamentos Dele aprendeu, interiorizou, para levar à prática, finalmente, a construção desse mundo novo no qual a paz seja possível entre todos os seres da Criação?
  

Nazaré Oliveira

O comércio de animais de raça: criadores e compradores

Facebook/NationalMillDogRescue



 
No jornal da ANDA, brasileiro, de 30 de março de 2015, deparei-me com esta notícia:

Cadelas exploradas por criadouros de filhotes durante toda a vida são resgatadas.

Dezenas de cadelas que sobreviveram à dor e à crueldade de serem usadas como mães reprodutoras em fábricas de filhotes nos Estados Unidos agora estão salvas à espera de adoção, segundo informações do site The Dodo.
Com sede em Colorado, a National Mill Dog Rescues salvou 80 cachorros que eram explorados em criadouros de filhotes em todo o centro-oeste do país, sendo que alguns já tinham sido “descartados” após serem usados por toda a vida. A organização percorreu vários estados em uma van especialmente equipada para os resgates e procurou o maior número de cadelas sobreviventes possível.
A National Mill Dog Rescues tem trabalhado para ganhar a confiança de fábricas de filhotes em todo o país, oferecendo ficar com os cães reprodutores que seriam mortos naturalmente.
“No final do dia, queremos que esses cães tenham um futuro melhor”, conta a fundadora da organização, Theresa Strader. “Nós trabalhamos com muitos lugares que são um inferno para os animais e nós somos tudo o que eles têm, eles precisam de nós mais do que ninguém.”
Os cães, que variam em idade, são na sua maioria pequenas raças como yorkshires e poodles miniatura. 
A vida dos cães utilizados para reprodução em fábricas de filhotes são duras. Eles procriam repetidas vezes e vivem suas vidas inteiras em jaulas até que sejam mortos, quando não são mais úteis para a indústria.
“A alegria e a recompensa é imensa”, diz Strader. “Melhor do que qualquer salário.”





Que gente fantástica, esta, que assim pensa e assim faz!


Que miserável gentinha, esta, que faz criação de animais, tipo "produção em série", "em massa", e também a que a promove e vende e compra os seus "produtos"!



Pobres fêmeas, neste caso, pobres cadelinhas!



Abençoadas organizações, como esta, na foto, que as resgatam para a dignidade roubada durante anos e anos pelos ditos "criadores". Abençoada gente!



Em Portugal, infelizmente, tem sido muito difícil esta e outras lutas pelo respeito e dignidade dos animais não humanos.



Difícil mas concretizável. Assim o desejo.





Nazaré Oliveira

quinta-feira, 26 de março de 2015

Do Congresso da Cidadania, Ruptura e Utopia






O site do Clube de Jornalistas publica hoje, na íntegra, a comunicação de Sampaio da Nóvoa no Congresso da Cidadania, Ruptura e Utopia.

Quem a quiser ler na íntegra  é só clicar em www.clubedejornalistas.pt.

Na abertura escrevi o seguinte:

"A intervenção mais aplaudida, com toda a gente de pé, no Congresso da Cidadania, Ruptura e Utopia – que decorreu nos dias 13 e 14 deste mês na Fundação Calouste Gulbenkian numa iniciativa da Associação 25 de Abril – foi, sem sombra de dúvida, a de Sampaio da Nóvoa, o ex-reitor da Universidade de Lisboa que, diz-se, será candidato às Presidenciais de Janeiro próximo.
 Foi, na verdade, um discurso de rara qualidade – pela linguagem utilizada, pela clareza da análise da situação do país, pelos objectivos e caminhos traçados.
 Das palavras de Sampaio de Nóvoa, a comunicação social divulgou pequeníssimos excertos. Mas é importante que esta intervenção seja conhecida na sua globalidade.
Trata-se de uma peça elegante, culta e certeira – e demasiado importante para que fique prisioneira das paredes de uma sala e apenas no conhecimento de uma plateia, por muito ilustre que seja.
“Abril é a nossa raiz comum” é o seu título e nas páginas do “Clube de Jornalistas” fica disponível na íntegra para quem a quiser consultar… … Mas não sem que, antes, sublinhemos algumas frases e citações a que Sampaio da Nóvoa recorreu:

– “As revoluções começam sempre pelo beijo de uma desconhecida na rua. Pela vitória do sonho” (José Gomes Ferreira)

– Quem espera nunca alcança, e se não formos nós a acabar com esta política, ninguém o fará por nós. “Durmamos, que um dia a vida nos acordará a pontapés” (António Sérgio).

– Recusemos sebastianismos, populismos, justicialismos, que são o pior da nossa história e das nossas tentações. “Ai do povo que precisa de heróis!” (Brecht).

– José Mujica, Presidente do Uruguai, teve a coragem de dizer que quem gosta muito de dinheiro deve afastar-se da política. Se tivermos as mãos atadas por teias e arranjos, não teremos condições para defender o interesse público, de todos.

– (…) que cada um de nós possa dizer, com Humberto Delgado: “Estou pronto a morrer pela liberdade”. Hoje, a liberdade é o poder de decidir, nas nossas vidas pessoais, nas nossas vidas colectivas.

– Pela minha parte, “não espero nada, não temo nada, sou livre”. Sei que é preciso liberdade dentro para servir fora. Sei que a ousadia já é metade da vitória (Padre António Vieira). E sei também que, juntos, ganharemos o que perdemos separados.

– Uma coisa vos digo, para acabar como comecei, “a eternidade é hoje ou não será nunca” (José Gomes Ferreira).







Boa leitura.

Ribeiro Cardoso