sábado, 28 de junho de 2014

Nuno Crato e os colégios privados





A notícia que na noite de ontem o Ministério de Nuno Crato pôs a circular é um bom exemplo de como o actual Governo brinca com a percepção e com o dinheiro dos portugueses ao mesmo tempo que vai destruindo a Escola pública e as vidas de milhares de profissionais da Educação.
O título – "Governo pretende financiar menos 64 turmas em colégios já no próximo ano" – é bastante claro quanto ao seu objectivo de injectar na opinião pública a ideia de que os cortes também já estão a chegar aos colégios privados com contrato de associação.
Quem continuar a ler verifica que afinal não são bem 64 turmas, podem ser apenas 44. E de 44 a 64 num universo de quantas?
O texto é omisso quanto ao total de turmas que estão a ser financiadas. Apenas diz que as últimas estatísticas da educação disponíveis são de 2012 e apontam para 373.847 inscritos no ensino particular e cooperativo, do pré-escolar ao secundário, mas se nos dermos ao trabalho de procurar um pouco mais ficamos a saber que o universo é de 1809 turmas. Vezes 81.023 euros de subsídio por turma dá a módica quantia de 146,57 milhões, dos quais o Governo diz que, graças a aturadíssimas negociações e não à bruta, como faz nas escolas do Estado, vai poupar 5 milhões. 5 em  146,57 milhões corresponde a uma redução de 3,41%, 64 em 1809 turmas a uma redução de 3,53%  e 44 em 1809 a não mais do que uma variação negativa de 2,43%.
Tudo a ver com a brutalidade dos 1,1 mil milhões que o Governo reduziu em 3 anos aos cerca de 8 mil milhões de euros orçamentados para a Educação em 2011, uma variação negativa de 13,75% em três anos, o triplo do previsto no mesmo memorando que também mandava reduzir as transferências para escolas privadas com contratos de associação que ficaram por fazer, apesar da ilegalidade que é o traço comum de grande parte destes financiamentos, nomeadamente o financiamento de escolas que, porque funcionam a pouquíssima distância de escolas do Estado, nunca poderiam receber um cêntimo sequer. Mas recebem milhões.
A propaganda teve o cuidado de branquear a ilegalidade na primeira frase e de   sublinhar como será resolvida sem fazer perigar o interesse privado na segunda.


Filipe Tourais no blogue "O país do burro"

segunda-feira, 9 de junho de 2014

António Ferreira Gomes – De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens




Um trabalho excelente sobre um homem notável - D. ANTÓNIO FERREIRA GOMES, bispo do Porto, homem de fé e de combate contra o salazarismo.

Vídeo:

António Ferreira Gomes – De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens


A carta, o exílio e a dissidência…fazem de D. António Ferreira Gomes uma das maiores figuras da Igreja do século XX. 

“Personalidade granítica”, “homem capaz de liberdade e construtor de homens livres”, “um pastor da Igreja”, “uma figura austera”, “alguém que resistiu”…assim testemunham Carlos Azevedo, Manuel da Silva Martins, Fernando Ferreira Gomes, José Barreto, Irene Pimentel, José Ferreira Gomes, Mário Soares e António Costa Pinto, num documentário biográfico sobre o bispo controverso, D. António Ferreira Gomes.
Nasce no início do século XX na freguesia de Milhundos, Penafiel. António era o quarto de nove filhos de um casal de agricultores abastados. Com uma forte tradição religiosa no seio familiar, não foi de estranhar que com apenas 10 anos fosse enviado para o Seminário. Faz o curso de Teologia no Seminário da Sé e com 19 anos rasgou horizontes e foi continuar os estudos no Colégio Pontifício Português em Roma. Firmado no seu imperturbável pensamento, após o regresso, dedica-se ao ensino e foi um exigente professor de filosofia no Seminário de Vilar. Sobressai entre o corpo de docentes pelo seu lado humanizante, apreciado com entusiasmo pelos alunos.

Quando nada o fazia prever, é nomeado Bispo de Portalegre e Castelo Branco, sendo na altura um dos Bispos mais novos em Portugal, e aí a sua vida mudou irremediavelmente, como o próprio diz “o problema foi tornarem-me Bispo”. A sua sensibilidade vem desde logo ao de cima com a situação do proletariado alentejano. Pouco tempo depois é nomeado Bispo do Porto. As eleições fraudulentas de 1958, ditaram a história do país e a sua. Escreve o famoso pró-memória (conhecido como Carta a Salazar), documento que antecipa os pontos de discussão de uma entrevista agendada com o ditador. Linhas intermináveis de uma crítica cerrada à miséria social do povo português, ao corporativismo do Estado e à exigência da livre expressão do pensamento e ação política. Terminaram, assim, os tempos de quietude. Controlado e perseguido pela PIDE, acusado de louco, de comunista, de ser “o bispo das oposições” tornou-se, segundo Irene Pimentel, “a figura incómoda para o regime”.

Pagou alto o preço dos seus ideais, com dez longos anos de exílio, vividos em condições miseráveis, entre Espanha, Alemanha, Itália e França. Abandonado pelo episcopado português e sempre pressionado a renunciar ao seu cargo de Bispo do Porto, inclusive pelo Papa, conseguiu manter-se fiel até ao fim e nunca renunciou. Com Marcelo Caetano no poder, vislumbrou o fim do exílio. Regressou à diocese, como se nunca tivesse saído. Depois do 25 de Abril, foi a figura da Igreja mais identificada com a democracia, por ter sido protagonista de um momento na história que marca uma maior autonomia entre a Igreja Católica e o regime autoritário.

Aceitou livremente a morte com a mesma lucidez com que viveu, “De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens”. Até ao fim com a dignidade de estar de pé, de não se vergar perante o poder.

D. António Ferreira Gomes (1906 – 1989), o Bispo ao serviço da liberdade.

BES de Angola não sabe a quem emprestou 5,7 mil milhões de dólares?




O BES de Angola não sabe a quem emprestou 5,7 mil milhões de dólares

O semanário Expresso noticia este sábado que o BES Angola não sabe a quem emprestou 5,7 mil milhões de dólares, sendo que a atual administração suspeita que 745 milhões foram parar às mãos de Álvaro Sobrinho, presidente daquele banco até 2012.

O empresário angolano Álvaro Madaleno Sobrinho é dono da Newshold, grupo angolano que, além do semanário Sol, controla 15% da Cofina (Correio da Manhã, Jornal de Negócios, revista Sábado), bem como o jornal i. A Newshold ficou conhecida por ter entrado na corrida pela privatização da RTP, entretanto gorada.

Segundo o Expresso, a situação do BESA foi explicada pelo novo CEO do banco, Rui Guerra, aos acionistas em duas reuniões que decorreram em Angola em finais de 2013. O panorama apresentado por Guerra foi no mínimo inusitado: para um valor de 5,7 mil milhões de dólares de crédito concedido pelo BESA, que representa nada menos que 80% do total da carteira, não há informação sobre quem são os beneficiários económicos nem para que fins foi utilizado o dinheiro. Há muito poucas garantias reais e as que existem não estão avaliadas.

O próprio José Eduardo dos Santos mandou dar garantias

Recorde-se que o presidente do BES, Ricardo Salgado, reconheceu recentemente que houve problemas no BESA e que o banco recorreu diretamente ao governo angolano para obter uma garantia que cobrisse o crédito duvidoso. “O presidente José Eduardo dos Santos teve uma grande atenção, com certeza, na decisão [de ser dada uma garantia do Estado angolano que cobre de 70% do crédito do BESA]. Eu estou reconhecido porque também foi consideração em relação ao Grupo Espírito Santo. (…) A garantia é inequívoca”, disse Ricardo Salgado em entrevista ao Jornal de Negócios.
A notícia do buraco nas contas do BESA já fora dada pelo site informativo Maka Angola e reproduzida pelo Esquerda.net. O jornalista Rafael Marques calculava que os créditos malparados eram na ordem dos 6.500 milhões de dólares, incluindo 1.500 milhões em juros – um valor não muito diferente do que foi adiantado agora pelo Expresso.

Empréstimos generosamente distribuídos a figuras proeminentes do MPLA

Segundo o artigo do Maka Angola, a origem do buraco foram os empréstimos generosamente distribuídos por Álvaro Sobrinho, “a conhecidas figuras do regime angolano, incluindo vários membros do Bureau Político do MPLA”.

Segundo o Expresso, na reunião de acionistas Sobrinho afirmou que a ausência de controlo na aplicação dos fundos emprestados é uma falha antiga na gestão do BESA, muito comum em África, e que sempre reportou toda a informação ao conselho de administração do BESA sendo que a maioria dos administradores foram nomeados pelo BES. Alegou também que o BESA sempre prestou informação detalhada ao BES, nomeadamente sobre os grandes riscos, bem como ao Banco Nacional de Angola e que os auditores, KPMG, nunca colocaram quaisquer questões ou reservas relevantes às contas.
Estavam presentes na reunião Ricardo Salgado (BES), o general Leopoldino Fragoso do Nascimento (Geni), o general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa” (Portmill) e o próprio Álvaro Sobrinho, acionista individual.

Estado angolano poderá passar a ser principal acionista

Uma fonte ouvida pelo Expresso afirma que há uma alta probabilidade de que o aval do governo angolano terá de ser executado, de modo a proteger o Banco Espírito Santo de impactos diretos nos resultados e no seu capital. Nesse caso, o aval poderá ser convertida em capital social do BESA, o que tornaria o Estado angolano no principal acionista do banco, cujo capital social não chega aos 700 milhões de dólares.

sábado, 31 de maio de 2014

António Costa





António Costa, afinal, marimbou-se para os eleitores que nele votaram para Presidente da Câmara de Lisboa! E o que ele queria omitiu-o, e bem, aquando das eleições autárquicas, pois na sua mira esteve sempre, não a Câmara De Lisboa mas a cadeira de primeiro-ministro.

Fez exatamente como Durão Barroso quando se mudou rapidamente para a U.E. e se "esqueceu" que tinha sido eleito...
Enfim, nada conta para esta gente. É só verborreia e fingimento. A ambição pelo Poder fala mais alto do que o compromisso com o eleitorado a quem prometeram "mundos e fundos"!

Não. Não é assim que se faz Política, muito menos, que a credibilizam junto dos cidadãos

No caso de António Costa, a tese que ele apresentou da % eleitoral alcançada pelo seu partido é um falso motivo, um pretexto, uma simples artimanha para voltar a fazer o que sempre pretendeu.

A democracia dispensava estes golpes e estes tristes episódios cuja continuação a direita aguarda entusiasticamente.

Que novela!

Segundo o jornal i de hoje, no final do encontro deste sábado Costa e Seguro saíram com duas evidentes declarações de guerra.
Triste, muito triste.
Muita arrogância e falta de caráter.


Nazaré Oliveira

sábado, 24 de maio de 2014

Parlamento Europeu: Alterações previstas para 2014


 



As futuras eleições vão ter uma forma inédita, que gera grandes expectativas entre a opinião pública. Na vanguarda de todas as aspirações dos cidadãos está o lançamento de um verdadeiro debate transnacional.

 
A questão da distribuição de lugares no novo Parlamento Europeu, que deverá ser eleito em junho de 2014, decorre de uma disposição do Tratado de Lisboa – que previa uma redução do número total de lugares de 754 para 751 – e também da adesão da Croácia à UE. Os Estados-membros devem abrir espaço para os onze deputados croatas, e a única maneira é cedendo-lhes os lugares. Essa redistribuição vai ser eminentemente política ou o resultado de um cálculo puramente matemático?
Aritmética e equidade são duas coisas diferentes. Na gíria dos burocratas de Bruxelas, a equidade é apelidada de “proporcionalidade degressiva”, o que significa que os países pequenos em termos de população ficam com maior percentagem de parlamentares do que os grandes.
A proposta da Comissão para os Assuntos Constitucionais, que o Parlamento Europeu vai votar em meados de março, retira três lugares à Alemanha e um a outros doze países, sem tocar nos lugares dos restantes 15. O facto de a Alemanha, que tem uma posição dominante dentro da UE, ver a sua influência reduzida no Parlamento pode sugerir uma escolha política, mas a verdade é outra: o Tratado de Lisboa estipula que nenhum país pode ter mais de 96 lugares. A Alemanha, com 99, é uma anomalia.
Nenhum dos outros grandes países da UE – França, Grã-Bretanha, Itália, Espanha e Polónia – deve perder lugares no Parlamento. São os países mais pequenos que vão ter de disponibilizar um lugar cada. A Finlândia pode considerar-se satisfeita por infringir essa determinação: mantém os seus 13 deputados.
Uma eleição crucial em 2014
Alguns podem achar fútil perder muito tempo a discutir o número de lugares parlamentares atribuídos aos Estados-membros. Mas a questão é realmente importante, porque o Parlamento é o único órgão da UE eleito pelas populações; a sua influência é crescente e a eleição de 2014 vai ser absolutamente crucial.
É facto que as eleições europeias nunca entusiasmaram realmente os cidadãos em nenhum país, em particular as camadas jovens, em que apenas um em cada cinco se interessa por saber quem vai representar o seu país.
As sondagens revelam que a maioria dos cidadãos dos 27 Estados-membros continua convencida de que a sua voz não é tida em conta a nível europeu. Se, por um lado, os países no seu conjunto têm um conhecimento muito fraco do que se passa na UE, por outro, acreditam que o Parlamento é a instituição que melhor representa a União – o que está claramente relacionado com a forma de escrutínio.
Debate à escala europeia
Pela primeira vez, o presidente da Comissão Europeia vai ser eleito em função dos resultados eleitorais. Isto – tal como a possibilidade futura de votarmos em deputados que integrem listas comuns europeias – deverá incentivar um debate à escala europeia sobre o futuro da política da União. Até agora, apesar de terem pontos de vista diametralmente opostos, os diferentes grupos parlamentares nunca fizeram campanha eleitoral.
Ora os deputados votam cada vez mais em função da sua afiliação política e não da sua nacionalidade. Uma proposta mais ambiciosa propõe a escolha de todos os comissários entre os eleitos do Parlamento Europeu, para lhes dar maior legitimidade democrática.
As relações entre a Comissão e o Parlamento, no entanto, não são comparáveis às dos governos com os respetivos parlamentos nacionais. Uma ligação estreita faria da Comissão um governo europeu, aproximando um pouco mais a UE de um Estado federal. Mas, para já, o peso político a favor do reforço do federalismo ainda é fraco.

http://www.voxeurop.eu/pt/content/article/3538191-alteracoes-previstas-para-2014 








sábado, 17 de maio de 2014

Banco de Portugal compra mais um Mercedes





 Banco de Portugal compra mais um Mercedes:

Os luxos continuam lá para os lados do Banco de Portugal . Agora foi um Mercedes B 200 CDI pela módica quantia de 30.601,63 euros.