quinta-feira, 25 de julho de 2013

Não, o povo não é uma massa brutal e ignorante (Jacques Ranciére)




Não passa um dia sem que alguém decida denunciar os riscos do populismo. Não é por isso fácil identificar aquilo que a palavra designa. O que é um populista? Atráves de todas as flutuações do termo, o discurso dominante parece caracterizá-lo a partir de três traços essenciais: um estilo de interlocução dirigido directamente ao povo por cima dos seus representantes e notáveis; a afirmação de que os governos e as elites dirigentes cuidam melhor dos seus interesses do que a coisa pública; uma retórica identitária que exprime o medo e a rejeição dos estrangeiros.

É por isso claro que nenhuma necessidade liga estes três traços. Que existe uma entidade chamada povo, que é a fonte de todo o poder e o interlocutor prioritário do discurso político, era a convicção profunda dos oradores republicanos e socialistas de outrora. Não lhe é associada qualquer forma de sentimento racista ou xenófobo. Que os nossos políticos pensam mais nas suas carreiras do que no futuro dos seus concidadãos e que os nossos governos vivem em simbiose com os representantes dos grandes interesse financeiros, pode ser proclamado sem se ser necessariamente um demagogo. A mesma imprensa que denuncia as derivas «populistas» oferece-nos quotidianamente os testemunhos mais detalhados. Por sua vez, certos chefes de Estado e de governo ditos «populistas», como Sílvio Berlusconi ou Nicolás Sarkozy, estão longe de propagar a ideia «populista» que elites são corruptas. O termo «populismo» não serve por isso para caracterizar uma força política concreta. Não designa uma ideologia nem sequer um estilo político coerente. Serve simplesmente para desenhar a imagem de um certo povo.

Porque «o povo» não existe. Aquilo que existe são imagens diferentes, por vezes antagónicas, do povo, imagens construídas privilegiando certas formas de pertença, certos traços distintivos, certas capacidades ou incapacidades. A noção de populismo constrói um povo caracterizado pela atroz aliança entre uma capacidade - a potência bruta do grande número - e de uma incapacidade - a ignorância atribuída a esse mesmo grande número. Por isso, o terceiro traço, o racismo, é essencial. Trata-se de mostrar aos democratas, sempre suspeitos de ingenuidade «angelical», o que é na verdade o povo profundo: uma turba habitada por uma pulsão primária de rejeição que visa simultaneamente os governantes que declara traidores, incapaz de compreender a complexidade dos mecanismos políticos, e os estrangeiros que receia devido ao seu apego atávico a um quadro de vida ameaçado pela evolução demográfica, económica e social. A noção de populismo recoloca em cena uma imagem do povo elaborada no final do século XIX por pensadores como Hyppolite Taine e Gustave Le Bon, aterrados pela Comuna de Paris e pelo crescimento do movimento operário: a das massas ignorantes impressionadas pelas palavras sonantes dos «agitadores» e dadas à violência extrema pela circulação de rumores incontroláveis e de pânicos contagiosos.

Esses tumultos epidémicos das massas cegas manipuladas pelos líderes carismáticos estarão verdadeiramente na ordem do dia entre nós? Quaisquer que sejam os preconceitos expressos todos os dias relativamente aos imigrantes, e nomeadamente aos «jovens da periferia», eles não se traduzem em manifestações populares de massa. Aquilo a que hoje em dia chamamos racismo no nosso pais é essencialmente a conjunção de duas coisas. Por um lado, as formas de discriminação no emprego ou no local de residência que se exercem na perfeição dentro de gabinetes assépticos. Por outro, medidas de Estado que não resultam de todo de movimentos de massa: restrição à entrada no território, recusa de conceder documentos a gente que trabalha e paga impostos em França há anos, recusa do direito de cidadania a quem nasce dentro do país, dupla penalização, leis contra o foulard e a burqa, metas obrigatórias de deportação ou o desmantelamento de acampamentos de nómadas. Essas medidas têm como principal objectivo precarizar uma parte da população quanto aos seus direitos de trabalhadores ou de cidadãos, constituir uma população de trabalhadores que podem a qualquer momento ser reenviados para o seu destino e de franceses que não têm a certeza de o continuar a ser.

Essas medidas são apoiadas por uma campanha ideológica, justificando essa diminuição de direitos pela evidência de uma não-pertença aos traços característicos da identidade nacional. Mas não foram os «populistas» da Frente Nacional que desencadearem essa campanha. Foram os intelectuais, de esquerda ao que se diz, que encontraram o argumento imparável: essas pessoas não são verdadeiramente francesas porque não são laicas.

A recente «derrapagem» de Marine Le Pen é instrutiva a esse respeito. Não faz efectivamente senão condensar numa imagem concreta uma sequência discursiva (muçulmano = islamita = nazi) que se insinua um pouco por toda a prosa dita republicana. A extrema-direita «populista» não exprime uma paixão xenófoba específica que emana das profundezas do corpo popular; ela é um satélite que utiliza a seu favor as estratégias do Estado e as campanhas intelectuais mais sofisticadas. O Estado alimenta um permanente sentimento de insegurança que funde os riscos da crise e do desemprego com os do gelo na estrada ou os do ácido fórmico, para fazê-los culminar a todos na suprema ameaça do terrorismo islamita. A extrema-direita coloca as cores da carne e do sangue sob o retrato robô delineado pelas medidas ministeriais e pela prosa dos ideólogos.

Assim, nem os «populistas» nem o povo projectado pelas denunciações rituais do populismo correspondem verdadeiramente à sua definição. Mas isso pouco interessa aos que agitam o seu fantasma. O essencial, para esses, é amalgamar a própria ideia do povo democrático à imagem da turba perigosa. E de retirar daí a conclusão que todos nos devemos entregar a quem nos governa e que qualquer contestação da sua legitimidade e da sua integridade é a porta aberta ao totalitarismo. «Antes uma república das bananas do que uma França fascista», dizia um dos mais sinistros slogans anti-Le Pen em Abril de 2002. A actual campanha em torno dos perigos mortais do populismo procura converter em teoria a ideia de que não temos outra escolha.

 
 
Tirado daqui e traduzido por Ricardo Noronha in Unipoppers.
Uma versão inglesa para consultar sempre que houver dúvidas está disponível aqui.
 
 

domingo, 21 de julho de 2013

Mundial 2014 no Brasil

Uma jovem brasileira fez o vídeo que abaixo publico, no qual expõe as razões pelas quais considera que o MUNDIAL A REALIZAR NO SEU PAÍS EM 2014 não deveria ser feito.

É muito interessante esta análise: lúcida, pertinente, pragmática, realista, que pretende pôr as pessoas a refletir sobre o que é ou deve ser prioritário para um governo, para um país, quando se depara com a situação atual e que todos nós conhecemos.

Mas não é só ao governo que ela apela, claro, mas também e sobretudo à população e ao mundo.

De facto, quando  há milhares de cidadãos a necessitar de comida, cuidados de saúde primários, instrução básica, habitação digna, quando se assiste ao fosso cada vez maior entre ricos e pobres, entre os que sempre tudo tiveram e os que sempre trabalharam para assegurar uma subsistência de clara servidão e desumanidade, sem falar dos milhares de desempregados e famintos que caem nas malhas da criminalidade e do abandono porque negadas lhe continuam a ser sempre direitos fundamentais, eu também estou com esta jovem.

Há prioridades e, a principal, é combater a pobreza, seja ela qual for ou onde for, sem falar da maldita corrupção.

Não podemos aceitar que se mascare a realidade em nome de uma projeção turística feita à custa da mentira, da hipocrisia política e do sofrimento dos que há muito clamam por justiça social.

Nós, portugueses, bem a compreendemos, ou será que também já se esqueceram?



 

sábado, 20 de julho de 2013

Mensagem à Sr.ª Presidente da Assembleia da República



 
Sr.ª Presidente,

De facto os Senhores não foram “eleitos para ter medo”, para serem “coagidos”, e “provavelmente também” não foram “eleitos para não serem respeitados”. Foram eleitos para defenderem a Constituição, para que não volte a haver medo, para que ninguém se sinta coagido e para que haja respeito por todos. Infelizmente os Deputados da Assembleia da República não têm trabalhado pela população que os elegeu.
Gritar palavras como “Fascismo nunca mais!” não é desrespeitar, não é uma coacção e se a faz ter medo, é a Senhora que me está a amedrontar!
As galerias são de acesso público e os Senhores Deputados não podem esconder-se atrás de um edifício estatal, que é de todos e não de meia dúzia. Não é propriedade privada! É inadmissível a Senhora dizer que têm de se repensar as regras de acesso às galerias. O seu cargo não lhe dá o direito de instaurar este tipo de decisões completamente anti-democráticas.
Também a afirmação de Simone de Beauvoir SOBRE NAZIS é inadmissível nesta situação! “Não podemos permitir que os nossos carrascos nos criem maus costumes” nada tem a ver com os portugueses que protestam, longe dos verdugos nazis a quem se referia Beauvoir! É um escândalo!
Fascismo nunca mais! A Senhora não pode dizer o que disse, é muito grave, é abuso de poder e por isso respondo-lhe com as suas palavras: Faça o favor de sair! Como infelizmente a população portuguesa não a pode demitir, tenha a Senhora a decência de o fazer! Demita-se!
FASCISMO NUNCA MAIS!

 in http://5dias.wordpress.com/2013/07/11/mensagem-a-sr-a-presidente-da-assembleia-da-republica/



 De facto, ao ponto que se chega e o que se chega a dizer, Sra. Presidente da Assembleia da República!

Despedimentos na Função Pública...

Uma lição bem simples para os que ainda não compreenderam e viram a dura realidade em que nos meteram!
Política, económica e socialmente.





 

Sobre as recentes manifestações de rua no Brasil




Um artigo muito interessante sobre o que se passou e tem passado no Brasil. Texto integral retirado do blogue http://fabiopestanaramos.blogspot.pt/ (clicar nas fotos para as ampliar)






A mídia, os políticos, o Estado e as elites não entenderam ou fingem não entender o real significado das recentes manifestações iniciadas pelo estopim representado pelo aumento no valor das passagens púbicas.

Alguns sociólogos, a todo momento apresentados pelos meios de comunicação de massa como especialistas, ratificaram esta postura, afirmando que as manifestações foram motivadas pela melhoria no padrão de vida da população mais pobre e o surgimento de uma nova classe média.

Dentro desta concepção, o governo teria propiciado a ascensão de milhares de indivíduos a um novo patamar de consumo e, então, agora esta seria uma nova etapa pedindo mais (escola, saúde, etc).

Outros, ainda no dia de hoje, dizem que tudo acabou, pois as reivindicações do “movimento passe livre” já foram atendidas, sendo revogado o aumento no valor das passagens nos transportes públicos.

Algumas emissoras de TV continuam a alardear que os casos de violência foram apenas atos de vandalismo.

O mesmo tipo de discurso construído durante outros momentos históricos em outros espaços, tal como pelo Antigo Regime (a nobreza) quando aconteceu a Revolução Francesa.

Vãs tentativas de ludibriar a população, as manifestações não tem liderança, representam um sentimento popular de revolta contra as mazelas brasileiras, por isto estão ganhando cada vez mais força e mais adeptos pelo Brasil inteiro, tornando-se mais violentas.

 As reais causas dos protestos.

Vivemos em um país onde a desigualdade social é histórica e perdura há séculos, onde as elites ludibriam as massas com circo e nem sempre pão, contemporaneamente manipulando a opinião publica através do controle dos meios de comunicação.

Por esta razão, as elites e seus representantes, ainda não entenderam ou fingem não entender que o aumento no valor da passagem nos transportes públicos foi só o estopim, a gota da água que faltava para a passividade do brasileiro transbordar.

A despeito das manifestações serem compostas principalmente por jovens, o motivo da revolta envolve as mazelas que indignaram a população de todas as faixas etárias e segmentos sociais, excetuando é claro os beneficiados pelas falcatruas.

As elites pensaram que oferecendo o circo simbolizado por copa do mundo e olimpíadas a massa iria se conformar com a pobreza e a exploração.

Foram os romanos que inventaram a clássica formula: basta oferecer aos plebeus pão, o mínimo necessário para que não morram de fome, e circo, a luta de gladiadores onde o povo podia extravasar e canalizar a agressividade causada pela revolta de ser miserável; para controlar e manobrar a população para que as elites continuem no poder se beneficiando deste poder para ficar mais ricas.

A formula é antiga e, no Brasil, a massa parece que finalmente entendeu que estava sendo manipulada, ludibriada na cara dura.

Esta manipulação deslavada é uma das causas que geraram as manifestações e que, a medida que sofrem a repressão do braço armado do Estado e das elites (a policia) tendem a se intensificar e tornarem-se mais violentas.

Também é muito antigo a máxima que diz que violência gera violência, o que vale também para a repressão policial violenta do Estado perante manifestações que reivindicam causas justas e acumuladas durante séculos no Brasil.

Desde o inicio deste país o contraste social é um problema, existe um imenso abismo entre pobres e ricos, mesmo a classe média na realidade também esta inserida neste contexto.

Qual outro país do mundo divide a classe média entre baixa, média e alta?

Somente no Brasil, justamente por que o que existe aqui é uma maioria absoluta de pobres contraposta a uma minoria de ricos que só são ricos porque tiram do resto da população a parcela que lhes cabe da riqueza nacional.

Este abismo entre ricos e pobres é que tem motivado os saques durante as manifestações, visto que miseráveis, que não tem condições de consumir eletrodomésticos e outros bens de consumo, percebem no tumulto a oportunidade de ter aquele objeto do desejo tão almejado de forma rápida e fácil.

Na mente destes a ocasião faz o ladrão, diante de um contexto em que a justiça, o poder público, não pune aqueles que roubaram milhões ou bilhões do próprio povo.

Mesmo quando a justiça condena estes corruptos e corruptores, mediante a pressão popular, a punição é branda ou nunca chega, muitos são até mesmo reconduzidos ao poder para continuar praticando as mesmas mazelas pelas quais foram condenados.

As leis são feitas pelas elites para elites, com brechas que somente podem ser exploradas por aqueles que controlam a máquina judiciária.

Ocorre que os valores roubados pelos corruptos fazem parte do dinheiro publico, originado a partir dos elevados impostos.

Estes impostos que extorquem a população são um dos mais elevados do mundo se não os mais elevados.

No entanto, muito pouco do dinheiro pago em impostos retorna em benefícios para quem pagou, escorre quase tudo pelos diversos buracos representados pela corrupção e elevados gastos do poder publico para manter a própria máquina do Estado, principalmente com salários de marajá.

Gerando mais cobranças indevidas que extorquem o povo e reduzem o poder de consumo, empobrecendo ainda mais os pobres.

No sistema Ecovias, por exemplo, formado pela Anchieta e Imigrantes, o usuário, o trabalhador que já paga IPVA e outros impostos que deveriam ser dirigidos à manutenção de um sistema viário de primeiro mundo, são obrigados a pagar 21,20 reais para transitar por uma via pública.

O trabalhador que mora na Grande São Paulo e trabalha no litoral, é forçado a gastar 42,40 reis diariamente, ao passo que já paga impostos justamente para poder ter seu direito de ir e vir do trabalho garantido.

Durante o período eleitoral, todos os partidos políticos sem exceção se valem de discursos demagógicos e inflamados a fim de captar atenção, argumentam a respeito das varias soluções para os problemas que envolvem a sociedade, tais como educação, saúde, segurança, habitação e tantos outros.

O fato é que, depois que ocupam as posições almejadas, tornam-se negligentes a respeito das necessidades de quem os elegeu, necessidades essas que os fez chegar ao poder, e dessa forma começam a praticar um tipo de violência, uma violência que explora, que oprime e que nega direitos.

Os movimentos sociais sempre atuaram de forma fragmentada para a cobrança e respostas de suas reinvindicações, ou seja, cada um defendendo a sua causa estando alheio a tantas outras. O que possibilita a classe politica se valer do artificio de não atender a todos os setores da sociedade, fingindo atender, satisfazendo apenas os interesses das elites.

Podemos dizer então que a massa popular, que sai às ruas, trata-se da unificação destes vários movimentos sociais, que saíram do discurso e da diplomacia para uma ação mais objetiva?

Não, a massa que protesta não representa nenhum partido, nem no sentido de senso comum, tampouco no weberiano.

A massa não tem cara, faz-se notar por constituir um aglomerado de indivíduos encurralando pelo Estado e pelas elites contra a parede, que passou a exigir o que lhe é de direito.

As cenas de vandalismo, tão enfatizadas pela mídia elitista, nada mais são que a violência retribuída, ou melhor, devolvida para os símbolos de poder opressor, prefeituras, câmaras, congresso nacional e até mesmo bancos e tudo aquilo que representa a exclusão social.

Em suma, o Estado e as demais formas de poder e opressão se acostumaram a violentar o povo todos os dias durante anos, logo é totalmente plausível o descontrole e a fúria do povo, que tem sede de destruição de tudo aquilo que nunca os representou.

Quem são os manifestantes.

Observando a massa de manifestantes em todos os pontos do país, salta aos olhos a quantidade expressiva de jovens, estudantes e trabalhadores na faixa dos 16 aos 20 e poucos anos.

Mas porque os jovens, justamente aqueles com perspectivas de futuro mais nebuloso e mais distante, iniciaram as manifestações?

O inconformismo é natural da idade, mas é a ausência da possibilidade de um futuro melhor em longo prazo a motivação principal.

Ao mesmo tempo, a juventude está há alguns anos diante de novos valores éticos cultivados por um grupo pequeno e heroico de professores, que continuam na profissão por puro idealismo, visto a desvalorização e desrespeito para com a categoria por parte do Estado.

As elites sempre manipularam a educação para deixar a população alienada, sucateando a educação publica básica e confundindo os pais, forçando a procurarem o ensino privado pensando falsamente em oferecer aos filhos conteúdo de qualidade, quando na realidade também este setor foi segmentado para atender de forma dualista ricos e pobres através da legislação educacional.

Althusser ressaltou que existem mecanismo de controle social desenvolvidos pelas elites capitalistas para ludibriar as massas, dentre os quais os Aparelhos de Ideológicos de Estado, tal como a escola, montada para convencer as pessoas de que a culpa pela pobreza é delas próprias.

Apesar disto, lutando contra as engrenagens da máquina do Estado elitista neoliberal, professores tomaram como sua missão de vida abrir os olhos das gerações futuras, fazendo um trabalho de formiguinha que agora aparece, depois de anos, materializado na figura dos jovens que manifestam a insatisfação apartidária.

A ideologia destes jovens é simplesmente o ideal ético de busca da felicidade coletiva, de ver a verdadeira justiça acontecer, aquela que faz um sujeito querer para os demais o que quer para si mesmo.

Não são desocupados, vagabundos ou baderneiros que estão se manifestando, são sim jovens trabalhadores que buscam um futuro melhor para todos, pois os atos começam apenas depois do expediente de trabalho.

Tantas manifestações realizadas durantes mais de cinco horas cada uma, exige muita disposição física e mental, o que não significa que somente os jovens são aptos a elas, mesmo por que a classe trabalhadora mais madura se faz presente e de forma igualmente eficiente. O que explica os horários de encontro das manifestações que começa variavelmente às 17 horas.

O papel das redes sociais provou ser uma das principais ferramentas de mobilização e alcance social da juventude, refletindo um pouco mais a utilização da internet tornou-se mais legitimo e digno do que a comunicação das outras mídias de massa, sejam elas televisiva, impressa ou radialista, que em grande parte trata os protesto como uma espécie de “doença civil” ou estado de anomia, conforme o modelo teórico de Durkheim.

A doença esta presente entre as elites e segmentos que continuam sendo manipulados, dentre os quais aquele que em nome da religião e de um Deus de amor, pregam a intolerância a orientação sexual.

A massa que manifesta é contra, justamente, os rótulos colocados pelas elites nas pessoas, rótulos que desrespeitam a vontade de cada um e o que faz cada individuo feliz sem ferir de forma alguma o espaço ou a busca da felicidade do outro.

A juventude respeita a diversidade e entende que é salutar a convivência entre diferentes, caso contrário caminharíamos novamente para trás, veríamos Estados totalitários de direita renascendo, tal como o nazismo hitlerista.

Concluindo.

Em meio às manifestações as autoridades se calam, nada dizem e somente jogam a policia, a tropa de choque com balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio, para reprimir a massa.

Os meios de comunicação de massa fingem não entender o que acontece ou usam de sensacionalismo, gerando a irá de manifestantes que queimam automóveis de emissoras de TV em demonstração da insatisfação com a maquiagem fantasiosa que marra os fatos de forma distorcida.

Esperemos que a juventude que tomou a frente nas recentes manifestações contra as mazelas do Brasil mude a cara deste país.

A massa amorfa finalmente acordou e ganhou vida como um corpo único e orgânico, apartidário e sem liderança, mas com uma ideologia que prima pela ética e representa todo o povo brasileiro.

Para saber mais sobre o assunto.
 
Saia às ruas, acompanhe as manifestações e participe.

Ajude a mudar o Brasil.




Nota:
texto integral da autoria de Fábio Pestana e Eliane Santos Moreira, no blogue supracitado.


 

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Recados para o governo enviados por Boaventura Sousa Santos



5 postais (recados) para o governo, de um homem que não precisa de apresentação!
Completamente de acordo, e vocês?
Aqui ficam, porque a memória e a vista de muitos... é curta!






 
 

sábado, 13 de julho de 2013

Malala Yousafzai




A jovem paquistanesa que foi atacada pelos taliban fez nesta sexta-feira na sede da ONU um discurso apelando ao acesso à educação para todas as crianças.

A jovem paquistanesa Malala Yousafzai - que se tornou um símbolo da resistência contra os taliban após sobreviver a um ataque em Outubro do ano passado, quando foi baleada na cabeça no regresso da escola - fez um vibrante apelo na sede da ONU à educação para todos e à tolerância.
 
Lembrando o ataque que sofreu - os taliban “pensavam que uma bala nos reduziria ao silêncio mas falharam”, e “do silêncio saíram milhares de vozes” -, Malala fez um discurso vibrante.

“Hoje não é o dia de Malala, é o dia de todas as mulheres, de todos os rapazes e de todas as raparigas que levantaram a voz para defender os seus direitos”, disse ela perante centenas de estudantes de muitas origens numa Assembleia de Jovens e no mesmo dia em que celebrou o 16.º aniversário.

“Não estou aqui para falar de vingança pessoal contra os taliban, (...) estou aqui para defender o direito à educação para todas as crianças”, disse.
“Um aluno, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A educação é a única solução. Educação primeiro.”

Reclamando a herança de Gandhi, Nelson Mandela e de Martin Luther King, afirmou ainda que os “extremistas fazem um mau uso do islão (...) para seu benefício pessoal, ao passo que o islão é uma religião de paz e de fraternidade”.

Malala falou ainda da importância de se combater o analfabetismo, pobreza e o terrorismo, acrescentando que “os nossos livros e os nossos lápis são as nossas [das crianças] melhores armas”, apelando ainda aos “dirigentes mundiais para mudarem de estratégia política, para promoverem a paz e a prosperidade”.

No final foi longamente aplaudida pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pelo antigo primeiro-ministro britânico Gordon Brown, enviado especial da ONU para a educação, e pelas centenas de jovens presentes na sala.

Brown considerou-a “a rapariga mais corajosa do mundo”, enquanto Ban Ki-moon a apelidou de “nossa heroína, nossa campeã”.

O secretário-geral da ONU felicitou-a pela sua “mensagem forte de esperança e de dignidade” e lembrou que mais de 57 milhões de crianças em todo o mundo não tinham acesso à escola primária.

“A maior parte são raparigas e a maioria vive em país em conflito.”