quinta-feira, 26 de julho de 2012

Que se lixem eles!





O Senhor Professor José Adelino Maltez, que muito prezo e admiro, hoje, na sua página do FB, escreveu: “Confirmo que a guerra de invejas constitui a principal energia social dos nossos ciclos de decadência e de sucessivas quedas dos anjos, esses hábeis navegadores pelos interstícios do poder, na partidocracia, no negocismo e nos grandes lugares do Estado. Seria melhor que surgisse um novo paradigma de servidor público, um novo modelo de bom deputado, um novo conceito de ministro de Estado, com menos imagem, menos sondagem e menos sacanagem, mas também com menos soberba de intelectuário e mais verdade”.

Palavras que subscrevo inteiramente.

Estou farta de pseudo democratas, de pseudo intelectuais, de pseudo políticos, de pseudo revolucionários, de pseudo ministros, de pseudo primeiro ministros, de pseudo presidentes da República, de pseudo professores, de pseudo sindicalistas, de pseudo ativistas, de pseudo cidadãos, de falsários, ordinários e outros vigários.

De fascistas e ditadores disfarçados, de jogos debaixo da mesa, de promiscuidade institucional e de povo manso, humilde e obediente para o qual falar de luta quase ou nada vale, adormecido que está por uma apatia e estranho torpor que em tudo envergonharia (e envergonha) os que lutaram contra o Feudalismo, o Absolutismo, a Escravatura, o Imperialismo, o Colonialismo, o Nazismo, a Segregação racial, a Igualdade de todos perante a lei e a defesa dos mais elementares direitos conseguidos com tanta luta e determinação ao longo dos séculos por tanta gente que até com a própria vida essas conquistas pagaram. Para nós.

Utopia? Qual utopia? Se assim fosse, jamais teríamos essa gente que ao longo da História nos legou essa herança fabulosa de um caminho traçado em prol de uma Política e de políticas que sirvam com lealdade e exemplaridade os governados e não que deles se sirvam para a usurpação descarada do Poder, como acontece na atualidade.

Não deixem morrer a luta! Não deixem de se indignar! Não consintam mais a manipulação obscena de quem se autopromove pela demagogia, ignorância e populismo encartado.


Nazaré Oliveira

sábado, 21 de julho de 2012

Now We Are Free

De um dos filmes mais fantásticos que vi, neste caso, sobre Roma Antiga - "O Gladiador".
Excelente em tudo!
Que atores! Que música! Que qualidade! Que obra! 


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Eles não sabem, nem pensam, nem sentem

Hoje, nas minhas leituras pela imprensa e blogues que sigo, com a devida vénia, aqui publico o excecional texto do Mainstreet, sobre “o caso D. Januário Torgal Ferreira” e que, curiosamente, converge para a mesma linha de pensamento do meu artigo que publiquei dia 17 deste mês:



As reações de ministros, de homens do aparelho partidário do PSD e do CDS e, em particular, do ministro da defesa, Aguiar Branco, denotam um mal-estar impressionante.
Hoje, em declarações ao jornal i, D. Januário Torgal Ferreira, Major General da FFAA'S, responde de modo arrasador ao ministro, afirmações que pode confirmar aqui.

D. Januário é um homem da igreja católica, é um homem da filosofia, conhece os clássicos e sabe bem o que significa a ética, aparentemente dicotómica de Max Weber, da responsabilidade e da convicção.
No caso vertente, o Bispo das FFAA's arrima-se à da responsabilidade para afirmar isto:

“Não estou preocupado. Ele não é meu superior, não é meu ministro.” É a resposta de D. Januário Torgal ao ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, que ontem o desafiou a escolher entre “ser bispo das Forças Armadas e ser comentador político”.
Ao i, D. Januário contrapõe: “Um bispo não tem que escolher entre a sua função de membro da Igreja ou de comentador político. Um bispo tem de falar de tudo, é sua obrigação interceder pelos mais frágeis. Se isso é ser comentador político, que seja”.

Já o meu amigo e apreciado comentador JAM escreve texto seminal sobre a postura de D. Januário:
"D. Januário, visto por Aristóteles: a voz do homem não se reduz a um conjunto de sons. Não é apenas simples voz (phone), não lhe serve apenas para indicar a alegria e a dor, como acontece, aliás, nos outros animais, dado que é também uma forma de poder comunicar um discurso (logos). Graças a ela o homem exprime não só o útil e o prejudicial, como também o justo e o injusto. Como dizia Fénelon, "em Atenas tudo dependia do povo e o povo dependia da palavra". Nesta democracia também. Obrigado D. Januário, pela palavra, a que apenas se pode responder com outra palavra. Para podermos continuar a ser animais políticos, isto é, animais de discurso, que, muito simplesmente, significa razão."

Sobre a postura de D. Januário Torgal Ferreira, a propósito do que este disse sobre o estado a que o governo se deixou levar e o seu modus operandi, vale a pena ler as declarações do Professor (e Politólogo) José Adelino Maltez:

"D. Januário, de Janus (o deus bifronte, que olha para o passado e para o futuro, na imagem), o que abre portas, tem de optar entre ser bispo das forças armadas e comentador político, acabou de dizer o Ministro da Defesa, em comentário político. O porta-voz do CDS para a área acaba também de dizer que o ministro tutela e é superior hierárquico do senhor bispo. Vale-nos que o comandante chefe das forças armadas é professor da Universidade Católica e ainda não disse nada."
Quase como nota de rodapé, uma pequena súmula biográfica do homem que foi escolhido pelo Bispo do Porto (que esteve "exilado" em Roma por vontade de Salazar), para seu Chefe de Gabinete:

"(...) Alguns anos mais tarde, regressou a França para frequentar um curso de Pós-graduação em Paris-Nanterre (1977-1979), sob a direcção de Paul Ricoeur. De seguida, deu início à elaboração da sua dissertação de doutoramento em Filosofia, a qual veio a abandonar após a morte dos pais (a mãe faleceu em 1980 e o pai em 1983). Foi Reitor da Igreja de S. José das Taipas, no Porto, participou no Centro Diocesano de Preparação para o Matrimónio, foi Director do Secretariado para a Pastoral Familiar e da Pastoral Universitária e foi membro, a pedido do Prof. Daniel Serrão, da Comissão de Ética do Hospital de S. João. No decurso da sua carreira de docente universitário, entre 1970 e 1989, trabalhou como Professor Assistente na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde ministrou as disciplinas de Introdução à Filosofia, Axiologia e Ética, História da Cultura Clássica, História da Filosofia Antiga, Introdução às Ciências do Homem, Introdução à Psicologia (no Curso de Pós-graduação em Ciências Pedagógicas), Técnicas e Métodos de Investigação em Filosofia, Temas da Filosofia Contemporânea e Medieval e Hermenêutica do Texto Filosófico. Paralelamente, leccionou as disciplinas de Introdução à Psicologia e de História da Cultura na Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti (1970), também no Porto; regeu o seminário "Introdução às Ciências do Homem", na Universidade de Aveiro (1977) e leccionou no Instituto de Estudos Teológicos (1980), mais tarde transitando para o Curso de Teologia da Universidade Católica, no pólo do Porto. Em Abril de 1989, ao ingressar no Ordinariato Castrense como Bispo Auxiliar das Forças Armadas e de Segurança, abandonou a docência e a investigação científica. Nesse ano tornou-se Vigário-geral Castrense e Capelão-Mor das Forças Armadas, recebendo a patente de Brigadeiro e, mais tarde, de Major-General. De 1993 a 1999 foi porta-voz e secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, tendo estado em Oslo, em 1996, nessa qualidade, aquando da atribuição do Prémio Nobel da Paz a D. Ximenes Belo e a Ramos Horta. Em 2001 foi nomeado Ordinário Castrense, ou seja, Bispo das Forças Armadas e de Segurança, e, simultaneamente, Presidente da Comissão Episcopal das Migrações e Turismo e da Pax Christi, movimento católico internacional. A 24 de Junho de 2008 foi distinguido pelo Chefe de Estado-Maior do Exército, General José Luís Pinto Ramalho, com a Medalha D. Afonso Henriques, Mérito do Exército, 1ª classe. Januário Torgal Ferreira editou trabalhos de investigação em publicações periódicas, colabora nas enciclopédias Luso-brasileira e Logos e é comentador da rádio TSF."



Uma nota pessoal:

Num governo, em governos, em secretarias de estado, em empresas públicas, em gestores públicos, ministros, secretários de estado, assessores, secretárias... com "tantos e tão bons curriculum vitae e tantas e boas formações académicas", muitos deles sem nunca terem trabalhado em lado nenhum, a não ser lá, "nos gabinetes", realmente, é mais um caso para pensar nesta arrogância não só política como, também, intelectual, que tem governado a plebe!

Nelson Mandela - os caminhos da liberdade


Nelson Mandela - Os caminhos da liberdade: excelente reportagem de uma equipa da RTP encabeçada pelo jornalista António Mateus. No dia em que Nelson Mandela - um dos maiores ícones universais do nosso tempo - festeja 94 anos vale a pena recordar a evolução da África do Sul desde os dias de chumbo do regime racista de P. W. Botha até à actualidade.

António Mateus - que conhece bem a África do Sul, onde foi correspondente durante largos anos - recolhe os testemunhos de dois obreiros desta admirável transformação do mais próspero país do continente africano, anteriormente banido da comunidade internacional, num exemplo de multirracialismo, democracia e liberdade: Desmond Tutu e Frederik de Klerk. Ambos galardoados com o Nobel da Paz - o primeiro em 1984, pelo seu corajoso combate aos esbirros do apartheid, o segundo dez anos depois (em parceria com Mandela) por ter liderado enquanto chefe do Estado o processo de transição, que atingiu um dos seus momentos culminantes na hora da libertação do histórico líder do Congresso Nacional Africano, em Fevereiro de 1990, acompanhada com emoção em todo o mundo.

De Klerk, num depoimento emocionado, diz uma frase carregada de sabedoria: «Não devemos deixar que o futuro seja minado pelas amarguras do passado.»

Os cínicos de serviço, que lançaram os maiores anátemas à Primavera árabe iniciada em 2011 - e já traduzida em eleições na Tunísia, no Egipto e na Líbia - deviam ver com atenção esta reportagem.

Fazia-lhes bem.


in http://forteapache.blogs.sapo.pt/

terça-feira, 17 de julho de 2012

D. Januário Torgal Ferreira e os anjinhos



Defendo uma sociedade laica mas considero que a Igreja de Pedro (apóstolo), a Igreja que Jesus Cristo pretendeu e pretende, é aquela que, inequivocamente, deve estar ao lado dos pobres, dos explorados, dos humilhados, dos injustiçados, coisa que nem sempre vejo de forma clara, tal o pecado por omissão que tanto critico em certos membros da Igreja, sobretudo da Católica, mais temente aos homens do que a Deus, mais voltada para a teatralização e mediatização da fé do que para a verdadeira espiritualidade e cumprimento dos mandamentos que tanto propagandeia mas deveria interiorizar, deles sendo o principal exemplo.

Já lá vai o tempo em que o poder espiritual subordinava a si tudo e todos, e em que esse mesmo poder, omnipotente e omnipresente governava "a bem da nação", como aconteceu no Estado Novo, numa promíscua e aterradora ligação com o governo de Salazar-Caetano, e até, com Franco, Hitler ou Mussolini.

Mas é óbvia a importância que tiveram e têm homens (e mulheres) ligados a esta Igreja, como foi o caso de D. António Ferreira Gomes e tem sido o de D. Manuel Martins e de D. Januário Torgal Ferreira que, em nome do povo e em nome de valores que a todo o custo alguns querem varrer, vêm, destemidamente, num Portugal cada vez mais amordaçado, pôr-se ao lado da realidade que quem manda quer impingir, quando essa realidade é feita de mentira e de inverdades e que, por isso mesmo, denunciadas devem ser.
Aliás, em democracia, chega a ser crime não o fazer em nome da justiça e igualdade de todos perante a lei, pois é inadmissível o que, à custa do “25 de Abril” e do voto popular muitos têm galgado, pondo-se a salvo do atoleiro e da pouca-vergonha em que nos meteram e querem continuar a meter, completamente protegidos pelas leis que fazem (ou não fazem) e pelas impunidades políticas que os seus “cargos” lhe permitem.

É um imperativo moral fazer isto! Um dever cívico!

Pena é que a Igreja Católica, do seu púlpito, quer no Vaticano quer numa qualquer povoação de um qualquer lugar o faça, seja que membro for ou que funções ocupem, até mesmo os leigos e, particularmente, os que se dizem “praticantes-militantes”.
Incrível esta acomodação aos cargos e aos “lugarzinhos marcados”!
Relendo Eça de Queirós, sempre com uma inteligência e perspicácia fabulosas, de facto, mais uma vez concluo quão lentos temos sido ou andado há tantos séculos em matéria de intervenção e exigência cívica, política e governativa!

Em 1867, no “Distrito de Évora “dizia:

Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações. A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. À escalada sobe todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espetáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.

D. Januário Torgal Ferreira, o bispo das Forças Armadas, diz que há «diabinhos negros» no atual Governo, dizendo que “Há jogos atrás da cortina, habilidades e corrupção. Este Governo é profundamente corrupto nestas atitudes a que estamos a assistir", frisou, acrescentando: "Nós estamos numa peregrinação em direção a Bruxelas e quando tudo estiver pago daqui de Portugal sai uma procissão de mascarados a dizer: vamos para um asilo, salvem-nos".

Mas, D. Januário, se me permite, se estes são negros, os outros negros foram, pois, como todos sabemos e por aquilo que nos provocaram, nenhum deles tem desculpa pelo que fez ou permitiu que se fizesse!

O registo crítico relativamente ao Governo não é uma novidade, mas os termos utilizados por D. Januário Torgal Ferreira nunca tinham sido tão fortes.
Na última noite, o bispo das Forças Armadas disse que por comparação com alguns dos atuais membros do Governo, os anteriores eram uns «anjos ao pé destes diabinhos negros que acabam de aparecer».
Há alguns meses, este bispo já tinha comparado Pedro Passos Coelho a Salazar.
Contactada pela TSF, fonte do executivo disse que as palavras do bispo não mereceram qualquer tipo de reação.

"O problema é civilizacional, porque é ético. Eu não acredito nestes tipos, em alguns destes tipos, porque são equívocos, porque lutam pelos seus interesses, porque têm o seu gangue, porque têm o seu clube, porque pressionam a comunicação social, o que significa que os anteriores, que foram tão atacados, eram uns anjos ao pé destes diabinhos negros que acabam de aparecer", frisou no programa Política Mesmo da TVI 24horas.


D. Januário tem sido uma voz ao lado da razão. Diferente, pela positiva, desassombrada, corajosa.

Espero que o continuem a deixar falar e que as suas palavras continuem a ser um alerta para o nosso povo, tão revoltado mas tão manso e tão apático.

De boas intenções e de diabinhos destes está o inferno cheio! Bem cheio!


nazaré oliveira


O direito ao delírio

A utopia é como o horizonte:
vemo-lo ao longe, nunca o alcançaremos, mas serve para que continuemos sempre a caminhar.

Smoke gets in your eyes

Uma cantora que sempre adorei ouvir! Patti Austin.
Aqui, num dos muitos e belíssimos trabalhos que tem. 
Simplesmente... fantástica!