sexta-feira, 6 de julho de 2012

O nascimento do Homem



Atualizadíssimo e rigorosíssimo, proporcionando uma informação completa, apoiada numa vasta e muito bem selecionada bibliografia, suscitador de outras reflexões e aprofundamentos, este livro é, teria de ser por isto mesmo, tão bem escrito, tão fluente, o autor tão entusiasmado com o seu tema, que se lê com o interesse, com o prazer dum romance.
A partir das mais recentes descobertas dos especialistas, Robert Clarke traça a história, admirável, e não raro comovente, do desenvolvimento da Humanidade.
A emergência da linguagem, a invenção dos utensílios, a criação de culturas, fundam esse desenvolvimento pautado pelo advento do fogo, da arte, da agricultura, da metalurgia, da arquitectura e da escrita.

Ed. Gradiva

A liberdade de expressão na Internet

Numa altura em que cada vez mais se reconhece a importância que as redes sociais têm tido na tomada de poder dos povos, dos trabalhadores, dos jovens, das mulheres... junto dos governos opressivos, dos regimes ditatoriais e da luta pelos Direitos Humanos (e Direitos dos Animais não humanos!), é de louvar e era de esperar que a ONU tomasse a posição de defender a liberdade no mundo digital, imprescindível, nos dias de hoje, para a cidadania ativa tão necessária e tão urgente seja em que parte do mundo for.


Assim, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou ontem uma resolução em defesa da liberdade de expressão na Internet, uma decisão que já foi considerada histórica e que surge numa altura em que vários países têm aumentado esforços para limitar o acesso à informação e fechar os meios de comunicação de ativistas contrários aos seus regimes políticos.
Esta é a primeira vez que o Conselho aprova uma resolução na qual os direitos humanos no mundo digital devem ser protegidos e promovidos na mesma extensão e com o mesmo empenho que no mundo físico, embora a União Internacional das Telecomunicações – outro organismo da ONU – já defenda o princípio desde 2003.
O papel que as redes sociais tiveram na chamada Primavera Árabe, mobilizando a população e disseminando informação que outros meios de comunicação tradicional ocultavam, foi uma das bases para o debate, mas outros exemplos, como China e Cuba foram utilizados.
A decisão de proteger a liberdade de expressão foi consensual, assim como a proteção do acesso à Internet. A declaração do conselho reconhece que “a natureza global e aberta da Internet é uma força motriz que acelera o progresso e o desenvolvimento”.
Já no início do ano alguns membros do conselho tinham sugerido, na primeira sessão dedicada ao tema na ONU, que o Conselho adotasse uma resolução no sentido de defender a liberdade de expressão na Internet, lembrando que mais de 40 países têm em vigor sanções, um número que aumentou consideravelmente face aos últimos anos.

Se não fossem as redes sociais, sobretudo, a facilidade que os blogues e o facebook nos têm dado para partilhar informação, esclarecer, ensinar, alertar... muita da realidade e da verdade jamais chegaria a todos, destacando-se aqui a importância das mesmas para o esclarecimento da Política, da Economia e da forma como os governates agem, tantas vezes ao arrepio das decisões constitucionalmete adquiridas e legitimadas pelo sufrágio popular e pela decisão soberana da maioria.

Mesmo sabendo que o que sabemos constitui a ponta do iceberg, é inegável o contributo da Internet para o derrube dos ditadores e para a tomada de posição popular face às injustiças e face aos atentados contra a democracia e os Direitos Humanos.

A luta continua mas, com a liberdade que a Internet nos dá de mobilizar e esclarecer, seguramente, tornar-se-á e tem-se tornado muito mais fácil agir e, sobretudo, agir prontamente e com conhecimento de causa.

Excelente notícia, esta, pela manhã!

Nazaré Oliveira

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Vale tudo em nome da troika

Famílias sobre-endividadas recorrem cada vez mais à DECO



Segundo o Diário Digital de hoje, 86 pessoas por dia pedem ajuda à DECO por não conseguirem pagar contas. Esta organização foi contatada por cerca de 15.700 portugueses no primeiro semestre deste ano, muitos dos quais funcionários públicos e reformados que não conseguem pagar as suas contas.

E se pensarmos nos pobres e aflitos que, envergonhados, não dizem nada a ninguém e até fingem que mal não estão, escondendo o drama terrível em que se encontram, sem dinheiro que chegue para pagar dívidas  que, naturalmente, esperavam poder atenuar com o subsídio de férias, escandalosamente retirado sem dó nem piedade?

Escondem dos filhos, da família, dos amigos e dos colegas mais próximos, a falta de bens essenciais e a sua incapacidade para fazer face ao dia-a-dia. Sorriem para não chorar e passam uma imagem que publicamente os proteja de um sofrimento que, solitariamente, arrastam pelos quatro cantos da casa ou, quando ganham coragem, levam até à DECO ou até um qualquer amigo a quem confidenciam a sua angústia, amargura e desespero. 

Mas a vida é cruel, muito cruel, tendo sido aos mais pobres e de mais parcos recursos que as medidas de austeridade mais dramaticamente sorveram alguma da sua pouca tranquilidade, levando-lhes subsídios e direitos legitimamente e constitucionalmente adquiridos, com os quais contavam, não para férias nas Caraíbas ou afins, carros ou carrões, roupas ou SPAs mas, simplesmente, para reorganizar e tentar equilibrar orçamentos familiares já de si tão apertados, particularmente entre os funcionários públicos e reformados, cujos rendimentos diminuíram substancialmente devido a esses cortes, a esses roubos legalizados.

Segundo a coordenadora do Gabinete de Apoio aos Sobreendividados (GAS), Natália Nunes, em declarações à RR, o número de sobreendividados aumentou 50% em relação a igual período do ano passado, salientando que cada vez mais é o crédito pessoal que contribui para desestabilizar as contas: «45% de todo o crédito que renegociamos é crédito pessoal, daí o peso que este tem no seio do orçamento das famílias», afirmou.

Em dois anos, mais do que duplicaram os pedidos de ajuda. No entanto, numa ofensiva cada vez mais imoral e sem limites, o governo fala de austeridade, de necessidade de austeridade, de valores a atingir, de metas da troika para cumprir, cada vez mais de austeridade, de pesada e discutível austeridade, "sem limites", "a torto e a direito", esquecendo que aos poucos vai matando quem a custo sempre sobreviveu e que, agora, inevitavelmente, sucumbirá face às investidas de políticos e de políticas desumanas e de um capitalismo selvagem que tem feito das nossas vidas um inferno mas das vidas de certos lordes um paraíso.

Há quem mate sem parecer que o faz. Há quem viva morrendo.


Nazaré Oliveira

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O Regime pós-democrático que se avizinha: a Indiferenciatura


Achei que este artigo levava (e leva!) a uma séria reflexão.
Aqui fica.

 Manuel Villaverde Cabral (http://historico.ensino.eu)

Manuel Villaverde Cabral (http://historico.ensino.eu)

Num dos debates organizados pelo MIL e pela PODe o sociólogo Manuel Villaverde Cabral defendeu a tese de que “a economia funcional é incompatível com a democracia”. Isso explicaria porque é que alguns dos países que exibem hoje condições económicas mais prósperas são precisamente aqueles onde o sistema democrático é mais aparente ou disfuncional: China, Vietname, Angola, Rússia, entre outros… Tudo se passa como se fosse impossível viver em democracia, ter direitos cívicos e sociais e conciliar tal liberdade com o desenvolvimento económico.

Esta aparente incompatibilidade resultaria da “necessidade” de conceder direitos cívicos, democráticos e laborais aos cidadãos e de manter os custos de produção baixos, os níveis de contestação social e laboral residuais.

A interpretação pessimista de Villaverde pode levar-nos a crer de que a curto prazo os poderes económicos haverão de levar as democracias ocidentais à extinção e irão impor sistemas ditatoriais, um pouco como a resposta de muitos países europeus à “Grande Depressão” da década de 20 e 30 foi precisamente a vaga de ditaduras e regimes autoritários que então se impuseram na Europa de Leste e do Sul. Aplicando desta forma redutora este paralelismo, poderíamos ser levados a crer na repetição desta resposta. Mas a História nunca se repete de forma literal… As condições hoje não são propicias a um regresso puro e duro do mesmo tipo de regimes que se estenderam por boa parte da Europa nessa época: as populações dispõem do conhecimento dos excessos que esses regimes trouxeram ao globo e as democracias estão demasiado amadurecidas para que possam subitamente degenerar em ditaduras.

Mas o processo de transformação das democracias “noutra coisa” está em marcha. Não serão as ditaduras racistas e de Extrema-direita de antanho, mas observamos já uma virtualização, uma ritualização vazia, um esvaziamento efetivo da ação e capacidade dos órgãos eletivos para representarem os seus cidadãos. No atual contexto, é possível exprimir livremente todas as opiniões, manifestarmo-nos e publicar praticamente tudo. Mas tudo isso é cada vez mais irrelevante.

O Ocidente não caminha para uma nova vaga de ditaduras. Caminha – e a passos largos – para uma Indeferênciatura, a ditadura da indiferença, em que continuará a ser possível votar e exprimir livremente as suas opiniões, mas que o controlo dos meios de comunicação pelos interesses económicos, pelas multinacionais e seus agente, é tão absoluto que apenas os “candidatos do sistema” estão autorizados a alternarem no poder, e onde sátrapas desses interesses são instalados remotamente nas democracias em dificuldades financeiras como a Itália ou a Grécia.

Publicado em 2012/06/30 por Clavis Prophetarum
Retirado do http://movv.org/

sábado, 30 de junho de 2012

Tudo bons rapazes





“O FMI disse-me que se livraram dele [António Borges] porque não estava à altura do trabalho e agora chego a Lisboa e descubro que está à frente do processo de privatização. Há perguntas que têm de ser feitas”
Esta frase do jornalista Marc Roche, correspondente do Le Monde em Londres e autor do livro recentemente editado em Portugal O Banco -Como o Goldman Sachs Dirige o Mundo, resume bem as intenções deste Governo no que diz respeito às privatizações. António Borges, o outrora salvador do PSD- uma facção laranja clamava em tempos por este burocrata forjado pelo Goldman Sachs - chegou ao país depois de ser despedido pelo FMI, pelos visto por pura incompetência, e Passos Coelho entregou-lhe o sensível dossier das privatizações. Um dos tentáculos menores da instituição financeira que domina o mundo actual, Borges servirá de fiel cangalheiro das empresas públicas portuguesas. Não será Papademos, o burocrata de transição não eleito na Grécia, Mário Draghi, o presidente do BCE, ou Mário Monti, outro burocrata de transição governando a Itália, mas é aquilo a que temos direito: um homem de mão do poder financeiro que controla os destinos do país e que certamente tirará partido da situação económica frágil para saldar o que é valioso a compradores financiados pelo banco americano. Conspiração? Brincadeira de miúdos, se comparado com antigas operações, incluindo as que levaram à crise financeira de 2008 e a que mascarou as contas da Grécia quando esta entrou no Euro. A política já não tem a ver com o governo do povo: é uma rampa de lançamento para oportunistas ou meio de controle financeiro pelos grandes grupos. À nossa escala, temos o Borges que merecemos: um tecnocrata incompetente escolhido a dedo para um trabalho sujo.

Sérgio Lavos in Arrastão

sexta-feira, 29 de junho de 2012

"Sonhar era fácil"

Gostei muito, mesmo muito, desta série de programas de António Pedro Vasconcelos!
Em cada episódio, uma lição de História.
Uma lição, uma aula sobre História de Portugal.

No último episódio, excelente, mostra-se como a "comédia à portuguesa" é hoje um dos mais ricos mananciais de informação para o estudo da ideologia e dos valores do salazarismo, que tinha em António Ferro, o ministro da propaganda de Salazar, o seu ideólogo.


Por favor, não deixem de ver e de apreciar!
Parabéns ao António Pedro de Vasconcelos! Parabéns à RTP!