sábado, 9 de julho de 2011

Act for the planet!


Join the HOME adventure !
Yann Arthus-Bertrand and his team travelled around the planet over 18 months  to make this film. This movie shot from the air over fifty countries has a mission and carries a message for humanity : to become aware of the full extent of its spoliation of the Earth's riches and change its patterns of consumption.


Exame de Acesso à Docência

Com a devida vénia, do Sr. Professor Rui Baptista (blogue De Rerum Natura), Nuno Crato e o Exame de Acesso à Docência



“Perdemos com a revolução e a contra-revolução. Perdemos também com três décadas de facilidade e demagogia” (António Barreto, sociólogo e professor universitário).


Depois de ter publicado vários artigos de opinião em vários jornais e em cerca de uma dezena de posts neste blogue em defesa de uma Prova de Acesso à Carreira Docente (o primeiro datado de 15.Fev.2008), era minha intenção não perder mais tempo com os seus detractores. Mas faço-o por serem alguns deles verdadeiros demagogos que continuam a defender a continuação do ingresso na carreira docente através de concursos que tenham como condição única a nota do diploma de licenciatura (agora mestrado), quer seja outorgado por universidades públicas ou privadas, escolas superiores de educação públicas ou privadas, tratando de igual forma quem muito se esforçou em estudo sério ou quem nada ou pouco se avigorou na obtenção de um curso de duvidosa qualidade.

Aliás esta posição de descarado e injusto facilitismo tem sido, também, fortemente apoiada por um certo movimento sindical. Assim, a Fenprof, através de um seu comunicado (31/10/2009), “exigiu a extinção da espúria prova de ingresso na profissão docente e respeito pelas qualificações dos docentes e pela autonomia das escolas na verificação das condições para o exercício da profissão”. Ou seja e em síntese, verificada pela simples e discutível classificação do diploma de curso.

Como prova da falta desta prova de acesso, anos atrás, passou um programa da RTP, “O Elo mais Fraco”, com a participação de nove jovens professoras, que me mereceu o seguinte artigo de opinião, de que transcrevo um excerto (Público, 03/02/2003):

“Com dificuldade, concebo que um programa em que a tensão nervosa possa faz das suas possa justificar, por si só, aquilo que na gíria académica se dá o nome de ‘brancas’, como o esquecimento, como aconteceu, do conhecidíssimo ‘Teorema de Pitágoras’. Todavia, já não concebo certas respostas erradas, não dadas ou hesitadas, ante perguntas triviais do âmbito da disciplina que se ministra! E isto porque, ainda que a contragosto, possa admitir que os professores demonstrem um certo défice de cultura geral desde que contabilizem para si conhecimentos sólidos sobre a matéria que é suposto estarem habilitados a ensinarem. Só na conjugação de pouca cultura geral e escassos conhecimentos científicos pode ser encontrada justificação para o facto de, em uma das rondas de perguntas, essas concorrentes terem obtido a pontuação de zero pontos, e serem penalizadas no fim do concurso com a mais fraca prestação, relativamente a participantes que as precederem e com as mais diversas profissões tidas como muito menos exigentes no que tange a diplomas escolares”.Não sei, nem isso vem muito ao caso, se as referidas professoras eram formadas pelo politécnico ou pela universidade. Mas o que eu me atrevo a apostar, dobrado contra singelo, é que sob o ponto de vista de conhecimentos da Língua Portuguesa, grande parte de professoras diplomadas pelas antigas Escolas do Magistério Primário teriam tido um melhor desempenho. E isto já para não falar das professoras licenciadas do antigo liceu (nome excomungado pelo 25 de Abril), muitas delas ainda exercendo o magistério nas agora escolas secundárias com a competência cientifica de profundas conhecedoras da matéria que leccionam.

Numa espécie de prova de fogo, com a nomeação de Nuno Crato para ministro da Educação, dono de uma personalidade forte, cuja voz se tem manifestado, sem tibiezas e desde sempre, com muita determinação pela criação de um prova de acesso à docência, fica-nos a certeza de que esta prova será uma das primeiras prioridades do seu mandato. Mais se consubstancia esta certeza pela nomeação de João Casanova Ferreira para secretário de Estado com a difícil incumbência do “espinhoso ‘dossiê, da avaliação docente e pelos processos de recrutamento, selecção, carreiras e formação de professores” (Público, 07/07/2011).

Eça, figura incontornável da literatura portuguesa, cítico impiedoso dos costumes da época, escreveu: “Para ensinar há uma condição a satisfazer: saber”. Ora, é na demonstração de um saber maior comparativamente com outros saberes menores que a prova de acesso à docência mais do que justifica a sua plena existência. Exige-a mesmo!

Com a devida vénia, do Sr. Professor Rui Baptista (blogue De Rerum Natura) -  Nuno Crato e o Exame de Acesso à Docência

Estado, justiça e reconhecimento.

Estado, justiça e reconhecimento**

Este artigo investiga, a partir de uma crítica normativa, a perspectiva liberal e a perspectiva  comunitarista do conceito de justiça, com o objectivo de reflectir sobre o papel do Estado nas democracias contemporâneas. A investigação da perspectiva liberal e da perspectiva comunitarista do conceito de justiça pretende avançar com uma crítica republicana ao processo de despolitização promovido pelo conceito de justiça política e de justiça social. Este artigo defende uma concepção política da justiça baseada na existência de um Estado republicano e na publicidade da origem   de princípios e regras constitucionais.
Palavras-chave: Estado; democracia; justiça; reconhecimento; república.

INTRODUÇÃO
O objectivo deste ensaio é especular sobre as possibilidades e sobre os limites teóricos de uma hipótese sociológica na teoria política contemporânea, tendo como base uma reflexão a respeito do papel do Estado nas democracias. Parto da premissa de que tanto o liberalismo quanto o comunitarismo esvaziam o papel do Estado nas ordens democráticas, de maneira a esvaziar um conteúdo propriamente político da teoria política. Ou seja, a questão da justiça, nas democracias contemporâneas, promove uma despolitização da teoria política, no sentido de vinculá-la à questão económica ou
cultural. A ausência de uma reflexão sobre o Estado implica a ausência de uma reflexão sobre lealdades fundamentais que transcendem a ideia das diferenças culturais.
O ensaio está dividido em quatro secções. Na primeira discuto a ideia de justiça como teoria social, chamando a atenção para os deslocamentos promovidos na teoria democrática contemporânea, tomando como elemento de discussão normativa o debate desencadeado pelo liberalismo político de John Rawls. Na segunda secção discuto a existência da hipótese sociológica na teoria política contemporânea e as suas consequências para a reflexão sobre a democracia, observando a crítica comunitarista ao liberalismo. Na terceira secção discuto os limites da teoria do reconhecimento, mostrando a ausência de uma perspectiva de liberdade política. Na quarta secção discuto as possibilidades de uma sociologia da dominação e do Estado republicano, num sentido normativo, com o objectivo de reflectir sobre as questões atinentes a uma sociologia política contemporânea.
Defendo a hipótese de que o liberalismo e a teoria do reconhecimento não reflectem sobre as alternativas ao problema da dominação e não analisam qual o papel do Estado no contexto das sociedades democráticas contemporâneas. As perspectivas comunitaristas vinculam a questão política à cultura, de maneira a criar uma perspectiva de sectarização social.
O objectivo desta análise crítica é ressaltar a necessidade de se repensar o público enquanto chave de interpretação do Estado republicano e da liberdade política.

OS DESLOCAMENTOS DA DEMOCRACIA E A JUSTIÇA COMO TEORIA SOCIAL
De meados da década de 70 do século XX até ao presente, a democracia tem-se deslocado da esfera da representação parlamentar para a esfera da justiça. Esse deslocamento ocorre, sobretudo, em função da emergência de novos movimentos sociais e devido à luta desses movimentos por direitos e liberdades fundamentais, no sentido de se superarem desigualdades estruturais das sociedades capitalistas. É esse deslocamento o que motiva a ascensão do movimento feminista, do movimento gay, do movimento negro e de tantos outros na esfera política. O que caracteriza esses movimentos é a reivindicação de maior justiça social, colocando-a na agenda das ordens democráticas contemporâneas. Esses pedidos configuram uma luta por direitos, tendo grupos tradicionalmente subjugados como actores centrais desse processo.
Do ponto de vista da teoria política normativa, esse deslocamento da democracia em direcção à justiça abriu novas vias de reflexão a respeito de valores e normas fundamentais, os quais organizam as sociedades democráticas e as suas instituições. Desta forma, o debate da teoria política contemporânea é, por definição, o debate sobre o tema da justiça e o modo pelo qual as instituições podem concretizar esse fim normativo. A justiça, por conseguinte, é o horizonte de possibilidades da reflexão em teoria política, havendo uma aproximação necessária ao tema do direito e à especulação sobre procedimentos básicos para a resolução de conflitos sociais, culturais, políticos e económicos.
Pode-se dizer que a teoria política de John Rawls representa o momento de ruptura com uma teoria que se preocupava apenas com a descrição do comportamento dos actores políticos, no sentido do behaviorismo típico da década de 1950 (Ball, 2004). Rawls reconsiderou e recolocou a discussão normativa, típica da filosofia política, em que o tema da justiça entra como conceito básico numa estrutura de outros conceitos destinados a discutir a democracia. Este deslocamento da democracia da esfera parlamentar para a esfera da justiça ganha corpo a partir da publicação da obra Uma Teoria da Justiça, na esteira da luta por direitos civis na sociedade americana das décadas de 1960 e 1970. A partir da obra de Rawls (2002 [1971]), todo o debate contemporâneo da teoria política passa, necessariamente, pela discussão
do tema da justiça e dos pressupostos básicos para a sua realização. No âmbito destes pressupostos, devemos destacar que a discussão sobre a justiça como construída por Rawls (1993) provoca, do ponto de vista da teoria política, um deslocamento da sociologia em direcção a uma filosofia política formal. Não há, nos pressupostos rawlsianos da justiça, uma perspectiva sociológica para a concretização de uma política das relações de poder. A perspectiva sociológica da teoria política submergiu aos preceitos de uma discussão normativa formal, em que o básico é a realização da justiça
distributiva pela realização das normas constitucionais, em especial os direitos e garantias fundamentais (Rawls, 1993, pp. 13-14).
O deslocamento da teoria democrática da esfera da representação parlamentar para a esfera da justiça implicou, portanto, um deslocamento dos pressupostos metodológicos, em teoria política, da sociologia para a filosofia formal, congregando não a base de evidências empíricas sobre as relações de poder, mas conceitos normativos ancorados numa filosofia da justificação de procedimentos e normas fundamentais, que balizam as instituições políticas.
Isso não elimina, contudo, as possibilidades de uma sociologia política do mundo contemporâneo, já que a obra de Rawls se direcciona para a realização da justiça distributiva no plano da estrutura básica da sociedade, a qual corresponde às instituições sociais fundamentais, como, por exemplo, a família, a vizinhança, os grupos, os clubes e os partidos políticos. No argumento do liberalismo político de Rawls, o objectivo da justiça como equidade é concretizar a ideia de uma sociedade democrática, e não apenas a existência de instituições formais e imparciais no plano do Estado (Rawls, 1993, pp. 15-22).

texto integral aqui:
* Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, Belo Horizonte, MG, Brasil, CEP 31270-901. e-mail: ffilgueiras@fafich.ufmg.br.
** Agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais o apoio logístico e financeiro para a realização deste texto. Também agradeço os comentários e críticas apresentados pelos referees anónimos da Análise Social e pelos professores Marco Aurélio Nogueira (UNESP), Ricardo Silva (UFSC) e Marlise Matos (UFMG).

1 A partir de Uma Teoria da Justiça, de Rawls, pode-se dizer que o debate da teoria política contemporânea é marcado por posições substantivas a respeito do tema da justiça, que reflectem uma concordância com os termos da justiça liberal ou uma posição crítica, a que se atribui normalmente a designação de “comunitarista”. Em 1993, Rawls publicou a obra Liberalismo Político como resposta aos críticos, na qual revê as suas posições. A título de organização do argumento, privilegiarei as posições de Rawls descritas nesta última obra.

Fernando Filgueiras* Análise Social, vol. XLV (194), 2010, 63-90

Saudades de Salazar?

 

 
O 25 de Abril foi, sem dúvida, o reerguer de Portugal depois de um imobilismo de quase meio século. Foi a reconquista de Portugal pela sua gente. A reconciliação com o mundo.  A força que faltava à luta dos que, sacrificados em tudo e vergados pela prepotência das elites e perversidade de um poder totalizante,  comiam, e mal, o pão amargo de uma vida fermentada no desespero mas também na esperança.
Que cenários de miséria, fome, medo, dor e sofrimento para a grande maioria! Que desigualdades sociais terríveis! Quanta hipocrisia e cinismo na propaganda feroz que este regime fazia, com o seu didactismo demagógico planeado e a sua catequização política institucionalizada!
Prisioneiros das “orientações das almas” e da “política do espírito”, homens e mulheres, rapazes e raparigas, serviam o poder que deles se servia.
Embora criança, atenta, curiosa, vi e senti o fascismo. Vi e senti o fascismo na vida dos meus pais e da minha gente. E percebi a urgência da sua saída de Portugal, exaustos pela luta contra a adversidade e a injustiça, a chantagem e o medo. Um combate enfrentado com dignidade, coragem e resistência, mas que, lentamente, derrubava as suas legítimas aspirações a uma vida sem lágrimas.   
Quando certas pessoas falam saudosamente de Salazar, referindo com a habitual ligeireza histórica argumentos do tipo “tínhamos reservas de ouro”, “tínhamos colónias”, “éramos uma potência”, “havia ordem”, “havia respeito”, “obedecia-se”, esquecem-se que nem liberdade de expressão havia e que o carácter repressivo do regime punia com crueldade todo e qualquer incumprimento atentatório ao “bem da nação” e à ordem estabelecida. 
Também se esquecem de todo um conjunto de normativos jurídico-constitucionais que espartilhavam gentes e mentes, particularmente as mulheres, como podemos observar na Constituição de 1933 – rígida, teórica – no Estatuto do Trabalho Nacional e das Bases Orgânicas da União Nacional, e, ainda, na organização da Mocidade Portuguesa e Legião Portuguesa – organizações ideologicamente manipuladoras e dirigistas num país de fanatismo religioso e inquisitorial.
Financeiramente, as receitas públicas acumulavam-se graças à falsa neutralidade na 2ª grande guerra, situação que facilitou a venda do volfrâmio e o enriquecimento da burguesia salazarista mas que tornou cada vez mais pobre e faminta uma população miseravelmente ruralizada, animada pelos discursos nacionalistas do salvador ou por tributações fiscais habilmente fundamentadas numa lógica patriótica maniqueísta.  
Salazar era esperto, ardiloso e com a humildade enganadora dos “beija-mãos”.
Realmente, as reservas de ouro em Portugal, passaram de 93.000.0000 dólares/1939 para 433.000.000/1946, e a acumulação de lucros subira para 20 milhões de contos, aproximadamente. No entanto, o custo de vida aumentou de tal maneira que, em 1941 atingia o índice de 1929. Só no final da década de 40 se conseguiu travar a subida dos preços, agravada mais tarde com o início da guerra colonial. Em 1968 era já 31% maior do que há dez anos atrás, tendo subido o dobro até 1974.
Nunca se investiu a maior parte das reservas acumuladas no sector produtivo nem das mesmas resultaram mais-valias para um país à espera do verdadeiro progresso industrial, preso que estava à ruralidade que ideológica e intrinsecamente o marcavam e condenavam (entre 1938-1950 o PIB é de 2,8 e entre 1950-1955 de 1,8).
O verdadeiro progresso de um país vê-se pela qualidade de vida do seu povo e pelo seu nível cultural. No fascismo português, nem uma coisa nem outra. 
Só as grandes famílias burguesas, empresariais, porque de mãos dadas com o poder e subservientes, viam realizados os seus objectivos de ascensão política, económica e social, à custa da contenção dos salários dos pobres e à sua exploração, obtendo altos lucros e grande ostentação material.
Atado ao nacionalismo e tradicionalismo de um sistema voltado sobre si próprio, o país era de Salazar e não dos portugueses.
Inabalável na defesa, ainda que hipócrita, dos seus grandes valores - Deus, Pátria, Família -, recorde-se a título de exemplo o que significou a sua neutralidade na guerra e a forma como tratou Aristides de Sousa Mendes, ou as fraudes eleitorais constantes, a manipulação da Lei e dos tribunais e, tão ao jeito das ditaduras, como calava a oposição e instaurava cada vez mais o controlo sobre a educação, as famílias e a sociedade em geral.
E o campo de concentração no Tarrafal? Machava? Moçâmedes? E a censura? E a PIDE por todo o lado? E a obstinada recusa da descolonização durante longos anos apesar da pressão internacional e das disposições da Carta das Nações Unidas? E o isolamento internacional? E a guerra colonial, autêntica sangria dos nossos jovens e das nossas famílias? 
É disto que têm saudades? Realmente, como alguém disse, a ditadura pode parecer bela aos olhos de quem não quer ver.
O 25 de Abril de 1974 levou-nos ao caminho traçado em 5 de Outubro de 1910 e permitiu a construção de uma sociedade democrática, mais justa, “sem muros nem ameias”, com “gente igual por fora” e “gente igual por dentro”, resgatando a dignidade de um povo calado à força.
Uma caminhada nada fácil mas dificultada por aqueles que, numa clara afronta ao exercício de uma cidadania activa e responsável comodamente se instalam no lugar de meros observadores, alheados do dever que a todos diz respeito: a participação política e cívica, fundamental para a solidez de uma verdadeira democracia.
Ninguém está dispensado desta participação, e votar, deveria ser obrigatório! 
Custa dizê-lo, sim, passados que são 37 anos desde a Revolução dos Cravos, olhando para a terrível percentagem de abstenções nas eleições e ouvindo sistematicamente os que tudo e todos criticam mas que nada fazem para a mudança, especialmente os saudosistas de Salazar, cuja acção governativa com boçalidade apregoam de exemplar. 
É triste a leitura que faço desta triste gente. 
Um povo que tendo estado amordaçado 48 anos e a lutar por eleições livres para todos, e em especial para as mulheres, se arreda, agora, levianamente, de um dever crucial - a escolha daqueles que nos irão governar ou não. 
A Política a todos diz respeito e da boa política carecemos. Somos responsáveis pela forma como funcionam as instituições democráticas ou pelo seu não funcionamento.
Não se culpe só o governo, deputados, Presidente da República e tribunais quando as coisas vão mal. Todos temos culpa. Nós e não o 25 de Abril de 1974.
“As metas e ideais que nos movem são gerados pela imaginação mas não são feitos de substâncias imaginárias. São feitos da dura substância do mundo da experiência física e social” (John Dewey, Uma fé comum).
Antes uma democracia com imperfeições mas na qual sou livre para a melhorar, do que uma ditadura perfeita onde sou refém de mim própria.  


Maria Nazaré Oliveira

¿Por qué realizar un examen mejora nuestro aprendizaje? Lecciones científicas y educativas del efecto del test

Fala-se muito de exames, da importância dos exames... Achei muito interessante este artigo de Ladislao Salmerón, do Departamento de Psicologia Evolutiva e da Educação, Universidade de Valência, Espanha.


Los exámenes se consideran como una mera evaluación del conocimiento del estudiante, y hasta el momento no se habían planteado seriamente como estrategia de aprendizaje. No en vano, los modelos tradicionales de la memoria humana consideran que los procesos de codificación son los máximos responsables del registro de información en memoria. Los procesos de recuperación, que se activan durante la realización de un examen, no deberían afectar a la información recuperada. Investigaciones recientes contradicen esta visión, y aportan nueva evidencia de cómo funciona nuestra memoria: realizar un examen sobre algo aprendido mejora nuestro aprendizaje de ese tema.
Pocos fenómenos cognitivos tienen el privilegio de ser a la vez tremendamente informativos sobre cómo funciona nuestro cerebro y directamente aplicables a la mejora del aprendizaje en los entornos educativos. El efecto del test (testing effect) es uno de ellos: retenemos mejor conocimientos simples y complejos si tras un aprendizaje inicial realizamos un examen sobre ese material, en comparación con el mero reestudio del material (Karpicke y Roediger, 2008; Karpicke y Blunt, 2011).
El efecto del test ha sido descrito usando distintas metodologías, como realizar un examen tipo test (Butler y Roediger, 2008), esforzarse en recordar una palabra en un idioma extranjero (Karpicke y Roediger, 2008) o escribir cuanto se recuerde de un texto (Karpicke y Blunt, 2011). Por ejemplo, Karpicke y Blunt (2011) pidieron a cuatro grupos de universitarios que estudiaran un texto breve sobre “nutrias marinas”. Todos los grupos estudiaron el texto por un periodo de 5 minutos. El grupo control sólo tuvo esa oportunidad para estudiar el texto. El grupo de reestudio, por su parte, pudo releer el texto durante tres periodos adicionales de 5 minutos, separados por un breve intervalo. Al grupo de mapa conceptual, tras el estudio inicial, se le pidió que realizara un diagrama que indicara las ideas principales del texto y las relaciones entre esas ideas, para lo que podían releer el texto. Por último, al grupo de test se le instruyó para que escribiera toda información que recordara del texto al terminar la sesión inicial de estudio. Tras ello, este grupo releyó el texto y volvió a recordarlo. En promedio, el tiempo que pasó entre el aprendizaje y el recuerdo final en los grupos de mapa conceptual y grupo de test fue equivalente (30 minutos). Una semana después se midió el nivel de aprendizaje de todos los participantes. Para ello se evaluaron tanto sus respuestas a unas preguntas de comprensión literal (preguntas sobre ideas expresadas en el texto) e inferencial (preguntas sobre relaciones implícitas no expresadas en el texto) (experimentos 1 y 2), como la realización de un mapa conceptual del texto (experimento 2). En los tres tipos de tareas, los estudiantes del grupo control puntuaron significativamente por debajo de los otros grupos. Por su parte, los estudiantes del grupo de test puntuaron significativamente por encima del resto.
Desde el punto de vista del funcionamiento de la memoria humana, el efecto del test cuestiona la supremacía que desde la psicología cognitiva se ha otorgado a los procesos de codificación en el registro de huellas de memoria. Según los estudios tradicionales de memoria, la codificación eficiente del material en el momento de la adquisición es la máxima garantía para una buena retención de la información a medio y largo plazo. El acto de recordar información previamente almacenada, por su parte, se considera como un proceso sin influencia alguna en la memoria. Frente a esta visión, las investigaciones descritas sugieren que el esfuerzo que se produce al recuperar información durante un test genera claves de recuerdo que en el futuro se pueden utilizar para volver a recuperar dicha información. Estas claves no se generarían cuando simplemente volvemos a codificar el material de estudio, por lo que el mero reestudio de un material no nos prepararía tan bien para la futura recuperación de la información. Además, las claves de recuperación funcionarían en forma de “llave maestra”, lo que nos permitiría acceder no sólo a la información previamente recuperada durante el test, sino también a otras informaciones relacionadas.
Desde el punto de vista educativo, el efecto del test cuestiona la supremacía que desde los planteamientos constructivistas se otorga al procesamiento activo y elaborado del material durante la fase de estudio. En el contexto escolar, el examen se ha considerado tradicionalmente como una medida neutra de evaluación del nivel de conocimiento de los estudiantes. Los estudios sobre el efecto del test sugieren no sólo que dicha afirmación es incorrecta, sino que además los exámenes pueden utilizarse como estrategia de aprendizaje más efectiva aún que el mero reestudio de la información o la elaboración de mapas conceptuales (una estrategia de aprendizaje paradigmática para la corriente constructivista).
Un aspecto a remarcar en relación a la utilidad de los tests en el ámbito escolar es que pueden empezarse a utilizar inmediatamente sin necesidad de ninguna tecnología más allá del propio cerebro. Podemos simplemente pedir al estudiante que se esfuerce en recordar cuánto ha aprendido de aquello que acaba de estudiar. Pero no deberíamos minimizar las posibles reticencias que tanto los profesores como los alumnos pueden tener en contra de su utilización como estrategia de aprendizaje. Los profesores pueden pensar que con los exámenes tienen poco margen de maniobra para fomentar el aprendizaje significativo, ya que al ser ésta una estrategia fundamentalmente autónoma puede perpetuar los errores conceptuales del alumno. De hecho, los beneficios de los tests se incrementan si tras realizar el examen el profesor discute con los alumnos las respuestas (Butler y Roediger, 2008).
Una última idea destacable del efecto del test es que aúna dos ramas de la ciencia cognitiva, las psicologías cognitiva y de la educación, a menudo distanciadas. Entiendo que a algunos profesionales ‘cognitivos’ les resulte chocante que varios estudios del área de la comprensión de textos sean publicados en la revista Science. También entiendo que a algunos profesionales ‘educativos’ les produzca rechazo el argumento de que una estrategia de aprendizaje en la que el alumno ni “construye” ni “elabora” la información pueda ser tremendamente efectiva. Desde este punto de vista, el efecto del test es una llamada para la colaboración efectiva entre distintas áreas de la ciencia cognitiva.
Referencias
Butler, A. C., y Roediger, H. L., III (2008). Feedback enhances the positive effects and reduces the negative effects of multiple-choice testing. Memory & Cognition, 36, 604-616.
Karpicke, J. D., y Roediger, H. L., III (2008). The critical importance of retrieval for learning. Science, 15, 966–968.
Karpicke, J. D., & Blunt, J.R. (2011). Retrieval practice produces more learning than elaborative studying with concept mapping. Science. DOI:10.1126/science.1199327
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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Maria José Nogueira Pinto

Confesso que me emocionei quando soube do falecimento da Senhora Dra. Maria José Nogueira Pinto.
Pela  Mulher que foi, inteligente, culta, combativa, com ética e seriedade, pela sua participação cívica e pela frontalidade com que sempre a exerceu, aqui presto uma singela homenagem a quem muito fez pelo nosso país e, particularmente, pela dignidade das mulheres.

Até sempre!




 

Custa muito ler o seu último artigo no DN. Custa muito perder quem muita falta fará.

Nada me faltará

por MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO



 Acho que descobri a política - como amor da cidade e do seu bem - em casa. Nasci numa família com convicções políticas, com sentido do amor e do serviço de Deus e da Pátria. O meu Avô, Eduardo Pinto da Cunha, adolescente, foi combatente monárquico e depois emigrado, com a família, por causa disso. O meu Pai, Luís, era um patriota que adorava a África portuguesa e aí passava as férias a visitar os filiados do LAG. A minha Mãe, Maria José, lia-nos a mim e às minhas irmãs a Mensagem de Pessoa, quando eu tinha sete anos. A minha Tia e madrinha, a Tia Mimi, quando a guerra de África começou, ofereceu-se para acompanhar pelos sítios mais recônditos de Angola, em teco-tecos, os jornalistas estrangeiros. Aprendi, desde cedo, o dever de não ignorar o que via, ouvia e lia.

Aos dezassete anos, no primeiro ano da Faculdade, furei uma greve associativa. Fi-lo mais por rebeldia contra uma ordem imposta arbitrariamente (mesmo que alternativa) que por qualquer outra coisa. Foi por isso que conheci o Jaime e mudámos as nossas vidas, ficando sempre juntos. Fizemos desde então uma família, com os nossos filhos - o Eduardo, a Catarina, a Teresinha - e com os filhos deles. Há quase quarenta anos.

Procurei, procurámos, sempre viver de acordo com os princípios que tinham a ver com valores ditos tradicionais - Deus e a Pátria -, mas também com a justiça e com a solidariedade em que sempre acreditei e acredito. Tenho tentado deles dar testemunho na vida política e no serviço público. Sem transigências, sem abdicações, sem meter no bolso ideias e convicções.

Convicções que partem de uma fé profunda no amor de Cristo, que sempre nos diz - como repetiu João Paulo II - "não tenhais medo". Graças a Deus nunca tive medo. Nem das fugas, nem dos exílios, nem da perseguição, nem da incerteza. Nem da vida, nem na morte. Suportei as rodas baixas da fortuna, partilhei a humilhação da diáspora dos portugueses de África, conheci o exílio no Brasil e em Espanha. Aprendi a levar a pátria na sola dos sapatos.

Como no salmo, o Senhor foi sempre o meu pastor e por isso nada me faltou -mesmo quando faltava tudo.

Regressada a Portugal, concluí o meu curso e iniciei uma actividade profissional em que procurei sempre servir o Estado e a comunidade com lealdade e com coerência.

Gostei de trabalhar no serviço público, quer em funções de aconselhamento ou assessoria quer como responsável de grandes organizações. Procurei fazer o melhor pelas instituições e pelos que nelas trabalhavam, cuidando dos que por elas eram assistidos. Nunca critérios do sectarismo político moveram ou influenciaram os meus juízos na escolha de colaboradores ou na sua avaliação.
Combatendo ideias e políticas que considerei erradas ou nocivas para o bem comum, sempre respeitei, como pessoas, os seus defensores por convicção, os meus adversários.

A política activa, partidária, também foi importante para mim. Vivi--a com racionalidade, mas também com emoção e até com paixão. Tentei subordiná-la a valores e crenças superiores. E seguir regras éticas também nos meios. Fui deputada, líder parlamentar e vereadora por Lisboa pelo CDS-PP, e depois eleita por duas vezes deputada independente nas listas do PSD.

Também aqui servi o melhor que soube e pude. Bati-me por causas cívicas, umas vitoriosas, outras derrotadas, desde a defesa da unidade do país contra regionalismos centrífugos, até à defesa da vida e dos mais fracos entre os fracos. Foi em nome deles e das causas em que acredito que, além do combate político directo na representação popular, intervim com regularidade na televisão, rádio, jornais, como aqui no DN.

Nas fraquezas e limites da condição humana, tentei travar esse bom combate de que fala o apóstolo Paulo. E guardei a Fé.

Tem sido bom viver estes tempos felizes e difíceis, porque uma vida boa não é uma boa vida. Estou agora num combate mais pessoal, contra um inimigo subtil, silencioso, traiçoeiro. Neste combate conto com a ciência dos homens e com a graça de Deus, Pai de nós todos, para não ter medo. E também com a família e com os amigos. Esperando o pior, mas confiando no melhor.

Seja qual for o desfecho, como o Senhor é meu pastor, nada me faltará.

 in Diário de Notícias | 07 de Julho de 2011

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Os portugueses judeus em solo pátrio

Os portugueses judeus: em solo pátrio.

Fig.1  Amato Lusitano
A história dos judeus em Portugal é mais antiga que a própria nacionalidade. Já se encontram vestígios judaicos na antiga Lusitânia. Provavelmente as primeiras fugas dos Judeus da Palestina, deram-se ainda antes da era cristã nas guerras contra Nabucodonosor da Babilónia. Mas é sabido que foram os romanos, os principais responsáveis pela fuga dos judeus nos séculos I e II da nossa era (1), vindo muitos estabelecer-se no outro extremo do continente, na Península Ibérica (ou Sefarad, em língua hebraica).
Quando se dá a reconquista cristã aos mouros, muitos judeus já estavam integrados na sociedade árabe, confundindo-se com eles. A sua capacidade para as atividades económicas levou a que o “ministro das finanças” – na altura designado de “almoxarife-mor” - de D. Afonso Henriques tenha sido um judeu: D. Yahya Ibn Yaish.  Alguém poderá reclamar-se mais português que a população de religião judaica em Portugal?

No início da nossa nacionalidade, existiam muçulmanos, judeus, cristãos arianos, cristãos papistas e acredito, alguns vestígios do xamanismo lusitano. É desta amálgama que somos feitos. Várias raças, vários credos, várias culturas. O homem português é mestiçado e herda o messianismo judaico, o fatalismo árabe-muçulmano, o paganismo lusitano e o misticismo cristão. A explicação para a nossa capacidade natural de tentar estabelecer contacto com “o outro”, diferente de nós, veja-se por exemplo a Carta de Pero Vaz de Caminha, encontra-se talvez mais na génese demográfica, que na génese política. O português “cruzou-se” com todos os povos. Tema de estudo para os antropologistas.

Os nossos primeiros reis nomeavam um Arrabi-Mor (ou Grande Rabi), autoridade máxima dos judeus, que "despachava diretamente com o rei e sancionava a eleição dos arrabis, feita pelas comunas" [comunidades judaicas] (2). Os arrabis tinham funções legislativas e administrativas dentro das comunidades (3), atendendo, naturalmente, às leis judaicas. As disputas entre judeus e cristãos eram julgadas pelos juízes judeus, se o judeu fosse réu e eram julgadas por juízes cristãos se o cristão fosse réu, respeitando-se a regra de que o queixoso “devia seguir o foro do réu”(4). Em 1307 constrói-se a grande sinagoga de Lisboa.

Felizmente Carsten L. Wilke, especialista alemão em estudos judaicos, publica em 2009, em português, a primeira síntese histórica sobre os judeus portugueses (5), das origens até aos nossos dias. Era um livro que faltava. Só depois de ter escrito e publicado no blogue o primeiro e o segundo texto sobre este tema, me apercebi do facto. Os nossos compêndios de História de Portugal, mesmo os mais modernos, são pouco desenvolvidos sobre o assunto e tendem a esquecer alguns aspetos que reputo de essenciais a muito do que aconteceu no nosso país (e depois com a diáspora, muito do que aconteceu na Holanda e em Nova Iorque).
Wilke descreve um período entre 1147 e 1492, como sendo de “proteção dos reis de Portugal” aos judeus. São três séculos e meio sem paralelo a nível europeu, uma Europa onde os judeus eram perseguidos e julgados pela sua religião. Era natural portanto, que considerassem ser esta a sua nacionalidade. Tinham-na visto nascer, ajudavam a construi-la e aqui criavam as suas famílias, praticavam a sua religião e prosperavam. E com eles o país.
A sua influência estendia-se a muitas áreas. Eram mercadores, médicos, cientistas, estudiosos, como por exemplo Amato Lusitano (ver figura 1), Garcia de Orta, Abraão Zacuto ou Pedro Nunes. Os linguistas discutem que certas formas do português, como o uso comum do infinitivo pessoal, sem paralelo noutras línguas latinas, pode ser de origem hebraica (por exemplo: para estudar melhor, eu prefiro o silêncio). Existia um país criativo e desenvolvido para a época.
 

Fig.2  Monumento aos judeus vítimas do massacre
de 1506. Largo de São Domingos, em Lisboa.


Aconselho vivamente a ler o discurso proferido por Antero de Quental, na sala do Casino Lisbonense, em Lisboa, no dia 27 de Maio de 1871, chamado “Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos”. Diz Antero: “Deste mundo brilhante, criado pelo génio peninsular na sua livre expansão, passamos quase sem transição para um mundo escuro, inerte, pobre, ininteligente e meio desconhecido. Dir-se-á que entre um e outro se meteram dez séculos de decadência: pois bastaram para essa total transformação 50 ou 60 anos! Em tão curto período era impossível caminhar mais rapidamente no caminho da perdição.”

As mais significativas perseguições aos portugueses judeus iniciaram-se ao finalizar o século XV e foram piorando durante toda a primeira metade do século XVI. Desde a segunda metade do século XVI, o país nunca mais voltaria a ser o mesmo, a decadência instalou-se para não mais nos abandonar. Paradoxalmente, depois disso, enraizou-se na população, o mito mais messiânico da cultura portuguesa: o sebastianismo.

 O acontecimento que mais nos envergonha de toda a História de Portugal

Durante a “semana santa”, entre 19 e 21 de Abril de 1506, conduzida por padres fanáticos, uma multidão assassina em Lisboa, invade as casas, tortura e mata sem piedade, crianças, mulheres e homens, “cristãos novos” judeus ou marranos (6). Mulheres prostituídas e mortas, fogueiras improvisadas, crianças esmagadas. Nenhum crime tinham praticado estes inocentes que foram aos milhares. A maldade e o fanatismo não conseguiram como vimos, destruir os portugueses judeus, mas acabariam por destruir o país que Portugal tinha sido (ver figura 2).

Um Anjo Redentor

Aristides Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus durante a Segunda Grande Guerra, salvou a vida a dezenas de milhares de judeus, passando vistos que permitiram sua entrada em Portugal (ver Fantasia Lusitana), contrariando as ordens de Salazar. Custou-lhe a sua carreira. Morreu na mais pobre miséria em 1954. A revista Life definiu-o como "the greatest Portuguese since Henry the Navigator".  Faltam-me palavras para conseguir elogiar este homem (ver figura 3).
 

Fig. 3  Aristides Sousa Mendes
Esta é uma história contada às avessas. Começou em Nova Iorque no século XXI, deslocou-se para a Amesterdão do século XVII e desembocou na antiga Lusitânia, num conjunto de três textos. Não foi uma pesquisa histórica, foi uma viagem da curiosidade individual, baseada em factos publicados e depois, na minha própria interpretação - suscetível a erros, admito-o. Mas serviu-me para perceber muitas coisas que desconhecia sobre a história dos portugueses e de Portugal, e lamentar que estes homens e mulheres fossem perseguidos de forma tão bárbara no seu próprio país. Eram pelo menos tão portugueses quanto os que cá ficaram, mas tinham outra religião. Foram mortos, torturados, queimados vivos, os filhos roubados às mães. Os mais felizes conseguiram fugir e sobreviver. Nada fizeram para merecer esse destino. Merecem hoje, todo o apreço que lhes possamos dar. Será que seremos capazes de o fazer? Acredito que sim.


O mínimo que podemos todos fazer agora

Assinar a petição pública que solicita “perante os Poderes constituídos da República Portuguesa , a restituição da nacionalidade portuguesa aos judeus sefarditas portugueses”. É algo que já deveria estar consagrado na nossa lei, há muito tempo. Para ler a petição clique aqui. Para assinar a petição clique aqui.

 
 
 
 
(1) Os judeus no Noroeste da Península Ibérica de João Domingos Gomes Sanches, ed. Âncora editora, pag 17, 2010.
(2), (3) e (4) Dicionário da História de Portugal de Joel Serrão, Vol III, pag 409, ed Figueirinhas, 1985.
(5) História dos judeus portugueses de Carsten L. Wilke, edições 70, 2009.
(6) Julgo que a palavra “marrano”, usada para os judeus portugueses, não tem o mesmo significado da palavra “marano” utilizada em Espanha para os judeus, que quer significar “porco”. O “Marrano” em português, vem do hebreu, “disfarce”.

Blogues que aconselho ler e seguir:

Sítios que aconselho visitar:
www.catedra-alberto-benveniste.org/  (Estudos Sefarditas da Universidade de Lisboa)
http://mvasm.sapo.pt/  (Museu Virtual de Aristides Sousa Mendes)