sábado, 22 de março de 2014

Brasil passou de 46 para 65 bilionários num ano!



Posted on março 4, 2014 by Outra politica 


Desigualdade social




Todos os anos a revista Forbes publica a sua célebre lista dos bilionários. A classificação de 2010, que acaba de vir à luz, dá informações esclarecedoras: em um ano, o número de bilionários em dólares passou de 793 para 1011 e o seu património acumulado monta a 3600 bilhões de dólares, uma alta de 50% em relação ao ano anterior. Para os super ricos, a crise já está bem longe.

Pouco importa que Bill Gates seja apenas o segundo, ultrapassado pelo mexicano Carlos Slim cuja fortuna atinge US$53,5 bilhões. O mais importante é que um tal montante, concentrado nas mãos de uma única pessoa, representa 12 vezes o orçamento de um país como a República Democrática do Congo (RDC), que abriga mais de 68 milhões de pessoas. Esta quantia também representa mais de 3,3 milhões de anos do salário mínimo (SMIC) em vigor em França.
Este forte aumento do número de bilionários verifica-se quando milhares de milhões de pessoas vêm as suas condições de vida degradarem-se em consequência da crise. Isto revela de maneira gritante que os muito ricos conseguiram fazer com que o custo desta crise seja suportado pelo maior número. Em numerosos países, tanto ao Norte como ao Sul, a dívida pública dos Estados explodiu, nomeadamente para vir em socorro dos responsáveis desta crise (bancos privados, fundos especulativos…) ou para pagar as consequências. O acréscimo desta dívida é a seguir o pretexto para impor medidas anti-sociais que penalizam as populações mas poupam os mais ricos.
Em oposição ao sistema capitalista que a cada dia mostra as suas desastrosas consequências sociais, há uma ideia que faz o seu caminho: a de um imposto mundial sobre as grandes fortunas, avançada desde 1995 pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (CNUCED). Por exemplo: um imposto de 20% sobre o património deste pequeno milhar de bilionários permitiria recuperar 720 bilhões de dólares, ou seja, a metade da dívida pública externa de todos os países em desenvolvimento no ano de 2008 (US$1405 bilhões) e 3,5 vezes o montante dos seus reembolsos anuais devido a esta dívida (US$211 bilhões).
Às somas assim libertadas poderiam acrescentar-se outras para lançar as bases de uma outra mundialização: recuperação das somas despejadas nas grandes instituições bancárias privadas desde o começo da crise e reparações dos danos sociais provocados pela sua sede desmedida de lucros tomando-os do património dos seus administradores e dos seus principais accionistas, abolição da dívida externa pública dos países do Sul, pagamento pelos países mais industrializados de reparações em compensação por cinco séculos de dominação (escravidão, colonização, destruição de culturas locais, pilhagem das riquezas naturais, destruições do ambiente…), retro cessão dos bens mal adquiridos pelas elites do Sul (o que implica a realização de inquéritos internacionais assim como a supressão dos paraísos fiscais e judiciários), tributação das transacções financeiras internacionais e dos lucros das sociedades internacionais… Ao mesmo tempo, a plena soberania dos povos não poderá se efectiva senão se todas as condicionalidades macroeconómicas de ajustamento estrutural, como o FMI e o Banco Mundial impõem desde há trinta anos, forem abandonadas. Uma nova arquitectura económica e financeira internacional será então possível, tendo como prioridade absoluta a garantia dos direitos humanos fundamentais.
Os fundos recuperados permitiriam então às populações do Norte deixar de suportar as consequências da crise e às populações do Sul principiar finalmente um verdadeiro desenvolvimento que estariam em condições de decidir por si mesmas, tendo em conta as suas próprias necessidades e os seus próprios interesses, ao contrário do que lhes exigem os seus credores, aproveitando plenamente os seus recursos naturais e no respeito das suas especificidades culturais.
A publicação da classificação da Forbes deve portanto ser a oportunidade para repor em causa as bases do modelo económico e financeiro existente e para propor medidas radicais a fim de que os bilionários citados nesta classificação, assim como todos aqueles que acumularam fortunas extravagantes, suportem o custo de uma crise cujas vítimas têm sido os povos.
Apesar de os preceitos neoliberais terem sido brevemente vilipendiados após o desencadeamento da crise em 2007-2008, nenhum ensinamento foi extraído, e são os mesmo de sempre que lucram com a mundialização financeira e com a injusta repartição das riquezas que ela organiza. Os muito ricos retomaram a sua marcha para a frente, que se faz a espezinhar os direitos da grande maioria dos outros e levando o mundo para um impasse suicida. Mas desde já germinam as ideias força capazes de entravar a sua corrida louca. O desafio é chegar a impor-lhes o mais rapidamente possível.
Damien Millet é porta-voz e Sophie Perchellet é vice-presidente do CADTM França (Comité para a anulação da dívida no terceiro mundo).




Original: http://www.legrandsoir.info/Mille-milliardaires-a-faire-payer.html


Já agora, sugiro vivamente esta leitura: 

http://outrapolitica.wordpress.com/2010/03/25/fazer-com-que-mil-bilionarios-paguem-a-crise/


sexta-feira, 21 de março de 2014

Nuno Crato defende que se deve ajudar os professores a serem exigentes




Nuno Crato defende que se deve ajudar os professores a serem exigentes.


Entrevistado por alunos do 1.º ciclo de uma escola de Mem Martins, para o número especial da revista VISÃO, o ministro da Educação diz-se convencido de estar "a fazer as coisas certas" para que o "ensino seja mais exigente".


Questionado por uma criança, com menos de 10 anos, sobre o que seria preciso fazer para que as escolas portuguesas pudessem estar no top das melhores do mundo, Nuno Crato apresentou as suas soluções: "programas e metas curriculares muito claros", "bons manuais escolares" e, finalmente, avaliação".


"Quando estamos a fazer algo só porque gostamos, conseguimos um nível. Se soubermos que vamos ser avaliados, esforçamo-nos por chegar a um nível mais avançado", explicou o ministro da Eduçação perante os "jovens repórteres" da Escola Ferreira de Castro.


"O papel dos professores é também muito importante", continuou. "É preciso ajudá-los a serem exigentes, perante os alunos. Estamos igualmente a trabalhar para que aqueles que estão agora a ser formados venham a ter a melhor formação possível".




Quarta feira, 19 de Março de 2014

segunda-feira, 17 de março de 2014

Cada vez mais gente sem dinheiro para pagar a água

Quadros de Luís Dourdil



Todas as semanas chegam à Deco casos de consumidores da classe média que ficaram sem condições para pagar serviço essenciais, como água ou eletricidade, denunciou, em entrevista à Lusa, Jorge Morgado, secretário-geral da Deco.

Jornal i, 17.03.2014

Quando li esta notícia (mais uma!), cresceu em mim – cresce cada vez mais – a revolta por ver que o meu país já bateu no fundo, bem no fundo.

País sem governo, mergulhado no desgoverno de uma minoria reinante que nunca tão bem esteve.
E que goza, goza, humilha, humilha, enriquece e nos empobrece, tal a corrupção e o tráfico de influências que, este sim, tem sido proritário, cada vez mais atuante e mais corruto. 
Esta gente, toda esta gente que nos desgoverna e todo o séquito de amigos que, tal como eles, nos sugam cada vez mais, só têm criado e espalhado desumanidades. 
Decidem sobre a maioria que não escutam, não atendem nem cuidam, despoticamente sentados na cadeira do poder que nunca deveriam ocupar, perfeitamente cientes da crueldade das suas ações que em desespero e pranto se fazem ouvir no clamor de um povo
Vivem à custa de todos os que do seu trabalho viviam ou mal vivem, espezinhados por uma política de subserviência aos grandes grupos financeiros e a uma diplomacia de conveniência aos mercados e aos banqueiros, esquecidos que são diariamente os direitos mais elementares do povo. 
Direitos inalienáveis e constitucionalmente adquiridos.
Ladrões engravatados, ditadores sem escrúpulos e políticos de má fé! Que mereceis?

Mas ainda me move a esperança que a justiça venha. Venha e castigue cruelmente quem tão cruelmente assim nos colocou, paredes meias com a fome, paredes meias com o fim.
Nazaré Oliveira

sexta-feira, 14 de março de 2014

O nosso país está mesmo irrespirável






O nosso país está mesmo irrespirável!

É uma loucura esta constante humilhação aos portugueses que vivem e sempre viveram honestamente, em contraste com os ladrões engravatados que nunca souberam nem saberão o que custa a vida e o que é trabalhar. 

Estou farta. Farta de armalhões e cabeças pensantes. Farta de canalhada e farta de comedores, como se diz no Norte.

Até quando esta visão nauseabunda dos que, afinal, só nos têm desgovernado, e da mentira verdade têm feito? 

Nunca se viu tanta promiscuidade!


Nazaré Oliveira

sexta-feira, 7 de março de 2014

Um olhar de Máximo Gorki sobre a Revolução Industrial inglesa - XVIII/XIX


Estas imagens, retiradas da Web, dizem bem da escravização e exploração desumana de mulheres e crianças, sem esquecer os homens, claro, neste período da História onde o lado mais terrível do capitalismo industrial e financeiro se começou a agigantar perante o Homem, os pobres, os mais vulneráveis, e para o qual tudo valeu (e vale), até a exploração do homem pelo homem. 

Nazaré Oliveira



 


 

 






"Todos os dias, o apito pungente da fábrica cortava o ar enfumaçado e pegajoso que envolvia o bairro operário e, obedientes à chamada, seres sombrios, de músculos ainda cansados deixavam os seus casebres, acanhados e escuros feitos baratas assustadas.
Sob o frio amanhecer, seguiam pela rua esburacada em direção às enormes jaulas de pedras da fábrica que os aguardava desdenhosa, iluminando o caminho lamacento com centenas de olhos empapuçados.


Os pés pisavam na lama. Vozes sonolentas emitiam poucas saudações, palavrões dilaceravam, raivosamente, o ar. Mas eram diferentes os sons que acolhiam os operários: pesadas máquinas em funcionamento, o resfolegar do vapor.
As enormes chaminés negras, quais grossas toras de madeira, apontavam para o céu, dando ao ambiente um ar sombrio e severo.


Com o pôr-do-sol, cujos raios vermelhos iluminavam, cansados, os vidros das casas, a fábrica vomitava os seres das suas entranhas de pedra, como se fossem escória, e eles voltavam a espalhar-se pelas ruas, com o rosto enegrecido pela fuligem, sujos, fedendo a óleo, com o brilho branco dos dentes famintos. Agora, as suas vozes demonstravam mais vida e até mesmo alegria. Por ora, a tortura violenta do trabalho havia terminado. Aguardava-os, em casa, o jantar e o descanso.
O dia consumira-se na fábrica. As suas máquinas sugaram dos seus músculos toda a energia de que necessitavam.


Mais um dia irremediavelmente riscado das suas vidas. O homem dera mais um passo em direção ao túmulo, mas ele antevia, apenas, o gozo imediato do descanso, as alegrias do bar repleto de fumaça e sentia-se satisfeito."



Uma sugestão de leitura sobre este assunto:
 http://histdocs.blogspot.pt/2014/03/as-condicoes-da-classe-operaria-na.html

quarta-feira, 5 de março de 2014