quinta-feira, 21 de julho de 2016

Trump


Trump: How many people know what ‘xenophobe’ means?

                 
Donald Trump is not too worried about people calling him a “xenophobe” or “nativist,” if his comments to Boston radio host Howie Carr are any indication.
Carr wrote in the Boston Herald on Thursday that aboard the presumptive Republican nominee’s plane after attending a rally in Bangor, Maine, he mentioned a protest sign earlier in the day in Boston, which he recalled as saying, “RACIST SEXIST BIGOT FASCIST XENOPHOBE ISLAMOPHOBE TRUMP.”
“Hillary’s called me a ‘xenophobe’ a few times. How many people even know what the word means? Same with ‘nativist,'” Trump said, according to Carr’s account.
Carr spoke at Trump’s event in Bangor, Maine, and proceeded to mock Sen. Elizabeth Warren (D-Mass.) with Indian war whoops, poking at the accusation that she secured a job at Harvard University by claiming Cherokee heritage. Warren, a Hillary Clinton surrogate who campaigned with the presumptive Democratic nominee on Monday in Ohio, has lashed out at Trump frequently for his rhetoric toward women and minorities.


By  NICK GASS 6/30/16, 4:28 PM CET 

O vídeo que os taurinos não querem que vejas

domingo, 10 de julho de 2016

Nascimento de um cravo

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O Estado deu 451 milhões e não os fiscalizou?

 *





Li esta notícia. Mais uma que me revolta quando me lembro da célebre frase, repetida à exaustão, dizendo que nós, o povão, é que viveu acima das suas possibilidades! Neste caso, reparem bem, O ESTADO DEU E NÃO FISCALIZOU O USO DE 451 MILHÕES!
Onde para a Justiça e a decência? E a polícia, o Tribunal de Contas?
E a troika? E os “puros e santos e anjos” do PSD e CDS? E a oposição? E os cidadãos eleitores?
Onde deveriam estar estes "políticos" e os seus cúmplices?
Há pessoal com memória curta.
Num país que viveu 48 anos amordaçado pela PIDE e pelos seus algozes, num país onde as elites é que mandavam e decidiam pela esmagadora maioria do povo, num país onde a Política do Espírito era claramente a Política do regime, num país que em Abril viu nascer “aquela madrugada clara e limpa”, num país que em 25 de Abril de 1974, finalmente, conquistara a liberdade, vemos, infelizmente, como neste caso, a continuação e manutenção de graves atropelos à democracia e de atos criminosos cometidos ao arrepio das mais elementares práticas cívico-político-democráticas do estado de Direito que alarve e constantemente apregoamos, do mesmo modo que certas resoluções parlamentares, à rebelia das mais elementares regras e disposições constitucionais, habilidosamente interpretadas por gente que da Política se tem servido descaradamente, em regime de compadrio, e que na Política está e sempre estará em nome de uma retórica demagógica que lhes dá destaque, prestígio, visibilidade, sistemáticas promoções sociais e profissionais, perigosamente irmanados pelo espírito corporativista de má memória, tão consentâneo com o salazarismo entranhado do qual nunca se livrarão e com o qual fizeram o que sabemos e mais virão a fazer se o consentirmos.
Com a revolução do 25 de Abril vieram órgãos e instituições, democracia, transparência e responsabilidade pelas quais deveríamos sempre  lutar e cuja usurpação jamais deveríamos permitir que existisse, porque o país somos todos nós e não essas pseudoelites hipocritamente mascaradas de uma democraticidade que a custo tentam esconder.
Porquê estes crimes e esta corrupção danosa contra o povo e contra as instituições democráticas? Porquê este roubo constante e esta impunidade face aos infratores?
Continuo sem perceber por que razão sabendo tudo isto, sabendo quão lesado foi o erário público mas, sobretudo, os valores democráticos e a dignidade dos que honestamente trabalham e pagaam os seus impostos, continuamos a assistir a crimes sem castigo, melhor dizendo, a uma Justiça claramente tendenciosa, despudoradamente ao lado do Poder e não da Razão, uma Justiça que mais tem sido injustiça, muito mais pelo que não faz do que por aquilo que tem tentado fazer.
Lamentavelmente, este é um dos muitos e muitos casos que por aí andam.
Segundo a Inspeção-geral de Finanças (IGF), o Ministério não dispõe de um plano estratégico enquadrador quanto às subvenções públicas aos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo, assim como não dispõe de indicadores de aferição do impacto na sociedade, o que não permite avaliar cabalmente a eficiência e eficácia da utilização destes dinheiros públicos.
Incrível!
Não dispõe? Porquê? Porque lhe interessa.
A propósito, convém lembrar, para quem não saiba, que nas escolas ditas públicas/oficiais, sejam preparatórias, secundárias ou até universidades, também há situações a merecerem uma urgente intervenção a este nível:
Muitos alunos recebem, há anos, apoio financeiro e não só, quando na prática, seguramente, dele não carecem. Querem exemplos?
Alunos que chegam às escolas, todos os dias, ou conduzindo as suas motas ou carros ou conduzidos  pelos paizinhos ou mãezinhas em (recentes) topo de gama… Alunos que vivem com os pais em excelente e caríssimas moradias… Alunos destes, que almoçam todos os dias nas cantinas escolares a expensas dos serviços sociais…. Alunos que frequentemente e ostensivamente faltam às aulas em períodos de “época baixa” para saírem com os seus progenitores até às Maldivas, Punta Cana, Nova Iorque e afins…
Que cegueira é esta que isto não vê, mesmo sabendo nós que situações destas proliferam por todo o país e por todas as escolas?

Não se procura a verdade porque dá muito trabalho procurá-la.
É horrível! A democracia não pode funcionar assim. Nem a democracia nem a Justiça em democracia.
Ah, se eu pudesse….





Nazaré Oliveira









* Como mostra o gráfico apresentado, pode estimar-se que entre 2011 e 2013 o governo da maioria de direita gastou bastante mais em contratos com colégios e escolas privadas do ensino básico e secundário do que com bolsas individuais de doutoramento e pós-doutoramento. Aliás, bastaria uma redução substantiva nos encargos com os mais que dispensáveis Contratos de Associação para assegurar a ausência de cortes na formação avançada de recursos humanos. O governo poderia ter optado por evitar este obsceno desperdício? Sim, claro que podia, mas não era a mesma coisa.
in http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2014/01/ciencia-educacao-e-desperdicio.html




sábado, 9 de julho de 2016

Referendo na Inglaterra...




Não se brinca com coisas sérias, pessoal!


Durão Barroso: ditosa Pátria que tal filho tem!




O dr. José Manuel Durão Barroso vai ser presidente da Goldman Sachs International. É o culminar de uma linda carreira, iniciada nos bancos da universidade, onde abraçou a causa maoísta do MRPP, para não muito tempo depois aplicar tais ensinamentos à social-democracia, para onde se mudou de armas e bagagens, chegando a líder do PSD, primeiro-ministro acidental, a que se seguiu uma “tocata e fuga” para presidente da Comissão Europeia. Agora chega o reconhecimento da mais poderosa entidade financeira mundial. É obra!

Durão Barroso é um exemplo para a juventude portuguesa. Soube perceber que nunca chegaria a líder do MRPP, onde pontificavam Arnaldo Matos e Saldanha Sanches. Mudou-se para o PSD, onde as lideranças mudavam com uma rapidez extraordinária. Viu o então líder Marcelo Rebelo de Sousa demitir-se ao fim de três anos, por ter sido traído pelo seu aliado da altura, Paulo Portas, e avançou para a liderança dos sociais-democratas. Analistas e comentadores garantiram inúmeras vezes que Durão Barroso nunca chegaria a primeiro-ministro. Mas na sequência de umas eleições autárquicas, o então primeiro-ministro, António Guterres, demitiu-se, o PS viu-se envolvido no escândalo da Casa Pia e Barroso chegou a São Bento. Governou dois anos, organizou a cimeira dos Açores, onde estiveram Bush, Blair e Aznar e que serviu para o presidente norte-americano obter os apoios internacionais de que necessitava para invadir o Iraque. Como prémio, Barroso foi convidado para presidir à Comissão Europeia, onde se manteve durante dez anos.

Durante esse período, a Europa sofreu o embate da crise financeira mundial, que nasceu nos Estados Unidos, e assistiu à crise das dívidas soberanas e do euro. Foram dez anos em que a Comissão deixou de ser o epicentro da construção europeia, perdeu claramente poder para o eixo Berlim-Paris, primeiro, e depois para Berlim e para o Conselho Europeu, deixou de ser o defensor dos interesses dos pequenos países no processo de integração, não conseguiu responder de forma célere à crise grega, que depois se propagou à Irlanda e aos países mediterrânicos, submeteu-se ao ritmo e aos ditames de Angela Merkel – mas conseguiu aquilo que almejava: ser eleito para um segundo mandato à frente da Comissão, coisa que antes só um francês (Delors) e um alemão tinham logrado.

Saiu com um lindo discurso no Parlamento Europeu em várias línguas. Depois, ficou à espera que o fossem buscar num andor para se candidatar à Presidência da República Portuguesa. Mas ninguém foi. E as sondagens também iam mostrando que o povo português não o amava. Injustamente, claro, pois não só o criticavam por ter deixado o seu mandato a meio, como por não ter defendido suficientemente o país durante o período de ajustamento.

O dr. Barroso ficou então de pousio, a dar umas conferências e umas aulas numa universidade americana. Mas uma pessoa com tanto valor e experiência nunca ficaria muito tempo no desemprego. E surge agora esta maravilhosa oportunidade para liderar a parte internacional da Goldman Sachs, por acaso exatamente a mesma empresa que foi acusada de ajudar a Grécia a maquilhar as suas contas públicas para enganar a Comissão quando o dr. Barroso estava à frente da dita. Mas o que interessa isso? Já lá vai…

O que conta é que o dr. Barroso é o político português com a mais fulgurante carreira internacional e um exemplo para todos os emigrantes: com esforço e dedicação e os amigos certos tudo se consegue na vida. Que não seja muito apreciado por cá releva apenas da tradicional inveja do povo português. Os outros, entre os quais me incluo, esperam muito desta nova fase profissional do dr. Barroso. Sobretudo do ponto de vista ético.




(Nicolau Santos, in Expresso Diário, 08/07/2016)

Capitalismo, globalização...



Não é submundo, é o capitalismo globalizado


Já sabíamos da existência dos labirintos financeiros que passam pelas offshores. A novidade da Panama Papers é que desta vez nos mostraram o mapa do tesouro. “Eles” passaram a ter nome. Tanto podem ser o primeiro-ministro da Islândia (pouco tempo depois da direita ter regressado ao poder já está de novo a afogar-se num escândalo), Vladimir Putin (nada mais nada menos do que dois mil milhões de dólares debaixo do colchão) ou narcotraficantes mexicanos. Da família do presidente Xi Jiping ao pai do primeiro-ministro David Cameron. 29 multimilionários da lista dos 500 mais ricos da “Forbes”. São políticos, grandes empresários, estrelas de cinema e do futebol, traficantes de droga ou terroristas.

São 40 anos de história de atividades legais e ilegais, mas quase todas serão danosas para os Estados. Não estamos a falar propriamente do submundo da finança e das empresas. Estamos a falar da criação de companhias fantasma (mais de 15 mil) nas Ilhas Virgens britânicas, no Panamá e outros paraísos fiscais por instituições como a UBS e a HSBC. Nuns casos serão habilidades legais, noutros fuga ao fisco, noutros lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de droga ou de assaltos.

Nas próximas semanas centenas de jornalistas envolvidos nesta investigação (falarei deste método de trabalho noutro texto que será, porque a realidade é sempre complicada, contraditório com este) irão deixando sair informação trabalhada sobre cada caso. Mas enquanto se trata de cada árvore gostaria de falar da floresta.

Não foi há muitos meses que um relatório da Oxfam para o Fórum Económico Mundial de Davos informava que havia cerca de 7 biliões de euros em paraísos fiscais, que corresponderiam a uma perda de receitas para os Estados de 174 mil milhões anuais, e que apenas 13 das 200 maiores empresas do mundo não recorrem a offshores. Estes números deixam claro que o recurso a paraísos fiscais são a norma, não a exceção. O caso que agora merece divulgação não é a descoberta de um escândalo. Para haver escândalo é preciso haver surpresa. Não chega também a ser uma notícia. É o cão a morder o homem, não o homem a morder o cão. O que é escandaloso e merece notícia é que, de uma assentada e apenas através de um das muitas fontes possíveis (o que quer dizer que temos apenas um retrato muitíssimo parcelar da coisa), podemos ver como funciona o capitalismo globalizado em que vivemos.

Hoje, o sistema financeiro e económico legítimo trabalha paredes meias com o crime organizado, usando estratagemas semelhantes com o mesmo objetivo: esconder o dinheiro. Nuns casos, a sua origem, noutros o destino, noutros para fugir aos impostos e em alguns um pouco de tudo. Far-se-á a distinção entre o que em tudo isto é legal e ilegal. Mas não se faça entre o que é legítimo e ilegítimo. Não há qualquer razão legítima para a existência de offshores. É mau para os Estados e para as populações, é mau para a economia e para a transparência. É bom para quem não quer cumprir os seus deveres ou quer fugir à lei.

O facto de nesta investigação terem surgido tantos nomes de políticos ajuda a explicar porque é que não tem sido uma prioridade para os Estados combater esta máquina misturadora entre crime e economia formal. Mas devemos ter um olhar mais abrangente. A globalização capitalista, que se sobrepõe às leis das Nações, não responde perante os Estados individualmente considerados ou, mesmo que se simule que tal acontece, a organizações internacionais. A permeabilidade ao crime, por ausência de “polícia” que o contenha, é da sua natureza. Haverá quem acredite que poderemos caminhar para uma globalização política capaz de voltar a colocar o poder económico debaixo da alçada do poder político, única forma de impedir que ele nos destrua e se destrua a si mesmo. Não vejo qualquer sinal que aponte nesse sentido. Por isso, acredito que o homem descobrirá, com inteligência ou da mais trágica das formas, que o travão a esta globalização financeira não é uma opção ideológica. É uma questão de sobrevivência. Porque o capitalismo globalizado e sem freios (assim como a Internet sem regras) resultará numa crescente fusão entre a legalidade e a criminalidade até vivermos no caos absoluto.

Ao contrário do que tenho lido, não foi o submundo que se revelou com a Panama Papers. Foi o mundo em que vivemos e que nos recusamos a enfrentar. Apesar de todas as evidências, parece ser inaceitável dizer que a democracia que conhecemos e o Estado que impõe a lei não são compatíveis com este capitalismo financeiro globalizado.


Compreendo a dificuldade em aceitar que se recue para as nações, até por não ser fácil imaginar como isso se faz. A questão é se queremos, em alternativa, recuar para a selva.



(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 05/04/2016)