sábado, 19 de janeiro de 2013

Este país está um nojo

"Retirantes", de Portinari.


Li esta notícia:


Apesar de nos colocarem a ferro e fogo, numa austeridade que já está a matar gente à fome e a tornar cada vez mais próximo o abismo para a democracia portuguesa, vale a pena pôr os olhos naquele homem – Rafael Correa – um político, um Presidente da República preocupado verdadeiramente com o seu povo e com a coesão social, sem a qual nenhum país se desenvolverá, porque interessado sempre se mostrou e parte ativa da mesmo se tornou, jamais subordinando a soberania aos ditames da Finança Mundial.

Fantástico!

Atuante, sério, numa clara demonstração de como deve agir quem eleito democraticamente é para prestar um serviço que todos dele se espera, isento, determinado, cumpridor, Rafael Correa mostra-nos como fez perante um drama que também viveu mas que nós continuamos a viver, numa clara tragédia nacional, porque do aniquilamento de um povo se trata.

Clarividente, inteligente, com sentido de responsabilidade política e sentido de estado, recusou-se a hipotecar o país e as suas gentes em nome da ditadura financeira e da Economia desumanizante que se alastra cada vez mais com o apoio de governos como o nosso que, servindo-se do voto popular, dele fizeram o que muito bem entenderam em nome de um protagonismo internacional oco, bem visível nos discursos e nos sorrisos com que abraçaram e abraçam medidas que só aos grandes da Europa têm interessado, mesmo quando alguns desses grandes nem Moral nem Ética têm tido ao longo da História deste velho continente, muito pelo contrário.

Com uma subserviência e obediência cega cada vez mais insuportáveis perante as exigências do FMI, Banco Central Europeu e Banco Mundial, vivemos em Portugal, isso sim, muito abaixo das nossas possibilidades de sermos nós próprios senhores do nosso destino.

Desmoralizam-nos. Dececionam-nos. Infernizam as nossas vidas.

O nosso governo nunca se mostrou interessado em negociar a dívida mas em cumpri-la. Nunca se mostrou interessado pelo povo mas em sacrificá-lo.

Vivemos aterrorizados com o presente porque aterrador se mostra o futuro. Aliás, não vivemos: vamos morrendo lentamente para que um bando de abutres sobre nós poise e nos sugue cada vez mais.

Deixaram que de nós fizessem o que agora já somos: NADA!

Este país está um nojo, um caos, um autêntico lamaçal onde só se mexe a escumalha que se safa sempre com a infelicidade dos outros e à custa dos quais sempre enriquece e enriqueceu.

Entregues a gente que se aproveitou do voto popular para nos representar, estamos prisioneiros de uma corja que até a soberania vai vendendo para ficar bem na fotografia, salvar a pele, os amigos, as empresas dos amigos, os gestores amigos, os diretores amigos, os compadres, os ladrões, os amigos dos ladrões, os advogados desses ladrões, os criminosos, os defensores desses criminosos, os corruptos, os que vivem à custa deles, os bancos, os acionistas, os agiotas, os banqueiros, os políticos sem escrúpulos, os falsos pobres, os falsos justos, os aldrabões e os seus cúmplices e todos os parasitas que sobrevivem sempre às crises porque delas proveito sempre tiram e tirarão, nem que para isso vendam a alma e o país ao Diabo.

Levanta-te, meu povo!
 
 
Nazaré Oliveira
 
 
 

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A Bela Arrábida

Programa emitido pela SIC no dia 6 de Janeiro de 2013, com realização de Luís Quinta e Ricardo Guerreiro, produzido pela TRADIVÁRIUS e patrocinado pela AMRS (Associação de Municípios da Região de Setúbal).
A Bela Arrábida!




 

Venha a luta!

 
"1900", de Bernardo Bertolucci, foi dos filmes que mais me marcaram (e marcam). Uma obra-prima. Uma lição de História
Neste apontamento do mesmo, chega a ser perturbadora a relação que com ele imediatamente estabelecemos com a atualidade! Pela injustiça social, pela forma vil como se trata a pobreza e se desumaniza a vida de quem a custo se levanta para enfrentar a sombra dos dias na esperança da luz que tarda mas sempre se espera.
É preciso enfrentar, sim, com determinação, aquilo que nos roubam sistematicamente e nosso é. 
É preciso enfrentar, sim, o autoritarismo fascizante de quem como peças de um jogo perverso nos manipula e gasta, até  à exaustão, humilhando e ferindo a dignidade, ora roubada ora violada, de quem da vida dor e sacrifício tirado tem.
Não chega o sonho. Venha a luta.
Venha a determinação de a querer e de nela acreditar.
 
 
 
(Um excerto fantástico deste filme!)
 
 
 
 
Para quem se interessar, aqui fica a sinopse deste filme e o link da 1ª parte (integral):

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Dispensar 50.000 professores?




Com a devida vénia, aqui publico uma mensagem que recebi da Associação de Professores de História (A:P:H:):


Dispensar 50.000 professores?A Associação de Professores de História manifesta-se frontalmente contra a notícia veiculada acerca da necessidade em dispensar 50.000 professores (ver em http://economico.sapo.pt/noticias/fmi-propoe-dispensa-de-50-mil-professores-e-novo-corte-nas-pensoes_159819.html e enviou para a LUSA o seguinte texto:

Explicita-se que “No relatório é referido que os polícias, os militares e os professores “continuam a ser um grupo privilegiado na sociedade”, que os médicos têm salários excessivamente elevados (principalmente devido ao pagamento de horas extraordinárias) e os magistrados beneficiam de um regime especial que aumenta as pensões dos juízes em linha com os salários”.

Relembramos o último relatório da OCDE que afirma que os professores portugueses são, na Europa, os que trabalham mais horas por menos dinheiro.

Em Portugal já houve momentos em que se discutiu o papel do professor na gestão da mudança económica, social e cultural. Mas de uma maneira geral e sempre que ocorreram grandes alterações sociais, instabilidade económica e descrença perante o futuro, o professor apareceu como responsável direto pelas deficiências na qualidade da formação, logo na preparação das novas gerações e, assim também, no seu desemprego e consequente agravamento das condições económicas e sociais (ver, a propósito, Martin Lawn, que explicita bem este fenómeno a partir do caso inglês – “Os professores e a fabricação de identidades” in A. Nóvoa, A difusão mundial da escola, 2000).

Se os professores são uma das “tecnologias” do sistema educativo (expressão de Martin Lawn) e, por isso mesmo, fortemente regulamentados pelo Estado, então atualmente uma das pretensões do Estado pode ser a de incentivar deliberadamente a destruição da identidade do professor ou, pelo menos, fazer com que o professor se sinta confuso, afastado do processo para o qual é chamado a trabalhar, disperso por múltiplos apelos, cada vez mais burocráticos e distantes da sua formação académica e pedagógica.

Apagar essa identidade (do professor enquanto profissional) pode ter vários objetivos, de entre eles talvez substituí-la por outra menos reivindicativa, menos coesa e confiante. Esta pode ser uma estratégia devidamente refletida e extraordinariamente eficaz para protelar a situação crítica que se vive nas escolas e, por conseguinte, no sistema educativo em geral. E, talvez por isso, se assista ao esquecimento do papel social e cultural que os professores têm numa sociedade democrática, se aumente a carga horária e o número de alunos por turma de uma forma cega, esquecendo as consequências.

Uma forma de manietar os professores é exigir-lhes o que não conseguem por não terem condições objetivas de alcançar. Se agora se acresce a isto o receio de perder o emprego, então temos um meio eficiente de manipular os professores, de criar um professor sem identidade, inseguro e dependente. E contribui-se para destruir de maneira dura e atroz o sistema educativo, a escola pública e a preparação das novas gerações. Estas poderão pagar caro este desprezo de uma política que sobrepõe a contabilidade ao futuro dos mais novos.

09 de janeiro de 2013

A Direção da APH
 
 
 
 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Mandar é que interessa

Antony Gormley - Figura / Escultura 
Tabletes maciços de aço inoxidável soldados sobre estrutura de ferro (Londres Inglaterra UK)




Começou mais um ano. Começou mais uma etapa que, espero eu, seja muito melhor do que a do ano anterior, em todos os aspetos.

Num ano tão difícil como o que acabou há dias, olho para trás e, revoltada,  continuo a questionar-me por que é que, passados 38 anos da Revolução de Abril, Portugal tanto regrediu em campos essenciais, caso do social, do político, do económico-financeiro e até ao nível dos valores e atitudes como Estado e  como Povo.

Já muito pouco sobra daquilo que nos moveu naquela madrugada que eu esperava e muito pouco já esperamos de governos e afins, espezinhados que têm sido direitos adquiridos e corrompido que tem sido o estado social e o estado de direito.

Subverteram-se e subvertem-se constantemente os ideais de Abril.

Temos mais doutores mas nem por isso mais progresso e desenvolvimento. Temos mais gente politizada mas nem por isso melhores políticos. Temos mais experiência democrática mas nem por isso melhor democracia. Temos mais estradas, mais casas, mais automóveis, mais infraestruturas, mas nem por isso mais e melhores condições de vida. Temos maior projeção na comunidade internacional mas nem por isso maior reconhecimento pela mesma. Temos mais escolas e mais professores mas nem por isso mais e melhor educação. Temos mais empresários mas nem por isso mais e melhores investimentos.

Não há um contínuo nas ações que se tomam, nem coerência na sua adoção, nem rigor nem ética nem vontade política.
Nada ou quase nada do que se começa acabado é com vista à satisfação dos objetivos traçados e do bem comum. Mudam-se os governos, mudam-se as vontades, mas não se tem mudado esta atitude de querer fazer singrar, a valer, o país e a sua gente.  

Fala-se muito de empreendedorismo mas verdadeiramente não se apoia o investimento interno nem se facilita quem decidido está a trabalhar, quer na reindustrialização quer na empresarialidade.

Na Política e na Economia, não se ouve quem sabe e quem da experiência ensinamentos colheu. Antes, age-se com a arrogância dos medíocres para quem tudo lhes basta desde que ameaçados não sejam do cimo do seu pedestal.

Não se dá valor ao Conhecimento nem à Razão.

Mandar é que interessa, mesmo sem se saber mandar ou sequer saber o que se manda. Mandar fazer sem nada fazerem, mandar cumprir sem nada ou muito pouco cumprirem, como se o Estado nada tivesse a ver com o indivíduo, como se o Estado, em democracia, fosse dissociável do cidadão, como se o cidadão não existisse ou, a existir, fossem as elites as beneficiárias das suas boas ações.

Mandar é que interessa e, como disse o atual primeiro ministro do meu país, “que se lixem as eleições".

Ao ponto que isto chegou!
 


Nazaré oliveira
 
 

domingo, 30 de dezembro de 2012

Este seu olhar

João Gilberto:
Para mim, um dos maiores compositores, aqui, num dos trabalhos musicais mais lindos que apareceram!
E que belo poema!