Antony Gormley - Figura / Escultura Tabletes maciços de aço inoxidável soldados sobre estrutura de ferro (Londres Inglaterra UK) |
Começou mais um ano.
Começou mais uma etapa que, espero eu, seja muito melhor do que a do ano
anterior, em todos os aspetos.
Num ano tão difícil como
o que acabou há dias, olho para trás e, revoltada, continuo a questionar-me por que é que,
passados 38 anos da Revolução de Abril, Portugal tanto regrediu em campos
essenciais, caso do social, do político, do económico-financeiro e até ao nível
dos valores e atitudes como Estado e como
Povo.
Já muito pouco sobra
daquilo que nos moveu naquela madrugada que eu esperava e muito pouco já esperamos de governos e afins, espezinhados que têm sido
direitos adquiridos e corrompido que tem sido o estado social e o estado de
direito.
Subverteram-se e
subvertem-se constantemente os ideais de Abril.
Temos mais doutores mas
nem por isso mais progresso e desenvolvimento. Temos mais gente politizada mas
nem por isso melhores políticos. Temos mais experiência democrática mas nem por
isso melhor democracia. Temos mais estradas, mais casas, mais automóveis, mais
infraestruturas, mas nem por isso mais e melhores condições de vida. Temos
maior projeção na comunidade internacional mas nem por isso maior
reconhecimento pela mesma. Temos mais escolas e mais professores mas nem por
isso mais e melhor educação. Temos mais empresários mas nem por isso mais e
melhores investimentos.
Não há um contínuo nas
ações que se tomam, nem coerência na sua adoção, nem rigor nem ética nem vontade
política.
Nada ou quase nada do que se começa acabado é com vista à satisfação dos objetivos traçados e do bem comum. Mudam-se os governos, mudam-se as vontades, mas não se tem mudado esta atitude de querer fazer singrar, a valer, o país e a sua gente.
Nada ou quase nada do que se começa acabado é com vista à satisfação dos objetivos traçados e do bem comum. Mudam-se os governos, mudam-se as vontades, mas não se tem mudado esta atitude de querer fazer singrar, a valer, o país e a sua gente.
Fala-se muito de
empreendedorismo mas verdadeiramente não se apoia o investimento interno nem se
facilita quem decidido está a trabalhar, quer na reindustrialização quer na
empresarialidade.
Na Política e na
Economia, não se ouve quem sabe e quem da experiência ensinamentos colheu. Antes, age-se com a arrogância dos medíocres para quem tudo lhes basta desde
que ameaçados não sejam do cimo do seu pedestal.
Não se dá valor ao
Conhecimento nem à Razão.
Mandar é que interessa,
mesmo sem se saber mandar ou sequer saber o que se manda. Mandar fazer sem nada
fazerem, mandar cumprir sem nada ou muito pouco cumprirem, como se o Estado
nada tivesse a ver com o indivíduo, como se o Estado, em democracia, fosse dissociável
do cidadão, como se o cidadão não existisse ou, a existir, fossem as elites as
beneficiárias das suas boas ações.
Mandar é que interessa e, como disse o atual primeiro ministro do meu país, “que se lixem as eleições".
Ao ponto que isto chegou!
Nazaré oliveira