sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Tell your children!


Um filme de Andras Salamon, pequeno mas intenso.
  
Ficção sobre os acontecimentos verídicos ocorridos em Janeiro de 1945, na Hungria, nas margens do Danúbio, e que nos proporciona, também, uma brutal ligação aos dias de hoje.

As redes sociais, actualmente, têm um papel importantíssimo para o esclarecimento, para a mobilização das pessoas contra os ditadores e o poder opressivo, contra a prepotência e a barbárie... A FAVOR DOS DIREITOS DOS HUMANOS E DOS NÃO HUMANOS.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A história de Francisco dos Santos e a República

Que história fantástica esta, a de Francisco dos Santos, que muito poucos devem conhecer! Uma história de vida que também se cruza com a história da 1ª REPÚBLICA!

Francisco dos Santos é o primeiro da direita, sentado na cadeira.
 Pouco depois da implantação da República, abriu-se concurso para o Busto que a simbolizasse.


Francisco dos Santos, que fora jogador de futebol da Casa Pia, do Sport Lisboa e do Sporting e que, durante os seus tempos de estudante em Roma chegara a capitão da Lazio, ganhou-o. Impressionante a história da vida dele!

O pai era um sapateiro pobre em Paiões, vilarejo de Rio de Mouro, Sintra e Francisco dos Santos tinha dois anos quando ele morreu de uma «tísica fulminante», em 1880. Por especiais diligências do pároco da freguesia entrou para a Casa Pia de Lisboa em 1887. Lá, em Belém, seis anos depois, Januário Barreto e Bruno José do Carmo espalham entre os colegas a «novidade do jogo da bola» - e logo ele, franzino, mostrou, desconcertante, o seu jeito no futebol, como já mostrara no desenho, na escultura.

Para que se matriculasse na Escola de Belas Artes, em 1893 a Casa Pia deu-lhe, para despesas, subsídio mensal de sete mil rei, e para que às aulas fosse «vestido e arranjado convenientemente» pagou-lhe «seis camisas de pano cru, seis lenços de algodão de cor, seis pares de meias, três calças de brim, três calças de mescla, três ceroulas de pano cru, três jalecos de baetilha, três jaquetas de riscado, duas jaquetas de mescla, dois pares de sapatos e, ainda, uma unidade dos seguintes objectos - bonnet de pano azul, botins, escova para calçado, escova para dentes, escova para fato, jaqueta de pano azul, pente, saco de estopa e um bosquejo métrico», lê-se em documento de então.

Cinco anos volvidos terminou o curso com «distinção e medalha de prata».

Em 1903 ganhou um concurso de Escultura para pensionista na Escola de Belas Artes de Paris.

Dava para pouco, a bolsa, no Inverno. Faltando-lhe o dinheiro para o combustível do fogão, «embrulhava o corpo em folhas do Le Fígaro e do Le Matin e cobria-o com os fatos roçados que tinha». Era assim que se aquecia, e conta-se que arranjava ele próprio as botas que se esburacavam duravam uma década.

Casou-se com Nadine Dubose, e quando passava por Portugal nunca deixava de jogar oficialmente futebol pelo Sport Lisboa, que antigos colegas da Casa Pia ajudaram a fundar, em Belém.

Através de um subsídio Valmor em 1906 foi estudar para Roma.

Complicadas continuaram as finanças, sobretudo quando foi vítima de atraso no pagamento da bolsa, porque a «prova de assiduidade», obra denominada Crepúsculo, se perdeu num armazém da alfândega. Teve, então, de viver seis meses a crédito do senhorio, dando aulas de francês para pagar a comida. Nasceu-lhe o filho. Iam-lhes valendo os vizinhos que aos Santos davam alimentos.

Na esperança de que isso pudesse compor-lhe o orçamento, ofereceu-se para futebolista da Lazio, e assim se tornou o primeiro português a jogar no estrangeiro. Em 1907, já era capitão de equipa.

Épico foi o desafio que fez em Pisa: mesmo com duas costelas partidas num choque com adversário que fracturou seis e foi de escantilhão para o hospital, Francisco dos Santos continuou em campo. E a crónica do primeiro derby entre a Lazio e a Roma, na Gazetta dello Sport de 20 de Janeiro de 1908, ainda mais lhe afogueou a fama: «Em evidência estiveram o jovem Saraceni e o veterano Dos Santos, que com os seus 55 quilos foi impressionante e dos melhores em campo».

Em 1909, regressou a Portugal «com dezoito vinténs na algibeira».

Ainda jogou pelo Sporting, ajudou a fundar a Associação de Futebol de Lisboa e foi um dos seus primeiros árbitros. A partir daí, o seu prestígio alastrou e ele enriqueceu.

Logo após a revolução de 5 de Outubro, selos, cartazes, bilhetes postais, estampas, faianças, pisa-papéis, lenços de seda, tudo isso serviu, depressa, para propagação da ideia de que felicidade era a República, das imagens dos seus heróis. A moeda deixou de ser em réis, passou a ser em escudos. Dos nomes das ruas, dos teatros e dos clubes se afastou quase tudo o que tivesse a ver com monarquia.

A nova iconografia estendeu-se ao comércio e passaram a vender-se cigarros Presidente Arriaga e vinho do Porto Bernardino Machado, telhas Republicana e cacaus Democrata.

Foi ainda em 1910 que se lançou concurso para criação do Busto da República. Francisco dos Santos venceu-o. Contudo, por essa altura já havia outro. Dois anos depois, quando o Partido Republicano ganhou a Câmara de Lisboa, Braamcamp Freire, o seu presidente, encomendou-o a Simões d'Almeida (sobrinho), e essa foi a imagem que se usou, simbólica, nos funerais de Miguel Bombarda e Cândido dos Reis, e acabou por se sobrepor, em actos oficiais, moedas, brochuras, documentos, é a que está na Academia Nacional de Belas Artes (ANBA).

António Valdemar, o seu presidente, afirmou recentemente: «A peça em barro de Simões d'Almeida (sobrinho) criou a matriz e foi difícil à de Francisco Santos impor-se. Estava numa arrecadação e foi restaurada em 2009 pelo artista João Duarte». Não deixou, contudo, também de reconhecer: «O busto de Francisco dos Santos tem um toque mais de Paris, com uma mulher mais elegante, no de Simões d'Almeida (sobrinho) a mulher é mais portuguesa, com os seios mais fartos», e não muito antes, numa publicação do Grande Oriente Lusitano, lamentava-se: «O busto oficial da República, o de Francisco dos Santos, o mais belo, é capaz de ser o mais esquecido».

Para além da Estátua do Marquês de Pombal, são dele (de Francisco dos Santos) outros importantes monumentos: Marinheiro Ao Leme, no Cais do Sodré, Prometeu, no Jardim Constantino, e o Túmulo de Gomes Leal no Cemitério do Alto de São João. Também foi pintor e deixou o seu percurso marcado pelo nu feminino, de linhas sinuosas e movimentadas, a sensualidade da carne transporta para a pedra. Salomé Dançando, que esculpiu em 1913, é considerada por naipe largo de críticos a sua obra-prima. Fernando Pamplona viu-a assim: «Um belo corpo serpentino e rojo, em que o pecado da luxúria palpita e vibra em toda a sua fascinação terrível e mortal». Sobre a A Esfinge, o poético, o olhar de Aquilino Ribeiro: «Mimosa, duma impressão soberana, um pedaço de mármore onde passa uma pura e alta emoção de arte. Tendo a finura da La Pensée de Rodin, é mostra perfeita da mão nervosa e maleável». Igual deslumbramento pôs em Um Beijo e Nina – e Albino Forjaz Sampaio fez assim a síntese da sua obra: «Prende-nos os sentidos, faz pensar, faz sentir».

Quando Francisco dos Santos morreu, em 1930, com 58 anos, António Couto, arquitecto que fora seu companheiro no futebol da Casa Pia, do Sport Lisboa e do Sporting, traçou-lhe, emocionado, o retrato, e Carlos Enes reproduziu-o assim na biografia que lhe escreveu:

«Foi dos artistas do seu tempo o que mais trabalhou, o que mais modelos expôs, o que mais obras vendeu. A prosperidade material reflectiu-se na pequena barriguinha que lhe foi crescendo. Contudo, manteve-se sempre mexido, jovial e ruidoso, com as mãos atrás das costas e o chapéu às três pancadas, dando um ar de comerciante feliz nos negócios. Apesar de não o parecer, pelo seu feitio despretensioso, era bastante inteligente e culto, um musicólogo apaixonadíssimo, com presença assídua em concertos e, acima de tudo, um grande homem, um grande coração».

fonte cons.: http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=198302

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Campo Pequeno - CAMPO DA AGONIA

Este ano, 96 seres indefesos e inocentes, barbaramente assassinados no Campo Pequeno!



Dói muito, ver esta foto!
96 seres indefesos e inocentes...
 estar lá, como já estive, enquanto decorre a tortura e a
morte lenta dos pobres animais? Nem imaginam!


AS PESSOAS TÊM QUE SE ESFORÇAR POR ALINHAR MAIS

VEZES COM AS ASSOCIAÇÕES DE DEFESA DOS ANIMAIS NAS

ACÇÕES DE RUA, QUER A FAVOR DE LEGISLAÇÃO QUE OS

 DEFENDA DO BICHO HOMEM QUER PARA ACABAR COM AS

TOURADAS OU OUTRAS DESUMANIDADES SOBRE OS

NOSSOS AMIGOS!

Um abraço aos que continuam a lutar para que acabe tudo

isto. A lutar e a acreditar.



YES, WE CAN!


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O direito à indignação

*

Uma coisa é certa! São sempre os do costume a pagar as crises financeiras, consequência mais do que óbvia de más políticas, maus políticos e dos roubos e saques institucionalizados e legislados por quem se tem apoderado do poder e subrepticiamente se tem servido dele para proveito pessoal e ascensão social.


Já não se aguenta tanto compadrio, tanta corrupção, tanta falsidade e tantas injustiças sociais! Caminhamos para um beco sem saída mas, quem fica sempre encurralado é quem não pode nunca defender-se porque não teve nunca como defender-se.

Só a união fará a força. Só a união permitirá a mudança e a sua consolidação em torno de um compromisso geral onde cada um se constituirá peça-chave para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática, ao serviço de todos e não de alguns.

Ao longo da História as mudanças profundas e os momentos de ruptura fizeram-se porque as pessoas, tomando consciência da sua força, da humilhação constante e da exploração de que eram alvo, das injustiças e das cada vez maiores e mais gritantes desigualdades sociais, indignaram-se!

Sim, indignaram-se.

Exerceram o seu direito à indignação tantas vezes amordaçado, escamoteado e vilipendiado pelos que temem o poder do povo e os combates travados na rua, quando esse povo sentiu que a sua vida em morte se tornava se o pouco que fizesse em luta não redundasse.

Isto não pode continuar:

miséria e fome, consumismo e esbanjamento, exploração desenfreada dos recursos naturais, desertificação dos solos, endividamento contínuo para satisfação dos caprichos político-partidários da mediocridade reinante, um novo-riquismo cada vez mais arrogante, ignorante e ardiloso, falta e quebra de valores como a solidariedade, justiça social, humanidade, seriedade, trabalho e esforço pessoal, endeusamento de figuras públicas ignorantes e completamente ocas nas ideias e na acção, promoção das pessoas não pelo trabalho que fazem e pela forma como o fazem, mas pelos cargos que ocupam, pelos sinais de riqueza que apresentam, pelas cunhas que daí possam advir, pela teia de influências que permitem, pelas cadeiras onde se sentam, seja nas empresas públicas ou privadas, Assembleia da República, escolas, hospitais, jornais, televisões…

Vivemos num país (num mundo) onde já não está a contar ou quase não conta quem vive e faz as coisas com seriedade e brio profissional, sentido de justiça e abnegação, mas, quem faz de conta que tudo faz nada fazendo, tal o artificialismo e visibilidade mediática que hipocritamente encomendam para se fazer notar, seja onde for, com quem for, desde que a sua imagem ganhe contornos de popularidade mesmo duvidosa.

Querem simplesmente dar nas vistas, rodeando-se, se possível, de um séquito de bajuladores que os promovem a figuras "nacionais" e "superiores”, abutres que são e atentos que estão à espera de um qualquer favor ou de um qualquer sinal para se sentarem, também a seu lado, na mesa do poder. Dos pequenos poderes de pequena gente que pulveriza os nossos gabinetes, as nossas empresas, servindo despudoradamente uma ética política e moral pública completamente pervertida e arredada dos mais elementares princípios que qualquer um deveria aplicar-se, empenhado que estivesse na qualidade da democracia e no funcionamento correcto das suas instituições.

Prevalece a importância dos cargos e dos títulos, dos certificados e diplomas académicos que muitos e muitos acumulam "à pressão", dos mestrados, doutoramentos, sem que isso signifique mais cultura, mais nível e mais conhecimento.

De facto, onde está o nível de tanta desta gente? Onde está que não se vê ou nunca se viu? De que modo o seu desempenho melhorou as instituições ou funções que desempenhavam e desempenham? Em que se tem diferenciado esse desempenho, na prática, a não ser nas subidas de carreira e nos “bónus salariais”?

Pensa-se na profissão e não no trabalho, na forma de tratamento, na vaidade que isso traz, mais nos ganhos que permitirá do que pô-la ao serviço dos outros, do país, do desenvolvimento e da harmonia social.

Muita desta gente, destas autoridades e destas hierarquias, nada faz nem ousa fazer se daí não resultar, de algum modo, proveito pessoal, enriquecimento rápido e ostentação material.

Nunca tanta gente mandou em tanta gente ou pensa e quer mandar em tanta gente!

Somos um país carregado de chefes, de administradores, de gestores, de directores, de coordenadores, de presidentes disto e daquilo, de mestres e doutores. E de trabalhadores?

Prevalece, ainda, o nome e apelido sonante e não o currículo académico e a excelência do percurso.

Prevalece a cunha e não o mérito. Prevalece a mentira e a ignomínia.

Continua a caminhar-se para o abismo político, social, económico, psicológico e ecológico.

Embriagados pela tecnologia e pelo consumismo, também nos temos esquecido de valorizar as coisas simples da Natureza e de as amar, ponto de partida fundamental para a construção de uma sociedade de gente feliz, sem lágrimas, onde todos possam viver dignamente e em harmonia com todos os seres, com seriedade e sem demagogia.

Vivemos tempos de mudança.

Temos de a fazer, sim, mas não a qualquer preço nem de qualquer maneira.

Olhemos para a História.

Olhar para a História é olhar para a Vida e dela retirar força e ensinamentos.



“Um dia é preciso parar de sonhar e, de algum modo, partir" (Amyr Klink)



Nazaré Oliveira



* Quadro de Goya "3 de Maio"

Vozes pela liberdade

Dos trabalhos mais fantásticos e mais belos que vi!
Que mensagem!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Viva a Catalunha!

Que alegria!
A Catalunha acabou com as touradas no dia 25 de Setembro deste ano!
Brindemos mas não esqueçamos: a luta continua!
Parabéns, amigos!

 (Foto: Albert Gea / Reuters) 
Activistas festejam o fim das touradas em Barcelona

VEJAM O EXEMPLO MAGNÍFICO DESTA GENTE:

domingo, 25 de setembro de 2011

A Cegueira da Governação


Príncipes, Reis, Imperadores, Monarcas do Mundo: vedes a ruína dos vossos Reinos, vedes as aflições e misérias dos vossos vassalos, vedes as violências, vedes as opressões, vedes os tributos, vedes as pobrezas, vedes as fomes, vedes as guerras, vedes as mortes, vedes os cativeiros, vedes a assolação de tudo? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos. Príncipes, Eclesiásticos, grandes, maiores, supremos, e vós, ó Prelados, que estais em seu lugar: vedes as calamidades universais e particulares da Igreja, vedes os destroços da Fé, vedes o descaimento da Religião, vedes o desprezo das Leis Divinas, vedes o abuso do costumes, vedes os pecados públicos, vedes os escândalos, vedes as simonias, vedes os sacrilégios, vedes a falta da doutrina sã, vedes a condenação e perda de tantas almas, dentro e fora da Cristandade? Ou o vedes ou não o vedes. Se o vedes, como não o remediais, e se o não remediais, como o vedes? Estais cegos. Ministros da República, da Justiça, da Guerra, do Estado, do Mar, da Terra: vedes as obrigações que se descarregam sobre vosso cuidado, vedes o peso que carrega sobre vossas consciências, vedes as desatenções do governo, vedes as injustças, vedes os roubos, vedes os descaminhos, vedes os enredos, vedes as dilações, vedes os subornos, vedes as potências dos grandes e as vexações dos pequenos, vedes as lágrimas dos pobres, os clamores e gemidos de todos? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes, como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos.

Padre ANTÓNIO VIEIRA (1608-1697)

in http://www.citador.pt/