terça-feira, 31 de maio de 2011

Sobre a WWF



A WWF é uma das organizações independentes de conservação da natureza mais importantes a nível mundial. Tem cerca de 5 milhões de apoiantes e está activa nos cinco continentes em mais de 100 países.
O estilo único da WWF combina objectivos globais com critérios científicos, experiência e rigor, envolve acção a todos os níveis, do local ao global e apresenta soluções inovadoras que visam a protecção da vida humana e da natureza.
Desde a sua criação, em 1961, tem mantido elevados níveis de sucesso. Actualmente, a WWF financia cerca de 2000 projectos e emprega cerca de 4000 pessoas em todo o mundo. Tem um rendimento anual de 600 milhões de CHF.


Este ano a WWF completa 50 anos de conquistas ambientais em todo o mundo. Nestes cinquenta anos, a WWF conquistou o seu lugar de líder mundial de conservação da natureza graças ao seu estilo único, combinando objectivos globais com critérios científicos, experiência e rigor, apresentando soluções inovadoras que visam a protecção da vida humana e da natureza;
Neste seu cinquentenário, a WWF convida-o a fazer uma viagem virtual em MyWorld e a fazer uma promessa para salvar o mundo em que vivemos.

WWF - Governos e empresas devem unir-se em acção conjunta para impedir a perda de floresta



O primeiro capítulo do relatório Florestas Vivas, divulgado hoje, examina as causas da desflorestação e identifica as oportunidades de mudança nos negócios para um novo modelo de sustentabilidade, que pode beneficiar governos, empresas e comunidades.

Baseado numa nova análise global que aponta para que mais de 230 milhões de hectares de floresta poderão desaparecer até 2050 se nenhuma acção for tomada, o relatório propõe que os responsáveis ​​políticos e as empresas se unam em torno de uma meta de desflorestação e degradação florestal zero (ZNDD), que deve ter o ano de 2020 como horizonte de referência mundial, para evitar as alterações climáticas irreversíveis e reduzir a perda de biodiversidade.

"Estamos a desperdiçar florestas valiosas por não conseguirmos resolver questões políticas vitais, tais como a governança e os incentivos económicos para mantermos a floresta viva", disse Rod Taylor, Director do Programa Florestas da WWF Internacional.

sábado, 28 de maio de 2011

A luta pela igualdade de género em Portugal

Maria Veleda

Irene Lisboa

Guiomar Torreão

Carolina Beatriz Ângelo

Carolina Michaelis
Adelaide Cabete

Ana de Castro Osório

Domitila Carvalho

Ainda em 1906, Carolina Beatriz Ângelo (a primeira especialista em ginecologia e a primeira mulher a poder votar em Portugal), Adelaide Cabete (médica e professora), Domitila de Carvalho (a primeira mulher a entrar na porta férrea da Universidade de Coimbra, Emília Patacho e Maria do Carmo Lopes, aderiram ao Comité Português da La Paix et le Désarmement par les Femmes. É digno de registo este passo, sobretudo, porque permitiu com coragem e grande sacrifício, ainda em plena Monarquia, tomar consciência e preparar uma luta, que se avizinhava terrivelmente difícil, mas perante a qual jamais abrandariam. Estas e outras mulheres que se juntaram à sua causa, marcarão decisivamente a História do século XX português, particularmente, a história da militância política das Mulheres Portuguesas.
Em Maio de 1911, para combater, sobretudo, a ignorância e a superstição, aparece o Grupo das Treze. Treze, número simbólico com o qual as sócias da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas quiseram surpreender e, desde logo, quebrar uma primeira superstição. Para elucidar a sociedade quanto aos seus propósitos tinham máximas, todas elas compostas por 13 palavras, como: ”O fanatismo é uma espécie de lepra que corrompe e devora o pensamento”. Ou ainda: “A sociedade ideal será aquela em que a mulher levante templos à ciência”. E também: “A ciência fortalece as almas, a superstição amortalha-as na treva da Morte”.
Foi com este espírito ousado que surgiram, tentando despertar novas ideias nas assembleias que as ouviam: “Iluminar as almas, libertar as consciências, eis a verdadeira missão da mulher moderna”.
Criaram um distintivo: uma medalha com o número 13, com a qual apareceram na sessão solene de apresentação pública do Grupo, estando presentes Judite Pontes Rodrigues, Carolina Amado, Ernestina Pereira Santos, Lydia d’Oliveira, Maria Veleda, Antónia Silva, Adelina Marreiros, Honorata de Carvalho, Marianna Silva, Filipa d’Oliveira, Berta Vilar Coelho, Lenia Loyo Pequito, Carolina Rocha da Silva - esta última em substituição de Maria da Madre de Deus Diniz d’Almeida, que não pode comparecer na sessão inaugural.
Como “Grupo das Treze” não duraram muito: existiram apenas até Outubro de 1913, mas, como sócias da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas foram activistas dinâmicas, destacando-se, também, pelas iniciativas cívicas e políticas, a escritora Ana de Castro Osório.
Lutaram com heroicidade e determinação pelo direito ao voto das mulheres, pela lei do divórcio (entre outras) e apoiaram a Obra Maternal, instituição criada no tempo da monarquia com o objectivo de proteger e educar as crianças sem família ou vítimas de maus tratos e, em 1913, reivindicaram no Senado e na Câmara de Deputados a revogação da lei que permitia o direito de fiança a violadores de menores.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Discurso de Barack Obama aos alunos dos E.U.A.



Sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aulas, e para os que entraram para o jardim infantil, para a escola primária ou secundária, é o primeiro dia numa nova escola, por isso, é compreensível que estejam um pouco nervosos. Também deve haver alguns alunos mais velhos, contentes por saberem que já só lhes falta um ano. Mas, estejam em que ano estiverem, muitos devem ter pena por as férias de Verão terem acabado e já não poderem ficar até mais tarde na cama.
Também conheço essa sensação. Quando era miúdo, a minha família viveu alguns anos na Indonésia e a minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde andavam os outros miúdos americanos. Foi por isso que ela decidiu dar-me ela própria umas lições extras, de segunda a sexta-feira, às 4h30 da manhã.
A ideia de me levantar àquela hora não me agradava por aí além. Adormeci muitas vezes sentado à mesa da cozinha. Mas, quando eu me queixava, a minha mãe respondia-me: "Olha que isto para mim também não é pêra doce, meu malandro..."
Tenho consciência de que alguns de vocês ainda estão a adaptar-se ao regresso às aulas, mas hoje estou aqui porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar.
Já fiz muitos discursos sobre educação e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender. Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia em frente da televisão ou a jogar com a Xbox. Falei da responsabilidade do vosso governo de estabelecer padrões elevados, de apoiar os professores e os directores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os alunos não têm as oportunidades que merecem.
No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades, se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção aos professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, se quiserem ser bem sucedidos. E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria educação.
Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.
Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores - suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais -, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores - quem sabe capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina -, mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal, mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo.
No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida garanto-vos que não será possível a não ser que estudem.
Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso.
E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola, agora, vai decidir se, enquanto país, estaremos à altura dos desafios do futuro.
Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas Ciências e na Matemática para curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na História e nas Ciências Sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia.
Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e intelecto para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem - se abandonarem a escola -, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país.
Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso e sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois anos e eu fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldade em pagar as contas e nem sempre nos conseguia dar as coisas que os outros miúdos tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me sozinho e tive a impressão de que não me adaptava, e, por isso, nem sempre conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem ter dado para o torto.
Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e consegui ir para a faculdade, estudar Direito, e realizar os meus sonhos. A minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto, trabalharam muito e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as melhores escolas do nosso país.
Alguns de vocês podem não ter tido estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem.
Apesar de tudo isso, as circunstâncias da vossa vida - o vosso aspecto, o sítio onde nasceram, o dinheiro que têm, os problemas da vossa família - não são desculpa para não fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal. Não são desculpa para responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem.
A vossa vida actual não vai determinar forçosamente aquilo que vão ser no futuro. Ninguém escreve o vosso destino por vocês.
Aqui, nos Estados Unidos, somos nós que decidimos o nosso destino. Somos nós que fazemos o nosso futuro.
E é isso que os jovens como vocês fazem todos os dias em todo o país. Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Quando Jazmin foi para a escola não falava inglês. Na terra dela não havia praticamente ninguém que tivesse andado na faculdade, e o mesmo acontecia com os seus pais. No entanto, estudou muito, teve boas notas, ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Brown e, actualmente, está a estudar Saúde Pública.
Estou a pensar ainda em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que aos três anos descobriu que tinha um tumor cerebral. Teve de fazer imensos tratamentos e operações, e uma delas afectou-lhe a memória, levando-o a estudar muito mais - centenas de horas a mais - que os outros. No entanto, nunca perdeu nenhum ano e entrou agora na faculdade.
E também há o caso da Shantell Steve, da minha cidade, Chicago, no Illinois. Embora tenha saltado de família adoptiva para família adoptiva nos bairros mais degradados, conseguiu arranjar emprego num centro de saúde, organizou um programa para afastar os jovens dos gangues e está prestes a acabar a escola secundária com notas excelentes e a entrar para a faculdade.
A Jazmin, o Andoni e a Shantell não são diferentes de vocês. Enfrentaram dificuldades como as vossas. Mas não desistiram. Decidiram assumir a responsabilidade pelos seus estudos e esforçaram-se por alcançar objectivos. E eu espero que vocês façam o mesmo. É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleçam os seus próprios objectivos para os estudos, e para que façam tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objectivo pode ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção nas aulas ou ler todos os dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa actividade extracurricular ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade. Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação, por serem quem são ou pelo seu aspecto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. Ou pode ser que decidam cuidar de vocês mesmos para aprenderem melhor. E é nesse sentido que espero que lavem muitas vezes as mãos e que não vão às aulas se estiverem doentes, para evitarmos que haja muitas pessoas a apanhar gripe neste Outono e neste Inverno.
Mas decidam o que decidirem gostava que se empenhassem. Que trabalhassem duramente.
Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar - que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou por serem estrelas de reality shows -, mas a verdade é que isso é muito pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os vossos objectivos à primeira. No entanto, isso pouco importa. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado duas vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos ao longo da sua carreira. No entanto, uma vez disse: "Falhei muitas e muitas vezes na minha vida, mas foi por isso que fui bem-sucedido."
Estas pessoas alcançaram os seus objectivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos definam - temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer dizer que temos de fazer um esforço maior para nos comportarmos bem.
Não é por termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de estudar mais.
Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não entramos para a primeira equipa da universidade a primeira vez que praticamos um desporto. Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo.
Não tenham medo de fazer perguntas. Não tenham medo de pedir ajuda quando precisarem. Eu todos os dias o faço. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um adulto em quem confiem - o pai, o avô ou um professor ou treinador - e peçam-lhe que vos ajude. E mesmo quando estiverem em dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as outras pessoas vos abandonaram, nunca desistam de vocês mesmos. Quando desistirem de vocês mesmos é do vosso país que estão a desistir.
A história da América não é a história dos que desistiram quando as coisas se tornaram difíceis. É a das pessoas que continuaram, que insistiram, que se esforçaram mais, que amavam demasiado o seu país para não deixarem de dar o seu melhor.
É a história dos estudantes que há 250 anos estavam onde vocês estão agora e fizeram uma revolução e fundaram este país. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 75 anos e ultrapassaram uma Depressão e ganharam uma guerra mundial, lutaram pelos direitos civis e puseram um homem na Lua. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 20 anos e fundaram a Google, o Twitter e o Facebook e mudaram a maneira como comunicamos uns com os outros. Por isso, hoje quero perguntar-vos qual é o contributo que pretendem fazer. Quais são os problemas que tencionam resolver? Que descobertas pretendem fazer?
Quando daqui a 20 ou a 50 ou a 100 anos um presidente vier aqui falar, que vai dizer que vocês fizeram pelo vosso país?
As vossas famílias, os vossos professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês têm a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros, o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E, por isso, espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem. Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em vocês. Tenho a certeza que são capazes.



(proferido dia 8.9.2009)

Festa, alegria, lágrimas e sofrimento.

O filme que aqui publico é terrível, sim, mas é importante mostrá-lo.
Apesar de exibido a todas as horas, em todo o mundo, com protagonistas e cenários diferentes mas sempre com o mesmo enredo e o mesmo fim.
Em segundos, partimos da alegria para a dor. Da vida para a morte. Da música para o silêncio. Da luz para a escuridão.

Iniciando a viagem sem regresso que marcará, para sempre, os que ficaram mergulhados na dor e na revolta.

Ficou o brilho das estrelas. O sol e o mar. O verde da terra e o azul do céu. A saudade e o Amor...mas eles não ficaram.


Rua e Luta



Em 1896, Guerra Junqueiro, no seu Pátria, refere que “um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas (...)”, mostra bem como a passividade e a indiferença de um povo perante uma realidade que lhe é hostil, melhor dizendo, a falta de atitude de um povo perante a prepotência, o autoritarismo e a injustiça, podem torná-lo presa fácil de ditadores e exploradores que dele se servem e dele dependem. Ao longo da História, particularmente a partir das grandes revoluções do século XVIII, na Inglaterra e na França, animado pelos ideais iluministas, empreende a caminhada para a sua libertação e toma nas suas mãos o seu destino.
Cortam-se amarras! O povo vem para a rua e, com enorme coragem e determinação, muitos são os que pagam com a vida a sua luta pela liberdade e pela dignidade roubada, há muitos e muitos anos, por ditadores sanguinários e corruptos instalados na cadeira do poder.
Esta onda está a varrê-los e não parará jamais!
Começou com toda a força na Praça Tahrire, no Cairo, e continua a alastar por todo o Médio Oriente, África, Europa...
Em Portugal, iniciou-se a 12 de Março de 2011 com a GERAÇÃO À RASCA, um acontecimento histórico, um dia memorável!
Também lá estive. Porque a minha geração continua à rasca e a dos nossos filhos à rasca está e estará. Porque são sempre os mesmos à rasca para desenrascar os do costume: os "comedores", os "trafulhas", os medíocres, "os das cunhas", "os
 promíscuos", os corruptos, os lambe-botas, "os vendilhões" ...
Não foi para isto que os meus pais lutaram mas também é por isto que eu continuarei a lutar.
Todos somos responsáveis pelo estado a que isto chegou. A defesa da democracia merece a nossa intervenção cívica e política, já, não somente porque o futuro estará comprometido se não agirmos, mas, sobretudo, porque o HOJE já é uma luta desesperada contra a fome, a miséria, a opressão e a prepotência instaladas. E porque o amanhã nada será se o HOJE nada for, estaremos todos irremediavelmente perdidos se não tivermos a consciência dos problemas e as razões que os causaram. Olhemos para a História, particularmente, a partir da 1ª metade do século XX. Quando é que aprendemos a lição? Lição de História, Lição de Vida?
12 de Março de 2011 foi a voz da Rua, do Povo, do Descontentamento, da Revolta, da Injustiça.
A voz de uma democracia ameaçada, violada sistematicamente pela arrogância e estupidez de uma espécie de políticos, para os quais não existe a cultura do exemplo nem moral política, muito menos democracia ética.
Servem políticas de ocasião à medida das suas clientelas e fazem da Política um meio rápido e infalível para o mediatismo que tanto procuram, a qualquer preço, desconhecendo o que é a dignidade, sentido do dever, honra e lealdade, para com o com o país e para com os eleitores.
No dia 12 de Março, senti que se levantava do chão o espírito de Abril e a confiança na luta.
Pacificamente, milhares de pessoas, jovens e adultos, explorados, escravizados, enganados, defraudados, saíram à rua. Mostraram a verdade dos seus dias e uma vida cada vez mais perto de o não ser.
Mostraram que a mentira impera e o terror também. Que da seriedade continuamos arredados, falsamente conduzidos para um beco de desilusões e fracassos, em nome de uma modernidade demagogicamente optimista, incorporada no sorriso e discurso dos líderes que NÃO ouvem o clamor da multidão.
Ética e moral política, precisam-se, mas coragem e determinação, também!
Bertolt Brecht, no seu Elogio da Dialéctica, diz-nos:
“A injustiça avança hoje a passo firme.
Os tiranos fazem planos para dez mil anos.
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são.
Nenhuma voz além da dos que mandam. (…) Quem pois ousa dizer: nunca?
De quem depende que a opressão prossiga? De nós. De quem depende que ela acabe? Também de nós.” (…)
O que é esmagado, que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha?
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.”

"you know, a job you can always get another. Not another country!"


Maria Nazaré Oliveira

Acesso à água é um direito humano


As Nações Unidas aprovaram a resolução que considera o acesso a água potável e saneamento um direito fundamental, do qual estão ainda privadas cerca de 884 milhões de pessoas.
O acesso à água é "essencial para usufruir do direito à vida". Por isso, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu o acesso a água limpa e saneamento como um direito humano fundamental, aprovando uma resolução apresentada pela Bolívia por 122 votos a favor e 41 abstenções.
Todos os anos morrem cerca de 1,5 milhões de crianças com menos de cinco anos por doenças relacionadas com a falta de acesso a água potável e saneamento. Para além disso, adianta a ONU, há 884 milhões de pessoas com difícil acesso a água própria para beber, enquanto 2600 milhões não têm condições de saneamento.
A resolução agora aprovada apela aos países para que intensifiquem os esforços no sentido de disponibilizar água e saneamento a todos os cidadãos. China, Rússia, Alemanha, França, Espanha ou Brasil votaram favoravelmente, mas entre os países que se abstiveram estão Estados Unidos, Reino Unido e Canadá.
Londres justificou a sua abstenção ao considerar que a resolução não define com clareza o alcance do novo direito nem as obrigações que resultam da resolução.
A jurista portuguesa Catarina Albuquerque, que está a trabalhar como especialista independente sobre esta questão, deverá apresentar um relatório no Conselho dos Direitos Humanos em Genebra, no próximo ano. O representante norte-americano na Assembleia Geral da ONU, John Sammis, considerou que o texto agora aprovado "não reúne o consenso de todos os países e pode mesmo minimizar o trabalho que está a decorrer em Genebra", adiantou a BBC. Também o representante do Canadá considerou o texto "prematuro", uma vez que se aguarda um relatório sobre o assunto.
No entanto, vários activistas dos direitos humanos congratularam-se com a decisão. "Esta é uma conquista muito significativa por estabelecer o acesso a um bem elementar para a sobrevivência", disse ao PÚBLICO Pedro Krupenski, director executivo da Amnistia Internacional em Portugal. "É importante que se tome consciência de que a água é um bem escasso e fundamental para evitar o controlo do acesso."
Ainda que não seja de esperar a rápida democratização da acessibilidade, Krupenski considera que "há uma tomada de consciência dos líderes do mundo". O resultado imediato, diz, "é a satisfação de ter mais um direito humano tão fundamental".
Na semana passada, a Amnistia Internacional em Portugal tinha enviado uma carta ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, a apelar para que a resolução da ONU reconhecesse o direito à água como parte do direito a um padrão de vida adequado estabelecido na Convenção Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais. Portugal votou favoravelmente a resolução. Por Isabel Gorjão Santos

Há 884 milhões de pessoas com difícil acesso a água potável OLAV A. SALTBONES/REUTERS/