segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Auschwitz interroga-nos sempre





Estudar o nazismo não é a mesma coisa que estudar outro período histórico qualquer.

Sem compreendermos este fenómeno nunca poderemos compreender o que foi o século XX, mais, temos de saber que foi no mesmo país em que nasceu Bach que se imaginou Auschwitz, e que, enquanto matavam judeus nos campos, ouviam as suas composições para piano fazendo-o em nome da cultura alemã.

Auschwitz foi construído em nome da civilização e contra uma suposta barbárie.

Os nazis estavam convencidos de que eles é que eram os bons, os “decentes”. Himmler sempre utilizou essa linguagem pois pedia aos seus homens para aguentarem esse trabalho “tão duro” que era o do assassínio em massa e, ao mesmo tempo, não se deixarem contaminar e manterem a sua “decência”. 
Auschwitz não foi um acidente, não foi apenas um excesso do nazismo. 

Auschwitz interroga-nos sobre o carácter da cultura e da modernidade.

Auschwitz obriga-nos a pensar que temos de estar sempre conscientes de que a nossa capacidade para mudar o mundo e o poderio que nos dão as tecnologias têm de ser sempre balizados por referências morais muito fortes que evitem que a técnica sem moral conduza ao utilitarismo.

Em Auschwitz escondem-se, condensam-se, todas as contradições das nossas sociedades modernas. Até a ideia de progresso, pois, um médico como Mengele, não se via como um criminoso mas “como alguém que procurava fazer avançar a ciência, que queria perceber as raízes biológicas dos comportamentos humanos e o fazia pelo método experimental.”




Ferran Gallego, historiador e autor do livro “Os Homens do Fuhrer”em entrevista ao Ípsilon, edição de 12.2.2010.
Ed. Esfera dos Livros





segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Promiscuidade na Assembleia da República

Professor Paulo Morais




Os maiores grupos económicos portugueses dominam o Parlamento através das dezenas de parlamentares a quem garantem salários e consultadorias. 

Estes deputados colocam-se na posição ambígua que decorre duma dupla representação: do povo que os elegeu e das empresas que lhes pagam. 

Assim, quando o deputado Miguel Frasquilho aparece a defender em público o Orçamento de 2014 em nome do PSD, fá-lo porque acredita que o Orçamento é bom para o País, ou porque este favorece a Banca, em particular o Grupo Espirito Santo ao qual deve obediência, enquanto funcionário?

A promiscuidade é, infelizmente, a regra.

O presidente da comissão de Segurança Social, José Manuel Canavarro, é consultor do Montepio Geral, banco que atua na área da solidariedade. Na saúde, setor tão sensível, o deputado Ricardo Baptista Leite é consultor da Glintt Healthcare, empresa fornecedora de hospitais. Na área da defesa, há interesses privados representados pelo atual presidente da Comissão de defesa, Matos Correia, advogado no mesmo escritório que o seu antecessor na função, José Luis Arnaut, cujo principal sócio é o ex-ministro também da Defesa, Rui Pena. Na comissão de agricultura, Manuel Issac tutela, em nome do Parlamento, um ministério que, por sua vez, influencia a atribuição de subsídios a empresas agrícolas em que detém participações. 
 
Também Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola e acionista da Zon, está representada no Parlamento através do deputado Paulo Mota Pinto, administrador daquela empresa de comunicações.

A lista é interminável e assustadora mas, mesmo assim, no debate sobre regime de incompatibilidades que há dias teve lugar no Parlamento, os deputados que transformaram a Assembleia, a casa da democracia, num escritório de negócios e favores, nem se dignaram a aparecer para se justificarem.

Para restaurar alguma higiene democrática, exige-se que os deputados promíscuos se decidam: abandonem os cargos que ocupam em empresas que recebem benesses do Estado ou saiam do Parlamento cuja dignidade arruínam. 
Se o não fizerem de modo próprio nem forem censurados pelos seus pares, terá chegado a hora de pedir uma investigação a toda a Assembleia pelo crime de tráfico de influências.



Paulo Morais
Professor universitário

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Aprovado por unanimidade! Ninguém na Assembleia da República contestou!

Sala do Parlamento (Portugal)


Mão amiga fez-me chegar este email:



Aprovado por unanimidade!Ninguém na Assembleia da República contestou!
E os culpados foram os reformados, que estiveram numa Guerra Colonial sem sentido nenhum. Que estiveram no 25 de Abril e que lutaram para que cada um tivesse um futuro melhor sem terem que continuar a emigrar…
Esta geração que agora está no poder,  agradece penhoradamente  e retribui com esta prenda. Transferência dos fundos descontados pelos empregados agora “grisalhos” para o aumento das regalias e benesses dos "meninos" da assembleia da republica e afins!
Muito obrigado. Ao menos isso.
Quem disse que não há consenso entre os políticos? Isto sim, é um "fartar vilanagem"! E o que fazemos? 
Caladinhos que nem ratos...Se calhar, é isto mesmo que nós merecemos!
É ou não possível haver unanimidade? É, sim, senhor. Foram eles os beneficiários!
A notícia é mesmo verdadeira e vem no Diário da República. 
O orçamento para o funcionamento da Assembleia da República foi já aprovado em 25 de Outubro passado. Fomos ver e notámos logo. Contudo, já sem surpresa, que as despesas e os vencimentos previstos com os deputados e demais pessoal aumentam para 2014.

Mais uma vez, como é já conhecido e sabido, a Assembleia da República dá o mau exemplo do despesismo público e, pelos vistos, não tem emenda.

O orçamento para o funcionamento da Assembleia da República para 2014 prevê um aumento global de 4,99% nos vencimentos dos deputados, passando estes de 9.803.084 € para 10.293.000,00 €.

Mais estranho ainda é a verba relativa aos subsídios de férias de Natal que, relativamente ao orçamento para o ano de 2013, beneficia de um aumento de 91,8%, passando, portanto, de 1.017.270,00 € no orçamento relativo a 2013 para 1.951.376,00 € no orçamento para 2014 (são 934.106,00 € a mais em relação ao ano anterior!).

Este brutal aumento não tem mesmo qualquer explicação racional. Ainda assim, fomos consultar a respetiva legislação para ver a sua fórmula de cálculo e não vimos nenhuma alteração legal desde o ano de 2004, pelo que não conseguimos mesmo saber as causa e explicação para tal.

Basta ir ao respetivo documento do orçamento da Assembleia da República para 2014 e, no capítulo das despesas, tomar atenção à rubrica 01.01.14. Está lá para se ver.

as despesas totais, com remunerações certas e permanentes com a totalidade do pessoal, ou seja, os deputados, assistentes, secretárias e demais assessores, ao serviço da Assembleia da República, aumentam 5,4%, somando o total € 44.484.054.

Os partidos políticos também vão receber em 2014, a título de subvenção política e para campanhas eleitorais, o montante de € 18.261.459.

Os grupos parlamentares ainda recebem uma subvenção própria de 880.081,00 €, sendo a subvenção só para despesas de telefone e telemóveis a quantia de 200.945,00 €.

É ver e espantar!

Caso tenham dúvidas, é só consultarem o D.R. 1.ª Série, n.º 226, de 21/11/2013, relativo ao orçamento de 2014, e o D.R. 1.ª Série, n.º 222, de 16/11/2012, relativo ao orçamento de 2013.

Em situações limite, há unanimidade. Ai não, que não há! 

Ninguém, na Assembleia da República, da direita à extrema-esquerda, contestou.  

domingo, 12 de janeiro de 2014

"Como é revoltante a vossa tremenda ignorância sobre o que se passa no vosso próprio tempo!"

Leia um trecho deste livro aqui


Neste romance, Philip Roth surpreende críticos e leitores com uma história que escapa completamente à temática de seus trabalhos anteriores, como Homem comum ou O fantasma sai de cena, que versavam sem meios tons sobre o fim da vida e suas mazelas físicas e espirituais. O que temos agora é a experiência iniciática de um jovem de dezoito anos, Marcus Messner, nascido e criado em Newark, Nova Jersey, esbanjando vigor, ambição, ousadia e desejos irrefreáveis ao ingressar na vida adulta.

Filho único de um açougueiro kosher superprotetor, Messner busca uma faculdade do Meio-Oeste americano, bem longe de casa, o que lhe permite escapar da sufocante vigilância do pai, da medíocre universidade local onde cursara o primeiro ano e de suas funções como ajudante no açougue.

Corre o ano de 1951, e os Estados Unidos enfrentam uma guerra cruel na Coreia, conflito que paira como ameaça letal sobre o agora segundanista de Direito em risco de ser convocado para lutar no front, caso não consiga destacar-se nos estudos académicos e no curso para oficial. Furtando-se, pois, a vícios, prazeres e uma vida social universitária, o personagem-narrador entrega-se aos estudos de forma a jamais tirar menos que 10 em todas as matérias.
Entretanto, um poderoso obstáculo se interpõe nos planos de Messner: o seu próprio temperamento, sem contar o sexo e o amor...

Indignação demonstra com subtil mestria as vias insuspeitas que conduzem eventos e escolhas aparentemente banais na vida de um jovem a resultados de uma gravidade desproporcional. Roth exibe neste romance curto mas de enorme densidade humana, social, política e literária, um inconformismo explosivo de adolescente em busca dos seus próprios caminhos na vida, alguns dos quais poderão incitar a uma atitude de raiva e vingança por causa da sociedade conservadora gerida por mentes tacanhas.

"Em Indignação o poder e a intensidade de Philip Roth parecem ampliados [...] O seu segredo é a extrema confiança como contador de histórias e, paradoxalmente, a sua humildade." - The New York Times Book Review.

                    
“Podeis ser estúpidos à vontade, podeis mesmo dar todos os sinais de que quereis apaixonadamente ser estúpidos, mas a história acabará por vos apanhar. Porque a história não é o pano de fundo – a história é o palco! E vós estais no palco! Oh! Como é revoltante a vossa tremenda ignorância sobre o que se passa no vosso próprio tempo!” 



(in "Indignação", o vigésimo sétimo livro de Philip Roth) 

domingo, 5 de janeiro de 2014

Eusébio, o futebolista de Portugal.






Eusébio! Grande Eusébio! Inconfundível!

Jamais te esquecerei, PANTERA NEGRA, o menino pobre e humilde da Mafalala que conquistou Portugal e o Mundo!

Nunca milhões ganhaste mas milhões e milhões sempre valeste!

A genialidade não tem preço!




Nazaré Oliveira