domingo, 12 de janeiro de 2014

"Como é revoltante a vossa tremenda ignorância sobre o que se passa no vosso próprio tempo!"

Leia um trecho deste livro aqui


Neste romance, Philip Roth surpreende críticos e leitores com uma história que escapa completamente à temática de seus trabalhos anteriores, como Homem comum ou O fantasma sai de cena, que versavam sem meios tons sobre o fim da vida e suas mazelas físicas e espirituais. O que temos agora é a experiência iniciática de um jovem de dezoito anos, Marcus Messner, nascido e criado em Newark, Nova Jersey, esbanjando vigor, ambição, ousadia e desejos irrefreáveis ao ingressar na vida adulta.

Filho único de um açougueiro kosher superprotetor, Messner busca uma faculdade do Meio-Oeste americano, bem longe de casa, o que lhe permite escapar da sufocante vigilância do pai, da medíocre universidade local onde cursara o primeiro ano e de suas funções como ajudante no açougue.

Corre o ano de 1951, e os Estados Unidos enfrentam uma guerra cruel na Coreia, conflito que paira como ameaça letal sobre o agora segundanista de Direito em risco de ser convocado para lutar no front, caso não consiga destacar-se nos estudos académicos e no curso para oficial. Furtando-se, pois, a vícios, prazeres e uma vida social universitária, o personagem-narrador entrega-se aos estudos de forma a jamais tirar menos que 10 em todas as matérias.
Entretanto, um poderoso obstáculo se interpõe nos planos de Messner: o seu próprio temperamento, sem contar o sexo e o amor...

Indignação demonstra com subtil mestria as vias insuspeitas que conduzem eventos e escolhas aparentemente banais na vida de um jovem a resultados de uma gravidade desproporcional. Roth exibe neste romance curto mas de enorme densidade humana, social, política e literária, um inconformismo explosivo de adolescente em busca dos seus próprios caminhos na vida, alguns dos quais poderão incitar a uma atitude de raiva e vingança por causa da sociedade conservadora gerida por mentes tacanhas.

"Em Indignação o poder e a intensidade de Philip Roth parecem ampliados [...] O seu segredo é a extrema confiança como contador de histórias e, paradoxalmente, a sua humildade." - The New York Times Book Review.

                    
“Podeis ser estúpidos à vontade, podeis mesmo dar todos os sinais de que quereis apaixonadamente ser estúpidos, mas a história acabará por vos apanhar. Porque a história não é o pano de fundo – a história é o palco! E vós estais no palco! Oh! Como é revoltante a vossa tremenda ignorância sobre o que se passa no vosso próprio tempo!” 



(in "Indignação", o vigésimo sétimo livro de Philip Roth)