sábado, 4 de janeiro de 2014

Os gastos governamentais subiram 1,3 milhões face a 2013 e 3,3 face a 2012






De facto, quando nós, portugueses sacrificadíssimos, pobres, os pobres do costume, os remediados do costume, que vivemos sempre à custa de muitos sacrifícios e privações  continuamos a ouvir a frase habitual dessa gentinha - “Portugal viveu acima das suas possibilidades”-, gentinha que enganou (e bem), milhares e milhares que neles votaram, revolto-me cada vez mais e mais me enoja ter governo que assim pensa e ministros que isto dizem.

Não fomos nós, os pobres dos trabalhadores do costume, a pôr o país como ele está: foram os habilidosos, os aldrabões, os que só sabem fazer trapaça, fraudes, jogos sujos “debaixo da mesa”, encostados sempre aos amigos e aos amigos dos amigos mesmo nunca sendo amigos de ninguém.

Sim, aproveitaram-se e aproveitar-se-ão sempre do povo que trabalha. Do que “dá no duro” e mal se apercebe que enrolado está sendo por quem dele se abeira para o lixar. Eles é que viveram sempre acima das suas possibilidades porque se aproveitaram sempre das nossas. 

Cobardes! Maus políticos! Maus governantes!
Não terão nunca envergadura moral e cívica para nos criticar.

A carteira destes tipos, os seus sinais exteriores de riqueza, falam por eles. Por esta gente “sem berço”, “sem eira nem beira”, muita dela sem formação académica e cultural mas, na sua maioria, chico-espertos que furaram o momento certo para aparecer e permanecer, e que de há uns anos para cá vivem “na maior” para eu e milhares e milhares vivermos “na pior”.

Colocaram a salvo e a tempo o seu dinheiro nos offshores ou retiraram a tempo os seus milhares antes das falências anunciadas da banca que agora pagamos ou vamos aguentando “a bem da Nação”! E sem falar das PPPs e empresas-fantasma para quem as auditorias fazem vista grossa e a Justiça também.

Há muito que andamos a ser enganados e todos sabem por quem e como.  Há muito que andamos a ser roubados e todos sabem por quem e como.

Que teia de podridão e em que pântano nos colocaram!

Quem viveu acima das suas possibilidades foi esta gentinha que da vida pouco ou nada sabe ou virá a saber, com currículos ridículos de ridículas experiências de trabalho que mais não são do que passagens efémeras, parasitárias ou até fictícias, gente que nunca gostou de trabalhar pois, se assim fosse, jamais apresentariam curriculum vitae como tantos e tantos que conhecemos, quer pela imprensa quer pelo site do Governo. E nós só conhecemos o que eles querem que conheçamos apesar do excelente jornalismo de investigação que muito nos honra e esclarece.

A experiência de tantos deles não passou de pouco mais de um ano, mas de um ano como assessores, consultores… e tudo em várias empresas ou organismos ao mesmo tempo, muitas vezes, como sabemos, sem nunca lá ter posto os pés! Uma vergonha!

Trabalho a sério? Nem vê-lo! Mas fizeram-se sempre pagar “a peso de ouro” pelo que “fizeram”, claro! 

Foi esta gentinha que deu cabo do país, que está a dar cabo do país e que está a dar cabo de nós.

Continuam a trepar por cima de quem trabalha ou que toda a sua vida trabalhou de forma séria e honrada. Continuam a servir-se de nós para pagarmos de forma brutal um deficit que não nos é devido mas a eles. A eles e às suas famílias, mesmo as partidárias.

Atolados até ao pescoço de trafulhice e de promiscuidade nos mais diversos âmbitos, fartos de gozar e de dispor como bem entendem e quando lhes apetece do nosso salário, do nosso cada vez mais magro salário, dos nossos direitos ou mesmo das reformas dos pensionistas, gente que descontou durante a sua vida para agora engrossar as contas dos que delapidam cada vez mais o erário público com as suas mordomias vergonhosas e cada vez maiores e mais requintadas, esta gentinha que no poleiro está continua a rir-se do povão. Até quando?


Que país é este? Que governo é este e que povo é este que sabe que tudo isto acontece mas vai consentindo, mesmo revoltado, que continue a acontecer?

Quando acabamos com esta gente que nos (des) governa todos os dias, cinicamente sorrindo, lentamente roubando, matando, humilhando? Até quando vamos permitir esta afronta, esta imoralidade, esta ditadura das pseudoelites forjadas no novo-riquismo político-partidário e financeiro?  Até quando vamos permitir isto, nós, a quem só nos falta tirar o direito à indignação?

Apesar de ameaçados e chantageados todos os dias pelo pior dos governos que tivemos a seguir ao 25 de Abril, jamais deveremos ceder face ao despotismo instalado e à clientela que os serve, que deles se serve e a quem eles servem descaradamente e que lhes lambe a passagem,  enquanto ao povo cospe com indiferença e desumanidade como se de nós não fosse o Poder que subverteram e do qual se têm apropriado para enriquecimento rápido e ascensão política e social.

A luta será a nossa resposta. Sem dúvida. A luta e a união dos que revoltados estão com o estado a que chegámos. Sem ela, meus amigos, continuaremos a assistir ao fim do Estado Social, da Democracia, da nossa Soberania e até das nossas vidas.


Nazaré Oliveira


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Guetos do século XXI


 



Há cada vez mais "guetos" no nosso século.

Prisioneiros da dor e do desespero, marginalizados por uma solidão e indiferença que também mata, já mal escondem a miséria que deles se abeirou neste mundo cruel cada vez mais desigualitário e mais injusto.
Já não disfarçam a fome, a inquietação e o medo. Esperam sempre uma voz amiga, uma mão amiga, um canto em paz, um país em paz.

Há gente, cada vez mais gente nestes "guetos" do século XXI, mas também gente, cada vez mais gente que os conhece mas deles finge não saber.

Desempregados, emigrantes, refugiados, vivem as terríveis consequências de um capitalismo selvagem cada vez mais avassalador por esse mundo fora e de políticas nacionalistas, ditatoriais, alicerçadas interna e externamente num jogo de interesses diplomáticos do qual saem sempre a perder os que não se deixam corromper,  os pobres, os mais vulneráveis e os valores democráticos.

Que mundo este!

Dói tanto não poder ajudar e saber que quem pode não o quer fazer!

Cada vez é mais notória a falta de uma cultura humanista que, na prática, olhe o outro de igual para igual e se consolide pela força de um diálogo civilizacional, multicultural, cada vez mais urgente, sério e politicamente responsável.

Os guetos do século XXI são as pessoas que sofrem os horrores de uma dignidade sistematicamente roubada e sacrificada em nome  da ganância, da ambição desmedida e da fome de Poder.

Os guetos do século XXI são as pessoas atormentadas por uma vida sem Esperança.

Os guetos do século XXI são o Presente sem saída.


Nazaré Oliveira

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

2014: wind of change?



Wind of Change, dos SCORPIONS.


 




FELIZ ANO NOVO!

"Recomeça" - Um dos fantásticos poemas de Miguel Torga para ler e refletir neste momento tão especial que é o fim de um ano e o recomeço de outro. Sobretudo, o recomeço de outro.
Que 2014 seja, de facto, um ano melhor para toda a gente.

BOM RECOMEÇO!







Recomeça….


Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…



Miguel Torga

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Jaime Nogueira Pinto diz que se foi longe de mais na diabolização do Estado Novo






Jaime Nogueira Pinto, numa entrevista que deu ao Luís Rosa, do i, dia 21 de Dezembro, diz, entre outras coisas, que se foi longe de mais na diabolização do Estado Novo.

Pois foi. Para si, Jaime Nogueira Pinto. 

Nem todos tiveram a sua vida durante o Estado Novo, Jaime Nogueira Pinto. A grande maioria da população passou muita fome, muito frio, muitas privações, muitas humilhações, muita repressão!
Sem roupa decente, sem uns sapatos decentes, sem um caldo decente, sem retrete, sem escola…

 A grande maioria da população, Jaime Nogueira Pinto, não teve uma VIDA MINIMAMENTE DECENTE!


(ler entrevista aqui)


Nazaré Oliveira

Depressão na Europa não é igual para todos. Pobres sofrem muito mais.



Excelente artigo.
Infelizmente, uma triste e dramática realidade que não pode continuar assim. 
Não deve ser assim.



As medidas de austeridade começam a ser vistas como um verdadeiro atentado aos direitos do Homem. 
Os países estão a viver a mais profunda recessão desde a Segunda Grande Guerra, é a constatação de um relatório do Conselho da Europa que acusa as políticas de austeridade de serem um atentado aos direitos humanos das populações mais pobres. 

Segundo o documento "Salvaguardando os direitos humanos em tempos de crise", o que começou por ser um colapso do sistema financeiro global, em 2008, transformou-se numa nova realidade depressiva em que a austeridade ameaça todos os que ao longo das últimas seis décadas implementaram políticas de solidariedade social e de expansão da protecção dos direitos humanos.

O novo enquadramento tem exacerbado as consequências nefastas para os cidadãos a nível mundial, em particular os mais vulneráveis, já a braços com níveis recordes de desemprego. Por isso mesmo é urgente que os governos dos vários Estados adoptem formas de quantificar o impacto das suas decisões nos direitos humanos, em particular as que decorrem das instituições financeiras internacionais, que nalguns casos estão a impedir que os países invistam em programas essenciais para a protecção social, a saúde e a educação.

Noutros casos, a fiscalidade inibe os governos de utilizarem todas as ferramentas ao seu alcance, sobretudo pela necessidade de cumprirem as metas do défice e da dívida pública, o que faz com que a recuperação económica para todos os europeus passe para um plano secundaríssimo. Finalmente, a evasão fiscal é também considerada como um dos combates prioritários para alocar recursos que garantam aos europeus viverem de uma forma condigna. 
Estas são algumas das principais conclusões de um estudo divulgado pelo Conselho da Europa sobre o impacto das medidas de austeridade nos direitos humanos, o qual conclui que os danos da depressão se fazem sobretudo sentir nos grupos mais desfavorecidos, como os jovens e as famílias de menores recursos, "que têm sido atingidos de maneira desproporcional". Os relatores do documento prevêem mesmo que as autoridades centrais e locais, em particular as estruturas nacionais ligadas à defesa dos direitos do Homem, tenham de intervir para garantir a protecção de tudo aquilo que ainda há bem poucos anos era considerado como património inalienável da União Europeia. 

sociedade civil  

O papel da sociedade civil na tomada de consciência desta nova abordagem é realçado no relatório do conselho publicado este fim-de-semana. "Confrontadas com a mais profunda recessão desde os anos 40 ", refere o papel que tem a chancela do comissário do Conselho da Europa para os direitos humanos, Nils Muizniek, "As instituições que defendem os direitos humanos na Europa começam a responder à crise, promovendo e protegendo os direitos das pessoas. Várias delas têm chamado a atenção do público e dos media para a situação dos mais prejudicados pelas políticas de austeridade, no sentido de estabelecerem a noção de que é obrigatório haver directivas dos vários governos para defenderem os direitos económicos e sociais em tempos de crise". 

REver as ajudas da troika

A receita de Nils Muizniek é complexa de executar mas simples nos princípios que enuncia. No fundo, os países deveriam ser obrigados a provar que as medidas que adoptam vão de encontro à Carta Fundamental dos Direitos do Homem. Mais. Esta correlação deveria ser uma condição sine qua non para que os Estados que o integram possam aceder aos empréstimos internacionais. 

O processo, defende o relatório, deveria ser acompanhado por diversas instituições, incluindo da União Europeia, como a Comissão, o Conselho e o Parlamento, que deveriam consagrar este princípio em novos tratados. Os actuais pacotes de resgate deveriam igualmente ser revistos no sentido de integrarem a defesa dos direitos do Homem. 
"Muitas vezes em todos estes países os recursos são severamente enfraquecidos como resultado de evasão fiscal transfronteiriça", refere o documento. "Ao impedirem os governos de mobilizarem estes recursos, estas infracções prejudicam a capacidade dos Estados para atender às suas obrigações para com os direitos do Homem". 
O Conselho da Europa insta ainda os Estados membros a aprofundar a cooperação em matéria fiscal para garantir que nenhum deles infrinja a capacidade dos restantes de mobilizar os recursos necessários para o cumprimento dos direitos humanos através da tributação das pessoas singulares e colectivas. 
"A cooperação", defende o documento, "deve ser realizada no âmbito do Conselho da Europa e da Convenção da OCDE sobre Assistência Administrativa Mútua em Matéria Fiscal". O Grupo de Estados contra a Corrupção (GRECO ) e a Convenção do Conselho da Europa relativa ao Branqueamento, Detecção, Apreensão e Perda dos Produtos do Crime e Financiamento do Terrorismo são também fóruns classificados de úteis para a cooperação internacional na abordagem deste tipo de problemas.
O relatório refere ainda que os compromissos em matéria de direitos humanos dos países que integram o Conselho da Europa, o qual representa 800 milhões de pessoas de 47 Estados, levam a que seja necessário revigorar urgentemente o modelo social europeu, que sempre foi fundamentado e se baseou na dignidade da pessoa humana, na solidariedade intergeracional e no acesso à justiça para todos. 



Por Margarida Bon de Sousa, jornal i, 30 Dez 2013

Austeridade e Direitos Humanos

Pobreza (foto Reuters)


Uma das nossas maiores conquistas civilizacionais é a Declaração Universal de Direitos do Homem, e a consciencialização desses direitos como guia de toda a ação humana.
Li isto num relatório publicado pelo Conselho Europeu, assinado pelo Comissário para os Direitos Humanos (Nils Muižnieks):

Many governments in Europe imposing austerity measures have forgotten about their human rights obligations, especially the social and economic rights of the most vulnerable, the need to ensure access to justice, and the right to equal treatment
Regrettably, international lenders have also neglected to incorporate human rights considerations into many of their assistance programmes.

No relatório intitulado “Safeguarding human rights in times of economic crisis“, Nils Muižnieks, faz as seguintes recomendações:

1. institutionalise transparency, participation and public accountability throughout the economic and social policy cycle;
2. conduct systematic human rights and equality impact assessments of social and economic policies and budgets;
3. promote equality and combat discrimination and racism;
4. ensure social protection floors for all;
5. guarantee the right to decent work;
6. regulate the financial sector in the interest of human rights;
7. work in concert to realise human rights through economic co-operation and assistance;
8. engage and support an active civil society;
9. guarantee access to justice for all;
10. ratify European and international human rights instruments in the field of economic and social rights;
11. systematise work for human rights;
12. engage and empower national human rights structures in responses to the economic crisis.

Parecem recomendações para Estados em guerra ou em forte convulsão social. Onde ainda se diz:
Economic policy is not exempt from the duty of member states to implement human rights norms and procedural principles. As embodied in international human rights law, civil, political, economic, social and cultural rights are not expendable in times of economic hardship, but are essential to a sustained and inclusive recovery.”

Os avisos são sérios e múltiplos. Ninguém está dispensado das suas obrigações para com os outros, e a fronteira dos direitos humanos parece estar a ser ultrapassada. Os ganhos civilizacionais não podem ser perdidos por causa de dinheiro.

Relatório aqui.



in  http://re-visto.com/austeridade-e-direitos-humanos/

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Como eu gostava que fosse o Natal


Em 2010 fiz esta surpresa ao meu filho no dia do seu aniversário (2010), à 1.15, hora do seu nascimento.
A música que acompanha os diapositivos é de Elton John - "Can you feel the love tonight".

Clicar só no primeiro!






Como eu gostava
que o Natal não fosse só o Natal das prendas!

Gostava de um Natal
que a todos trouxesse, por igual,
Luz e Vida
Amor e Compaixão.

Correm-se ruas
e calçadas
e perdem-se as gentes na corrida apressada contra o tempo.

Dão-se caixinhas de sonhos,
montes de abraços e doces sorrisos.

Mas não se dão os corações nem se dão as pessoas!

Esquecidos ficam,
tantas vezes,
os fios de ternura com os quais se tece o SER 
e o SENTIR.

Com a magia do NATAL também vem a saudade. 
Saudade dos que amamos mas que tiveram de partir. 
Saudade dos amigos que há muito não vemos mas que sempre recordamos.




Nazaré Oliveira


Can You Feel The Love Tonight


 

Do grande músico e compositor Elton John.
Fabuloso!