De facto,
quando nós, portugueses sacrificadíssimos, pobres, os pobres do costume, os
remediados do costume, que vivemos sempre à custa de muitos sacrifícios e
privações continuamos a ouvir a frase
habitual dessa gentinha - “Portugal viveu acima das suas possibilidades”-,
gentinha que enganou (e bem), milhares e milhares que neles votaram, revolto-me
cada vez mais e mais me enoja ter governo que assim pensa e ministros que isto
dizem.
Não fomos nós,
os pobres dos trabalhadores do costume, a pôr o país como ele está: foram os
habilidosos, os aldrabões, os que só sabem fazer trapaça, fraudes, jogos sujos
“debaixo da mesa”, encostados sempre aos amigos e aos amigos dos amigos mesmo
nunca sendo amigos de ninguém.
Sim,
aproveitaram-se e aproveitar-se-ão sempre do povo que trabalha. Do que “dá no
duro” e mal se apercebe que enrolado está sendo por quem dele se abeira para o
lixar. Eles é que viveram sempre acima das suas possibilidades porque se
aproveitaram sempre das nossas.
Cobardes! Maus
políticos! Maus governantes!
Não terão nunca envergadura moral e cívica para nos criticar.
Não terão nunca envergadura moral e cívica para nos criticar.
A carteira
destes tipos, os seus sinais exteriores de riqueza, falam por eles. Por esta
gente “sem berço”, “sem eira nem beira”, muita dela sem formação académica e
cultural mas, na sua maioria, chico-espertos que furaram o momento certo para
aparecer e permanecer, e que de há uns anos para cá vivem “na maior” para eu e
milhares e milhares vivermos “na pior”.
Colocaram a
salvo e a tempo o seu dinheiro nos offshores ou retiraram a tempo os seus
milhares antes das falências anunciadas da banca que agora pagamos ou vamos
aguentando “a bem da Nação”! E sem falar das PPPs e empresas-fantasma para quem
as auditorias fazem vista grossa e a Justiça também.
Há muito que
andamos a ser enganados e todos sabem por quem e como. Há muito que
andamos a ser roubados e todos sabem por quem e como.
Que teia de
podridão e em que pântano nos colocaram!
Quem viveu
acima das suas possibilidades foi esta gentinha que da vida pouco ou nada sabe
ou virá a saber, com currículos ridículos de ridículas experiências de trabalho
que mais não são do que passagens efémeras, parasitárias ou até fictícias,
gente que nunca gostou de trabalhar pois, se assim fosse, jamais apresentariam
curriculum vitae como tantos e tantos que conhecemos, quer pela imprensa quer
pelo site do Governo. E nós só conhecemos o que eles querem que conheçamos
apesar do excelente jornalismo de investigação que muito nos honra e esclarece.
A experiência
de tantos deles não passou de pouco mais de um ano, mas de um ano como
assessores, consultores… e tudo em várias empresas ou organismos ao mesmo
tempo, muitas vezes, como sabemos, sem nunca lá ter posto os pés! Uma vergonha!
Trabalho a
sério? Nem vê-lo! Mas fizeram-se sempre pagar “a peso de ouro” pelo que
“fizeram”, claro!
Foi esta
gentinha que deu cabo do país, que está a dar cabo do país e que está a dar
cabo de nós.
Continuam a
trepar por cima de quem trabalha ou que toda a sua vida trabalhou de forma
séria e honrada. Continuam a servir-se de nós para pagarmos de forma brutal um
deficit que não nos é devido mas a eles. A eles e às suas famílias, mesmo as
partidárias.
Atolados até ao
pescoço de trafulhice e de promiscuidade nos mais diversos âmbitos, fartos de
gozar e de dispor como bem entendem e quando lhes apetece do nosso salário, do
nosso cada vez mais magro salário, dos nossos direitos ou mesmo das reformas
dos pensionistas, gente que descontou durante a sua vida para agora engrossar
as contas dos que delapidam cada vez mais o erário público com as suas
mordomias vergonhosas e cada vez maiores e mais requintadas, esta gentinha que
no poleiro está continua a rir-se do povão. Até quando?
Que país é
este? Que governo é este e que povo é este que sabe que tudo isto acontece mas
vai consentindo, mesmo revoltado, que continue a acontecer?
Quando acabamos
com esta gente que nos (des) governa todos os dias, cinicamente sorrindo,
lentamente roubando, matando, humilhando? Até quando vamos permitir esta
afronta, esta imoralidade, esta ditadura das pseudoelites forjadas no
novo-riquismo político-partidário e financeiro? Até quando vamos
permitir isto, nós, a quem só nos falta tirar o direito à indignação?
Apesar de
ameaçados e chantageados todos os dias pelo pior dos governos que tivemos a
seguir ao 25 de Abril, jamais deveremos ceder face ao despotismo instalado e à
clientela que os serve, que deles se serve e a quem eles servem descaradamente
e que lhes lambe a passagem, enquanto ao
povo cospe com indiferença e desumanidade como se de nós não fosse o Poder que
subverteram e do qual se têm apropriado para enriquecimento rápido e ascensão
política e social.
A luta será a
nossa resposta. Sem dúvida. A luta e a união dos que revoltados estão com o
estado a que chegámos. Sem ela, meus amigos, continuaremos a assistir ao fim do
Estado Social, da Democracia, da nossa Soberania e até das nossas vidas.
Nazaré Oliveira