sábado, 26 de setembro de 2015
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
terça-feira, 22 de setembro de 2015
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Quando morre um cão (Quando nos morre um cão)
Quando morre um cão, há uma tristeza
específica. É fina e espeta-se no pensamento. Aleija só de imaginar. Deriva da
pena de não termos sido capazes de estar à altura da pureza, da generosidade
absoluta.
Está deitada ao meu lado, a ressonar.
Acredito que o som dos meus dedos no teclado do computador também a
tranquiliza: o ritmo certo/incerto destas palavras: letras-letras-letras espaço
letras-letras-letras espaço. Se assim for, se a minha escrita contribuir para a
paz do seu sono, está apenas a devolver-lhe aquilo que também recebe deste
corpo encostado a mim, a respirar profundamente, como se essa fosse a sua
resposta ao tempo.
Quando lhe pouso a mão em cima,
deixa-me fazer tudo. Não se incomoda. Essa é a forma que tem de mostrar a sua
confiança ilimitada. Não acorda, como se escolhesse não acordar. Oferece o
corpo às minhas festas e, se a aperto com um pouco de mais força, deixa escapar
um som de prazer preguiçoso, arrastado, nasce-lhe na garganta.
Noutras horas, quando sente um
barulho mínimo nas escadas, começa por rosnar e, se o barulho continua, quer
ladrar contra a porta fechada. É preciso chamá-la e convencê-la a pensar noutro
assunto. Agora, esses episódios parecem histórias inventadas. Neste momento,
abrir os olhos e voltar a fechá-los logo a seguir é o máximo de incómodo que
aceita. Está tão calma, tem tanto vagar. Às vezes, debaixo das minhas festas,
espreguiça-se longamente. Depois, perde a força nos músculos e afunda-se ainda
mais no sono.
Eu já estava aqui sentado, a
escrever, quando ela chegou muito direita. Caminhou na minha direção sem
hesitar, com as patinhas a riscarem um som leve. Numa agilidade súbita, deu um
pequeno salto e ficou ao meu lado. Então, encostou-se à minha perna, formámos
uma pequena união de calor, e adormeceu.
Foi também assim que chegou à minha
vida. Eu não esperava nada, não procurava nada, ela chegou e, sem forçar,
conquistou-me inteiro com a sua presença. Quando lhe faço festas na cabeça, os
seus olhos descobrem-se entre o pêlo. Há uma certa tristeza nesse olhar antigo,
como se carregasse restos de uma mágoa. Compreendo-a e, às vezes, chego a
acreditar que também ela me compreende a mim, também ela é capaz de distinguir
essa mesma idade no meu olhar, esse silêncio. Encontrámo-nos aqui, mas viemos
de lugares distantes.
Durante o dia, passeia sossegada pela
casa. Só ela sabe onde vai. Com frequência, escolhe um quadrado de sol no chão
e deixa cair as orelhas. Nessas ocasiões, está preparada para qualquer
surpresa.
De todas as palavras que existem no
mundo, há duas que a enchem de eletricidade: "rua" e
"bola". Rejuvenesce com cada uma delas, enlouquece. Na rua, muito
interessada, como se estivesse a tomar conhecimento das últimas notícias, vai
sempre cheirar os mesmo cantos. Fingindo não fazer caso, partilhamos o pudor do
momento em que baixa as duas patinhas de trás e, depois, se afasta de uma
pequena poça de chichi. Com a bola, dá saltos no ar, apoia-se em duas patas,
chega a ficar assim alguns segundos, como no circo, e parece cega quando corre
para apanhá-la. Vai buscá-la onde for preciso.
Quando eu andava na escola primária,
numa visita de estudo ao Jardim Zoológico de Lisboa, admirei-me com o cemitério
dos animais de estimação. Estava habituado a cães que mal tinham nome, que eram
levados numa saca e enterrados no campo. Durante anos, habituávamo-nos a ver um
cão quando passávamos numa certa rua, depois, um dia, deixávamos de vê-lo. Era
assim.
Hoje, com esta cadelinha, sinto-me
como aquele velho mal-humorado, a queixar-se de tudo, a culpar sempre os
outros, mas que se derrete com os netos, lhes permite tudo, e quase parece
outra pessoa. Talvez por isso, sou agora capaz de compreender que, quando morre
um cão, há uma tristeza específica. É fina e espeta-se no pensamento. Aleija só
de imaginar. Deriva da pena de não termos sido capazes de estar à altura da
pureza, da generosidade absoluta.
Aqui, o tempo desta sala continua à
mesma cadência, letras-letras-letras espaço letras-letras-letras espaço. Às
vezes, ela estremece de repente. O arco da respiração perturba-se. Está talvez
a sonhar. Aperto-a de encontro a mim. Nada te pode fazer mal, pequenina. Eu
protejo-te com a mesma dedicação com que me proteges. Esta companhia que
partilhamos é eterna.
José Luís Peixoto
20 de Fevereiro
de 2013, http://visao.sapo.pt/puka=f713899#ixzz3lkBqTRj3
Quais são os direitos e deveres do refugiado em Portugal?
Uma pergunta que se vai começar a colocar cada vez mais: Quais são os
direitos e deveres do refugiado em Portugal?
Os refugiados têm os direitos e
os deveres gerais dos estrangeiros residentes em Portugal. Em matéria de
deveres, cumpre‑lhes acatar as leis e os regulamentos, bem como as providências
destinadas à manutenção da ordem pública. Os refugiados devem manter o Serviço
de Estrangeiros e Fronteiras informado da sua residência em Portugal e
comunicar imediatamente a este serviço qualquer alteração de morada.
No que respeita a direitos, o refugiado tem todos
os direitos do estrangeiro legalmente residente em Portugal, incluindo o direito de acesso ao ensino e ao mercado de
emprego nas mesmas condições dos cidadãos nacionais. O mesmo acontece em
relação ao Serviço Nacional de Saúde. Quanto a alojamento e liberdade de
circulação em território nacional, ele goza desses direitos em condições
equivalentes às de qualquer estrangeiro que resida legalmente em Portugal.
Os beneficiários do estatuto de refugiado recebem
uma autorização de residência válida por um período inicial de cinco anos,
renovável. Os processos de concessão e de perda do direito de asilo, note‑se,
são gratuitos e têm carácter urgente.
CIV
Para pesquisar mais informação sobre esta
temática, por favor, consultar este site da Fundação Francisco Manuel dos
Santos:
#DireitosedeveresFFMS
sábado, 12 de setembro de 2015
O que fazem aos touros nas touradas! O que sofrem os touros? Inimaginável!
Vídeo
Quem gosta de ver isto? Quem gosta disto?
Debaixo de um calor de mais de 30º, sem vento e depois de
terem permanecido mais de 12 h metidos numa divisória de metal de um camião
onde mal se podem mexer, os 6 touros vão ser "lidados" na praça.
Vão ser perfurados com ferros (bandarilhas) que medem 70 cm
de comprimento, enfeitadas com papel de seda de variadas cores e rematadas com
um ferro de 8 cm, com um arpão de 4 cm de comprimento e 20mm de largura, com
farpas ou ferros compridos e ferros curtos que medem, respectivamente, 140 cm e
80 cm de comprimento, com ferragem idêntica à da bandarilha, mas com dois
arpões enfeitados e rematados da mesma forma que as bandarilhas.
Os ferros que lhe penetram e rasgam o músculo, provocarão
uma dor lancinante (o touro sente até uma mosca pousar-lhe no dorso - daí
abanar com a cauda para a enxotar - porque não haveria de sentir dor se é feito
de carne e osso como nós?).
Depois de lhe serem cravados os ferros, exaustos e
debilitados, enfraquecidos, vão ainda ser atormentados por 8 homens que o vão
provocar, tentar imobilizar, saltar-lhe para cima e puxar-lhe violentamente a
cauda (vértebras serão partidas) e humilhá-lo.
Será obrigado a recolher ao camião, como alguém me
dizia hoje de manhã, "puxado e arrastado tão violentamente por cordas que
se fica com a sensação que lhe vão arrancar os cornos".
No camião, ser-lhe-ão arrancados os ferros, a sangue frio,
cortando a carne à volta do arpão com uma faca, deixando-lhe o dorso esburacado
em carne viva...
Depois da "festa rija", quando os espectadores
tiverem dificuldade em manter-se em pé, o touro vai ser levado para o
matadouro, no mesmo camião onde não se pode mexer, deixando atrás de si um
rasto de sangue e diarreia.
Hoje é sexta-feira.
Amanhã é sábado, os matadouros não trabalham.
Domingo também não.
Com sorte e, se não tiverem morrido até lá, os touros serão
finalmente mortos na segunda-feira, depois de atordoados com choques eléctricos
e pendurados de cabeça para baixo.
Terão Paz afinal.
Pedro M. Santos, muito obrigada por este (doloroso) testemunho.
Um outro esclarecimento sobre esta barbaridade, aqui:
http://mgranti-touradas.blogspot.pt/2009/07/touradas-portuguesa-o-sofrimento-dos.html
Um outro esclarecimento sobre esta barbaridade, aqui:
http://mgranti-touradas.blogspot.pt/2009/07/touradas-portuguesa-o-sofrimento-dos.html
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
A Europa deixou de ser Europa
A Europa deixou de ser Europa
14.07.2015
Mariana Mortágua
1 de janeiro de 1986. Adesão de Portugal à Comunidade
Económica Europeia. 9 de novembro de 1989. Queda do Muro de Berlim. 1 de
janeiro de 2002. Entrada em circulação do euro. 13 de julho de 2015. O dia em
que a Europa deixou de ser Europa. Marque o dia de ontem no calendário. Há um
antes e um depois, na Grécia mas essencialmente na Europa, depois do que
aconteceu em Bruxelas. O que milhões de europeus puderam assistir, em tempo quase
real, pelas notícias que iam saindo e pelas declarações que foram sendo
prestadas, foi a punição coletiva de um país e o enterro dos supostos ideais
europeus de integração e solidariedade.
Acossado por um sistema financeiro à beira do colapso,
depois do Banco Central Europeu ter limitado a assistência de liquidez aos seus
bancos, o Governo grego apresentou um plano que respondia a todas as exigências
da Comissão Europeia. Todas. Mas tudo não chegava. Era preciso humilhar. Dobrar
quem ousou colocar em causa a ortodoxia europeia. A que nos diz que a Zona Euro
tem 19 países, alegadamente iguais entre si, mas que no fim manda sempre a
Alemanha.
Como já tinha avisado o presidente do Eurogrupo, os
gregos tinham que perceber que o eixo da austeridade nunca iria aceitar
qualquer solução a "meio caminho". Não. Isso é o que acontece entre
parceiros. Mas na Europa deixou de haver parceiros. Agora são credores. A
mudança semântica não é inocente. Foi a que transformou uma união política numa
reunião de Conselho de Administração.
Entre parceiros negoceia-se e chega-se a um
compromisso. Mas a última coisa que a Alemanha quis, durante estes cinco longos
meses, foi negociar. O seu interesse era punir e dar uma lição. Aos gregos e
aos próximos que ousem colocar em jogo a sua vontade em jogo.
Os radicais, foram-nos dizendo, eram os gregos e o
Syriza. Mas no fim viu-se quem teve a coragem de colocar o seu futuro e o do
seu partido em jogo para apresentar um plano que, longe de ser o que a Grécia
precisava, garantisse uma solução para um país que perdeu 25% da sua riqueza
nos últimos cinco anos.
E vimos, ao vivo e a cores, o impensável acontecer. Um
documento da União Europeia aventar a hipótese de um país ser empurrado para
fora da Zona Euro. Uma hipótese que não está em qualquer tratado europeu, mas
há muito que o futuro da Europa é decidida de acordo com as regras do
Calvinball: são feitas e escritas à medida que o jogo vai avançando.
Um problema apenas. Não foram só os gregos a perceber
o que lhes aconteceu. Muitos europeus viram que a Europa viu que deixou de ser
Europa. E se o euro é para ser a moeda única da austeridade, então o mais certo
é mais cedo que tarde deixar se ser única e mesmo moeda.
DEPUTADA DO BE
"Pai, eu já não posso continuar a ver isto."
A TVE PARA MIM
ACABOU
(Fantástico testemunho de Ricardo Silveirinha contra as touradas)
A minha família nāo desgostava de touradas. Não que se babassem por ir ver o Tito Capristano à Moita ou o Nelo Cagarras a Santarém, mas lá em casa, se passava uma Corrida, a malta ficava a ver. Nas férias andaluzes, chegados ao apartamento com sal mediterrânico, o meu Pai punha na TVE e até ao jantar sorvíamos a cantilena espanhola dos comentadores especialistas e 8 ou 10 toiros de morte.
A minha família nāo desgostava de touradas. Não que se babassem por ir ver o Tito Capristano à Moita ou o Nelo Cagarras a Santarém, mas lá em casa, se passava uma Corrida, a malta ficava a ver. Nas férias andaluzes, chegados ao apartamento com sal mediterrânico, o meu Pai punha na TVE e até ao jantar sorvíamos a cantilena espanhola dos comentadores especialistas e 8 ou 10 toiros de morte.
Não éramos
aficionados mas gostávamos de ver. Do espectáculo. Da arte do matador. Da
faena. Da orquestra. Do tribalismo. Só não podíamos ver os cavaleiros. Gajos de
jaqueta brilhante montados num cavalo a espetar farpas que se transformavam em
bandeirinhas que acenavam ao público. Degradante. O cavaleiro é o cobarde da
tourada, é o puto que insulta e depois foge. Tínhamos, eu e o meu Pai, um
sonho: unir a Ibéria numa só tourada: matadores espanhóis, forcados
portugueses. Os cavaleiros passariam a alisar a areia, a limpar os estábulos e
a dar água aos toiros.
Olho a
televisão com o canal público a dar tourada. Aquelas mesmas caras de sempre de
olhar bovino. Caras de gente laranja, de bigodes falsamente aristocráticos, as
famílias da "tradição", os betos e os que querem passar por betos, as
calças caqui, os penteados, as patilhas, uma portugalidade meio bizarra que
parece advir de promíscuas relações entre primos e irmãos. Esta gente que ali
está atrás das tábuas funde-se com as vacas em noites de Inverno: por isso
aquele bovino olhar, a mansidão das carecas reluzentes, a lhaneza.
Não é fácil questionarmos as coisas que enquanto
crescemos eram naturais. Mais difícil quando as víamos junto aos que amamos. O
meu Pai gostava de ver e eu via e também gostava porque gostava dele. Vamos
continuar a ir aos nossos sítios a que íamos sempre juntos. Vamos a Moledo, a
Ceuta, a Sevilha, a Mijas, ao Forte de Peniche, às Caldas do Luiz Pacheco, a
Vilarelho ouvir o Maestro Coca-Cola Killer ensinar Bach às gentes do campo,
vamos continuar a ir ao Estádio da Luz e a abraçarmo-nos dentro dos golos do
Benfica, mas, Pai, a TVE para mim acabou.
Há qualquer
coisa de profundamente degradante nas touradas. Não é só o sofrimento do
animal, é o espanto com que ele observa os animais da bancada. A incredulidade
de estar perante a maldade do mundo. O toiro leva nos olhos uma tristeza de
estar assistindo à vileza do humano. Porte imponente, músculos fortes, cornos
pontiagudos, nobreza de carácter, mas os olhos... É nos olhos do toiro que nós
vemos a sua ingenuidade. Uma criança perdida no meio da multidão.
O animal sorve
a vida de forma natural. Passa anos a comer ervinhas, a ver pores-do-sol, a
esfocinhar amorosamente com outros animais. Vive a vida em liberdade, em campos
abertos de luz, por onde pode correr, parar, dormitar, ficar só a ver. Ficar só
a viver. Recebe arco-íris com uma chuvinha que lhe molha a língua e as
dentolas, afasta borboletas e mosquitos com um espirro, ressona e acorda os
pássaros da árvore onde está encostado. O animal não reflecte sobre o mundo,
mas vive-o. Sobretudo, sente-o. Os elementos da natureza são-lhe prazenteiros.
É-lhe natural ir beberricar aquela água, comer este molhe de ervas, cagar ou
mijar onde lhe apetecer. O céu é-lhe natural, as nuvens e o Sol, os caminhos de
terra, as plantas, os passarinhos. Aquela brisa que vem em Agosto com cheiro a
cereais. Ele levanta a cabeça, fecha os olhos e sente-a. Não pensa sobre ela,
mas sabe-a.
De repente, uma
arena! Um cubículo de areia com milhares de pessoas e vozes e urros! De
repente, o horror. Chamam-no, assustam-no, dão-lhe palmadas na cabeça,
espetam-lhe ferros frios no lombo. Encosta-se às tábuas, sente a madeira,
procura um caminho para voltar para o campo. Está cercado. Cornetas, luzes,
gritos. Rios de sangue escorrem-lhe pelo corpo. O peso das bandarilhas coloridas
enquanto corre. Não entende aquilo, não sabe o porquê. Cansado, ofegante, em
pânico, investe contra o carrossel de homens e cavalos que o rodeiam.
Baixa a cabeça,
com as patas tenta furar o chão como se pudesse abrir um alçapão que o fizesse
cair da arena para um prado onde corresse e lambuzasse as bochechas de outro
toiro. Um campo aberto a céu aberto. Sem cornetas, sem pessoas, sem gritos, sem
bandarilhas coloridas, sem bigodes quase aristocráticos, sem ferros frios no
lombo, sem rios de sangue pelo corpo, sem maldade. O último sonho do toiro
antes de morrer.
Ricardo Silveirinha (a quem, desde já, agradeço)
domingo, 6 de setembro de 2015
Refugiados que podíamos ser nós
Credit Santi Palacios/Associated Press |
Refugees Who Could Be Us
WATCHING the horrific images of Syrian refugees struggling toward safety —
or in the case of Aylan Kurdi, 3, drowning on that journey — I think of other refugees. Albert Einstein.
Madeleine Albright. The Dalai Lama. And my dad.
In the aftermath of World War II, my father swam the Danube River to flee
Romania and become part of a tide of refugees that nobody much cared about.
Fortunately, a family in Portland, Ore., sponsored his way to the United
States, making this column possible.
If you don’t see yourself or your family members in those images of today’s
refugees, you need an empathy transplant.
Aylan’s death reflected a systematic failure of world leadership, from Arab
capitals to European ones, from Moscow to Washington. This failure occurred at
three levels:
■ The Syrian civil war has dragged on for four years now, taking almost 200,000 lives, without serious efforts to stop the bombings. Creating a safe zone would at least allow Syrians to remain in the country.
■ As millions of Syrian refugees swamped surrounding countries, the world
shrugged. United Nations aid requests for Syrian refugees are only 41 percent
funded, and the World Food Program was recently forced to slash its food
allocation for refugees in Lebanon to just $13.50 per person a month. Half of Syrian refugee children are unable to go to school. So of course
loving parents strike out for Europe.
■ Driven by xenophobia and demagogy, some Europeans have done their best to
stigmatize refugees and hamper their journeys.
Bob Kitchen of the International Rescue Committee told me he saw refugee
families arriving on the beaches of Greece, hugging one another and celebrating, thinking that finally they had made
it — unaware of what they still faced in southern Europe.
“This crisis is on the group of world leaders who have prioritized other
things,” rather than Syria, Kitchen said. “This is the result of that
inaction.”
António Guterres, the head of the U.N. refugee agency, said the crisis was
in part “a failure of leadership worldwide.”
“This is not a massive invasion,” he said, noting that about 4,000 people
are arriving daily in a continent with more than half a billion inhabitants.
“This is manageable, if there is political commitment and will.”
We all know that the world failed refugees in the run-up to World War II.
The U.S. refused to allow Jewish refugees to disembark from a ship, the St. Louis, that had reached Miami. The ship returned to Europe, and some passengers
died in the Holocaust.
Aylan, who had relatives in Canada who wanted to give him a home, found no
port. He died on our watch.
Then there are the Persian Gulf countries. Amnesty International reports that Saudi Arabia, Kuwait and the United Arab Emirates haven’t accepted a
single Syrian refugee (although they have allowed Syrians to stay without
formal refugee status). Meanwhile, Saudi Arabia’s bombings of Yemen have only
added to the global refugee crisis.
We Americans may be tempted to pat ourselves on the back. But the U.S. has
accepted only about 1,500 Syrian refugees since the war began, and the Obama
administration has dropped the ball on Syria — whether doing something hard
like using the threat of missiles to create a safe zone, or something easy like
supporting more schools for Syrian refugee children in neighboring countries.
Granted, assimilating refugees is difficult. It’s easy to welcome people at
the airport, but more complex to provide jobs and absorb people with different
values. (In Jordan, I once visited a refugee family hoping for settlement in
the United States and saw a poster of Saddam Hussein on the wall; I wondered
how that adjustment would go.)
In any case, let’s be clear that the ultimate solution isn’t to resettle
Syrians but to allow them to go home.
“Stopping the barrel bombs will save more refugees dying on the route to
Europe than any other action, because people want to return to live in their
homes,” noted Lina Sergie Attar, a Syrian-American writer and architect.
There has been a vigorous public debate about whether the photo of Aylan’s
drowned body should be shown by news organizations. But the real atrocity isn’t
the photo but the death itself — and our ongoing moral failure to save the
lives of children like Aylan.
Human rights, women’s rights,
health, global affairs.
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