terça-feira, 22 de setembro de 2015

"Je suis le bébé" (de Bergen-Belsen)

Posted by Stephane Root Lo on Sábado, 19 de Setembro de 2015
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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Quando morre um cão (Quando nos morre um cão)



Quando morre um cão, há uma tristeza específica. É fina e espeta-se no pensamento. Aleija só de imaginar. Deriva da pena de não termos sido capazes de estar à altura da pureza, da generosidade absoluta.




Está deitada ao meu lado, a ressonar. Acredito que o som dos meus dedos no teclado do computador também a tranquiliza: o ritmo certo/incerto destas palavras: letras-letras-letras espaço letras-letras-letras espaço. Se assim for, se a minha escrita contribuir para a paz do seu sono, está apenas a devolver-lhe aquilo que também recebe deste corpo encostado a mim, a respirar profundamente, como se essa fosse a sua resposta ao tempo.

Quando lhe pouso a mão em cima, deixa-me fazer tudo. Não se incomoda. Essa é a forma que tem de mostrar a sua confiança ilimitada. Não acorda, como se escolhesse não acordar. Oferece o corpo às minhas festas e, se a aperto com um pouco de mais força, deixa escapar um som de prazer preguiçoso, arrastado, nasce-lhe na garganta.

Noutras horas, quando sente um barulho mínimo nas escadas, começa por rosnar e, se o barulho continua, quer ladrar contra a porta fechada. É preciso chamá-la e convencê-la a pensar noutro assunto. Agora, esses episódios parecem histórias inventadas. Neste momento, abrir os olhos e voltar a fechá-los logo a seguir é o máximo de incómodo que aceita. Está tão calma, tem tanto vagar. Às vezes, debaixo das minhas festas, espreguiça-se longamente. Depois, perde a força nos músculos e afunda-se ainda mais no sono.

Eu já estava aqui sentado, a escrever, quando ela chegou muito direita. Caminhou na minha direção sem hesitar, com as patinhas a riscarem um som leve. Numa agilidade súbita, deu um pequeno salto e ficou ao meu lado. Então, encostou-se à minha perna, formámos uma pequena união de calor, e adormeceu.

Foi também assim que chegou à minha vida. Eu não esperava nada, não procurava nada, ela chegou e, sem forçar, conquistou-me inteiro com a sua presença. Quando lhe faço festas na cabeça, os seus olhos descobrem-se entre o pêlo. Há uma certa tristeza nesse olhar antigo, como se carregasse restos de uma mágoa. Compreendo-a e, às vezes, chego a acreditar que também ela me compreende a mim, também ela é capaz de distinguir essa mesma idade no meu olhar, esse silêncio. Encontrámo-nos aqui, mas viemos de lugares distantes.

Durante o dia, passeia sossegada pela casa. Só ela sabe onde vai. Com frequência, escolhe um quadrado de sol no chão e deixa cair as orelhas. Nessas ocasiões, está preparada para qualquer surpresa.

De todas as palavras que existem no mundo, há duas que a enchem de eletricidade: "rua" e "bola". Rejuvenesce com cada uma delas, enlouquece. Na rua, muito interessada, como se estivesse a tomar conhecimento das últimas notícias, vai sempre cheirar os mesmo cantos. Fingindo não fazer caso, partilhamos o pudor do momento em que baixa as duas patinhas de trás e, depois, se afasta de uma pequena poça de chichi. Com a bola, dá saltos no ar, apoia-se em duas patas, chega a ficar assim alguns segundos, como no circo, e parece cega quando corre para apanhá-la. Vai buscá-la onde for preciso.

Quando eu andava na escola primária, numa visita de estudo ao Jardim Zoológico de Lisboa, admirei-me com o cemitério dos animais de estimação. Estava habituado a cães que mal tinham nome, que eram levados numa saca e enterrados no campo. Durante anos, habituávamo-nos a ver um cão quando passávamos numa certa rua, depois, um dia, deixávamos de vê-lo. Era assim.

Hoje, com esta cadelinha, sinto-me como aquele velho mal-humorado, a queixar-se de tudo, a culpar sempre os outros, mas que se derrete com os netos, lhes permite tudo, e quase parece outra pessoa. Talvez por isso, sou agora capaz de compreender que, quando morre um cão, há uma tristeza específica. É fina e espeta-se no pensamento. Aleija só de imaginar. Deriva da pena de não termos sido capazes de estar à altura da pureza, da generosidade absoluta.

Aqui, o tempo desta sala continua à mesma cadência, letras-letras-letras espaço letras-letras-letras espaço. Às vezes, ela estremece de repente. O arco da respiração perturba-se. Está talvez a sonhar. Aperto-a de encontro a mim. Nada te pode fazer mal, pequenina. Eu protejo-te com a mesma dedicação com que me proteges. Esta companhia que partilhamos é eterna.



José Luís Peixoto
20 de Fevereiro de 2013, http://visao.sapo.pt/puka=f713899#ixzz3lkBqTRj3

Quais são os direitos e deveres do refugiado em Portugal?




Uma pergunta que se vai começar a colocar cada vez mais: Quais são os direitos e deveres do refugiado em Portugal?
Os refugiados têm os direitos e os deveres gerais dos estrangeiros residentes em Portugal. Em matéria de deveres, cumpre‑lhes acatar as leis e os regulamentos, bem como as providências destinadas à manutenção da ordem pública. Os refugiados devem manter o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras informado da sua residência em Portugal e comunicar imediatamente a este serviço qualquer alteração de morada.
No que respeita a direitos, o refugiado tem todos os direitos do estrangeiro legalmente residente em Portugal, incluindo o direito de acesso ao ensino e ao mercado de emprego nas mesmas condições dos cidadãos nacionais. O mesmo acontece em relação ao Serviço Nacional de Saúde. Quanto a alojamento e liberdade de circulação em território nacional, ele goza desses direitos em condições equivalentes às de qualquer estrangeiro que resida legalmente em Portugal.
Os beneficiários do estatuto de refugiado recebem uma autorização de residência válida por um período inicial de cinco anos, renovável. Os processos de concessão e de perda do direito de asilo, note‑se, são gratuitos e têm carácter urgente.

CIV


Para pesquisar mais informação sobre esta temática, por favor, consultar este site da Fundação Francisco Manuel dos Santos:

#‎DireitosedeveresFFMS

sábado, 12 de setembro de 2015

Gladiator Soundtrack - "Elysium", "Honor Him", "Now We Are Free"

Grande obra! Grandes temas musicais - "Elysium", "Honor Him", "Now We Are Free"



O que fazem aos touros nas touradas! O que sofrem os touros? Inimaginável!

 


Vídeo



Quem gosta de ver isto? Quem gosta disto? 






Debaixo de um calor de mais de 30º, sem vento e depois de terem permanecido mais de 12 h metidos numa divisória de metal de um camião onde mal se podem mexer, os 6 touros vão ser "lidados" na praça.

Vão ser perfurados com ferros (bandarilhas) que medem 70 cm de comprimento, enfeitadas com papel de seda de variadas cores e rematadas com um ferro de 8 cm, com um arpão de 4 cm de comprimento e 20mm de largura, com farpas ou ferros compridos e ferros curtos que medem, respectivamente, 140 cm e 80 cm de comprimento, com ferragem idêntica à da bandarilha, mas com dois arpões enfeitados e rematados da mesma forma que as bandarilhas.

Os ferros que lhe penetram e rasgam o músculo, provocarão uma dor lancinante (o touro sente até uma mosca pousar-lhe no dorso - daí abanar com a cauda para a enxotar - porque não haveria de sentir dor se é feito de carne e osso como nós?). 

Depois de lhe serem cravados os ferros, exaustos e debilitados, enfraquecidos, vão ainda ser atormentados por 8 homens que o vão provocar, tentar imobilizar, saltar-lhe para cima e puxar-lhe violentamente a cauda (vértebras serão partidas) e humilhá-lo.

Será obrigado a recolher ao camião, como alguém me dizia hoje de manhã, "puxado e arrastado tão violentamente por cordas que se fica com a sensação que lhe vão arrancar os cornos".

No camião, ser-lhe-ão arrancados os ferros, a sangue frio, cortando a carne à volta do arpão com uma faca, deixando-lhe o dorso esburacado em carne viva...

Depois da "festa rija", quando os espectadores tiverem dificuldade em manter-se em pé, o touro vai ser levado para o matadouro, no mesmo camião onde não se pode mexer, deixando atrás de si um rasto de sangue e diarreia.

Hoje é sexta-feira.
Amanhã é sábado, os matadouros não trabalham.
Domingo também não.
Com sorte e, se não tiverem morrido até lá, os touros serão finalmente mortos na segunda-feira, depois de atordoados com choques eléctricos e pendurados de cabeça para baixo.
Terão Paz afinal.






Pedro  M. Santos, muito obrigada por este (doloroso) testemunho. 



Um outro esclarecimento sobre esta barbaridade, aqui:
http://mgranti-touradas.blogspot.pt/2009/07/touradas-portuguesa-o-sofrimento-dos.html

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A Europa deixou de ser Europa



A Europa deixou de ser Europa
14.07.2015
Mariana Mortágua




1 de janeiro de 1986. Adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia. 9 de novembro de 1989. Queda do Muro de Berlim. 1 de janeiro de 2002. Entrada em circulação do euro. 13 de julho de 2015. O dia em que a Europa deixou de ser Europa. Marque o dia de ontem no calendário. Há um antes e um depois, na Grécia mas essencialmente na Europa, depois do que aconteceu em Bruxelas. O que milhões de europeus puderam assistir, em tempo quase real, pelas notícias que iam saindo e pelas declarações que foram sendo prestadas, foi a punição coletiva de um país e o enterro dos supostos ideais europeus de integração e solidariedade.

Acossado por um sistema financeiro à beira do colapso, depois do Banco Central Europeu ter limitado a assistência de liquidez aos seus bancos, o Governo grego apresentou um plano que respondia a todas as exigências da Comissão Europeia. Todas. Mas tudo não chegava. Era preciso humilhar. Dobrar quem ousou colocar em causa a ortodoxia europeia. A que nos diz que a Zona Euro tem 19 países, alegadamente iguais entre si, mas que no fim manda sempre a Alemanha.

Como já tinha avisado o presidente do Eurogrupo, os gregos tinham que perceber que o eixo da austeridade nunca iria aceitar qualquer solução a "meio caminho". Não. Isso é o que acontece entre parceiros. Mas na Europa deixou de haver parceiros. Agora são credores. A mudança semântica não é inocente. Foi a que transformou uma união política numa reunião de Conselho de Administração.

Entre parceiros negoceia-se e chega-se a um compromisso. Mas a última coisa que a Alemanha quis, durante estes cinco longos meses, foi negociar. O seu interesse era punir e dar uma lição. Aos gregos e aos próximos que ousem colocar em jogo a sua vontade em jogo.

Os radicais, foram-nos dizendo, eram os gregos e o Syriza. Mas no fim viu-se quem teve a coragem de colocar o seu futuro e o do seu partido em jogo para apresentar um plano que, longe de ser o que a Grécia precisava, garantisse uma solução para um país que perdeu 25% da sua riqueza nos últimos cinco anos.

E vimos, ao vivo e a cores, o impensável acontecer. Um documento da União Europeia aventar a hipótese de um país ser empurrado para fora da Zona Euro. Uma hipótese que não está em qualquer tratado europeu, mas há muito que o futuro da Europa é decidida de acordo com as regras do Calvinball: são feitas e escritas à medida que o jogo vai avançando.

Um problema apenas. Não foram só os gregos a perceber o que lhes aconteceu. Muitos europeus viram que a Europa viu que deixou de ser Europa. E se o euro é para ser a moeda única da austeridade, então o mais certo é mais cedo que tarde deixar se ser única e mesmo moeda.




DEPUTADA DO BE

"Pai, eu já não posso continuar a ver isto."



 




A TVE PARA MIM ACABOU
(Fantástico testemunho de Ricardo Silveirinha contra as touradas) 


A minha família nāo desgostava de touradas. Não que se babassem por ir ver o Tito Capristano à Moita ou o Nelo Cagarras a Santarém, mas lá em casa, se passava uma Corrida, a malta ficava a ver. Nas férias andaluzes, chegados ao apartamento com sal mediterrânico, o meu Pai punha na TVE e até ao jantar sorvíamos a cantilena espanhola dos comentadores especialistas e 8 ou 10 toiros de morte.
Não éramos aficionados mas gostávamos de ver. Do espectáculo. Da arte do matador. Da faena. Da orquestra. Do tribalismo. Só não podíamos ver os cavaleiros. Gajos de jaqueta brilhante montados num cavalo a espetar farpas que se transformavam em bandeirinhas que acenavam ao público. Degradante. O cavaleiro é o cobarde da tourada, é o puto que insulta e depois foge. Tínhamos, eu e o meu Pai, um sonho: unir a Ibéria numa só tourada: matadores espanhóis, forcados portugueses. Os cavaleiros passariam a alisar a areia, a limpar os estábulos e a dar água aos toiros.
Olho a televisão com o canal público a dar tourada. Aquelas mesmas caras de sempre de olhar bovino. Caras de gente laranja, de bigodes falsamente aristocráticos, as famílias da "tradição", os betos e os que querem passar por betos, as calças caqui, os penteados, as patilhas, uma portugalidade meio bizarra que parece advir de promíscuas relações entre primos e irmãos. Esta gente que ali está atrás das tábuas funde-se com as vacas em noites de Inverno: por isso aquele bovino olhar, a mansidão das carecas reluzentes, a lhaneza.
 Não é fácil questionarmos as coisas que enquanto crescemos eram naturais. Mais difícil quando as víamos junto aos que amamos. O meu Pai gostava de ver e eu via e também gostava porque gostava dele. Vamos continuar a ir aos nossos sítios a que íamos sempre juntos. Vamos a Moledo, a Ceuta, a Sevilha, a Mijas, ao Forte de Peniche, às Caldas do Luiz Pacheco, a Vilarelho ouvir o Maestro Coca-Cola Killer ensinar Bach às gentes do campo, vamos continuar a ir ao Estádio da Luz e a abraçarmo-nos dentro dos golos do Benfica, mas, Pai, a TVE para mim acabou.
Há qualquer coisa de profundamente degradante nas touradas. Não é só o sofrimento do animal, é o espanto com que ele observa os animais da bancada. A incredulidade de estar perante a maldade do mundo. O toiro leva nos olhos uma tristeza de estar assistindo à vileza do humano. Porte imponente, músculos fortes, cornos pontiagudos, nobreza de carácter, mas os olhos... É nos olhos do toiro que nós vemos a sua ingenuidade. Uma criança perdida no meio da multidão.
O animal sorve a vida de forma natural. Passa anos a comer ervinhas, a ver pores-do-sol, a esfocinhar amorosamente com outros animais. Vive a vida em liberdade, em campos abertos de luz, por onde pode correr, parar, dormitar, ficar só a ver. Ficar só a viver. Recebe arco-íris com uma chuvinha que lhe molha a língua e as dentolas, afasta borboletas e mosquitos com um espirro, ressona e acorda os pássaros da árvore onde está encostado. O animal não reflecte sobre o mundo, mas vive-o. Sobretudo, sente-o. Os elementos da natureza são-lhe prazenteiros. É-lhe natural ir beberricar aquela água, comer este molhe de ervas, cagar ou mijar onde lhe apetecer. O céu é-lhe natural, as nuvens e o Sol, os caminhos de terra, as plantas, os passarinhos. Aquela brisa que vem em Agosto com cheiro a cereais. Ele levanta a cabeça, fecha os olhos e sente-a. Não pensa sobre ela, mas sabe-a.
De repente, uma arena! Um cubículo de areia com milhares de pessoas e vozes e urros! De repente, o horror. Chamam-no, assustam-no, dão-lhe palmadas na cabeça, espetam-lhe ferros frios no lombo. Encosta-se às tábuas, sente a madeira, procura um caminho para voltar para o campo. Está cercado. Cornetas, luzes, gritos. Rios de sangue escorrem-lhe pelo corpo. O peso das bandarilhas coloridas enquanto corre. Não entende aquilo, não sabe o porquê. Cansado, ofegante, em pânico, investe contra o carrossel de homens e cavalos que o rodeiam.
Baixa a cabeça, com as patas tenta furar o chão como se pudesse abrir um alçapão que o fizesse cair da arena para um prado onde corresse e lambuzasse as bochechas de outro toiro. Um campo aberto a céu aberto. Sem cornetas, sem pessoas, sem gritos, sem bandarilhas coloridas, sem bigodes quase aristocráticos, sem ferros frios no lombo, sem rios de sangue pelo corpo, sem maldade. O último sonho do toiro antes de morrer.

Ricardo Silveirinha (a quem, desde já, agradeço)

domingo, 6 de setembro de 2015

Refugiados que podíamos ser nós

Syrian refugees wait near the border railway station of Idomeni, northern Greece, to cross into Macedonia.  
Credit Santi Palacios/Associated Press


 Refugees Who Could Be Us 

 

WATCHING the horrific images of Syrian refugees struggling toward safety — or in the case of Aylan Kurdi, 3, drowning on that journey — I think of other refugees. Albert Einstein. Madeleine Albright. The Dalai Lama. And my dad.
In the aftermath of World War II, my father swam the Danube River to flee Romania and become part of a tide of refugees that nobody much cared about. Fortunately, a family in Portland, Ore., sponsored his way to the United States, making this column possible.
If you don’t see yourself or your family members in those images of today’s refugees, you need an empathy transplant.
Aylan’s death reflected a systematic failure of world leadership, from Arab capitals to European ones, from Moscow to Washington. This failure occurred at three levels:
■ The Syrian civil war has dragged on for four years now, taking almost 200,000 lives, without serious efforts to stop the bombings. Creating a safe zone would at least allow Syrians to remain in the country.
■ As millions of Syrian refugees swamped surrounding countries, the world shrugged. United Nations aid requests for Syrian refugees are only 41 percent funded, and the World Food Program was recently forced to slash its food allocation for refugees in Lebanon to just $13.50 per person a month. Half of Syrian refugee children are unable to go to school. So of course loving parents strike out for Europe.
■ Driven by xenophobia and demagogy, some Europeans have done their best to stigmatize refugees and hamper their journeys.
Bob Kitchen of the International Rescue Committee told me he saw refugee families arriving on the beaches of Greece, hugging one another and celebrating, thinking that finally they had made it — unaware of what they still faced in southern Europe.
“This crisis is on the group of world leaders who have prioritized other things,” rather than Syria, Kitchen said. “This is the result of that inaction.”
António Guterres, the head of the U.N. refugee agency, said the crisis was in part “a failure of leadership worldwide.”
“This is not a massive invasion,” he said, noting that about 4,000 people are arriving daily in a continent with more than half a billion inhabitants. “This is manageable, if there is political commitment and will.”
We all know that the world failed refugees in the run-up to World War II. The U.S. refused to allow Jewish refugees to disembark from a ship, the St. Louis, that had reached Miami. The ship returned to Europe, and some passengers died in the Holocaust.
Aylan, who had relatives in Canada who wanted to give him a home, found no port. He died on our watch.
Then there are the Persian Gulf countries. Amnesty International reports that Saudi Arabia, Kuwait and the United Arab Emirates haven’t accepted a single Syrian refugee (although they have allowed Syrians to stay without formal refugee status). Meanwhile, Saudi Arabia’s bombings of Yemen have only added to the global refugee crisis.
We Americans may be tempted to pat ourselves on the back. But the U.S. has accepted only about 1,500 Syrian refugees since the war began, and the Obama administration has dropped the ball on Syria — whether doing something hard like using the threat of missiles to create a safe zone, or something easy like supporting more schools for Syrian refugee children in neighboring countries.
Granted, assimilating refugees is difficult. It’s easy to welcome people at the airport, but more complex to provide jobs and absorb people with different values. (In Jordan, I once visited a refugee family hoping for settlement in the United States and saw a poster of Saddam Hussein on the wall; I wondered how that adjustment would go.)
In any case, let’s be clear that the ultimate solution isn’t to resettle Syrians but to allow them to go home.
“Stopping the barrel bombs will save more refugees dying on the route to Europe than any other action, because people want to return to live in their homes,” noted Lina Sergie Attar, a Syrian-American writer and architect.
There has been a vigorous public debate about whether the photo of Aylan’s drowned body should be shown by news organizations. But the real atrocity isn’t the photo but the death itself — and our ongoing moral failure to save the lives of children like Aylan.






Human rights, women’s rights, health, global affairs.