domingo, 25 de outubro de 2015

Cidadania portuguesa



O povo português tem que se interessar muito mais sobre o que ao país diz respeito, sobre o seu povo, a Política, a Governação,  os seus direitos, os seus deveres, porque o país somos todos nós.

Não há país sem cidadãos nem mudanças que surjam sem a sua verdadeira intervenção.

Aos cidadãos tudo diz e deveria dizer respeito, porque as instituições serão o que os cidadãos delas fizerem ou o que nelas consentirem que se faça.
Porque os cidadãos serão sempre a parte mais interessada na defesa dos seus direitos e liberdades fundamentais.

Em democracia, não basta votar, muito menos não ir votar.
É preciso esclarecer, exigir ser esclarecido, saber responsabilizar, responsabilizar-se.

Porque a responsabilidade de todos em irresponsabilidade se tornará, pela acomodação ou indiferença dos que não se importam com nada exceto consigo mesmos.





Nazaré Oliveira

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Breve história do estado a que chegámos

breve história do estado a que chegámos

Posted by Mar Velez on Sexta-feira, 17 de Julho de 2015
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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Eleições em Portugal 2015 - um “case study”?





Somos um “case study” e espero que nos próximos tempos sociólogos e cientistas políticos investiguem e façam os inquéritos que nos ajudem a perceber o que se passou.
Está nos manuais políticos que um governo que pratica a austeridade que este praticou e que se apresenta a novas eleições praticamente sem promessas não renova o mandato.
Está nos manuais políticos que um partido da oposição habituado a governar não perde uma oportunidade destas para regressar ao poder e com uma margem confortável.
Está nos manuais da nossa história recente que o povo prefere as facilidades às dificuldades, prefere a ilusão à realidade, prefere o crédito à poupança, prefere mais uma auto-estrada para nenhures do que um défice mais baixo, prefere um tribunal que raramente usa à porta de casa a pagar menos impostos.
Mas este povo, desta vez, preferiu ao contrário, reconduziu aquele governo e derrotou aquele partido da oposição.
Se quisermos usar a comparação fácil que dominou a discussão europeia dos últimos anos, estamos um bocadinho mais alemães e menos gregos.
A coligação ganhou. Perdeu cerca de 10 pontos percentuais, é verdade. Mas é uma vitória indiscutível, porque a tal normalidade dos manuais apontava para a derrota certa.
O PS perdeu. Subiu em relação a 2011, é verdade. Mas há meia dúzia de meses os socialistas imaginavam que, nestas circunstâncias, até o rato Mickey derrotaria o PSD/CDS. Não aconteceu e esse excesso de confiança e uma política ziguezagueante nas propostas e no posicionamento ideológico podem ajudar a explicar a derrota.
O Bloco de Esquerda ganhou. Ganhou muito, é o único a ganhar sem um “mas…”. Duplicou a votação, consolidou a liderança actual depois de anos labirintícos e viu premiada a consistência da sua mensagem e proposta. Provavelmente, retirou a vitória ao PS.
A CDU perdeu. Ganhou um deputado, é certo. Mas o fenómeno do Bloco mostra que havia ali muitos votos de descontentes com o “sistema” para ir buscar e os comunistas não o conseguiram.
E ganharam os institutos de sondagens, claro, que nos diziam há alguns dias que isto ia acontecer – embora tenham desvalorizado a subida do Bloco de Esquerda.
Com estes resultados, os próximos tempos vão ser sinuosos mas deverão ficar longe dos cenários mais exóticos que muitos alimentaram nos últimos dias e nas primeiras horas da noite eleitoral. Uma aliança de esquerda porque a coligação de direita não teve maioria? Ganhem juízo. António Guterres completou um mandato em minoria, ou seja, com uma maioria parlamentar que não tinha votado nele. José Sócrates formou governo em minoria e assim esteve dois anos. E, lá mais atrás, também Cavaco Silva começou a sua carreira de primeiro-ministro com um governo minoritário. Em nenhum destes casos se colocou em cima da mesa o cenário de “golpe de Estado” que agora passou por muitas cabeças.
Valeu, para arrumar de vez com essas tentações, a posição de António Costa no seu discurso de final de noite. O líder do PS teve aqui um sentido de Estado que por vezes lhe falhou durante a campanha eleitoral, nomeadamente quando afirmou que votaria contra um Orçamento do Estado do PSD/CDS, ainda que não conheça o documento.
Na hora da verdade, António Costa recentrou o PS depois de o ter encostado mais à esquerda. Percebeu que a maior fatia do eleitorado não se divorciou da coligação de direita, nem depois de quatro anos de cortes. Entendeu que o caminho escolhido pela maioria da população é o da continuidade do quadro institucional e económico em que o país está: União Europeia, moeda única, contas decentes, esforço para pagar as dívidas que fizemos, alívio cauteloso da austeridade. Aventuras? Rupturas? O tempo não está para experiências.
É a continuação da normalidade, mas de uma nova normalidade. Governa quem tem mais votos e, não dispondo de uma base maioritária no Parlamento, terá de negociar apoios com outras bancadas. No caso concreto, será com os socialistas.
A partir de agora vai reinar a táctica. A próxima batalha serão as Presidenciais. Só depois disso os partidos vão fazer contas ao deve e haver de derrubar um governo minoritário que, provavelmente, não completará a legislatura.
Isso vai depender muito do que acontecer ao PS. Costa vai mesmo continuar a ser secretário-geral? Durante quanto tempo? A forma como chegou ao lugar torna-se agora o seu maior inimigo. Apeou António José Seguro porque este ganhava por poucos e mantém-se no cargo perdendo agora por muitos?
Não sabemos qual foi o primeiro telefonema que António Costa fez quando ficou com uma razoável certeza do resultado eleitoral mas ficava-lhe bem que tivesse sido para Seguro. Para lhe pedir desculpa, obviamente.

* Paulo Ferreira é jornalista e colunista do Observador

Passos Coelho e Paulo Portas? Bendita gente!








Parece mentira mas é verdade. Aconteceu.

Os portugueses que reelegeram Passos Coelho e Paulo Portas não sofreram (nem sofrem) como eu e milhares de outros cidadãos deste país, as medidas terríveis de uma arrogante e cruel GESTÃO DA AUSTERIDADE que traçaram e nos impuseram, impiedosamente, e que nos assolou a vida e a alma.


Os portugueses que reelegeram Passos Coelho e Paulo Portas, rápido esqueceram, na mesa de voto,  os horrores de uma legislatura pautada pelo desprezo e atropelo dos mais elementares direitos constitucionais e pela mentira e demagogia com que habilmente e diariamente arquitetaram a sua narrativa política e  os seus erros de governação, melhor dizendo, a sua ignorância, perversidade e sentido de estado.


Os portugueses que reelegeram Passos Coelho e Paulo Portas   esqueceram tudo isto e perdoaram.
Perdoaram o imperdoável, o inconcebível, o inimaginável! A corrupção, os crimes fiscais, o compadrio político, o tráfico de influências, o branqueamento de capitais, a promoção descarada de incompetentes e medíocres nas empresas públicas, de aldrabões, de lambe-botas... da pobreza coberta ou descoberta...

"Portugal valida a austeridade", diz a imprensa internacional.
Arrepiante, ler e saber que tal aconteceu. 
De facto, o que deveria esperar-se de pessoas com memória curta? Ou sem memória? Ou masoquistas?

Afinal não nos roubaram direitos constitucionalmente adquiridos, não nos roubaram salários, nem pensões, nem trabalho, nem a própria vida, como a muitos aconteceu.
Afinal, não nos impuseram terríveis e cruéis medidas de austeridade que desumanamente negociadas foram (e são) em prol de carreiras políticas cuja ascensão meteórica assim o tem provado, numa União Europeia cada vez mais desigual e desigualitária, intolerante, prepotente, hipócrita, arredada que tem estado dos princípios e valores que lhe deram origem e dos grandes ideais dos que a  sonharam unida, solidária e democrática.
Afinal, não estamos muito mais pobres e a realidade que vivo (que muitos milhares como eu vive) é a melhor, a mais justa, a mais decente para todos.
Afinal, eu tenho um país fantástico, maravilhoso, onde a política do governo serve o interesse de todos e vai continuar a servir, onde a Economia continuará orientada por metas e decisões que visem, primeiro e sempre, o interesse dos que mais precisam e não só de bancos e banqueiros, amigos e amigalhaços, e só depois, muito depois, o interesse dos cidadãos, dos cidadãos que mal têm para comer e sobre os quais ninguém se rala, dos que não têm trabalho nem casa nem esperança nem dias nem noites de sossego... dos que desesperam encostados numa angústia sem fim e que à morte tantas vezes tem levado, porque ninguém se rala, porque ninguém se tem ralado.



Passos Coelho e Paulo Portas? Bendita gente!



Bendito o povo que assim cala e consente! 





Nazaré Oliveira