segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Passos Coelho e Paulo Portas? Bendita gente!








Parece mentira mas é verdade. Aconteceu.

Os portugueses que reelegeram Passos Coelho e Paulo Portas não sofreram (nem sofrem) como eu e milhares de outros cidadãos deste país, as medidas terríveis de uma arrogante e cruel GESTÃO DA AUSTERIDADE que traçaram e nos impuseram, impiedosamente, e que nos assolou a vida e a alma.


Os portugueses que reelegeram Passos Coelho e Paulo Portas, rápido esqueceram, na mesa de voto,  os horrores de uma legislatura pautada pelo desprezo e atropelo dos mais elementares direitos constitucionais e pela mentira e demagogia com que habilmente e diariamente arquitetaram a sua narrativa política e  os seus erros de governação, melhor dizendo, a sua ignorância, perversidade e sentido de estado.


Os portugueses que reelegeram Passos Coelho e Paulo Portas   esqueceram tudo isto e perdoaram.
Perdoaram o imperdoável, o inconcebível, o inimaginável! A corrupção, os crimes fiscais, o compadrio político, o tráfico de influências, o branqueamento de capitais, a promoção descarada de incompetentes e medíocres nas empresas públicas, de aldrabões, de lambe-botas... da pobreza coberta ou descoberta...

"Portugal valida a austeridade", diz a imprensa internacional.
Arrepiante, ler e saber que tal aconteceu. 
De facto, o que deveria esperar-se de pessoas com memória curta? Ou sem memória? Ou masoquistas?

Afinal não nos roubaram direitos constitucionalmente adquiridos, não nos roubaram salários, nem pensões, nem trabalho, nem a própria vida, como a muitos aconteceu.
Afinal, não nos impuseram terríveis e cruéis medidas de austeridade que desumanamente negociadas foram (e são) em prol de carreiras políticas cuja ascensão meteórica assim o tem provado, numa União Europeia cada vez mais desigual e desigualitária, intolerante, prepotente, hipócrita, arredada que tem estado dos princípios e valores que lhe deram origem e dos grandes ideais dos que a  sonharam unida, solidária e democrática.
Afinal, não estamos muito mais pobres e a realidade que vivo (que muitos milhares como eu vive) é a melhor, a mais justa, a mais decente para todos.
Afinal, eu tenho um país fantástico, maravilhoso, onde a política do governo serve o interesse de todos e vai continuar a servir, onde a Economia continuará orientada por metas e decisões que visem, primeiro e sempre, o interesse dos que mais precisam e não só de bancos e banqueiros, amigos e amigalhaços, e só depois, muito depois, o interesse dos cidadãos, dos cidadãos que mal têm para comer e sobre os quais ninguém se rala, dos que não têm trabalho nem casa nem esperança nem dias nem noites de sossego... dos que desesperam encostados numa angústia sem fim e que à morte tantas vezes tem levado, porque ninguém se rala, porque ninguém se tem ralado.



Passos Coelho e Paulo Portas? Bendita gente!



Bendito o povo que assim cala e consente! 





Nazaré Oliveira