sexta-feira, 10 de julho de 2015

Transferências de jogadores - o futebol no seu pior

 
 
 
 



Incrível o que se vai passando neste mundo do futebol, quase nunca claro, nem sempre sério, quase sempre negro, promíscuo e aviltante, sobretudo, no caso das transferências de jogadores* e nos milhões e milhões que gastam e envolvem, neste negócio da venda de homens cujo grande feito tem sido a sua formidável capacidade técnica e performance desportiva para jogar à bola e meter golos.

Um mundo à parte, dizem muitos, para quem estes, como certos políticos, administradores e gestores do Estado, continuam a viver das impunidades que se lhes oferecem e do estatuto de intocáveis que orgulhosamente exibem!

Não devia ser assim e não tem de continuar a ser assim.

Neste caso, no desporto profissional, particularmente no futebol, os atletas não deviam ser assim tão obscenamente remunerados e tão escandalosamente protegidos pela sociedade, seja portuguesa, brasileira, espanhola, inglesa ou outra, onde o povo, a massa associativa, mais não tem feito do que apoiar cada vez mais as máfias do futebol, também elas, infiltradas na vida das pessoas e nos centros de decisão dos países, tal a posição acrítica e aceitacionista que continuam a ter perante este quadro revoltante, desolador e tão injusto, se tivermos presente os horrores que se vivem por esse mundo fora, particularmente, em países nos quais há dinheiro para este tráfico de homens mas não há dinheiro para água potável, vacinas, camas de hospital, equipamentos agrícolas e industriais básicos, escolas, salários dignos para professores, investigadores, enfermeiros … 
Países onde o que existe mal existe e o pouco que se tem miséria é.

Veja-se o caso de Portugal e o protagonismo que tem tido, neste mundo conturbado e conspurcado da venda de jogadores, clubes como o Benfica, o Porto, o Sporting, a FPF…
Veja-se o destaque que sempre se lhes dá, quer nos média quer nas famílias e relações interpessoais!
Chega a ser doentia a forma como se têm em consideração. Doentia e perigosamente obsessiva.

Entranham-se na vida do nosso país, do nosso povo, das nossas instituições, de tal maneira, que, quem não nos conhecesse, julgaria que estamos a nadar em dinheiro ou, quiçá, a deitá-lo fora, tal o grau de satisfação, empenho e interesse que demonstramos com tudo o que gira à volta destes e de outros atletas, dos seus agentes, dos seus treinadores, dos seus presidentes...
Inaceitável, esta mentalidade tacanha que continua a gerar constrangimentos e aberrações à nossa volta, todos os dias, todos os anos…

Inaceitáveis e revoltantes, estas jogadas, num país que tem uma taxa de desemprego monstruosa, uma agricultura e indústria incipientes, falta de equipamentos vitais, especialmente nos hospitais e centros de saúde… Um país com uma dívida externa do tamanho do mundo, desse mundo infernal que se custeia com o sangue e suor de quem verdadeiramente sempre trabalhou e trabalha para aguentar uma vida que mais morte parece!

Triste país, tristes países e tristes povos estes, que fazem destes jogadores reis e de si próprios servos, aprisionados que estão nos viscosos labirintos do futebol profissional com que os presenteiam e que  habilidosamente vão colorindo os seus dias.

Até quando fingimos não ver o que claramente visto é?



Nazaré Oliveira


*ver aqui as transferências mais caras que se conhecem:
 http://www.msn.com/pt-pt/desporto/futebol/galeria-as-100-transfer%c3%aancias-mais-caras-da-hist%c3%b3ria-do-futebol/ss-AAcFoIa?fullscreen=true#image=1

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Ao ponto que se chega para vender mais cerveja sagres!


CERVEJA SAGRES PATROCINA A SELVAJARIA TAUROMÁQUICA. 

Tão original quanto a TORTURA DE BOVINOS? Mas o que é isto?

BOICOTE TOTAL À CERVEJA SAGRES







 in http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/cerveja-sagres-e-super-bock-patrocinam-557446?view=1836422#t1836422

domingo, 5 de julho de 2015

Arena, de J Salaviza


L’été - «L’exil d’Hélène», de Albert Camus

Albert Camusonar legenda



Quando preciso de alento (a que outros chamam esperança) releio Albert Camus. Há nos seus textos, e até mesmo nos mais tardios, uma combinação benfazeja de propriedades apaziguadoras dos inquietos, o sopro da verdade profunda que apenas a arte diz, a voz dessa sabedoria sem época. Um dos seus livros que prefiro é L’été (O Verão), originalmente publicado em 1959. Trata-se de uma compilação de pequenos textos, e num deles, intitulado O exílio de Helena, Camus detém-se no lugar da Grécia na Europa.
Há nos territórios (e numa certa e relativa medida também nos seus passados) da Grécia e de Portugal uma espécie de insuportável beleza do Mundo que aproxima os seus povos: gentes nascidas na angustiante superlativa beleza de lugares que se habituaram a abandonar, para procurar noutras partes do Mundo os modos de vida que nos seus países não têm aparente vontade de erguer. Bastará dizer que, no caso da Grécia, foi um país que teve retornados (em significativa quantidade, comparável à de antigos impérios) sem ter sido colonizador.
Quando Camus refere «o nosso tempo», é evidente que o seu tempo (dele Camus) não é o nosso, mas ao mesmo tempo é, nesse pós-guerra em que escreve Camus que é em certa medida o nosso também. Outros textos dessa recolha chamada O Verão foram escritos antes da Segunda Grande Guerra, outros ainda muito depois do seu término, mas na essência não importam as datas: em pano de fundo está a guerra, e a supremacia pragmática e impositiva da razão técnica sobre a vontade, que é o que vivemos por estes dias. | S.A.


Albert Camus, L’été, «L’exil d’Hélène», 1948



«O Mediterrâneo tem a sua própria tragédia solar, que não tem nada a ver com a das névoas. Certos fins de dia, no mar, junto ao sopé das montanhas, a noite cai na delineação perfeita de uma pequena baía e, provinda das águas silenciosas, emerge então uma plenitude angustiada. Apenas estando lá podemos compreender até que ponto os gregos conheceram o desespero através da beleza, e do que ela tem de opressivo. É nessa infelicidade dourada que a tragédia culmina. (…)

Forçámos a beleza ao exílio, e os gregos limpam as armas para defendê-la: eis uma primeira diferença, que no entanto vem de longe. O pensamento grego escudou-se sempre por detrás de uma ideia de limite. Não foi até ao fim de nada pelo princípio de não ir, fosse relativamente ao sagrado, fosse à razão, porque nada negou: nem o sagrado nem a razão. O pensamento grego discerniu a importância da parte no todo, equilibrando a obscuridade por intermédio da luz. A nossa Europa, pelo contrário, lançada na conquista da totalidade, é filha da desmedida. (…)
Acendemos num céu irado os sóis que nos apetecem. Mas os limites existem, e sabêmo-lo bem. Nas nossas mais extremas demências, sonhamos com um equilíbrio que há muito escolhemos abandonar, mas que ingenuamente acreditamos poder reencontrar ao cabo dos nossos erros. Presunção infantil, e que justifica que povos ainda imaturos e herdeiros das nossas loucuras conduzam hoje a nossa História. (…)
Desde há muito tempo que os esforços dos nossos filósofos se focam na substituição da noção de natureza humana pela noção de situação, e na substituição da antiga harmonia pelo ímpeto desordenado do acaso ou pelo impiedoso movimento da razão. Enquanto que os gregos conferiam à vontade a prerrogativa de definir os limites da razão, nós acabámos por pôr o ímpeto da vontade no centro da razão, que entretanto se tornou assassina da vontade. Para os gregos, os valores pré-existiam a toda e qualquer acção – cujos limites eram determinados pelos valores. A filosofia moderna põe os seus valores no termo da acção. O que pressupõe que eles não são mas que se tornam, e que apenas poderemos conhecê-los no seu todo uma vez concluída a história. (…)
E no entanto, a Natureza continua presente, contrapondo à loucura dos Homens os seus céus calmos e razões próprias. Até ao dia em que também o átomo se incendeie, e que a história acabe no triunfo da razão e na agonia da espécie. Contudo, os gregos nunca disseram que os limites não podiam ser ultrapassados. Apenas disseram que eles existiam, e que quem ousasse ultrapassá-los seria atingido sem dó nem piedade. Nada na História de hoje pode contradizê-los.
O espírito histórico e o artista querem ambos refazer o Mundo. Mas o artista, porque a sua natureza a isso o obriga, conhece os seus próprios limites, que o espírito histórico grandemente desconhece. Eis porque o fim deste último é a tirania, enquanto que a paixão do artista é a liberdade. Todos os que por estes dias lutam pela liberdade, combatem em última instância pela beleza. (…) A nossa época obstina-se em atingir o absoluto e o império, quer transfigurar o Mundo antes de o ter esgotado, quer ordená-lo antes de o ter compreendido. (…)
“Odeio a minha época”, escrevia Saint-Exupéry antes da sua morte. (…) Por mais que nos perturbe esse grito, vindo dele que amou os Homens no que têm de admirável, não o assumiremos como nosso também – apesar de em certas horas a tentação ser grande, isto é, o impulso de virar costas a este mundo mortiço e desolado. Mas esta época é a nossa, e não podemos viver a odiar-nos. Se chegou tão baixo foi tanto pelo excesso das suas virtudes como pela grandeza dos seus defeitos. Lutaremos pela sua virtude mais antiga: (…) a amizade (…) E no final está a vitória (…).
No reconhecimento da ignorância, na recusa do fanatismo, na assumpção dos limites do Mundo e do Homem, no rosto de quem amamos, na beleza, enfim, eis o lugar de reencontro com os gregos. O sentido da História de amanhã não é aquele que julgamos. Reside antes na luta entre a criação e a inquisição. Apesar do preço que as mãos vazias dos artistas custarão aos próprios, podemos contar com a vitória. Uma vez mais, a filosofia das trevas dissipar-se-á por cima do mar resplandecente. (…)»


 08/03/2015 por

O descontentamento que se vê por aí dilui-se na abstenção?




Segundo uma sondagem publicada no DN, dia 25 de Junho deste ano, há 40% de portugueses que simpatizam com a solução austeritária que nos destruiu o país e nos deu cabo das vidas. É realmente fantástico. Quatro em cada dez de nós aplaude o desemprego que tem sido fomentado para fazer baixar os nossos salários, a pobreza que fez aumentar a casta de milionários do país, as empresas públicas vendidas ao desbarato que puseram o país nas mãos sujas de sangue dos novos donos estrangeiros disto tudo, o maior aumento de impostos de sempre que satisfaz os juros agiotas que temos que pagar pelos milhares de milhão que o Governo recebe emprestado para implementar esta agenda de reconfiguração social e transferência concentradora de riqueza.

Somente 43% de nós reprova o que os restantes 40% aplaudem, mas isto perguntado assim, se estão a favor ou contra a austeridade, porque se a pergunta for “qual é o partido que mereceria o seu voto se as eleições fossem hoje”, os três partidos do arco da austeridade somam 75% das intenções de voto, isto é, andarão para aí pelo menos 32% – =75%-43% – de eleitores convencidos que um desses três partidos, saberão eles qual, tem um programa diferente da austeridade contra a qual se manifestaram na resposta à outra pergunta.

Por outro lado, apenas 18% dos inquiridos manifestaram a intenção de dar a força do seu voto a uma das duas forças da esquerda de confiança que tem lutado contra a austeridade, isto é, menos 25% do que os 43% que se manifestaram contra a austeridade na pergunta feita sem partidos. A chave para as duas discrepâncias estará na abstenção: a sondagem diz-nos que apenas 56% dos inquiridos respondeu que exercerá o seu direito de voto.

Bem sei que as contas não se fazem assim mas, coincidência ou não, multiplicando uma abstenção de 44% (100%-56%) pelos 43% que dizem estar contra a austeridade obtemos 18,9%, valor que está apenas 0,9% acima dos 18% da soma das intenções de voto nos dois partidos anti-austeridade. E se multiplicarmos os 56% de votantes pelos 75% da soma de intenções de voto no arco da austeridade, obtemos 42%, apenas 2% acima dos 40% que se afirmam a favor da austeridade, valor novamente abaixo dos 3% da margem de erro da sondagem.


Será mesmo coincidência ou o descontentamento que se vê por aí dilui-se na abstenção a que muitos recorrem convencidos que estão a punir quem lhes deu cabo da vida?





In http://opaisdoburro.blogspot.pt/


A Grécia e as lições da austeridade





«Prossegue o braço de ferro entre o governo grego do Syriza e a troika de topo do capitalismo mundial. Bruxelas, o FMI e Berlim não querem reconhecer o direito a mudar de política a um governo democraticamente eleito depois de derrotar os anteriores interlocutores da troika, responsáveis por uma política económica que levou a Grécia à catástrofe. Para Lagarde, Merkel e Juncker (ou o pobre Passos, fazendo-se passar por credor rico), os gregos podem votar o que quiserem desde que os seus governantes os continuem a esmifrar para pagar uma dívida que não contraíram e que só se agravou desde o primeiro dos resgates. Bem pode o insuspeito Financial Times garantir que as propostas do FMI agravarão a recessão e aumentarão para 200% do PIB a dívida grega, que a ameaça agora é: se não aceita, sai do euro, e se sai do euro, sai da UE (Martin Schulz, entrevista ao Guardian, 17.6.2015) — tese curiosa, já que 9 dos 28 países da UE não estão no euro... A chantagem continua, ainda que não tenha conseguido, até agora, esboroar o apoio popular maioritário de que o governo Tsipras dispõe. Mas é esse o objetivo: desacreditar o governo grego, barrar a possibilidade de contágio a outros países, impedir que se rompa com o euroausteritarismo liberal! Há anos que esta discussão das dívidas (que forçaram a transformar em) públicas se tem feito como se fosse natural, e desejável, que ficasse restrita aos técnicos, aos especialistas, coisas para funcionário europeu ou do FMI, de que só entendem uns poucos economistas. Ou seja, o que sempre acontece com as políticas europeias. Ao cidadão comum solta-se umas tiradas moralistas (“os gregos mentiram!”, “os gregos vivem acima das suas possibilidades: um país corrupto do 3.º Mundo não pode ter uma segurança social à alemã!”), com um toque pseudo-antropológico (“as relações sociais na Grécia estão fundadas sobre o favor, a cunha, a fraude fiscal”) cuja base não é outra que a generalização de preconceitos dignos da conversa de turista rico com toques coloniais. É muito curiosa esta mescla de discurso tecnocrático e de moralismo rançoso, que descreve os gregos como uma família gastadora e desorganizada, habituada a viver à custa da generosidade alheia. Na Grécia, como em Portugal (e em Espanha e na Irlanda), tentou-se “esconder a verdade do público representando uma situação na qual o resgate se apresentou como benéfico para a Grécia, enquanto se promoveu um relato que retratava a população como culpada das suas próprias malfeitorias.” Quem o escreve é a Comissão da Verdade sobre a Dívida Pública nomeada em abril pela presidência do Parlamento da Grécia, constituída por peritos internacionais (ou julgar-se-á que “peritos” são só os FMI e do BCE?) e que apresentou esta semana um relatório preliminar. Contrariando todo o discurso dos nossos governos austeritários, que entendem que não há nada que discutir quanto à legitimidade da dívida (“há que a pagar, ponto final!”), o Parlamento grego criou uma comissão “com o mandato de investigar sobre a criação e o aumento da dívida pública, a forma e as razões pelas quais ela foi contraída, e o impacto que as condições associadas aos empréstimos teve sobre a economia e a população.” Concluiu ela que o crescimento da dívida pública grega desde os anos 80 “não se deveu a um gasto público excessivo, que se manteve abaixo do gasto público doutros países da eurozona, mas sim ao pagamento de juros extremamente altos aos credores, um excessivo (...) gasto militar, perda de receita fiscal devido aos fluxos ilícitos de capital, à recapitalização estatal dos bancos privados e aos desequilíbrios criados (…) na conceção da própria União Monetária.” “O uso do dinheiro” que adveio dos dois resgates (2010 e 2012) “foi estritamente ditado pelos credores, sendo revelador que menos de 10% destes fundos se tenham destinado ao gasto corrente do governo.” Em que foram gastos, então? No resgate de bancos privados gregos e europeus: a troika passou dinheiro à Grécia (a juros, claro) para que esta pagasse aos bancos (mais juros). E dessa forma, a Grécia (como Portugal) ficou sob o protetorado de instituições internacionais de que fazem parte mas onde a sua voz não conta para nada, cedendo-lhes toda a sua soberania económica — e, automaticamente, toda a sua soberania nacional! Por água abaixo vai a tese, tantas vezes repetida por Teixeira dos Santos, Gaspar e a ministra dos swaps, de que os empréstimos servem para pagar pensões e a saúde pública, pelo que devemos estar todos agradecidos aos nossos benfeitores... Recorda esta Comissão da Verdade que “vários argumentos legais permitem que um Estado repudie unilateralmente a sua dívida” quando ela é “ilegal, odiosa e ilegítima.” E cita cinco: (1) “a má fé dos credores”, que sabiam que os cortes nos salários, na saúde, na educação e na segurança social “afetariam diretamente as condições de vida e violariam os direitos humanos, que a Grécia e os seus sócios estão obrigados a respeitar, proteger e promover no quadro do direito interno, regional e internacional”, que estabelece, pelo contrário, (2) “a preeminência dos direitos humanos sobre os acordos assinados pelos governos anteriores com os credores ou a troika”. Ao contrário do que era sua obrigação legal, o antigo governo grego e os credores “evitaram avaliar os impactos nos direitos humanos do ajustamento macroeconómico e a consolidação fiscal”. (3) “Os acordos contêm cláusulas abusivas, coagindo a Grécia a ceder aspetos significativos da sua soberania”. Por exemplo, ao se ter imposto a “lei inglesa como legislação aplicável” em caso de litígio com os credores, o que permite “evitar invocar a Constituição grega e as obrigações internacionais sobre direitos humanos.” Isto significa que “as partes contratantes atuaram de má fé” e (4) “violaram diretamente a Constituição grega”, pelo que “os acordos não são válidos”. Por último, (5) o “direito internacional [reconhece que] os Estados [podem] tomar medidas contra os atos ilegais por parte dos seus credores que firam a sua soberania fiscal (…) e violem a autodeterminação económica e os direitos humanos fundamentais.” Estados que cobrem a impunidade da banca com recursos dos mais pobres. Para melhor os controlar, regime de protetorado internacional. Se a sociedade se rebela, chantagem e esmagamento da vontade democrática. Eis as lições da austeridade e do caso grego.» 



Manuel Loff, no Público.