Segundo uma sondagem publicada no DN, dia 25 de Junho deste ano, há 40% de portugueses que
simpatizam com a solução austeritária que nos destruiu o país e nos deu cabo
das vidas. É realmente fantástico. Quatro em cada dez de nós aplaude o
desemprego que tem sido fomentado para fazer baixar os nossos salários, a
pobreza que fez aumentar a casta de milionários do país, as empresas públicas
vendidas ao desbarato que puseram o país nas mãos sujas de sangue dos novos
donos estrangeiros disto tudo, o maior aumento de impostos de sempre que
satisfaz os juros agiotas que temos que pagar pelos milhares de milhão que o
Governo recebe emprestado para implementar esta agenda de reconfiguração social
e transferência concentradora de riqueza.
Somente 43% de nós reprova o que os
restantes 40% aplaudem, mas isto perguntado assim, se estão a favor ou contra a
austeridade, porque se a pergunta for “qual é o partido que mereceria o seu
voto se as eleições fossem hoje”, os três partidos do arco da austeridade somam
75% das intenções de voto, isto é, andarão para aí pelo menos 32% – =75%-43% –
de eleitores convencidos que um desses três partidos, saberão eles qual, tem um
programa diferente da austeridade contra a qual se manifestaram na resposta à
outra pergunta.
Por outro lado, apenas 18% dos
inquiridos manifestaram a intenção de dar a força do seu voto a uma das duas
forças da esquerda de confiança que tem lutado contra a austeridade, isto é,
menos 25% do que os 43% que se manifestaram contra a austeridade na pergunta
feita sem partidos. A chave para as duas discrepâncias estará na abstenção: a
sondagem diz-nos que apenas 56% dos inquiridos respondeu que exercerá o seu
direito de voto.
Bem sei que as contas não se fazem
assim mas, coincidência ou não, multiplicando uma abstenção de 44% (100%-56%)
pelos 43% que dizem estar contra a austeridade obtemos 18,9%, valor que está
apenas 0,9% acima dos 18% da soma das intenções de voto nos dois partidos
anti-austeridade. E se multiplicarmos os 56% de votantes pelos 75% da soma de
intenções de voto no arco da austeridade, obtemos 42%, apenas 2% acima dos 40%
que se afirmam a favor da austeridade, valor novamente abaixo dos 3% da margem
de erro da sondagem.
Será
mesmo coincidência ou o descontentamento que se vê por aí dilui-se na abstenção
a que muitos recorrem convencidos que estão a punir quem lhes deu cabo da
vida?
In http://opaisdoburro.blogspot.pt/