domingo, 10 de maio de 2015

Albinos vítimas de "caça cruel"

foto : IRIN/Helen Blakesley

Foto: Reprodução/DailyMail




A crença de que poções feitas com corpos de pessoas albinas trazem sorte e riqueza alimenta um comércio cruel na Tanzânia.

Os albinos deste país vivem em constante ameaça de morte, podendo, a qualquer momento, ser vítimas de verdadeiras "caçadas".

Os compradores de albinos chegam a pagar o equivalente a R$ 200 mil pelo corpo inteiro de uma pessoa e, muitas vezes, o "negócio" é fechado pelas próprias famílias das vítimas.
Quando o ataque não é mortal, essas pessoas (albinas) perdem membros que valem cerca de R$ 10 mil, de acordo com informações do jornal britânico Daily Mail.

O albinismo é um distúrbio congénito caraterizado pela ausência de pigmento na pele, cabelos e olhos, devido a uma deficiência na produção de melanina pelo organismo.
É um distúrbio muito raro no ocidente mas bastante comum na África Subsaariana e noutros países africanos.

Nos últimos anos, houve várias iniciativas para tentar consciencializar a população e romper preconceitos e superstições em torno do albinismo.
O governo da Tanzânia lançou campanhas para isso mas o problema persiste, especialmente nas regiões mais remotas do país.



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sábado, 9 de maio de 2015

Vendem-se meninas sírias







Que terrível realidade!  Que humilhante! Que monstruoso!

Que revolta me causam estas práticas bárbaras e de um primitivismo hediondo, estas mentalidades e estas políticas interessadamente entranhadas em certas religiões e em certas seitas, em princípios morais de duvidosa Moral, tal o nojo e o asco que me causam e o rasto de dor e de amargura que arrastam consigo!

Matam a vida, lentamente, de quem da vida pouco ou nada sabe ou pouco ou nada viveu.

Criminosos cruéis, estes, que se abeiram da pobreza para dela retirar, a troco de dinheiro, a inocência e a pureza de tantas e tantas meninas que por esse mundo fora choram ou calam sózinhas a sua sorte infeliz.

Criminosos cruéis, aqueles que as vendem como objetos de prazer a troco de uma qualquer quantia de dinheiro, como se um filho em dinheiro possa ser convertido, pesado, comparado ou sequer vendido.

Criminosos cruéis, os que continuam a apadrinhar e a incentivar estas práticas, estas tradições, esta ignomínia, impunemente.

Malditos sejam! Como se não bastasse o que já sofreram e continuam a sofrer estas crianças desde que a guerra na Síria se iniciou. 

Segundo o relatório da ONU, de 1 de Março de 2011 a 15 de Novembro de 2013, que responsabiliza o governo e milícias aliadas pelos horrores que têm passado, e ainda as forças da oposição pelo recrutamento de jovens para o combate e funções de apoio, assim como pela condução de operações militares, para além disto há ainda o uso de táticas de terror em áreas povoadas por civis e o desaparecimento de muitas crianças, sem falar das dificuldades que continuam a colocar à  entrega de ajuda humanitária nas áreas mais afetadas. 
A ONU alerta para o elevado nível de stress destas pobres crianças, como resultado de terem testemunhado a morte de membros da família, de terem sido separadas dela ou de terem sido expulsas das suas casas.
Se acrescentarmos a toda esta montra dos horrores a venda das meninas, constataremos que nele nada mais existe, para além da barbárie, para além do sangue de inocentes, para além da intolerância, do racismo e da guerra que continuamente provocam.

Ban Ki-moon, nesse relatório, pedia a todas as partes no conflito que tomassem, quanto antes, todas as medidas para proteger e defender os direitos de todas as crianças na Síria. Pedia, mas pedir já não basta. Não tem bastado. 
O Oxford Research Group também relatava, em Novembro de 2013, que mais de 11.000 crianças foram mortas no conflito sírio, entre elas 128 por armas químicas e 389 abatidas por franco-atiradores.
De acordo com os dados reunidos pelo centro, 11.420 crianças sírias com até 17 anos de idade foram mortas entre o início do conflito, em Março de 2011, e o final de Agosto de 2013. Entre os civis e combatentes identificados, o número de mortes chega a 113.735.
Das 10.586 crianças cuja causa da morte foi especificada, 7.557, ou 71%, foram mortas por «armas explosivas» (bombardeamentos aéreos, atentados a bomba, tiros de artilharia), o armamento «mais mortal para as crianças na Síria», observa o relatório com base em dados de várias organizações sírias.
«Tiros de armas de fogo leves são responsáveis pela morte de uma criança em quatro, 2.806 no total, ou 26,5%. Entre elas, 764 crianças foram sumariamente executadas e 389 mortas por franco-atiradores», indica o estudo.
Dos 764 menores mortos sumariamente, foi relatado que «112 foram torturados», cinco com sete anos ou menos e onze com idade entre 8 e 12 anos, de acordo com a mesma fonte.
O relatório também informa que «128 crianças foram registradas como tendo sido mortas por armas químicas no ataque de 21 agosto de 2013 em Ghouta Oriental», um ataque atribuído pela oposição síria e os países ocidentais ao regime do presidente Assad.
Este ataque, que deixou centenas de mortos, resultou numa escalada das tensões e na destruição do arsenal de armas químicas do regime sírio.
Diz igualmente que «meninos com idade entre 13 e 17 anos foram as vítimas mais frequentes de assassínios seletivos, seja por atiradores, execuções ou tortura».
Os adolescentes são mais visados que as crianças mais novas e duas vezes mais meninos foram mortos do que meninas.
«Os resultados mais preocupantes deste relatório não são apenas quanto ao grande número de crianças mortas neste conflito, mas a maneira como morreram», declarou Hana Salama, co-autora do relatório.
«Todas as partes em conflito devem assumir a responsabilidade pela protecção das crianças», ressaltou Hamit Dardagan, outro autor, que acredita que apenas «uma paz duradoura» pode garantir «a segurança das crianças».

Mas, quando são os próprios pais a vender as suas crianças, quando são os próprios pais a fazerem das suas vidas uma guerra permanente, quando há compradores do corpo e da alma dessas crianças, daquelas meninas, como refiro no início deste artigo, que mais se poderá fazer para acabar com este massacre de inocentes, com esta guerra contra inocentes, a não ser uma tomada de posição mais enérgica da Comunidade Internacional, verdadeiramente unida e verdadeiramente empenhada em salvá-los?

Deixemo-nos de hipocrisia nas relações diplomáticas internacionais. O interesse das crianças e a salvaguarda dos Direitos Humanos deveria falar mais alto.
Infelizmente, é isto que não vemos.


Nazaré Oliveira

sexta-feira, 8 de maio de 2015

We are all alone



Um tema que cantei e dancei e ainca canto e danço.

Belíssimo!

Excelente cantora - Rita Coolidge.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Mais uma tragédia nas costas da Líbia - Chega de condolências hipócritas





O que separa os fortes dos fracos é fazer as coisas acontecer. E a Europa não está a fazê-lo. Talvez um dia perceba que é por estas e por outras que abdicou da sua relevância internacional.
Na semana passada, afundou-se uma embarcação de migrantes, 24 horas após a sua partida da costa da Líbia, estimando-se 400 mortes. Foi mais um caso, numa longa série de naufrágios no mar Mediterrâneo, convertido em cemitério de gente que fracassou na fuga à má sorte de uma vida sem condições ou dignidade. Mas foi também uma desgraça maior do que a de Lampedusa, em 2013, quando morreram 360. À época, gerou-se um intenso debate e generalizou-se a convicção de que se impunha uma resposta europeia. Desta vez, foi uma notícia como outra qualquer, daquelas que narram desastres longínquos. Só agora, com a informação de um outro naufrágio que consumiu 700 vidas, talvez mais, o assunto penetrou definitivamente na agenda. A rotina do horror tornou-nos indiferentes?
Os discursos dizem que não. Ontem, o Papa Francisco e líderes europeus assinalaram a urgência do drama, comprometeram-se com medidas rápidas e propuseram uma reunião de emergência. Mas, infelizmente, as acções sugerem que sim, que essa indiferença ganhou raízes na política europeia. Em 2013, após Lampedusa, surgiu o programa Mare Nostrum, com a missão de patrulhar as águas e salvar vidas. Hoje, esse programa foi descontinuado e arrumado nos arquivos. Durou pouco, não pelos resultados mas porque custava muito dinheiro – cerca de 9 milhões de euros/ mês. No seu lugar, emergiu uma versão low-cost, com proporcional redução do perímetro de acção, mais próximo da costa italiana e mais longe dos pontos críticos de naufrágio. Isto enquanto se observa um aumento dos fluxos migratórios de gente desesperada por escapar de uma Líbia desfeita e tornada viveiro de todo o tipo de tráfico e terrorismo. Tudo somado, as consequências estão à vista: morreram este ano mais de mil pessoas a atravessar o Mediterrâneo, vinte vezes mais do que em igual período do ano passado (47). Podemos até questionar a fiabilidade dos números – muitos terão morrido no anonimato, longe de tudo e todos e destas estatísticas. Não podemos é fingir que a Europa está a conseguir lidar com a situação.
Haverá muitas razões que justifiquem essa incapacidade, até porque este é um tema complexo e sem resolução simples. Mas reconhecer essa complexidade não é o mesmo do que aceitar o ser difícil como legitimação para a inacção política (ou para a tradicional opção europeia de empurrar os problemas com a barriga). Neste caso, a raiz do impasse é também outra: a Europa vive paralisada pela crise, pela necessidade da gestão delicada dos vários orçamentos nacionais e pelo receio da afirmação de partidos populistas de direita anti-imigração. É difícil imaginar um cenário pior para se lidar com migrantes náufragos: ninguém quer acarretar com custos financeiros e ninguém quer assumir os custos políticos de acolher imigrantes numa Europa onde a imigração é, lamentavelmente, cada vez mais o tema sensível em que se evita tocar. É uma tempestade perfeita. Mas é uma intempérie que a Europa tem de atravessar. Afinal, não estão apenas milhares de vidas em risco, mas também a credibilidade europeia no contexto da ordem internacional: o que vale a Europa se a defesa dos seus valores nunca saltar dos discursos para a realidade?
É esse o desafio que está na mesa a ganhar pó: através da acção política, reconhecer que a tragédia diária que nos chega pelo mar é um problema moral e político dos europeus, não apenas uma maçada logística que, por coincidência geográfica, acontece às portas da Europa. E é este o embaraço a que se assiste. A Europa reconhece a gravidade da situação, sabe o que deve e o que tem de ser feito mas, entre o medo dos populismos e a falta de força, só o fará quando não tiver alternativas. Quando se sentir obrigada a admitir que esta é mesmo uma questão europeia, que testa a capacidade dos Estados-membros da UE para implementar aquilo que apregoam – a defesa incondicional dos direitos humanos e da dignidade humana. Até lá, recorre-se à técnica do penso-rápido – não resolve, mas ajuda. E isso, obviamente, não chega.
Falar é fácil, dar lições de moral também, mas o que separa os fortes dos fracos é fazer as coisas acontecer. E a Europa, amarrada pela crise e pelos populismos anti-imigração, não está a fazê-lo. Talvez um dia os europeus percebam que é por estas e por outras incapacidades que abdicaram da sua relevância (política e moral) na ordem internacional. Agora, enquanto se espera que a Europa reúna e decida se tem ou não a coragem para fazer a diferença, resta cruzar os dedos e ir fazendo as contas: quantos mais terão de morrer no Mediterrâneo até que a Europa assuma as suas responsabilidades?



Alexandre Homem Cristo 
in http://observador.pt/opiniao/quantos-mais-terao-de-morrer-no-mediterraneo/




Mais sobre este assunto:
http://observador.pt/explicadores/morrem-tantas-pessoas-no-mediterraneo/

Política europeia para refugiados é fragmentada