sábado, 9 de maio de 2015

Vendem-se meninas sírias







Que terrível realidade!  Que humilhante! Que monstruoso!

Que revolta me causam estas práticas bárbaras e de um primitivismo hediondo, estas mentalidades e estas políticas interessadamente entranhadas em certas religiões e em certas seitas, em princípios morais de duvidosa Moral, tal o nojo e o asco que me causam e o rasto de dor e de amargura que arrastam consigo!

Matam a vida, lentamente, de quem da vida pouco ou nada sabe ou pouco ou nada viveu.

Criminosos cruéis, estes, que se abeiram da pobreza para dela retirar, a troco de dinheiro, a inocência e a pureza de tantas e tantas meninas que por esse mundo fora choram ou calam sózinhas a sua sorte infeliz.

Criminosos cruéis, aqueles que as vendem como objetos de prazer a troco de uma qualquer quantia de dinheiro, como se um filho em dinheiro possa ser convertido, pesado, comparado ou sequer vendido.

Criminosos cruéis, os que continuam a apadrinhar e a incentivar estas práticas, estas tradições, esta ignomínia, impunemente.

Malditos sejam! Como se não bastasse o que já sofreram e continuam a sofrer estas crianças desde que a guerra na Síria se iniciou. 

Segundo o relatório da ONU, de 1 de Março de 2011 a 15 de Novembro de 2013, que responsabiliza o governo e milícias aliadas pelos horrores que têm passado, e ainda as forças da oposição pelo recrutamento de jovens para o combate e funções de apoio, assim como pela condução de operações militares, para além disto há ainda o uso de táticas de terror em áreas povoadas por civis e o desaparecimento de muitas crianças, sem falar das dificuldades que continuam a colocar à  entrega de ajuda humanitária nas áreas mais afetadas. 
A ONU alerta para o elevado nível de stress destas pobres crianças, como resultado de terem testemunhado a morte de membros da família, de terem sido separadas dela ou de terem sido expulsas das suas casas.
Se acrescentarmos a toda esta montra dos horrores a venda das meninas, constataremos que nele nada mais existe, para além da barbárie, para além do sangue de inocentes, para além da intolerância, do racismo e da guerra que continuamente provocam.

Ban Ki-moon, nesse relatório, pedia a todas as partes no conflito que tomassem, quanto antes, todas as medidas para proteger e defender os direitos de todas as crianças na Síria. Pedia, mas pedir já não basta. Não tem bastado. 
O Oxford Research Group também relatava, em Novembro de 2013, que mais de 11.000 crianças foram mortas no conflito sírio, entre elas 128 por armas químicas e 389 abatidas por franco-atiradores.
De acordo com os dados reunidos pelo centro, 11.420 crianças sírias com até 17 anos de idade foram mortas entre o início do conflito, em Março de 2011, e o final de Agosto de 2013. Entre os civis e combatentes identificados, o número de mortes chega a 113.735.
Das 10.586 crianças cuja causa da morte foi especificada, 7.557, ou 71%, foram mortas por «armas explosivas» (bombardeamentos aéreos, atentados a bomba, tiros de artilharia), o armamento «mais mortal para as crianças na Síria», observa o relatório com base em dados de várias organizações sírias.
«Tiros de armas de fogo leves são responsáveis pela morte de uma criança em quatro, 2.806 no total, ou 26,5%. Entre elas, 764 crianças foram sumariamente executadas e 389 mortas por franco-atiradores», indica o estudo.
Dos 764 menores mortos sumariamente, foi relatado que «112 foram torturados», cinco com sete anos ou menos e onze com idade entre 8 e 12 anos, de acordo com a mesma fonte.
O relatório também informa que «128 crianças foram registradas como tendo sido mortas por armas químicas no ataque de 21 agosto de 2013 em Ghouta Oriental», um ataque atribuído pela oposição síria e os países ocidentais ao regime do presidente Assad.
Este ataque, que deixou centenas de mortos, resultou numa escalada das tensões e na destruição do arsenal de armas químicas do regime sírio.
Diz igualmente que «meninos com idade entre 13 e 17 anos foram as vítimas mais frequentes de assassínios seletivos, seja por atiradores, execuções ou tortura».
Os adolescentes são mais visados que as crianças mais novas e duas vezes mais meninos foram mortos do que meninas.
«Os resultados mais preocupantes deste relatório não são apenas quanto ao grande número de crianças mortas neste conflito, mas a maneira como morreram», declarou Hana Salama, co-autora do relatório.
«Todas as partes em conflito devem assumir a responsabilidade pela protecção das crianças», ressaltou Hamit Dardagan, outro autor, que acredita que apenas «uma paz duradoura» pode garantir «a segurança das crianças».

Mas, quando são os próprios pais a vender as suas crianças, quando são os próprios pais a fazerem das suas vidas uma guerra permanente, quando há compradores do corpo e da alma dessas crianças, daquelas meninas, como refiro no início deste artigo, que mais se poderá fazer para acabar com este massacre de inocentes, com esta guerra contra inocentes, a não ser uma tomada de posição mais enérgica da Comunidade Internacional, verdadeiramente unida e verdadeiramente empenhada em salvá-los?

Deixemo-nos de hipocrisia nas relações diplomáticas internacionais. O interesse das crianças e a salvaguarda dos Direitos Humanos deveria falar mais alto.
Infelizmente, é isto que não vemos.


Nazaré Oliveira