domingo, 1 de março de 2015
A Alemanha esqueceu-se que teve perdão de dívida pública em 62% (fez este ano 61 anos!)
Foi há 61 anos, feitos na passada sexta-feira, que a Alemanha teve perdão de dívida pública de mais de 62%.
Mais de 62% do perdão das dívidas!
Entre os países que isto decidiram, e com estas condições, estão a Espanha, a Grécia e a Irlanda.
Entre os países que isto decidiram, e com estas condições, estão a Espanha, a Grécia e a Irlanda.
O Acordo de Londres foi assinado a 27 de Fevereiro de 1953.
E para que a memória não se apague, que é o que muitos andam a tentar fazer ultimamente, aqui fica a lembrança:
A 27 de fevereiro de 1953, 20 países, entre eles Grécia, Irlanda e Espanha, decidiram perdoar mais de 60% da dívida da Alemanha (República Federal ou Alemanha ocidental).
O tratado, assinado em Londres, foi determinante para o país se tornar numa grande potência económica mundial e num importante aliado dos Estados Unidos durante as décadas da Guerra Fria contra a antiga União Soviética.
O perdão da dívida, que na prática foi uma extensão e reforço das ajudas financeiras diretas do Plano Marshall, liderado pelos Estados Unidos, permitiu aos alemães reduzirem substancialmente o fardo da dívida contraída antes e depois da Segunda Guerra Mundial.~
Segundo uma análise de Éric Toussaint, historiador e presidente do Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo, "a dívida antes da guerra ascendia a 22,6 mil milhões de marcos, incluindo juros. A dívida do pós-guerra foi estimada em 16,2 mil milhões.
No acordo assinado em Londres a 27 de fevereiro de 1953 estes montantes foram reduzidos para 7,5 mil milhões e 7 mil milhões respetivamente. Isto equivale a uma redução de 62,6%", explica o perito.
"O acordo estabeleceu a possibilidade [por parte da Alemanha] de suspender pagamentos e renegociar as condições caso ocorresse uma mudança substancial que limitasse a disponibilidade de recursos", diz o historiador.
A Alemanha beneficiou ainda de uma medida excecional que, em alguns casos, permitiu reduzir taxas de juro cobradas ao país em cinco pontos percentuais.
Outro historiador, desta feita o alemão Albrecht Ritschl, confirmou que existiu de facto um perdão de dívida gigantesco ao país, que no caso do credor Estados Unidos foi quase total.
"Em 1953, os Estados Unidos ofereceram à Alemanha um haircut, reduzindo o seu problema de dívida a praticamente nada", disse em entrevista à revista Spiegel, em 2011.
O "Acordo sobre as Dívidas Externas Alemãs" foi assinado entre a Alemanha Federal e 20 países. Foram eles: Bélgica, Canadá, Ceilão (hoje Sri Lanka), Dinamarca, França, Grécia, Irão, Irlanda, Itália, Liechtenstein, Luxemburgo, Noruega, Paquistão, Espanha, Suécia, Suíça, África do Sul, Reino Unido, Estados Unidos e a antiga Jugoslávia.
Pode ler o acordo de Londres aqui, no site oficial do governo inglês:https://www.gov.uk/government/publications/agreement-on-german-external-debts-london-2721953
In | DINHEIRO
Vivo 28/02/2013
Também podem ler o artigo seguinte, muito interessante, sobre a posição de Tsypos, atual PM grego, sobre a posição atual da Grécia face à posição atual da Alemanha autoritária merkeliana.
O braço de ferro entre o
primeiro-ministro grego e a Europa continua. Agora Alexis Tsipras revelou que
pretende reclamar à Alemanha cerca de 162 mil milhões de euros referentes a
indemnizações da Segunda Guerra Mundial.
«A Grécia tem a obrigação moral para com o
seu povo, para com a sua História e para com todos os povos europeus que
lutaram e deram o seu sangue contra o nazismo», afirmou o político na
apresentação do programa de governo no Parlamento.
Um pedido que já foi negado em tempos pela
Alemanha, mas que Tsipras decidiu reclamar mais uma vez tendo em vista um
provável abatimento da dívida grega. O valor exigido, cerca de 162 mil milhões
de euros, representa quase a metade da dívida pública da Grécia, estimada em
315 mil milhões de euros.
«A Grécia não pode ser um país civilizado se
milhões tiverem fome», afirmou Tsipras, que revelou que pretende reabrir a
televisão pública ERT e voltar a ter o 13.º mês para reformas abaixo de 700
euros.
«Se
não mudarmos a Europa, a extrema-direita irá fazê-lo», referiu no seu
discurso, um discurso que procurou no entanto abrir portas de diálogo com a
mesma Europa.
«Não queremos ameaçar a estabilidade na
Europa. O nosso objectivo é chegar a uma solução com os nossos parceiros, uma solução que resulte para todos.»
Leia
outras relacionadas:
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
Yanis Varoufakis
ATENAS—
Escrevo este artigo à margem de uma negociação crucial com os credores do meu
país — uma negociação cujo resultado poderá marcar uma geração, e tornar-se
mesmo um ponto de viragem quanto aos efeitos da experiência da Europa com a
união monetária.
Teóricos dos
jogos analisam negociações como se elas fossem jogos de divisão de bolos em que
participam jogadores egoístas. Por ter, na minha vida anterior, na qualidade de
académico, estudado durante muitos anos a Teoria dos Jogos, alguns comentadores
precipitaram-se a concluir que, na qualidade de ministro das Finanças grego,
estava a conceber bluffs, estratagemas e outras opções, tentando obter
uma posição de vantagem apesar de dispor de um jogo fraco.
Nada podia
estar mais longe da verdade.
Quando muito,
o meu passado de Teoria dos Jogos convenceu-me de que seria uma completa
loucura pensar nas actuais deliberações entre a Grécia e os nossos parceiros
como um jogo de regateio a ser ganho ou perdido através de bluffs e
subterfúgios tácticos.
O problema da
Teoria dos Jogos, como eu costumava contar aos meus alunos, é o de assumir como
dado adquirido os motivos dos jogadores. No poker ou no blackjack, esta
premissa não é problemática. Contudo, nas actuais deliberações entre os nossos
parceiros europeus e o novo governo grego, aquilo que se pretende no fim de
contas é forjar novos motivos. Criar uma nova mentalidade que transcenda
divisões nacionais, dilua a distinção credor-devedor em prol de uma perspectiva
pan-europeia e que ponha o bem comum europeu acima da mesquinhez política,
dogma nocivo se generalizado, e da mentalidade nós-contra-eles.
Como ministro
das Finanças de uma pequena nação, com enormes restrições orçamentais, sem um
banco central próprio e vista por muitos dos nossos parceiros como devedor problemático,
estou convencido de que temos uma única opção: afastar qualquer tentação de
tratar este momento decisivo como um ensaio estratégico e, em vez disso,
apresentar honestamente os factos da economia social grega, apresentar as
nossas propostas para que a Grécia volte a crescer, explicando os motivos pelos
quais elas são do interesse da Europa, e revelar as linhas vermelhas que a
lógica e o dever nos impedem de ultrapassar.
A grande
diferença entre este governo grego e o anterior tem duas vertentes: estamos
determinados a combater interesses para dar um novo impulso à Grécia e
conquistar a confiança dos nossos parceiros e estamos determinados a não ser
tratados como uma colónia da dívida que deve sofrer aquilo que for
necessário. O princípio da maior austeridade para a economia mais deprimida
seria pitoresco, se não causasse tanto sofrimento desnecessário.
Frequentemente,
perguntam-me: e se a única forma de assegurar financiamento for ultrapassar as
linhas vermelhas que estabeleceu e aceitar medidas que considera serem parte do
problema e não da solução? Fiel ao princípio de que não tenho direito a fazer bluff,
a minha resposta é: as linhas vermelhas não serão ultrapassadas. De outra
forma, não seriam verdadeiramente vermelhas, seriam um mero bluff.
E se tudo
isto trouxer muito sofrimento ao seu povo? Perguntam-me. Está, certamente, a
fazer bluff.
O problema
desta linha argumentativa é o de partir do princípio, de acordo com a Teoria
dos Jogos, de que vivemos numa tirania de consequências. Que não há circunstâncias
nas quais devemos fazer o que é correcto, não como estratégia, mas por
ser…correcto.
Contra este
cinismo, o novo governo grego irá inovar. Iremos cessar, independentemente das
consequências, acordos que são errados para a Grécia e errados para a Europa. O
jogo do “adiar e fingir”, que começou depois de o serviço da dívida pública
grega não poder ter sido cumprido em 2010, vai acabar. Acabaram-se os
empréstimos – pelo menos, até termos um plano credível de crescimento da
economia para pagar esses empréstimos, ajudar a classe média a recuperar e
resolver as terríveis crises humanitárias. Acabaram-se os programas de
“reforma” que se dirigem aos pobres pensionistas e a farmácias familiares e
mantém intocável a corrupção em grande escala
O nosso
governo não está a pedir aos nossos parceiros uma solução para pagar as
dívidas. Estamos a pedir alguns meses de estabilidade financeira que nos
permita criar reformas que uma extensa camada da população grega possa assumir
e apoiar, para podermos voltar a ter crescimento e acabar com a nossa
falta de capacidade de pagar as nossas dívidas.
Pode
pensar-se que esta retirada da Teoria dos Jogos é motivada por uma qualquer
agenda de esquerda radical. Nem por isso. Aqui, a maior influência é Imannuel
Kant, o filósofo alemão que nos ensinou que a saída racional e livre do império
da conveniência é fazer aquilo que é correcto.
Como sabemos
que a nossa modesta agenda política, afinal de contas a nossa linha vermelha,
em termos kantianos, é a correcta? Sabemos, olhando nos olhos dos esfomeados
nas ruas ou contemplando a pressão sobre a nossa classe média, ou considerando
os interesses dos diligentes trabalhadores de cada aldeia, vila e cidade na
nossa união monetária. No fim de contas, a Europa só recuperará a sua alma
quando recuperar a confiança das pessoas, pondo os interesses delas na linha da
frente.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
Não foi a Troika que ofendeu a dignidade dos portugueses mas a Direita mais idiota deste país
Em pleno conflito entre a Alemanha e a Grécia o país é surpreendido com a
notícia de que a ministra das Finanças de Portugal vai a Berlim, onde
participará num seminário ao lado Wolfgang Schaeuble. A sala tem um ar
deprimente, a meia dúzia de presentes tem todo o ar de funcionários
arrebanhados para fazerem de figurantes, a mesa tem uma flor tem no
centro e ao lado da ministra e do ministro aparece uma terceira
personagem que ninguém se deu ao trabalho de apresentar. A ministra lá
foi apresentada como o bom exemplo, a prova de que o programa de
ajustamento, logo ela que chegou ao cargo depois do preferido de
Wolfgang Schaeuble ter escrito uma carta onde reconheceu o falhanço.
A dignidade de Portugal foi respeitada quando uma ministra do governo da
República de Portugal se presta a participar numa encenação montada por
um governo estrangeiro que apenas pretende exibir a Grécia como um país
falhado, ainda por cima quando se sabe que em Portugal grassa o
desemprego e a miséria, quando os melhores jovens foram convidados a
emigrar para zonas de conforto pelo próprio governo ou quando nenhuma
meta acordada foi cumprida?
Que se saiba a ministra não foi a Berlim, ainda por cima à custa do
erário público, por ordem da troika, foi porque o governo português se
sente orgulhoso neste papel. A afirmação de Junckers de que a dignidade
dos portugueses e da Grécia não foram respeitadas só faz sentido em
relação àquele país, no caso português foram portugueses a não
respeitarem os portugueses, ainda que um deles fosse presidente da
Comissão Europeia.
Não foi Passos Coelho que perante o sofrimento do seu povo pediu aos
portugueses para não serem piegas? Não foi ele que disse não dar prendas
de Natal aos filhos e fez disso propaganda? Não foi Passos Coelho que
num seminário com membros da Troika lhes disse que não era por eles que
fazia o que estava fazendo mas sim pelos portugueses, o mesmo seminário
onde foi tirada a fotografia onde aparece curvado perante meros
funcionários de organizações internacionais?
Quem se esqueceu das imagens humilhantes de três funcionários, que nem
directores-gerais eram nas respectivas organizações, a entrarem pelo
parlamento com ar de bois a olharem para um palácio, para serem
recebidos com subserviência pela segunda mais alta figura do Estado
português? Não foi o FMI, a Comissão ou o BCE que obrigou os governantes
portugueses a proporcionarem estas figuras tristes e indignas. Foi um
governo que querendo usar a Troika para encobrir o seu projecto
ideológico não hesitou em arrastar um país e todo um povo pela lama.
De certeza que foi o FMI a impor uma reforma do Estado depois
transformada em guião e agora já em fase de conversão em programa
eleitoral, ou foi o governo a pedir ao FMI para vender a sua chancela
para um projecto que era seu, um projecto com muitas das medidas que
gente como Passos Coelho sempre defendeu? Este governo não hesitou em
colocar a intelectualidade deste país ai nível do Burkina Faso para
pedir a técnicos do FMI de preparação duvidosa, muitos deles reformados
da América latina ou contratados a prazo algures no mundo, para lhe
dizer o que fazer do Estado de um país membro da EU e da OCDE.
A passagem da Troika por Portugal é um período negro na história de
Portugal, não por causa da crise, não por causa do empréstimo, não por
causa das organizações internacionais. Mas sim por causa de gente quase
iletrada, ambiciosa e com uma ideologia de discoteca que sujeitou o país
a uma experiência económica, com base num livro cheiro de erros
técnicos e com pressupostos como o do ideólogo agora arrependido Vítor
Bento, de que os portugueses eram culpados do pecado do consumo acima
das suas possibilidades.
Não foi a Troika que ofendeu a dignidade dos portugueses, foi a direita
mais idiota deste país, gente sem dimensão humana e sem grande
currículo, com ministros doutores de diplomas aldrabados que humilharam
Portugal e os Portugueses.
in http://jumento.blogspot.pt/
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
O orgulho e a dignidade de um povo não se negoceiam
O líder
do Syriza começou por constatar que “após
cinco anos de um resgate bárbaro o nosso povo não aguenta mais”, acrescentando
que “nos últimos dias sentimos que o nosso orgulho foi restaurado. É nosso
dever não desiludir. A decisão irreversível do nosso governo é aplicar
totalmente as promessas eleitorais feitas”.
Alexis Tsipras não foi comedido nas palavras dirigidas ao executivo anterior, formado por conservadores e socialistas, acusando-o de “ter aceitado uma série de políticas que estavam votadas ao fracasso e deixaram o governo seguinte de mãos atadas”.
“Os nossos parceiros queriam uma extensão de seis meses do programa, mas o anterior governo pediu apenas uma extensão de dois meses. O anterior governo queria que o seu sucessor, mas também a Grécia, falhassem”, o prazo finda a 28 de fevereiro.
Por isso, o primeiro-ministro helênico assumiu que o esforço de reconstrução do “país será longo e precisará de apoio popular”, estando consciente “das dificuldades e das responsabilidades”.
“Temos um plano realista e uma tática de negociação forte. Não servimos outros interesses que não sejam os dos gregos”.
O mais jovem chefe de governo da história do país, realçou que a “a Grécia quer cumprir com a sua dívida” e “se os seus parceiros também o quiserem, vamos sentar-nos à mesa e discutir”. A dívida grega “chegou aos 180%. [A Grécia] não pode fazer face a esta. E isso não é apenas uma questão técnica”.
“Não pretendemos ameaçar os equilíbrios na Europa mas sim que os equilíbrios sejam repostos”, recusando liminarmente uma extensão do programa da troika, porque não “pode pedir que haja uma extensão de um erro”.
Tsipras alertou a Europa a não “cometer os mesmos erros do passado” e exigiu dos credores e da Europa um “acordo de transição até ao verão”, o que considerou, “apesar das dificuldades”, ser “possível”. Realçou, ainda, que o novo executivo, que junta Syriza e Gregos Independentes, tem “um plano pronto e propostas” que “são realistas”.
Prioridade na resposta à crise humanitária
Alexis Tsipras assegurou que a partir desta quarta-feira a “prioridade será dar uma resposta para fazer face à crise humanitária”, recontratando “funcionários públicos que foram despedidos de forma ilegal”, isentar do pagamento de impostos quem aufira até 12 mil euros anualmente, aumentar até 2016 o salário mínimo grego para 751 euros e proibir penhoras de primeiras habitações.
“A competitividade da economia grega não pode assentar em mão de obra barata e sem direitos. Precisa de inovação, tecnologia”.
O primeiro-ministro, que uma vez mais se apresentou sem gravata, realçou que as medidas anunciadas fazem parte de “uma primeira fase” do programa governativo que pretende responder aos principais desafios do país “nos próximos seis meses”.
O executivo grego compromete-se também a “não aumentar a idade da reforma ou reduzir as pensões". “Pagaremos ainda um extra, a partir do final de 2015, aos pensionistas com reformas mais baixas”. Anunciou ainda a criação “de um fundo nacional de saúde e de segurança social para financiar o sistema de pensões com receitas vindas dos recursos naturais” e a alteração do “atual imposto sobre a propriedade para os grandes proprietários”.
Em matéria de política de imigração, foi criada “uma pasta para a imigração que garanta a cidadania aos filhos de imigrantes nascidos no país”.
“Guerra contra o sistema de corrupção que minou o sistema político”
Alexis Tsipras declarou que criou “uma pasta especial para monitorizar a luta contra a corrupção e a evasão fiscal” e que vai solicitar a investigação de todas as pessoas ligadas às listas “Lagarde” e “Liechtenstein”.
“Vamos organizar equipas nas alfândegas para travar o contrabando de tabaco e combustível e mudar a lei que dá imunidade judicial aos membros do fundo de privatizações”.
“[Vamos] prosseguir a guerra contra o sistema de corrupção que minou o sistema político”.
O chefe de governo anunciou ainda “o corte de metade da frota dos 7500 carros dos ministérios, vendendo veículos que custem mais de 700 mil euros”, e um dos três aviões do governo.
"Vou reduzir o pessoal do gabinete do primeiro-ministro em 50% e a segurança num terço" e modificar a lei “de avaliação de funcionários públicos e mudar a forma como são nomeados os diretores das Administrações, para cortar ligações a partidos políticos”.
Revertendo a decisão polêmica do ex-primeiro-ministro Antónis Samaras, o encerramento da televisão pública ERT, Tsipras prometeu a criação de “de um novo canal a partir da ERT e usar para isso apenas o dinheiro dos impostos atuais, criando um novo processo de licenças de emissão”.
O líder da esquerda grega avançou ainda que vão ser formadas “unidades de polícia de proximidade e melhorado o treino dos agentes” e alterado o nome dos serviços secretos de “Serviço de Informações Nacional para Serviço de Proteção da Soberania”.
Negociações na Europa
Na quarta-feira desta semana reúne extraordinariamente o Eurogrupo, em Bruxelas, onde os ministros dos países da zona euro vão discutir a situação grega, e, na quinta-feira, é a vez dos chefes de governo da União Europeia se encontrarem no Conselho Europeu sobre a mesma matéria.
“As negociações com os parceiros da União Europeia devem levar a um acordo porque os objetivos fiscais são muito apertados, alimentam a deflação e a recessão", afirmou Tsipras.
“Precisamos de um programa que não se centre apenas no défice, como os nossos parceiros italianos e franceses também concordam”. Alexis Tsipras saudou o apoio às negociações manifestado pelo governo do Chipre, o primeiro país que visitou na qualidade de primeiro-ministro grego.
“Vender ativos nacionais para pagar uma dívida que é insustentável é um crime. Não venderemos as nossas riquezas naturais, infraestruturas e redes. Mas consideraremos usar esses ativos para o nosso interesse nacional”.
No encerramento do seu discurso deixou um apelo, “pedimos a todos aqueles que não votaram em nós, que nos apoiem nas negociações, que apoiem a Grécia”.
“Não negociaremos o orgulho e a dignidade do nosso povo. Esta é uma luta pelo nosso povo, para que recupere a esperança e a dignidade”, concluiu.
Alexis Tsipras não foi comedido nas palavras dirigidas ao executivo anterior, formado por conservadores e socialistas, acusando-o de “ter aceitado uma série de políticas que estavam votadas ao fracasso e deixaram o governo seguinte de mãos atadas”.
“Os nossos parceiros queriam uma extensão de seis meses do programa, mas o anterior governo pediu apenas uma extensão de dois meses. O anterior governo queria que o seu sucessor, mas também a Grécia, falhassem”, o prazo finda a 28 de fevereiro.
Por isso, o primeiro-ministro helênico assumiu que o esforço de reconstrução do “país será longo e precisará de apoio popular”, estando consciente “das dificuldades e das responsabilidades”.
“Temos um plano realista e uma tática de negociação forte. Não servimos outros interesses que não sejam os dos gregos”.
O mais jovem chefe de governo da história do país, realçou que a “a Grécia quer cumprir com a sua dívida” e “se os seus parceiros também o quiserem, vamos sentar-nos à mesa e discutir”. A dívida grega “chegou aos 180%. [A Grécia] não pode fazer face a esta. E isso não é apenas uma questão técnica”.
“Não pretendemos ameaçar os equilíbrios na Europa mas sim que os equilíbrios sejam repostos”, recusando liminarmente uma extensão do programa da troika, porque não “pode pedir que haja uma extensão de um erro”.
Tsipras alertou a Europa a não “cometer os mesmos erros do passado” e exigiu dos credores e da Europa um “acordo de transição até ao verão”, o que considerou, “apesar das dificuldades”, ser “possível”. Realçou, ainda, que o novo executivo, que junta Syriza e Gregos Independentes, tem “um plano pronto e propostas” que “são realistas”.
Prioridade na resposta à crise humanitária
Alexis Tsipras assegurou que a partir desta quarta-feira a “prioridade será dar uma resposta para fazer face à crise humanitária”, recontratando “funcionários públicos que foram despedidos de forma ilegal”, isentar do pagamento de impostos quem aufira até 12 mil euros anualmente, aumentar até 2016 o salário mínimo grego para 751 euros e proibir penhoras de primeiras habitações.
“A competitividade da economia grega não pode assentar em mão de obra barata e sem direitos. Precisa de inovação, tecnologia”.
O primeiro-ministro, que uma vez mais se apresentou sem gravata, realçou que as medidas anunciadas fazem parte de “uma primeira fase” do programa governativo que pretende responder aos principais desafios do país “nos próximos seis meses”.
O executivo grego compromete-se também a “não aumentar a idade da reforma ou reduzir as pensões". “Pagaremos ainda um extra, a partir do final de 2015, aos pensionistas com reformas mais baixas”. Anunciou ainda a criação “de um fundo nacional de saúde e de segurança social para financiar o sistema de pensões com receitas vindas dos recursos naturais” e a alteração do “atual imposto sobre a propriedade para os grandes proprietários”.
Em matéria de política de imigração, foi criada “uma pasta para a imigração que garanta a cidadania aos filhos de imigrantes nascidos no país”.
“Guerra contra o sistema de corrupção que minou o sistema político”
Alexis Tsipras declarou que criou “uma pasta especial para monitorizar a luta contra a corrupção e a evasão fiscal” e que vai solicitar a investigação de todas as pessoas ligadas às listas “Lagarde” e “Liechtenstein”.
“Vamos organizar equipas nas alfândegas para travar o contrabando de tabaco e combustível e mudar a lei que dá imunidade judicial aos membros do fundo de privatizações”.
“[Vamos] prosseguir a guerra contra o sistema de corrupção que minou o sistema político”.
O chefe de governo anunciou ainda “o corte de metade da frota dos 7500 carros dos ministérios, vendendo veículos que custem mais de 700 mil euros”, e um dos três aviões do governo.
"Vou reduzir o pessoal do gabinete do primeiro-ministro em 50% e a segurança num terço" e modificar a lei “de avaliação de funcionários públicos e mudar a forma como são nomeados os diretores das Administrações, para cortar ligações a partidos políticos”.
Revertendo a decisão polêmica do ex-primeiro-ministro Antónis Samaras, o encerramento da televisão pública ERT, Tsipras prometeu a criação de “de um novo canal a partir da ERT e usar para isso apenas o dinheiro dos impostos atuais, criando um novo processo de licenças de emissão”.
O líder da esquerda grega avançou ainda que vão ser formadas “unidades de polícia de proximidade e melhorado o treino dos agentes” e alterado o nome dos serviços secretos de “Serviço de Informações Nacional para Serviço de Proteção da Soberania”.
Negociações na Europa
Na quarta-feira desta semana reúne extraordinariamente o Eurogrupo, em Bruxelas, onde os ministros dos países da zona euro vão discutir a situação grega, e, na quinta-feira, é a vez dos chefes de governo da União Europeia se encontrarem no Conselho Europeu sobre a mesma matéria.
“As negociações com os parceiros da União Europeia devem levar a um acordo porque os objetivos fiscais são muito apertados, alimentam a deflação e a recessão", afirmou Tsipras.
“Precisamos de um programa que não se centre apenas no défice, como os nossos parceiros italianos e franceses também concordam”. Alexis Tsipras saudou o apoio às negociações manifestado pelo governo do Chipre, o primeiro país que visitou na qualidade de primeiro-ministro grego.
“Vender ativos nacionais para pagar uma dívida que é insustentável é um crime. Não venderemos as nossas riquezas naturais, infraestruturas e redes. Mas consideraremos usar esses ativos para o nosso interesse nacional”.
No encerramento do seu discurso deixou um apelo, “pedimos a todos aqueles que não votaram em nós, que nos apoiem nas negociações, que apoiem a Grécia”.
“Não negociaremos o orgulho e a dignidade do nosso povo. Esta é uma luta pelo nosso povo, para que recupere a esperança e a dignidade”, concluiu.
In
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/-Nao-negociaremos-o-orgulho-e-a-dignidade-do-nosso-povo-/6/32837
Nota:
sublinhados da minha autoria.
Nota:
sublinhados da minha autoria.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
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