domingo, 22 de dezembro de 2013

Neste Natal dá-te à Luz

Um belíssimo texto do Prof. Paulo Borges. 
Aqui fica.






Natal. Sob pretexto da comemoração do nascimento de um mensageiro da consciência, da paz e do amor, a maioria dos humanos prepara-se para sacrificar alegremente milhões de animais que como nós amam a vida como o mais precioso bem, enquanto já se precipita no frenesim do consumo lançando para um planeta à beira do colapso mais toneladas de lixo que vai levar centenas e milhares de anos a reabsorver e é cúmplice da exploração do trabalho escravo nos países do Sul e do Este. São estas as prendas e o exemplo que deixamos para as gerações futuras. Os grandes grupos económicos agradecem. E tudo para na ressaca do grande festim ficarmos tão tristes, insatisfeitos e vazios como sempre.

É verdade que se vive o Solstício de Inverno, a morte e o renascimento da Vida, que desde sempre foi celebrado com grandes festas, troca de presentes e rituais de inversão dos valores. O Natal de hoje foi um Carnaval na antiguidade, de onde vieram as Festas dos Loucos medievais que ainda se celebravam nas igrejas até serem proibidas pela hierarquia eclesiástica que nelas se via fortemente contestada. É verdade que no Natal se recupera o sentimento de festa, comunidade, generosidade e dom de que a modernidade nos privou, com o novo obscurantismo do progresso pelo trabalho, pelo individualismo, pela ganância e pela eficiência competitiva. É verdade que no Natal os corações se abrem e recordamos que os outros existem. E isso é belo e bom. Mas a festa, a comunhão e a abundância não implicam sacrificar outros seres nem atolar-nos com mais coisas de que não precisamos de todo. A verdadeira festa, comunhão e abundância são as do Coração aberto, fraterno e desperto, que a cada instante abraça tudo e todos. Então todos os dias é Natal, ou seja, Nascimento em nós da eterna Criança amorosa que nos habituámos a esquecer, mas que no fundo sempre somos.

Neste Natal não ponhas vidas mortas na tua mesa. A Vida é só uma e todos os seres são de ti inseparáveis. Neste Natal dá-te à Luz e renasce irradiante do túmulo da vida mesquinha.

Feliz Natal!


domingo, 15 de dezembro de 2013

A vergonha dos líderes europeus na crise dos refugiados sírios




Quando a Amnistia Internacional divulgou esta notícia, infelizmente, não me surpreendi.
Senti a revolta habitual por ver esta Europa egocêntrica, de memória histórica bem curta, desumana e arrogante face a mais uma cenário de morte e destruição, neste caso, na Síria, para a qual há muito se pediu socorro e ajuda humanitária.

Mas poucos olhos se voltaram apesar dos gritos de apelo e dos horrores que nos surgem diariamente em imagens devastadoras de cruéis atrocidades.

Segundo informações recentes de um dos relatórios da Amnistia Internacional, relativamente ao pedido de ajuda de milhares de refugiados, os líderes europeus tiveram uma posição vergonhosa face aos baixos números de sírios que está disposta a acolher.
Fogem da guerra. Procuram a paz.

Neste documento - “An international failure: The Syrian refugeee crisis” (“Um falhanço internacional: A crise dos refugiados sírios”) - a Amnistia mostra como os países membros da União Europeia apenas se ofereceram para abrir portas a cerca de 12 mil dos mais vulneráveis refugiados da Síria (0,5% dos 2,3 milhões de pessoas que fugiram do país desde a eclosão deste sanguinário conflito começado em 2011).

Eu sei que estas situações são sempre muito complicadas e geram muita polémica nos países de acolhimento e na opinião pública. No entanto, partindo sempre daquilo que considero essencial porque de uma obrigação moral se trata - ajudar quem de mim precisa mesmo que aflita eu também esteja -, aceito, como portuguesa e como cidadã do mundo, que estes pedidos desesperados de quem há muito não sabe, seguramente, o que é uma noite sem bombas, sem gritos de dor, sem corpos desfeitos na rua, sem gente a morrer, sejam aceites por quem melhor do que eles está, pois, meus amigos, nada se compara ao inferno que vivem e do qual nos pedem para sair.

Apesar da conjuntura económica que vivemos, nós, Europa, nós, Portugal, não estamos em guerra mas já estivemos e muita destruição e inquietação também provocámos em povos indefesos, quer em nome da fé quer em nome da ganância e de um poder político e comercial que, afinal, jamais consolidámos.  
Ao longo da nossa História também ocupámos e conquistámos territórios em nome da fé e em nome do comércio. Também matámos, provocámos guerras, estropiámos, torturámos, destruímos e vandalizámos. Mas também sentimos os horrores da guerra e partimos, quer por razões políticas quer por razões económicas, sobretudo desde o século XV. Mesmo durante o Estado Novo, muitos e muitos portugueses pediram ajuda a quem lha pudesse dar (e deu), caso da França, RFA e EUA, quando o fascismo português na mais completa observância daqueles que eram os seus valores fundamentais – Deus, Pátria, Família -, mantinha os pobres deste país a pão e água e no mais aterrador analfabetismo, reprimindo e perseguindo ferozmente quem se lhe opusesse, sobretudo quem da guerra colonial fugisse, embriagado que sempre esteve o salazarismo com a ideia de construir o tal "Portugal multirracial e pluricontinental". 
Sentimos os horrores da 1ª e da 2ª guerra mundial mas nunca deixámos de procurar (até hoje!) uma vida melhor noutras paragens. 

Defenderei sempre o acolhimento dos que buscam em nós a paz e querem, deste modo, salvar a vida dos seus filhos. 

Há muito que o mundo sabe os horrores que este povo tem sofrido, este massacre diário, esta matança de inocentes. Por que não ajudar? Somos, afinal, também um país de emigrantes, espalhados há séculos pelos quatro cantos do  mundo e que partiram bem cedo à procura de uma vida melhor.
Nem sempre pelas melhores razões, é certo, nem sempre da melhor forma, é certo, mas sempre com o objetivo de “partir para encontrar”.

“A União Europeia está a falhar miseravelmente no papel que lhe é devido em garantir refúgio seguro a estas pessoas que perderam tudo menos as suas vidas. O número daqueles que os países europeus estão dispostos a acolher é verdadeiramente vergonhoso. Todos os líderes europeus deviam envergonhar-se”, sustenta o secretário-geral da Amnistia Internacional, Salil Shetty.  
De facto, foi assim que a Europa respondeu:
Os 28 países da União Europeia (UE) apenas se comprometerem a realojar uma muito ínfima parte dos refugiados sírios, e a grossa maioria nem sequer fez tal oferta, incluindo Portugal:
  • Apenas dez estados membros da UE se ofereceram para realojar ou instalar em estruturas de ajuda humanitária refugiados da Síria;
  • A Alemanha é de longe o país que revelou maior generosidade: o país aceitou receber 10 mil refugiados (80 por cento de todos os compromissos feitos pela UE);
  • Excluindo a Alemanha, os restantes 27 países membros da UE ofereceram-se para acolher tão só 2.340 pessoas que fugiram da guerra na Síria;
  • A França disponibilizou-se a receber 500 refugiados: não mais do que 0,02 por cento do total das pessoas que fugiram da Síria;
  • A Espanha aceitou dar acolhimento a apenas 30 refugiados: 0,001 por cento dos refugiados sírios
  • Um total de 18 países da UE – incluindo o Reino Unido e a Itália – não se disponibilizaram para receber nem mesmo um só refugiado da guerra na Síria;
  • Portugal não se comprometeu igualmente à partida a acolher quaisquer refugiados sírios. O país recebeu, porém, um total de 80 pedidos de asilo de cidadãos sírios entre novembro de 2011 e outubro de 2013, e, ainda na madrugada de quinta-feira, 12 de dezembro, chegaram a Portugal 74 cidadãos sírios num voo da TAP oriundo de Bissau.

Devemos olhar para quem precisa. Para o ser humano que de nós precisa.


Afinal, também nós, portugueses, continuamos a precisar!


Nazaré Oliveira

sábado, 14 de dezembro de 2013

Miguel Macedo: digam-me que não é verdade!




Li agora esta notícia.

A ser verdade, é mais um escândalo, uma vergonha e uma afronta ao nosso humilde e tão sofrido povo.

Mais uma golpada? Por favor, digam-me que não é verdade!

Depois de TUDO o que aconteceu e do que nós vimos, soubemos e sabemos, depois de tudo o que disseram estes senhores, do pedido de demissão de um e da aceitação da sua demissão pelo outro, por favor, digam-me que é mentira o que acabei de ler.

Não, não pode ser verdade.

No meu país, o governo do meu país, que mais não tem feito do que governar para a troika e não para os portugueses, em nome da troika e não em nome dos portugueses, com a cruel e desumana austeridade que aos pobres à miséria cada vez mais condena, com a falta de transparência que tem devastado a nossa Democracia e as suas instituições, com a promíscua cumplicidade entre Governo e Presidente da República, Ministérios, Secretarias de Estado, Gabinetes e "leais conselheiros",  com a maioria da Assembleia da República PSD/CDS e a sua mui e indigna Presidenta, sistematicamente incomodada com um povo que clama justiça porque de fome já vive e com vingança já sonha, com o crescente corte de salários e a aniquilação dos direitos constitucionais e da própria Constituição, com o encerramento de empresas, fábricas, lojas, escolas, com um país hipotecado e sem rumo, chegam-nos mais notícias destas, a nós, cansados que estamos de esperar que se faça Justiça.


Em gestos ensaiados de clara desconsideração para com os governados e de forma acentuadamente ruinosa e ditatorial, tentam a todo o custo fazer-nos crer que é em nome do povo que (ainda) governam porque em nome do povo eleitos foram.
Vergonha! Tenham vergonha!


Querem fazer-nos crer que outras soluções políticas e financeiras possíveis não são, e que as desigualdades  sociais, agora preocupantes, inevitáveis se tornaram e aceitáveis, portanto, devem ser.

Não, não merecem continuar a governar este país (nem outro qualquer). Não servem.
É insaciável a sua fome de poder e corrupta a sua forma de agir.


Despudoradamente sorrindo, agridem-nos a toda a hora dentro dos seus gabinetes, nas suas cadeiras do poder, no corredor do poder e do alto da sua pequenez que em desgraça nos pôs e ao abismo nos empurrou.

Fogem da verdade, da transparência, negam as jogadas de bastidores que todos lhes conhecemos mas que habilmente executam e encobrem, protegidos que estão pelos mais poderosos e nas mãos dos quais lacaios são e serão, esquecidos de um juramento de fidelidade à Pátria e de uma lealdade que só aos seus interesses prometeram.

De forma absolutamente nojenta e desprezível, continuam a não querer ver e a não querer ouvir a crescente onda de desespero que a todos nos tem devastado, com homens e mulheres a reivindicar o que é seu, sejam salários, pensões, reformas, dignidade, com famílias inteiras famintas, gente, muita gente doente sem poder tratar-se, muitos jovens a interromper os seus cursos porque nem dinheiro para o passe os seus pais têm, com gente humilde que na vida cumpridora sempre foi mas a  quem a Vida, agora,  madrasta tem sido e carrasco também.

Já somos um país falido nos valores e na esperança. Um país de ladrões engravatados e de criminosos que o não parecem.


A ser verdade e de acordo com o DN, o ex-diretor da PSP vai ocupar o cargo de oficial de ligação do Ministério da Administração Interna na embaixada portuguesa em Paris, lugar que terá sido criado especialmente para Paulo Gomes.

O salário deverá rondar os 12.000 euros, o triplo do que recebia como director da PSP.

O dito Miguel Macedo, acerca dos acontecimentos que os polícias orgulhosamente protagonizaram naquele dia, em frente à Assembleia da República, afirmara a propósito dos mesmos que "uma imagem de turbulência, violência ou conflito destrói num ápice todos os discursos em favor da segurança", manifestando "compreensão pelos problemas" e "dificuldades" que esta classe atravessa.
Reconheceu, inclusivé, que "um polícia, antes de ser polícia, é um português" e que "sente as adversidades da crise".

Hipócrita! Hipócritas!

Não há pior violência do que aquela que o Governo tem exercido sobre todos nós! Como esta, a ser verdade.


A ser verdade, senhores agentes da autoridade, senhores polícias que legitimamente se indignaram e subiram a escadaria exterior da Assembleia da República naquele célebre dia, de que é que estão à espera para avançar muito mais?




Nazaré Oliveira

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Mandela Day





 

Songwriters: Kerr, James / Macneil, Michael Joseph / Burchill, Charles
 
 
It was 25 years they take that man away
Now the freedom moves in closer every day
Wipe the tears down from your saddened eyes
They say Mandela's free so step outside
Oh oh oh oh Mandela day
Oh oh oh oh Mandela's free

It was 25 years ago this very day
Held behind four walls all through night and day
Still the children know the story of that man
And I know what's going on right through your land

25 years ago
Na na na na Mandela day
Oh oh oh Mandela's free

If the tears are flowing wipe them from your face
I can feel his heartbeat moving deep inside
It was 25 years they took that man away
And now the world come down say Nelson Mandela's free

Oh oh oh oh Mandela's free

The rising suns sets Mandela on his way
Its been 25 years around this very day
From the one outside to the ones inside we say
Oh oh oh oh Mandela's free
Oh oh oh set Mandela free

Na na na na Mandela day
Na na na na Mandela's free

25 years ago
What's going on
And we know what's going on
Cos we know what's going on