sexta-feira, 1 de julho de 2016

Inglaterra - União Europeia




A História dirá se houve ou não precipitação da Inglaterra neste referendo, nesta altura, neste contexto tão especial marcado pela chegada de milhares de refugiados que os racistas e os xenófobos bem têm aproveitado, secundarizados pelas mentes perversas de uma direita hipocritamente cristã, ou até, de uma União Europeia cinicamente solidária e estranhamente benfazeja, que só olha para as pessoas quando quer e como lhe apetece.


Também a esquerda, perigosamente aquietada nesta observação preocupante da Europa (e do mundo), olha para os Trumps e Le Penns como se não se visse o que claramente visto é: o avanço da extrema-direita, a ameaça das ditaduras e o ovo da serpente cada vez maior.

A União Europeia não tem esclarecido nem tem fomentado o diálogo, antes, no mais completo desrespeito por aquilo que deveria nortear a sua essência e a sua prática, e que afinal fazem parte dos seus três pilares, sem esquecer obviamente as disposições do Tratado de Maastricht, a União Europeia só tem olhado para o núcleo duro a quem servil sempre foi, acabando por afundar cada vez mais o fosso que diferencia ricos de pobres países comunitários.

E esse fosso foi-se cavando até à situação atual, cada vez mais grave e cada vez mais delicada em matéria de Direitos Humanos tão vergonhosamente esquecidos.

Os problemas discutem-se abertamente, sim. Os referendos são importantes, sim. No entanto, no contexto atual tão cheio de constrangimentos político-sociais, com tanta falta de clareza parte a parte, tanta falta de boa e desejável informação, tanta falta  de união e de solidariedade, com aldrabões perigosamente politizados (?) tipo Trump ou Le Penn, criminosamente seguidos por gente acrítica que busca no extremismo político-reacionário a solução para os problemas do nosso tempo, pior cenário para a democracia não podíamos ter, particularmente no velho continente, o palco trágico e principal das guerras mundiais que existiram.

Há melhores indicadores para caraterizar esta situação do que as palavras que Trump e Le Penn têm proferido ultimamente? Ou até mesmo a instabilidade que resultou do referendo na Inglaterra e que naturalmente influenciará o resto da Europa comunitária a braços com problemas de difícil resolução, como o são os movimentos independentistas e outros?

A História dirá quão nefasta foi a precipitação deste referendo.

“A História repete-se não se repetindo” e poucos são os que se dão conta de que a Política é demasiado séria para se deixar ao cuidado de gente louca, arrogantemente nacionalista e fingidamente democrática.


Nazaré Oliveira