Com a devida vénia, um artigo publicado no De Rerum Natura - 14 de Outubro de 2011
"Educação: o futuro de Portugal" foi o tema da sessão desta quinta-feira do ciclo "Grandes Debates do Regime", que decorreu, como tem sido hábito, no Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett. Carlos Fiolhais, professor catedrático de Física da Universidade de Coimbra, Artur Santos Silva, Presidente do Conselho de Administração do BPI e Marioa de Lurdes Rodrigues, ex-titular da pasta da Educação, foram os oradores convidados.
A taxa de abandono escolar precoce em jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos é, actualmente, "o maior flagelo" de Portugal no domínio educacional, segundo revelou Carlos Fiolhais, que abordou o tema da palestra num contexto europeu, recorrendo para isso a diversos indicadores comparativos com o cenário registado, ao longo das últimas décadas, na União Europeia (UE).
Segundo o docente da Universidade de Coimbra, que é também responsável pelo programa de Educação da Fundação Francisco Manuel dos Santos, essa taxa, que em 2000 se cifrava nos 44%, desceu para 31% em 2009, um resultado positivo, mas que, na sua óptica, ainda é "mau", pelo facto de a UE ter registado uma média de 14% e pretender chegar a 10%, em 2020.
"Melhorámos bastante neste domínio, mas ainda estamos muito longe das metas pretendidas, pois, pior do que nós, só Malta", adiantou, referindo que, em Portugal, a taxa de abandono escolar é mais elevada nos homens do que nas mulheres.
Para Carlos Fiolhais, o grau de qualificação dos portugueses é, de uma forma geral, muito baixo, consequência - adiantou - de um forte "passivo" acumulado a esse nível ao longo dos anos. A percentagem da população activa com um grau superior nas áreas da ciência e tecnologia, ou equivalente, coloca Portugal no fundo da tabela europeia, entre a Roménia e a Turquia.
Em contrapartida, de 2000 a 2008, Portugal foi o país da UE que mais cresceu (193%!) em termos da formação de alunos diplomados em Ciência e Tecnologia, contribuindo assim para que o objectivo europeu de crescimento, que era apenas de 15%, tivesse sido largamente superado.
Ao nível da Ciência, que, para o orador, é indissociável da Educação ("sem Educação não há Ciência", afirmou), destaque para o facto de Portugal figurar no quarto lugar a nível europeu, no que respeita à percentagem de mulheres cientistas.
No entanto, apesar dos progressos registados, ainda há, em sua opinião, um défice acentuado no ensino das ciências, no que qualificou de "literacia científica". "O nosso problema, hoje, já não é, felizmente, o analfabetismo, mas sim o que poderemos chamar de 'analfabetismo científico'", observou, preconizando a necessidade de "mais e melhor Ciência, em particular na escola básica, incluindo até no jardim-de-infância.
"O factor chave é a preparação do professor ou educador, pois só alguém que trate a Ciência por tu a consegue transmitir aos jovens", afirmou Fiolhais, confessando nunca ter compreendido o significado do velho aforismo de que é "de pequenino que se torce o pepino".
"Nunca percebi essa história do pepino, pois é de pequenino que se torce o... destino", concluiu.
Ver intervenções na íntegra do Professor Carlos Fiolhais, Doutor Santos Silva e Professora M Lurdes Rodrigues aqui.
"Educação: o futuro de Portugal" foi o tema da sessão desta quinta-feira do ciclo "Grandes Debates do Regime", que decorreu, como tem sido hábito, no Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett. Carlos Fiolhais, professor catedrático de Física da Universidade de Coimbra, Artur Santos Silva, Presidente do Conselho de Administração do BPI e Marioa de Lurdes Rodrigues, ex-titular da pasta da Educação, foram os oradores convidados.
A taxa de abandono escolar precoce em jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos é, actualmente, "o maior flagelo" de Portugal no domínio educacional, segundo revelou Carlos Fiolhais, que abordou o tema da palestra num contexto europeu, recorrendo para isso a diversos indicadores comparativos com o cenário registado, ao longo das últimas décadas, na União Europeia (UE).
Segundo o docente da Universidade de Coimbra, que é também responsável pelo programa de Educação da Fundação Francisco Manuel dos Santos, essa taxa, que em 2000 se cifrava nos 44%, desceu para 31% em 2009, um resultado positivo, mas que, na sua óptica, ainda é "mau", pelo facto de a UE ter registado uma média de 14% e pretender chegar a 10%, em 2020.
"Melhorámos bastante neste domínio, mas ainda estamos muito longe das metas pretendidas, pois, pior do que nós, só Malta", adiantou, referindo que, em Portugal, a taxa de abandono escolar é mais elevada nos homens do que nas mulheres.
Para Carlos Fiolhais, o grau de qualificação dos portugueses é, de uma forma geral, muito baixo, consequência - adiantou - de um forte "passivo" acumulado a esse nível ao longo dos anos. A percentagem da população activa com um grau superior nas áreas da ciência e tecnologia, ou equivalente, coloca Portugal no fundo da tabela europeia, entre a Roménia e a Turquia.
Em contrapartida, de 2000 a 2008, Portugal foi o país da UE que mais cresceu (193%!) em termos da formação de alunos diplomados em Ciência e Tecnologia, contribuindo assim para que o objectivo europeu de crescimento, que era apenas de 15%, tivesse sido largamente superado.
Ao nível da Ciência, que, para o orador, é indissociável da Educação ("sem Educação não há Ciência", afirmou), destaque para o facto de Portugal figurar no quarto lugar a nível europeu, no que respeita à percentagem de mulheres cientistas.
No entanto, apesar dos progressos registados, ainda há, em sua opinião, um défice acentuado no ensino das ciências, no que qualificou de "literacia científica". "O nosso problema, hoje, já não é, felizmente, o analfabetismo, mas sim o que poderemos chamar de 'analfabetismo científico'", observou, preconizando a necessidade de "mais e melhor Ciência, em particular na escola básica, incluindo até no jardim-de-infância.
"O factor chave é a preparação do professor ou educador, pois só alguém que trate a Ciência por tu a consegue transmitir aos jovens", afirmou Fiolhais, confessando nunca ter compreendido o significado do velho aforismo de que é "de pequenino que se torce o pepino".
"Nunca percebi essa história do pepino, pois é de pequenino que se torce o... destino", concluiu.
Ver intervenções na íntegra do Professor Carlos Fiolhais, Doutor Santos Silva e Professora M Lurdes Rodrigues aqui.