Que livro fantástico! Que história tão bela, esta, do amor entre dois jovens, Francisco e Irene, apesar de ameaçada pela sombra da ditadura de Augusto Pinochet.
Irene, jovem jornalista aristocrata, que vive à margem da política, completamente alheia às atrocidades cometidas pela ditadura militar; Francisco, fotojornalista oriundo de uma família da baixa burguesia, de esquerda, que sobrevive com dificuldades.
Uma história de amor intemporal. Uma sensibilidade incrível que Isabel Allende mostra mais uma vez e, como sempre, a sua posição contra a ditadura, contra os regimes ditatoriais, sanguinários, neste caso, o de Pinochet, com dezassete anos de brutalidade e crueldade sobre o povo chileno - os pobres, os perseguidos por razões políticas, os torturados, os exilados, os que lutam pela liberdade e justiça social.
É simplesmente magistral a forma como Isabel Allende enlaça a História nos seus romances e nos reaviva a memória colectiva e a consciência histórica.
"De amor e de Sombra" é, também, a luta dos que acreditam que outra sociedade é possível, onde a ética política e os direitos humanos sejam a realidade há tanto desejada e justamente reivindicada.
A propósito deste seu livro, diz Isabel Allende:
Esta é a história de uma mulher e de um homem que se amaram plenamente, salvando-se assim de uma existência vulgar. Trouxe-a na memória conservando-a para que o tempo não a desgastasse e é só agora, nas noites silenciosas deste lugar, que finalmente posso contá-la. Fá-lo-ei por eles e por outros que me confiaram as suas vidas, dizendo: toma, escreve, para que o tempo não o apague.
Nazaré Oliveira
Isabel Allende. De amor e de Sombra. Difel, Difusão Editorial, S.A., 11ª edição, 1997.
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