quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

José Gomes Ferreira e o ensino da História




Ocasionalmente, apareceu-me este vídeo... https://www.msn.com/pt-pt/entretenimento/tv/novo-livro-de-jos%C3%A9-gomes-ferreira-%C3%A9-um-grito-de-revolta-contra-a-maneira-como-a-nossa-hist%C3%B3ria-%C3%A9-contada/vi-AA14JI3r?rc=1&ocid=winp1taskbar&cvid=efadb45d04e54cf39f098277b4b2e47f

Santa ignorância, quer do autor quer, até, da apresentadora!...

Este jornalista, que habitualmente faz um programa sobre Economia/Finanças na SIC, anda agora a vestir a roupagem de historiador e a revisitar a História, à sua maneira, claro, criticando a torto e a direito (como é habitual nas suas intervenções) desconhecendo, efetivamente, os programas atuais de História/os conteúdos e a forma crítica como os mesmos são dados e até referenciados pelo Ministério da Educação. 

Nem 8 nem 80! 

Não escondemos a verdade histórica mas também não mentimos aos nossos alunos nem mascaramos a realidade histórica ao nosso gosto ou ao gosto da nossa ideologia político-partidária.

A visão deste jornalista, que revela o desconhecimento daquilo que se faz neste âmbito, integra-se claramente numa perspetiva saudosista, imperialista, colonialista… Já é o 2º livro que escreve desta forma sensacionalista-nacionalista, como se o que ele escreve ("investigou") tenha que ser, agora, uma verdade científica comumente aceite e uma espécie de cartilha para o seguidismo de má memória.

Que pedantismo! Que desconhecimento da realidade! 

Fala em manuais, manuais... Que manuais? De que anos de escolaridade?

Que fontes históricas consultou para apresentar este discurso?

Leu as orientações do Ministério da Educação relativamente ao ensino da História? 

Por exemplo:

- as aprendizagens essenciais da História A - 10º ano

https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Curriculo/Aprendizagens_Essenciais/10_historia_a.pdf; 

- as aprendizagens essenciais da História A - 11º ano

https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Curriculo/Aprendizagens_Essenciais/11_historia_a.pdf

as aprendizagens essenciais da História A - 12º ano

https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Curriculo/Aprendizagens_Essenciais/12_historia_a.pdf

- as aprendizagens essenciais da História B - 10º ano

https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Curriculo/Aprendizagens_Essenciais/10_historia_b.pdf

- as aprendizagens essenciais da História B - 11º ano

https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Curriculo/Aprendizagens_Essenciais/11_historia_b.pdf



Nazaré Oliveira


terça-feira, 4 de outubro de 2022

Pela Ucrânia!



 

Rússia - A Revolução virá de dentro

 


A minha esperança é que uma revolução que venha de dentro da própria Rússia, traga a mudança efetiva de regime e devolva o poder ao povo. Verdadeiramente.

A contestação de rua, sobretudo de jovens, nas principais cidades, e apesar da dura repressão, são um sinal inequívoco de uma mudança anunciada.

Assim ela venha, rapidamente.


Nazaré Oliveira


Ver aqui:

https://exame.com/mundo/guerra-na-ucrania-mais-de-800-pessoas-sao-detidas-em-protesto-na-russia/

https://exame.com/mundo/guerra-na-ucrania-mais-de-800-pessoas-sao-detidas-em-protesto-na-russia/

https://pt.euronews.com/2022/02/25/protestos-na-russia-contra-a-guerra

https://www.publico.pt/2022/03/06/mundo/noticia/4300-detidos-russia-manifestacoes-guerra-1997793

https://www.tsf.pt/mundo/acordar-no-lado-errado-da-historia-portuguesa-conta-como-tem-sido-a-vida-em-moscovo-14663899.html

terça-feira, 27 de setembro de 2022

"Não há volta a dar-lhe": ou se é pela Rússia ou se é pela Ucrânia


"A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.916 civis mortos e 8.616 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais".
Infelizmente, agravar-se-á este número com a mobilização de milhares de russos decidida por Putin para continuar o seu programa de crueldade e morte contra ucranianos e contra os que, mesmo russos, se opõem ao seu ideário extremista e belicista.
Esta guerra que Putin iniciou, porque de guerra se trata, também nos diz respeito e nos merece a maior atenção e apreensão, uma vez que estão em causa valores e princípios completamente espezinhados pelo mesmo, como o respeito pela soberania das nações, pela sua independência, pelas disposições da Carta das Nações Unidas, pelos Direitos Humanos e pelo Direito Internacional.
Nada justifica o que está a acontecer, exceto o desejo imperialista de um homem que, pela violência e pela força, negando a História recente da Europa a a partir de 1989, quer fazer renascer os horrores pelos quais passaram as ditas democracias populares e ressuscitar a velha e prepotente URSS.
Quem não critica abertamente Putin por tudo isto que tem feito também é como ele.
Neste contexto, e perante os factos e esta terrível realidade, não há lugar para os que, estranha e cobardemente se escondem na "abstenção" ou comodamente se viram contra os países que estão a ajudar a Ucrânia.
Isto nunca foi operação militar especial, mas guerra. Guerra!
"Não há volta a dar-lhe": ou se é pela Rússia ou se é pela Ucrânia.


 Nazaré Oliveira


Já agora, para consulta

https://www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/world/20220127STO22047/de-que-forma-a-uniao-europeia-apoia-a-ucrania

 https://youtu.be/LI5dbfr3Xp0 


terça-feira, 16 de agosto de 2022

Incêndios em Portugal

 


Esta é a área ardida na Serra da Estrela.
Imaginem que ardia tudo desde o Parque da Nações até Cascais!!!
O combate aos incêndios passa pela prevenção, com muitas mais campanhas DURANTE TODO O ANO, nas escolas, junto das populações, mass media mas, sobretudo, por mais e melhores equipamentos e melhores salários dos bombeiros.
Se o recente contratado Sérgio Figueiredo vai ganhar mais do que o Medina, quanto deveria ganhar um bombeiro? Um professor? Um médico? Um enfermeiro? Um polícia?
Uma tristeza e uma revolta, estas decisões "vindas de cima"! Esta inversão de prioridades, esta falta de visão e sensatez política e social.
A extrema direita aproveitar-se-á de tudo isto para engrossar cada vez mais as suas hostes, para infortúnio da nossa democracia.
A quem pedir responsabilidades pelos próximos números da abstenção, pelos desafetos políticos, pela quebra de confiança no sistema pluripartidário?
Continuarei a lutar pela Democracia e pelo Estado de Direito. Sempre.

terça-feira, 15 de março de 2022

Bolonha e a ascensão das universidades medievais

 



                                         Detalhe da miniatura de um aluno lendo em seu quarto. 


A Europa é o lar de muitas das universidades mais antigas e renomadas do mundo. A primeira instituição europeia deste tipo foi fundada em Bolonha no século XI, e logo foi seguida por estabelecimentos semelhantes em Paris e Oxford, levando a uma ampla rede de universidades em todo o continente. Hoje, as universidades europeias recebem dezenas de milhões de estudantes todos os anos, vindos de vários cantos do globo. Estas instituições têm desempenhado um grande papel no desenvolvimento do ensino superior e da investigação, tanto à escala europeia como internacional.

O ponto de partida deste desenvolvimento – a fundação da Universidade de Bolonha e outras universidades medievais – é, portanto, um fenômeno histórico significativo. Foi o resultado de uma combinação complexa de diferentes fatores e teve muitos efeitos elaborados tanto na vida medieval quanto em nossa sociedade moderna. Para ajudar os alunos a desvendar essas complexidades, este webinar explora uma variedade de ferramentas e fontes digitais que os professores podem usar nas salas de aula e nas aulas on-line. Ao aprender sobre as universidades medievais, os alunos também podem discutir instituições modernas – em particular, a relevância do ensino superior hoje.

Esta sessão da série de webinars “Usar Historiana para ensinar história de diferentes ângulos” foi apresentada por Gijs van Gaans em 15 de fevereiro de 2022. Esta é a segunda de um total de quatro sessões, com base nos conteúdos das Coleções Europeana na eActivity Construtor em Historiana . 

Causas da ascensão das universidades medievais

Durante o webinar, os participantes desempenharam o papel de estudantes universitários, que experimentariam o fascinante plano de aula de Gijs. A primeira questão que Gijs explorou com a turma foram as causas por trás do surgimento das universidades medievais europeias. Que necessidades essas universidades atendiam? – o anfitrião perguntou. Os 'alunos' enviariam suas respostas por meio de um portal digital chamado LessonUp.

Para enfrentar a questão, os participantes foram convidados a explorar várias fontes sobre os contextos históricos que cercam essas universidades. Gijs organizou as fontes usando a Discovering Tool do Historiana eActivity Builder, uma ferramenta que permite aos alunos visualizar as conexões entre diferentes fenômenos históricos.

Por exemplo, a fonte sobre as rotas comerciais europeias dos séculos 11 e 12, que descreve a prosperidade econômica da Europa naquela época, direcionaria os alunos para uma fonte sobre o crescimento das cidades europeias e os novos desafios da vida urbana. Essa fonte é então conectada a outra que descreve a necessidade de uma nova classe de profissionais capacitados, que ajudariam a enfrentar os desafios urbanos, cumprindo cargos na administração, instituições religiosas, legisladores, medicina,  entre outros. Por meio disso, os alunos compreenderão como diferentes processos históricos estavam ligados entre si e como esse vínculo resultou no surgimento das universidades medievais. 

Ao se envolver com esta ferramenta de descoberta, os alunos não apenas podem descobrir cada processo histórico em seu próprio ritmo, mas também estarão cientes da multiperspectividade da história. Gijs permitiu que os alunos escolhessem livremente entre três pontos de partida, cada um desvendaria uma explicação diferente para o surgimento das universidades. Segundo ele, as relações causais na história são sempre múltiplas. Em vez de fornecer uma narrativa única, os professores precisam permitir que os alunos observem um desenvolvimento histórico de diferentes ângulos e descubram todas as diferentes rotas que podem tê-lo causado.

Depois de identificar várias causas possíveis, os professores podem perguntar aos alunos: “Você pode decidir por si mesmo qual causa foi a mais importante?” A ferramenta de classificação no Historiana eActivity Builder é muito útil para esta pergunta. Quanto mais importante um aluno encontrar um fator, mais próximo ele poderá arrastar o fator para o centro dos círculos (veja a Imagem 2). Para incentivar a multiperspectividade, um participante levantou uma sugestão criativa: os professores podem repetir essa atividade de classificação várias vezes, cada vez pedindo aos alunos que se coloquem no lugar de um novo ator histórico. É mostrar que o significado histórico não é um fato, mas construído, e irá variar quando se trata de diferentes classes de pessoas.

Efeitos das universidades medievais na Europa

“Como a vida das universidades contribuiu para as sociedades e a cultura medievais?” é outra questão que Gijs queria discutir com a turma. Da mesma forma que a primeira pergunta, todos procurariam novamente as respostas explorando as Ferramentas de Descoberta. Várias interpretações foram dadas, nomeando diferentes elementos como o humanismo, a escolástica, o Renascimento, o nascimento das ciências, a melhoria da vida urbana e assim por diante. Gijs destacou em particular as consequências sobre a religião: embora no início a Igreja fosse central no currículo das universidades, foi paradoxalmente o pensamento crítico e a força intelectual nutridas por essas universidades que, eventualmente, levaram à fragmentação da Igreja.

Para elaborar a lógica por trás desse desenvolvimento, Gijs baseou-se em um fragmento de “In Praise of Folly” (1517) – uma obra satírica de Erasmus de Rotterdam. Os participantes foram solicitados a analisar o texto usando a Ferramenta de Anotação da Historiana – que é útil para os alunos trabalharem com fontes primárias. O texto revelou como o pensamento crítico de Erasmo e sua crítica à vida da Igreja medieval se fortaleceram. Assim, lendo Erasmus, os alunos podem compreender melhor como a educação universitária pode fomentar a crítica contra a Igreja.

Reflexões

Gijs propôs concluir a aula com uma sessão de reflexão, na qual os alunos relacionariam o tema com a sociedade moderna. Na Idade Média, a ascensão das universidades medievais melhorou a compreensão das pessoas sobre a vida humana, ajudou-as a lidar com novos desafios e promoveu o conhecimento e a pesquisa científica.

No entanto, o que vemos hoje, especialmente à luz da pandemia de Covid-19, é uma crescente desconfiança em relação à ciência  e uma crescente ameaça de desinformação. Quais são os valores da pesquisa e das atividades acadêmicas neste contexto contemporâneo? O que seria exigido das universidades de hoje? Devemos continuar investindo em educação (superior)? Essas são algumas questões que os professores podem discutir com seus alunos, para incentivá-los a olhar para as questões contemporâneas a partir de perspectivas históricas. 

 

Escrito por Phạm Thùy Dung com base na sessão online de Gijs van Gaans. Todas as imagens utilizadas são fornecidas pela coleção de fontes Europeana por meio de Historiana .

A sessão gravada deste webinar estará disponível em breve em nosso canal do YouTube!

Nossa próxima edição da série acontecerá no dia 22 de março . Ute Ackermann Boeros apresentará uma sessão sobre “ Pinturas da Vida Cotidiana ”. Você pode se inscrever para a sessão neste link: https://bit.ly/3K6Jo4b .

Disponível em https://euroclio.eu/2022/03/14/bologna-and-the-rise-of-medieval-universities-a-blog-post/


Conferência de Wannsee

 


Em 20 de janeiro de 1942, vários dignitários de alto escalão do Terceiro Reich se reuniram em uma vila no Lago Wannsee. Durante as semanas anteriores, a situação política em que o estado nazista se encontrava mudou claramente. Após o ataque japonês a Pearl Harbor, Hitler declarou guerra aos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a falta de sucesso na Batalha de Moscou significava que a visão de uma derrota rápida da União Soviética havia sido dissipada. No entanto, eles não se reuniram para ouvir sobre a situação nas frentes. A nova realidade abriu a oportunidade para a 'Solução Final da Questão Judaica'. O destino dos judeus europeus, que foram tratados por Hitler como reféns, deixou de ser um potencial barganha para impedir os americanos de entrar na guerra. Como era óbvio que os combates no Leste não terminariam em breve, foi decidido que a Solução Final não deveria ser adiada até a derrota de Stalin. Mas o que exatamente o termo significa? Sob este termo eufemístico estava um crime sem precedentes na história da humanidade: a vontade de provocar o assassinato sistemático da população judaica na Europa.

Quase todas as cópias das atas da Conferência de Wannsee (o Protocolo de Wannsee) foram destruídas por aqueles em sua posse. Conseqüentemente, nosso conhecimento sobre a reunião teria sido muito menor se Robert Kempner não tivesse encontrado a única cópia sobrevivente em 1947. Esse advogado alemão e feroz inimigo dos nazistas esteve ativamente envolvido nos julgamentos de Nuremberg após a guerra. Kempner imediatamente percebeu a extraordinária importância do Protocolo e graças à sua abordagem meticulosa da acusação e um pouco de sorte, um documento chocante relacionado a um ponto de virada na história do Holocausto é conhecido hoje.

Apesar dos eufemismos usados ​​no Protocolo de Wannsee, a imagem do encontro que emerge do documento é horripilante. A conferência foi aberta por Reinhard Heydrich, chefe do Escritório Central de Segurança do Reich. Ele informou à audiência que o objetivo da reunião era estabelecer uma linha de ação comum em relação à 'Solução Final da Questão Judaica'. Ao mesmo tempo, destacou seu papel fundamental na implementação dos planos. Em 31 de julho de 1941, Herman Göring já o havia autorizado a tomar todas as medidas necessárias para esse fim. Ao longo de seis meses, as ideias sobre o envolvimento de administrações específicas do Terceiro Reich mudaram, assim como a situação política acima mencionada, o que atrasou um pouco a convocação da conferência. No final, Heydrich falou com representantes de vários ministérios, escritórios e polícia de segurança. Entre os presentes estavam Wilhelm Stuckart, Secretário de Estado do Ministério do Interior, e Roland Freisler representando o Ministério da Justiça do Reich. As autoridades nazistas nos países ocupados foram representadas pelo vice de Hans Frank, Josef Bühler, Secretário de Estado no Governo do Governo Geral e SS-Sturmbannführer Rudolf Lange, Comandante da Polícia de Segurança e SD em Riga. O próprio Heydrich era, aliás, ao mesmo tempo vice-protetor da Boêmia e da Morávia. A assembléia ouviu um resumo da política existente em relação aos judeus e suas limitações. No lugar da emigração forçada aplicada anteriormente, surgiu o conceito de 'evacuação para o Leste'. Para ilustrar a dimensão do problema para os participantes, foram apresentados dados sobre a população judaica na Europa. Adolfo Eichmann, O braço direito de Heydrich na Solução Final, foi responsável pela compilação dos dados. Após uma longa enumeração, questões como a organização de guetos para judeus idosos e o destino de veteranos judeus que lutaram ao lado alemão na Primeira Guerra Mundial foram abordados. Mais tarde na conferência, Heydrich lembrou ao público quem era judeu sob a lei alemã e apresentou uma solução para a questão dos Mischlings (pessoas mestiças, ou seja, aqueles com ancestrais judeus e não judeus). Após uma breve discussão, a reunião foi encerrada, e o Chefe do Escritório Central de Segurança do Reich solicitou que os membros da reunião lhe fornecessem a assistência adequada para resolver esse "problema". questões como a organização de guetos para judeus idosos e o destino dos veteranos judeus que lutaram do lado alemão na Primeira Guerra Mundial foram abordados. Mais tarde na conferência, Heydrich lembrou ao público quem era judeu sob a lei alemã e apresentou uma solução para a questão dos Mischlings (pessoas mestiças, ou seja, aqueles com ancestrais judeus e não judeus). Após uma breve discussão, a reunião foi encerrada, e o Chefe do Escritório Central de Segurança do Reich solicitou que os membros da reunião lhe fornecessem a assistência adequada para resolver esse "problema". questões como a organização de guetos para judeus idosos e o destino dos veteranos judeus que lutaram do lado alemão na Primeira Guerra Mundial foram abordados. Mais tarde na conferência, Heydrich lembrou ao público quem era judeu sob a lei alemã e apresentou uma solução para a questão dos Mischlings (pessoas mestiças, ou seja, aqueles com ancestrais judeus e não judeus). Após uma breve discussão, a reunião foi encerrada, e o Chefe do Escritório Central de Segurança do Reich solicitou que os membros da reunião lhe fornecessem a assistência adequada para resolver esse "problema". aqueles com ancestrais judeus e não judeus). Após uma breve discussão, a reunião foi encerrada, e o Chefe do Escritório Central de Segurança do Reich solicitou que os membros da reunião lhe fornecessem a assistência adequada para resolver esse "problema". aqueles com ancestrais judeus e não judeus). Após uma breve discussão, a reunião foi encerrada, e o Chefe do Escritório Central de Segurança do Reich solicitou que os membros da reunião lhe fornecessem a assistência adequada para resolver esse "problema".

Em uma reunião que durou apenas uma hora e meia, o destino de milhões de pessoas foi selado. Mas foi a Conferência de Wannsee um avanço tão grande? Os crimes alemães contra os judeus não começaram em 20 de janeiro de 1942. No entanto, pode-se dizer que foi somente a partir dessa data que começou o 'genocídio de comando' em escala sem precedentes. A política anterior de emigração forçada (praticada desde a década de 1930 contra os judeus alemães) mostrou-se insuficiente. Na situação política da época, a emigração para países neutros já estava suspensa. Em vista do tamanho da população judaica nos territórios ocupados pelo Terceiro Reich, essa solução dificilmente poderia ser considerada viável. Também não são realistas as idéias como enviar judeus para Madagascar. As únicas áreas onde poderiam ser 'evacuadas' eram aquelas capturadas pelos nazistas no leste. Também, a política de confinar e passar fome lentamente em guetos não parecia ótima. A fome e o trabalho consumiam tempo. Os nazistas obcecados por questões raciais também temiam que, ao eliminar os indivíduos mais fracos, eles selecionassem os mais resistentes que poderiam potencialmente reviver a nação judaica. A máquina de guerra da Wehrmacht foi seguida por unidades Einsatzgruppen (nome completo 'Einsatzgruppen der Sicherheitspolizei und des SD'), que deveriam eliminar inimigos ideológicos e raciais na retaguarda do exército. No entanto, a execução em massa de civis também teve suas desvantagens. Consumia tempo e munição valiosa, e era um sério fardo mental para a maioria dos carrascos. Os alemães vinham testando câmaras de gás há muito tempo. E foi esse meio de execuções em massa que provou, com todos os outros métodos, ser a solução mais desejável para os nazistas.

O Protocolo da Conferência de Wannsee contém uma frase chocante: "A Europa deve ser vasculhada de Oeste a Leste no decurso da implementação prática da Solução Final". De acordo com a lista elaborada por Eichmann e incluída na página seis do Protocolo, as vítimas esperadas seriam mais de onze milhões. Não se pode deixar de notar, no entanto, que alguns de seus cálculos são bastante peculiares. A lista foi dividida em países e territórios A (basicamente sob o controle direto do Reich) e B (aliados, países neutros, mas também aqueles com quem a Alemanha estava em guerra). Especialmente no que diz respeito a este último, a abordagem um tanto ingênua e o pensamento positivo são gritantes. Parece que Eichmann assumiu que no futuro será possível 'evacuar' todos os judeus europeus,

Ao compilar sua lista, Eichmann dispunha de diversos dados, nem sempre confiáveis ​​ou atualizados. Por exemplo, apenas duzentas pessoas pertencentes à comunidade judaica foram atribuídas à Albânia ocupada pelos italianos, embora o país tenha sido um refúgio para milhares de expatriados judeus desde a década de 1930. Esses e outros detalhes contradizem um pouco a noção de precisão meticulosa e burocrática dos planos do Holocausto. A Estônia se destaca em particular na lista, sendo descrita como Judenfrei(ou seja, livre de judeus). A população judaica do país antes da guerra não era uma das mais numerosas, e as várias repressões ou deslocamentos que se abateram sobre essa minoria após a ocupação do país pela União Soviética a esgotaram ainda mais. As atividades intensificadas das forças de ocupação alemãs e seus colaboradores estonianos significaram que já em janeiro de 1942, o país poderia ser proclamado (embora exageradamente) como o país em que a questão judaica havia sido finalmente resolvida. De qualquer forma, apenas pessoas individuais sobreviveram à guerra.

A sexta página do referido Protocolo tornou-se uma das ilustrações simbólicas do Holocausto porque mostra como nenhum outro documento a escala pan-europeia e a natureza sem precedentes do plano assassino dos nazistas. Em 2022, no 80º aniversário da infame conferência, a Rede Europeia Memória e Solidariedade (enrs.eu) e a Wannsee Conference House (ghwk.de) com o apoio de um grupo internacional de historiadores, criaram um site interativo com infográficos descrevendo a história e o conteúdo da sexta página do Protocolo. A infografia está disponível aqui: www.ghwk.de/statisticsandcatastrophe.

O objetivo do projeto, chamado 'Estatísticas e Catástrofe. Questionar os números de Eichmann, é analisar criticamente a lista, as estatísticas apresentadas por Eichmann, e mostrar que tragédia está escondida nesse documento burocrático. As biografias das vítimas também são uma parte importante do infográfico – são as vítimas do Holocausto que, em primeiro lugar, precisamos lembrar no 80º aniversário da Conferência. Apenas uma semana depois, em 27 de janeiro, há outro aniversário simbólico: a libertação do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, que é comemorado como o Dia Internacional em Memória do Holocausto.

tradução Mikołaj Sekrecki


Este artigo foi escrito por Roman Żuchowicz em cooperação com a Rede Europeia para a Memória e a Solidariedade (ENRS)

A Rede Europeia Memória e Solidariedade é uma iniciativa internacional que visa o estudo, documentação e divulgação do conhecimento sobre a história europeia do século XX e as formas da sua comemoração, com particular atenção aos períodos de ditadura, guerra e resistência pública face à opressão .

Os membros da Rede são: Alemanha, Hungria, Polônia, Romênia e Eslováquia, enquanto Albânia, Áustria, República Tcheca, Letônia, Lituânia e Geórgia também são representados por seus membros de suas assembleias consultivas.



Disponível em https://euroclio.eu/2022/01/27/the-wannsee-conference/ (consultado dia 15.03.2022)