quarta-feira, 9 de maio de 2018
quinta-feira, 26 de abril de 2018
A divulgação dos interrogatórios a José Sócrates
Inegável? Legítimas?
Interesse público?
Onde está a confiança na Justiça? Onde está
"a separação dos poderes"?
Voyeurismo televisivo. Claramente. Trabalhos
tendenciosos. Claramente. Sem falar da conquista a qualquer preço das
audiências.
Se assim não fosse, por que razão não foram
apresentados a público/ não vimos os depoimentos "também ao vivo e a
cores" das pessoas envolvidas no caso CASA PIA? Isto é IGUALDADE? Isto é
serviço público? Tudo calado. Tudo parado...Tudo escondido...
Jornalismo sério e a sério, com profissionais
isentos e ética profissional, não é este nem é assim que se afirma.
Bem vi e ouvi os depoimentos dos jornalistas
envolvidos "nesta investigação". Que argumentos! Que pobreza de
fundamentação! É isto que queremos no estado de Direito que tanto
defendemos?
Num estado de Direito, quem julga são os
tribunais, não os jornais. Num estado de Direito não há linchamentos públicos
nem julgamentos encomendados, muito menos, casos "escolhidos". Não. Não é por
aqui que caminharemos em prol de uma sociedade decente, porque a decência
começa em nós, no que pensamos, no que dizemos ou escrevemos, no que mandamos
ou não fazer quando as decisões de nós tiverem de partir.
Numa sociedade decente e democrática, os
direitos e deveres de cada um devem ser assumidos com a dignidade com que
sempre os exigimos, não só para nós mas para todos.
Estou de acordo com a ministra da Justiça, sim,
quando afirma que a divulgação de
imagens de interrogatórios da Operação Marquês “constitui crime” e que o Ministério
Público tomará “as iniciativas necessárias” para “reprimir a ilegalidade”.
“Aquilo que está em causa é uma divulgação não-autorizada de peças de um
processo e, portanto, isso constitui crime e estou segura de que o Ministério
Público tomará as iniciativas necessárias para reprimir a ilegalidade neste
caso, tal como faz em outras questões de matéria criminal”.
Efetivamente, tal como referiu o MP, embora o
processo em causa já não se encontre em segredo de justiça, a divulgação destes
registos está proibida, nos termos do art.º 88.º n.º 2 do Código de Processo
Penal, incorrendo, quem assim proceder, num crime de desobediência (artigo
348.º do Código Penal)”.
Passados que são 44 anos a seguir à revolução
de Abril, continuamos a ver o estado de Direito ameaçado por gente que, com
“pequenos poderes”, vai minando as instituições democráticas
constitucionalmente organizadas, recorrendo à desobediência da lei e, pior ainda,
subvertendo-a aos seus interesses.
Não se trata, aqui, do direito à liberdade de expressão mas, seguramente, do respeito pelo uso da mesma. "Vale tudo menos tirar olhos"?
Não se trata, aqui, do direito à liberdade de expressão mas, seguramente, do respeito pelo uso da mesma. "Vale tudo menos tirar olhos"?
Nazaré Oliveira
segunda-feira, 2 de abril de 2018
Vale do Tua - Um ecossistema em perigo iminente
Quem como eu, desde a minha infância, fazia viagens
pela Linha do Tâmega, Linha do Corgo, Linha do Tua, Linha do Douro…viagens de
sonho que poucos portugueses conheceram, certamente se recorda das paisagens
únicas que do comboio se viam.
De Chaves, Vidago… a Vila Real… de Vila Real até
ao Porto…Que saudades!
Por montes e vales, aqui e além salpicados pelo brilho dos rios que
preguiçosamente serpenteavam por entre a pedernia, eu tive o privilégio de ver
e sentir o trabalho do Homem, contra a dureza da terra, o sol abrasador, pelo
pão e pelo vinho, pela Vida.
Num cenário mágico de linhas ondulantes, os
socalcos percorriam em espiral os declives das serras num abraço
fraterno entre o céu e a terra, numa mística única que nos arrebatava
e extasiava para sempre.
Eu via e sempre vi com os olhos e com o coração.
Menina curiosa, que tudo olhava, sentindo, estendia o meu olhar até ao
fundo dos vales e aí me prendia, numa geometria mais-que-perfeita da
Natureza, como se nada de mais belo pudesse existir ou voltar a ver.
Perdia o meu olhar no verde dos pinheiros, das urzes e das flores
silvestres, tantas, à nossa passagem e ao nosso olhar, vagarosamente
acompanhado pela máquina que subia, subia, seguia, seguia, puxando,
puxando, carruagens felizes com gente como eu.
Numa tela colorida pelo sol quente, muito quente, e que uma pequena aragem
perfumava, chegava até mim aquele aroma magnífico de pinheiros, giestas e urzes
em flor, como uma saudação ou abraço.
Parar nas estações da CP ao longo destas linhas, era uma lição de
História. História de Arte. História da Vida e de vidas.
E o meu olhar prendia-se cada vez mais a tudo isto, tal a beleza e a
diversidade de cores, sons, cheiros e emoções!
Nesta altura, ainda pequenita, não tinha máquina fotográfica, não tinha
dinheiro nem mesada, ainda não havia televisão na minha terra, não tinha
bicicleta, não sabia o que significava passar férias "fora", sabia
que era duro viver em Trás-os-Montes, que havia uma capital que era Lisboa, que
conhecia o mar e que o mar era lindo, sim, mas era longe, na terra da avó.
Sabia que os meus pais eram os meus heróis e iam continuar a sê-lo, pela luta
que travavam e pelo esforço que faziam para sermos crianças felizes, ainda
que para isso sentissem no corpo e na alma a dureza de um regime que lhes negou
sempre uma vida sem inquietações, a paz e o sossego. Conseguiram
fazer de nós crianças deslumbradas com as maravilhas da
mãe-terra, encantados que ficávamos com as coisas simples, puras,
vibrando com a Natureza como quem sorve a última gota de vida, abraçando-a com
os olhos e guardando-a na alma.
Vidago,
Chaves, Vila Real, Porto – as terras que me viram crescer até aos 10 anos,
altura em que foi preciso sair, partir, fugir.
Mas estas imagens mantiveram-se e mantêm-se vivas.
Estas paisagens, estas cores, o aroma intenso que do verde se soltava… e o
vento a sussurrar aos pinheiros… o cinzento matizado do granito, o azul
brilhante dos rios onde o sol poisava, sorrindo, os azulejos das estações, os
comboios, a fagulha que teimosamente entrava nos olhitos, o carvão que
enfarruscava o rosto… Oh, máquinas a carvão! O “Texas” e não só!
No fundo, fui uma menina com uma infância feliz.
Enchi o coração com a beleza das serras e dos montes, brinquei na rua, a
cantar, saltar à corda, à bilharda, à macaca, com amiguinhos, cães, gatos,
burros, cavalos, pintainhos, bois e boizinhos, sem horas, sem medos, sem fome,
no riacho que a cantar me encantava e onde barcos de folhas pousava
com risos e sonhos pequeninos da minha enorme alegria!
E que bom que era ir até lá, sobretudo ao fim da
tarde, das tardes quentes de Verão!
Que bom que era o cheirinho a terra molhada quando as regas começavam nas
hortas e, num manto de trevos e erva fresca, sentar-me para ver os
sapos, as rãs, peixes cintilantes, melros, andorinhas, pardais,
lagartos, lagartixas, abelhas, borboletas multicores, pequenos insectos... e
vê-los livres, livres, iguais a mim.
As lavadeiras apanhavam já a roupa que corara, brilhara e
secara no cimo de pedras e arbustos!
Ao longe, na pequena ponte, passava o comboio.
Eu acenava-lhe e dizia "Até amanhã!”
Para conhecer mais:
Fotos de:
sábado, 17 de março de 2018
The Cinematic Orchestra - To Build a Home
To Build a Home
There is a house built out of stone
Wooden floors, walls and window sills
Tables and chairs worn by all of the dust
This is a place where I don't feel alone
This is a place where I feel at home
Wooden floors, walls and window sills
Tables and chairs worn by all of the dust
This is a place where I don't feel alone
This is a place where I feel at home
'Cause, I built a home
For you
For me
For you
For me
Until it disappeared
From me
From you
From me
From you
And now, it's time to leave and turn to dust
Out in the garden where we planted the seeds
There is a tree as old as me
Branches were sewn by the color of green
Ground had arose and passed it's knees
There is a tree as old as me
Branches were sewn by the color of green
Ground had arose and passed it's knees
By the cracks of the skin I climbed to the top
I climbed the tree to see the world
When the gusts came around to blow me down
I held on as tightly as you held onto me
I held on as tightly as you held onto me
I climbed the tree to see the world
When the gusts came around to blow me down
I held on as tightly as you held onto me
I held on as tightly as you held onto me
And, I built a home
For you
For me
For you
For me
Until it disappeared
From me
From you
From me
From you
And now, it's time to leave
and turn to dust
Compositores: Jason Angus
Stoddart Swinscoe / Patrick Watson / Philip Jonathan France / Stella Page
Letras de To Build a Home ©
Kobalt Music Publishing Ltd., Intrigue Music, LLC
The Pretenders - I'll Stand By You
Oh, why you look so sad, the tears are in your eyes,
Come on and come to me now, and don't be ashamed to cry,
Let me see you through, 'cause I've seen the dark side too.
When the night falls on you, you don't know what to do,
Nothing you confess could make me love you less,
Come on and come to me now, and don't be ashamed to cry,
Let me see you through, 'cause I've seen the dark side too.
When the night falls on you, you don't know what to do,
Nothing you confess could make me love you less,
I'll stand by you,
I'll stand by you, won't let nobody hurt you,
I'll stand by you
I'll stand by you, won't let nobody hurt you,
I'll stand by you
So if you're mad, get mad, don't hold it all inside,
Come on and talk to me now.
Hey there, what you got to hide?
I get angry too, well, I'm alive like you.
When you're standing at the cross roads,
And don't know which path to choose,
Let me come along, 'cause even if you're wrong
Come on and talk to me now.
Hey there, what you got to hide?
I get angry too, well, I'm alive like you.
When you're standing at the cross roads,
And don't know which path to choose,
Let me come along, 'cause even if you're wrong
I'll stand by you,
I'll stand by you, won't let nobody hurt you,
I'll stand by you.
Baby, even to your darkest hour, and I'll never desert you,
I'll stand by you.
And when, when the night falls on you baby,
You're feeling all a lone, you're wandering on your own,
I'll stand by you.
I'll stand by you, won't let nobody hurt you,
I'll stand by you.
Baby, even to your darkest hour, and I'll never desert you,
I'll stand by you.
And when, when the night falls on you baby,
You're feeling all a lone, you're wandering on your own,
I'll stand by you.
I'll stand by you, won't let nobody hurt you,
I'll stand by you, baby even to your darkest hour,
And I'll never desert you,
I'll stand by you,
I'll stand by you, baby even to your darkest hour,
And I'll never desert you,
I'll stand by you,
I'll stand by you.
I'll stand by you, won't let nobody hurt you,
I'll stand by you, baby even to your darkest hour,
And I'll never desert you
I'll stand by you
I'll stand by you, won't let nobody hurt you,
I'll stand by you, baby even to your darkest hour,
And I'll never desert you
I'll stand by you
Compositores: Thomas Kelly / Christine Hynde / Billy Steinberg
Letras de I'll Stand By You © Sony/ATV Music Publishing LLC
sábado, 10 de março de 2018
Dia Internacional da Mulher
Dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher... Todos os dias deveriam
ser uma celebração à VIDA, mesmo quando há desânimo, raiva, injustiça e
sofrimento.
Saibamos honrar quem nunca desistiu de lutar pela igualdade de género, com
coragem e determinação, até à morte.
Calçada de Carriche (poema de António Gedeão)
Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas,
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu da sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada;
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
in 'Teatro do Mundo'
segunda-feira, 5 de março de 2018
Subscrever:
Mensagens (Atom)