segunda-feira, 15 de maio de 2017

PEREGRINAÇÃO DO PAPA FRANCISCO AO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA





PEREGRINAÇÃO DO PAPA FRANCISCO AO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA POR OCASIÃO DO CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA NA COVA DA IRIA (12-13 DE MAIO DE 2017)
SANTA MISSA COM O RITO DA CANONIZAÇÃO 
DOS BEATOS FRANCISCO MARTO E JACINTA MARTO
HOMILIA DO SANTO PADRE
Adro do Santuário de Fátima Sábado, 13 de maio de 2017

«Apareceu no Céu (…) uma mulher revestida de sol»: atesta o vidente de Patmos no Apocalipse (12, 1), anotando ainda que ela «estava para ser mãe». Depois ouvimos, no Evangelho, Jesus dizer ao discípulo: «Eis a tua Mãe» (Jo 19, 26-27). Temos Mãe! Uma «Senhora tão bonita»: comentavam entre si os videntes de Fátima a caminho de casa, naquele abençoado dia treze de maio de há cem anos atrás. E, à noite, a Jacinta não se conteve e desvendou o segredo à mãe: «Hoje vi Nossa Senhora». Tinham visto a Mãe do Céu. Pela esteira que seguiam os seus olhos, se alongou o olhar de muitos, mas… estes não A viram. A Virgem Mãe não veio aqui, para que A víssemos; para isso teremos a eternidade inteira, naturalmente se formos para o Céu.
Mas Ela, antevendo e advertindo-nos para o risco do Inferno onde leva a vida – tantas vezes proposta e imposta – sem-Deus e profanando Deus nas suas criaturas, veio lembrar-nos a Luz de Deus que nos habita e cobre, pois, como ouvíamos na Primeira Leitura, «o filho foi levado para junto de Deus» (Ap 12, 5). E, no dizer de Lúcia, os três privilegiados ficavam dentro da Luz de Deus que irradiava de Nossa Senhora. Envolvia-os no manto de Luz que Deus Lhe dera. No crer e sentir de muitos peregrinos, se não mesmo de todos, Fátima é sobretudo este manto de Luz que nos cobre, aqui como em qualquer outro lugar da Terra quando nos refugiamos sob a proteção da Virgem Mãe para Lhe pedir, como ensina a Salve Rainha, «mostrai-nos Jesus».
Queridos peregrinos, temos Mãe, temos Mãe! Agarrados a Ela como filhos, vivamos da esperança que assenta em Jesus, pois, como ouvíamos na Segunda Leitura, «aqueles que recebem com abundância a graça e o dom da justiça reinarão na vida por meio de um só, Jesus Cristo» (Rm 5, 17). Quando Jesus subiu ao Céu, levou para junto do Pai celeste a humanidade – a nossa humanidade – que tinha assumido no seio da Virgem Mãe, e nunca mais a largará. Como uma âncora, fundeemos a nossa esperança nessa humanidade colocada nos Céus à direita do Pai (cf. Ef 2, 6). Seja esta esperança a alavanca da vida de todos nós! Uma esperança que nos sustente sempre, até ao último respiro.
Com esta esperança, nos congregamos aqui para agradecer as bênçãos sem conta que o Céu concedeu nestes cem anos, passados sob o referido manto de Luz que Nossa Senhora, a partir deste esperançoso Portugal, estendeu sobre os quatro cantos da Terra. Como exemplo, temos diante dos olhos São Francisco Marto e Santa Jacinta, a quem a Virgem Maria introduziu no mar imenso da Luz de Deus e aí os levou a adorá-Lo. Daqui lhes vinha a força para superar contrariedades e sofrimentos. A presença divina tornou-se constante nas suas vidas, como se manifesta claramente na súplica instante pelos pecadores e no desejo permanente de estar junto a «Jesus Escondido» no Sacrário.
Nas suas Memórias (III, n. 6), a Irmã Lúcia dá a palavra à Jacinta que beneficiara duma visão: «Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente, a chorar com fome, e não tem nada para comer? E o Santo Padre numa Igreja, diante do Imaculado Coração de Maria, a rezar? E tanta gente a rezar com ele?» Irmãos e irmãs, obrigado por me acompanhardes! Não podia deixar de vir aqui venerar a Virgem Mãe e confiar-lhe os seus filhos e filhas. Sob o seu manto, não se perdem; dos seus braços, virá a esperança e a paz que necessitam e que suplico para todos os meus irmãos no Batismo e em humanidade, de modo especial para os doentes e pessoas com deficiência, os presos e desempregados, os pobres e abandonados. Queridos irmãos, rezamos a Deus com a esperança de que nos escutem os homens; e dirigimo-nos aos homens com a certeza de que nos vale Deus.
Pois Ele criou-nos como uma esperança para os outros, uma esperança real e realizável segundo o estado de vida de cada um. Ao «pedir» e «exigir» o cumprimento dos nossos deveres de estado (carta da Irmã Lúcia, 28/II/1943), o Céu desencadeia aqui uma verdadeira mobilização geral contra esta indiferença que nos gela o coração e agrava a miopia do olhar. Não queiramos ser uma esperança abortada! A vida só pode sobreviver graças à generosidade de outra vida. «Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24): disse e fez o Senhor, que sempre nos precede. Quando passamos através dalguma cruz, Ele já passou antes. Assim, não subimos à cruz para encontrar Jesus; mas foi Ele que Se humilhou e desceu até à cruz para nos encontrar a nós e, em nós, vencer as trevas do mal e trazer-nos para a Luz.
Sob a proteção de Maria, sejamos, no mundo, sentinelas da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor.


segunda-feira, 1 de maio de 2017

Trabalhadores (e trabalho) na PINTURA

"Peneirando o Trigo" - Gustave Courbet
Pintor francês (1819-1877)

"Colhendo Batatas" - Jules Bastien-Lepage
Pintor francês (1848-1884)

"Colheita de Algodão" - William Aiken Walquer
Pintor norte americano (1839-1921)

"O almoço do trolha"
de Júlio Pomar


"Jardineiros" - Gustave Callaibotte
Pintor francês (1848-1894)

Charles Auston
(Pintor africano-americano contemporâneo)


"Fazendeiro de Trigo" - Joe Jones
Pintor norte americano (1909-1963)

Jules Adler (1865-1952)
 La grève au Creusot (1899)

Quarto Stato,  di Giuseppe Pellizza da Volpedo

HOMENS DO FOGO, de LUIS DOURDIL



"A Respigadeira" - Jules Breton
Pintor francês (1827-1906)


"Operário" - Cândido Portinari
Pintor brasileiro (1903-1962)


"Quebradores de Pedras" - Gustave Courbet
Pintor francês (1819-1877)

"Hora do almoço"- trabalhadores de Nova York - Charles Ebbets

"O Pescador" - Charles Napier Henry
Pintor inglês (1841-1917)

"Plantadores de Batatas" - Vincent van Gogh
Pintor pós-impressionista francês (1853-1890)

Memória de um 1.º de Maio futuro



Hoje, 1.º de Maio, Dia do Trabalhador, é um bom dia para sair à rua — e um bom dia para contrariar ideias feitas.
O 1.º de Maio não é só o Dia do Trabalhador, é também o Dia do Trabalhador imigrante. Convém relembrar: o Dia do Trabalhador nasceu porque, a 1 de maio de 1886, houve um manifestação operária em Chicago na qual, na sequência de uma bomba que vitimou fatalmente oito polícias, foram presos oito líderes operários (à época, anarquistas) dos quais quatro foram enforcados em novembro do ano seguinte e os outros condenados a prisão perpétua (quando se confirmou que todos eram inocentes, estes últimos foram libertados), na sequência de um julgamento político que chocou o mundo. Pois bem, dos oito “mártires de Chicago”, cinco eram imigrantes e dois outros filhos de imigrantes.
O 1.º de Maio é também um dia das mulheres e das minorias. A memória viva dos “mártires de Chicago” foi durante décadas Lucy Parsons, uma oradora inflamada que era viúva de um dos enforcados, Albert Parsons, que com ela tinha vindo do Texas. A figura de Lucy Parsons destacava-se na sociedade norte-americana de então: tendo provavelmente nascido escrava, era descendente de africanos e de mexicanos. O casamento “misto” desta jovem mulher mestiça com Albert Parsons tinha sido motivo de escândalo. A luta pela diminuição do horário de trabalho, em que ambos se empenharam, não estava separada das lutas pelos direitos das minorias e pelo simples direito a amar e a ser feliz.
Do 1.º de Maio nasceu um movimento sem fronteiras e, como diríamos hoje (e muitos diziam já então), cosmopolita. Foi logo no ano seguinte, 1887, que a II.ª Internacional proclamou o dia 1.º de Maio como Dia do Trabalhador. Esta organização, da qual nasceram os partidos socialistas, não se baseava num modelo nacional (os partidos eram simplesmente, por exemplo, a "secção francesa" da Internacional) e nas suas reuniões defendia-se abertamente a construção dos Estados Unidos da Europa que Victor Hugo e muitos outros tinham proposto (desde Garibaldi e Bakunine até Lenin e Trotsky, já agora). 
Porquê este exercício de memória? As eleições nos EUA e agora em França contribuíram para reforçar uma opinião segundo a qual não é possível conciliar a defesa dos trabalhadores com a defesa da liberdade de circulação e da construção do projeto europeu, com a promoção de uma cidadania cosmopolita que ele implica. Para quem acredita nessa incompatibilidade, há uma esquerda de “classe”, mais velha, mais branca (na UE e nos EUA) e menos globalizada que só poderia ser protegida pelo estado nacional. Os interesses desta estariam a ser descurados por uma esquerda das “identidades”, mais jovem e mais móvel, suspeitosamente sensível à sua identidade europeia. Para defendermos a primeira, teríamos de deitar fora algumas das pretensões da segunda. A história do 1.º de Maio vem lembrar-nos que isto não é assim. Desde os seus inícios, o movimento dos trabalhadores e a causa socialista foram a favor dos imigrantes, a favor das minorias e a favor da construção da unidade europeia e do cosmopolitismo. Que a União Europeia que entretanto nasceu não tenha um lugar garantido para a justiça social não a torna diferente dos nossos vários países. Os direitos sociais precisam sempre de ser conquistados e defendidos, seja no país, na Europa ou no mundo.
Aqueles que acham que para melhorar a vida dos trabalhadores seria primeiro necessário deixar cair a UE estão a cometer o erro da velha anedota irlandesa: “— como se vai daqui para ali?, pergunta um irlandês. — Oh, diz o outro, eu não começaria por aqui”. O problema político deste tipo de pensamento é que começar de outro lugar é uma impossibilidade prática. Começamos de onde estamos.
Esperar pelo colapso da UE para se poder lutar pelos trabalhadores não é doutrina do socialismo; dadas as circunstâncias atuais, é até mesmo doutrina do cataclismo.

1 de Maio de 2017, 5:40 – Rui Tavares – PÚBLICO


domingo, 23 de abril de 2017

Pena suspensa para um criminoso que enterrou viva "a sua" cadela?



Condenado a pena SUSPENSA ... POR ENTERRAR VIVA A "SUA" CADELA?
Leiam a notícia toda. Leiam.
Que se devia fazer a um tipo como este?
A forma como a tratou, doente, incapacitada, indefesa, num sofrimento terrível? Que Justiça é esta? Que monstruosidade e que monstro este que a Justiça acaba por não punir?
Pobre animal! 
Chorei ao ler esta notícia... Que te fez este criminoso, cadelinha? E com que crueldade e requintes de malvadez te tratou...
Esse criminoso é dono do restaurante Barco do Sado, na localidade da Carrasqueira. Divulguem.

Nazaré Oliveira



Um homem foi condenado a uma pena suspensa de um ano e quatro meses de prisão depois de o tribunal ter dado como provado que enterrou viva a sua cadela velha e doente. Apesar de ter sido resgatado, o animal acabou por não resistir e morreu duas semanas mais tarde. A veterinária que o tentou tratar disse nunca ter assistido a um caso tão grave.
husky encontrava-se infectada por uma doença parasitária, uma dirofilariose ou "verme do coração", em que larvas transmitidas por mosquitos se acabam por alojar nas artérias pulmonares e no coração. Trata-se de uma patologia que exige repouso e cuidados. O construtor civil de 53 anos, que se recusou a comparecer ao julgamento e foi condenado à revelia no passado dia 6 de Abril no Tribunal de Grândola, negou ao PÚBLICO ter maltratado Big, que ele e a mulher, proprietária de um restaurante na zona da Comporta, no distrito de Setúbal, criaram.

O caso remonta a Janeiro do ano passado, quando Teresa Campos, fundadora da associação local Focinhos, de defesa dos animais, recebeu uma denúncia anónima por telefone a relatar que há vários dias que se ouvia um cão a uivar nas traseiras do restaurante Barco do Sado, na localidade da Carrasqueira. Meteu-se a caminho e chamou a GNR. Já tinha anoitecido quando deu com o recinto ao ar livre vedado e com uma porta trancada bloqueada por blocos de cimento, atrás da qual estava Big, deitada numa poça de lama, praticamente sem reacção. “O animal estava prostrado sem conseguir mover-se em estado caquético de magreza extrema, em delírio e hipotérmico”, devido ao frio e à chuva, descreve a sentença. Como o dono tinha “escavado uma pequena cova e colocado lá dentro o animal com vida”, só conseguia levantar ligeiramente a cabeça.

“Uivava de dor e aflição”
“Para que o corpo ficasse preso colocou-lhe [em cima] uma grelha em ferro e um bloco de cimento”, concluiu a sentença, que acolheu quase por inteiro a acusação. Ignora-se quantos dias ali ficou sem água e sem comida, escreveu a juíza responsável pela condenação. Antes de ser resgatada “uivava de dor e aflição”.
“Parecia um trapo velho e teve de ser tosquiada por causa dos parasitas externos”, descreveu ao PÚBLICO Teresa Campos, que improvisou uma maca e a cobriu com uma manta antes de a levar para o veterinário. O dono, que apareceu entretanto, “não demonstrou qualquer preocupação” com o estado do bicho, diz também a sentença: “Afirmou que se encontrava ali porque estava à espera de o mandar abater”. Durante as duas semanas em que resistiu à morte no Hospital Veterinário da Arrábida a cadela nunca reagiu a estímulos nem se alimentou voluntariamente. Como apresentava danos neurológicos sérios e dificilmente conseguiria recuperar acabou por ter de ser abatida.

Em Portugal há todos os anos mais de 1200 animais vítimas de maus tratos, refere ainda a sentença. “Não podem defender-se sozinhos, ficando reféns dos homens e da sua crueldade. São traídos por aqueles em quem mais confiam, e ainda assim nunca deixam de ser leais”. Para o tribunal, a actuação do construtor civil para com o animal deixou patente uma deformação da própria personalidade. “Ao invés de lhe proporcionar cuidados de saúde e nutrição, tratou-o cruelmente com o claro propósito de lhe causar lesões, dor e sofrimento ao privá-la totalmente da possibilidade de se mover, de alimento, água e cuidados médicos”, determinou a juíza.
O arguido diz-se injustiçado, mas afirma que não tentará recorrer da sentença, que o obriga a pagar à fundadora da Focinhos a conta do hospital veterinário e ainda a entregar 250 euros à associação. Alega que os militares da GNR que acorreram às traseiras do restaurante inventaram um cenário que nunca existiu.

Não a levou ao veterinário por receio que a matassem

“Se há pessoa que gosta de animais sou eu. É completamente mentira que se ouvissem os uivos, porque o animal já nem ladrava. E não estava tapado com nenhuma grade de ferro. Tinha era um buraco na areia, onde se recolhia”. O homem garante também que nunca colocou os blocos de cimento em cima do animal que Teresa Campos assegura ter visto: “Isso foi inventado por gente doente da cabeça. Li o que escreveram sobre o assunto a delegada de saúde e a GNR e é completamente falso.” Questionado sobre as razões pelas quais não levou ao veterinário a cadela doente, que ele próprio refere que “já mal comia”, o construtor civil responde que temia que a abatessem sem a sua autorização. 

O tribunal proibiu-o ainda, como pena acessória, de ter animais de companhia durante três anos, o que cria um problema: com o casal moram ainda outro cão e um gato. “O gato não está registado e é do meu filho”, equaciona o arguido, antes de se enfurecer: “Isto é alguém que me quer mal. Mas nunca pensem em vir buscar este cão, que anda comigo quase 24 horas por dia. Senão… aí já mexem comigo.”