quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Hanna Arendt explica Trump



Por que se recorre a Hannah Arendt para explicar Trump e não só ele. O mundo esta prestes a reproduzir os processos sociais magistralmente analisados por Hanna Arendt no clássico “As origens do totalitarismo”.
O clássico de George Orwell “1984” não é o único que está celebrando o retorno: o ensaio filosófico “As origens do totalitarismo” também vem chamando atenção. Entenda por que a autora é tão relevante.
De origem judaica, Hannah Arendt (1906-1975) nasceu na Alemanha e deixou o país quando Adolf Hitler assumiu o poder em 1933. Ela passou um período como refugiada apátrida na França e foi deportada para um campo de internamento sob o regime Vichy. Em 1941, Arendt emigrou para os EUA, assumindo mais tarde a cidadania americana.
Tendo vivenciado de perto o quase colapso de uma civilização avançada, ela também se tornou uma das primeiras teóricas políticas a analisar como o totalitarismo pôde se desenvolver no início do século 20. As raízes do nazismo e do stalinismo estão descritas em seu primeiro grande livro, As origens do totalitarismo, publicado originalmente em inglês em 1951.
Desde então, o livro se tornou leitura obrigatória para muitos estudantes, e agora a densa obra política de mais de 500 páginas se tornou um best-seller. Ele tem voado das prateleiras americanas desde que Donald Trump subiu ao poder no país. Esses novos fãs de Arendt estão, presumivelmente, tentando entender para onde pode levar a presidência do republicano.
“Na compreensão de Hannah Arendt, Trump não é um totalitário; ele incorpora o que ela chama de ‘elementos’ do totalitarismo”, explicou recentemente à DW Roger Berkowitz, professor e chefe do Centro Hannah Arendt de Política e Humanidade no Bard College em Nova York.
Berkowitz disse, no entanto, que fortes sinais de alerta não devem ser ignorados: “Arendt acreditava que um dos elementos centrais do totalitarismo é que ele é baseado num movimento (…) e Trump afirmou explicitamente que seria o porta-voz de um movimento. Essa é uma posição muito perigosa para um político.”
Soluções fáceis em tempos de ansiedade mundial
A análise de Arendt se concentra sobre os acontecimentos do período em que viveu. Embora as suas observações não possam explicar, obviamente, tudo sobre os complexos desenvolvimentos políticos de hoje, muitas delas ainda são bastante reveladoras: o populismo de direita a se espalhar pela Europa e EUA é uma reminiscência, em diferentes formas, da situação nos anos 1920 e 1930 que permitiu que nazistas e comunistas subissem ao poder.
Os livros de Arendt proporcionam uma visão sobre os mecanismos que levam tantas pessoas a aceitar prontamente mentiras, em tempos de incerteza global. Enquanto grandes jornais, como o New York Times e Washington Post, estão resgatando os escritos da filósofa, os usuários nas redes sociais compartilham amplamente frases como esta de As origens do totalitarismo:
“Num mundo incompreensível e sempre em mutação, as massas chegariam a um ponto em que, ao mesmo tempo, acreditariam em tudo e nada, pensariam que tudo seria possível e nada seria verdade.”
Narrativas simplificadas, repetidas
Em tal contexto, narrativas simplificadas, repetidas – e falsas –, que põem a culpa em bodes expiatórios e oferecem soluções fáceis, têm preferência sobre análises mais profundas que levam a opiniões informadas. Essa abordagem foi aplicada por líderes totalitários como Hitler, escreveu Arendt.
Neste sentido, não é nenhuma novidade a estratégia de Trump de colocar a culpa generalizada em muçulmanos e mexicanos pelo terrorismo, crime ou desemprego, e reivindicar um veto de viagem ou um muro como uma solução fácil.
Segundo Arendt, no início do século 20, os líderes totalitários basearam a sua propaganda nesta suposição explicitada em As origens do totalitarismo: “Pode-se fazer com que as pessoas acreditem em determinado dia nas mais fantásticas declarações, e esperar que, no dia seguinte, elas se refugiem no cinismo ao receber provas irrefutáveis da falsidade dessas afirmações; em vez de abandonar os líderes que mentiram para elas, as pessoas iriam clamar que sabiam o tempo todo que a declaração era uma mentira e admirariam os líderes por sua esperteza tática superior.”
Agora, Trump eleva essa abordagem a novos extremos. Mesmo que nunca tenha havido tantas pessoas dedicadas a expor as mentiras do novo presidente americano, a astuta tática presidencial é fazer com que tais relatos sejam desacreditados como vindos da mídia tradicional e “desonesta”. Atualmente, as crenças do movimento liderado pelo magnata são apoiadas por fontes alternativas amplamente disponíveis.
Em 1974, Hannah Arendt declarou em entrevista: “Se todo mundo sempre mentir para você, a consequência não é que você vai acreditar em mentiras, mas sobretudo que ninguém passe a acreditar mais em nada.”
A “banalidade do mal”
Num relato de Arendt, de 1961, sobre o julgamento de Adolf Eichmann, um dos principais organizadores do Holocausto, ela ganhou fama com a expressão “a banalidade do mal” ao descrever o seu ponto de vista que a maldade poderia não ser algo tão radical quanto se espera.
Em seu livro Eichmann em Jerusalém – Um relato sobre a banalidade do mal, Arendt explica como crimes foram cometidos por pessoas que obedeciam a ordens cegamente, para estar em conformidade com as massas. “Há uma estranha interdependência entre a irreflexão e o mal”, escreveu a filósofa em seu clássico.
A definição de irreflexão elaborada num primeiro trabalho publicado em 1958, A condição humana, poderia muito bem ter sido escrita para descrever as ordens executivas assinadas apressadamente por Trump, como também os seus esforços para justificá-las: “Irreflexão – a imprudência negligente ou desesperançada confusão ou repetição complacente de ‘verdades’ que se tornaram triviais e vãs – parece ser uma das características mais notáveis de nosso tempo.”
Desobediência civil
Claro, tais citações fora de seu contexto podem ser fáceis e confortáveis de compartilhar online, mas elas não refletem a totalidade das ideias de Arendt. Da mesma forma, aqueles que quiserem encontrar todas as respostas em As origens do totalitarismo estão fadados a se decepcionar.
Não foi Arendt quem escolheu o título, mas seu editor. Segundo Berkowitz, ela acreditava que o mundo era complexo e confuso demais para se identificar as raízes do totalitarismo.
Ao revisitar os escritos de Arendt, tentando impossivelmente prever se seremos tomados por novas formas de totalitarismo no futuro, pode-se encontrar consolo em outras observações da filósofa: ela considerava a desobediência civil uma parte essencial do sistema político americano – e os fortes movimentos de protesto atualmente no país demonstram isso novamente. Como na famosa frase da escritora: “Ninguém tem o direito de obedecer.”
in http://www.revistaprosaversoearte.com/por-que-se-recorre-hannah-arendt-para-explicar-trump/

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Panama Papers: rostos e ligações

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Um especial interactivo produzido pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI) explora as histórias do uso de empresas offshore por parte de políticos, seus familiares e associados – mais de 100 no total.

Entre os rostos agora expostos estão 12 chefes de Estado ou de governo e outros 33 políticos e funcionários públicos com ligações directas a paraísos fiscais. Nomes revelados numa gigantesca fuga de informação de mais de 11 milhões de documentos que põe a nu a forma como dirigentes políticos, figuras poderosas e burlões de várias áreas usam os paraísos fiscais para fazer fortunas à margem da lei. Os documentos foram obtidos pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung, a partir de uma fonte anónima. O CIJI já anunciou que divulgará a lista completa das empresas e pessoas a elas ligadas no início de Maio.




4 de Abril de 2016, 13:34
PÚBLICO

domingo, 29 de janeiro de 2017

Defendamos os Direitos Humanos e os Direitos dos Animais


Coloquei aqui esta imagem chocante, sim, de uma realidade muito mais chocante, trágica, inadmissível, que ensombra a vida de tanta gente, seja crianças, animais, sujeitas ao horror da violação e aos instintos mais perversos de monstros que não merecem a liberdade nem a luz do dia.
Seres inocentes, como esta cadelinha, vítima de estupro.

Inocentes e indefesos brutalmente agredidos e violentados até à morte.

Os meus amigos sabem que estou e estarei sempre na linha da frente para defender os direitos dos humanos MAS TAMBÉM DOS NÃO HUMANOS.

Infelizmente, estes últimos, ainda não têm leis mais duras que os protejam da pior besta, o Homem, quando contra eles age, desta maneira ou de outra qualquer, aprisionando-os, matando-os à fome ou ao frio, matando-os por sádico prazer, matando-os e violentando-os com a indiferença de quem no olhar tem sempre a frieza da morte e a dureza no coração.

Lutemos por quem sofre estes horrores!
Denunciemos esta corja de psicopatas assassinos, estejam onde estiverem!





Nazaré Oliveira

domingo, 22 de janeiro de 2017

Por que se chumba mais a História?

O programa de História A do secundário começa no século V a.C. e vai até ao período atual.
Na imagem, a Batalha de Aljubarrota, em 1385
D.R.
O exame de História A teve a média mais baixa em 2016. Aumento da matéria testada será uma das causas.
Não foi no exame de Matemática, nem de Biologia, nem de Física e Química, provas tradicionalmente associadas a maiores dificuldades, que os alunos do secundário tiveram mais problemas no ano passado. Olhando para os resultados nos 22 exames finais de 2015/16, foi no de História A (realizado pelos estudantes de Línguas e Humanidades) que se registou o pior desempenho, com a média a ficar nos 9,5 valores. Apenas num outro a classificação ficou na negativa. Aconteceu a Francês — 9,8 valores —, mas que contou com um número muito reduzido de testes realizados: menos de mil contra mais de 14 mil a História A.
A consequência imediata foi que também mais alunos chumbaram à disciplina: 14%. Só a Matemática A (curso de ciências) a taxa de reprovações foi superior, mas apenas por um ponto percentual. E entre os alunos que já tinham chumbado antes ou que anularam a matrícula ao longo do ano — os chamados “autopropostos” — os desempenhos a História A estão também entre os piores, com uma média de 7,2 valores e 73% de negativas.
Apresentados os números, vamos às causas sugeridas por professores. A primeira tem a ver com a própria estrutura do exame nacional que, a partir de 2014, passou a incluir a matéria do 11º e, no ano seguinte, também do 10º. Ou seja, a prova realizada no 12º passou a versar conteúdos de todo o secundário e ainda outro tipo de exercícios. Para Miguel Monteiro e Mariana Lagarto, da direção da Associação de Professores de História (APH), estas foram “alterações substanciais” que levaram a que “professores e alunos tivessem de adaptar o seu trabalho de preparação para o exame” e que provocaram “decerto algumas perturbações”. A média em 2014 foi de 9,9; no ano seguinte subiu para 10,7; caindo 1,2 valores em 2016. Nos anos anteriores oscilou entre 10 e 11,9.
É certo que nas informações publicadas pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) em relação às provas finais são indicados os “módulos” que vão ser objeto de avaliação. Em 2017 já se sabe que a História A será um do 10º, dois do 11º e três do 12º, o que inclui desde as “raízes mediterrânicas da civilização europeia”, passando pela “Europa nos séculos XVII e XVIII”, até “Portugal e o mundo, da II Guerra Mundial ao início da década de 80”.
“O próprio Ministério tem consciência da extensão e complexidade do programa de História do secundário”, sublinha Ana Schefer, professora da disciplina há mais de 30 anos. E é esta a primeira dificuldade sentida pelos alunos: “São três livros dados no 10º, três no 11º e três no 12º. Em cada um dos anos temos de dar um livro por período”, reforça.
“É muito difícil os alunos reterem tanta matéria. Ainda agora acabei de dar uma aula suplementar de revisão da matéria do 10º a uma turma do 12º”, corrobora Helena Veríssimo, ex-presidente da APH, professora e autora de manuais. E a tarefa torna-se ainda mais complicada quando as turmas são “enormes”. “A História não pode ser uma disciplina indicativa, em que os alunos decoram e despejam a matéria. Tem a ver com a análise e interpretação de fontes, que permitem construir o conhecimento. Os alunos têm ritmos diferentes, mas é muito difícil fazer um trabalho individualizado em turmas com 28 e 30 estudantes. Ou não se cumpre o programa, o que não é uma hipótese, sobretudo quando há exames no final, ou, muitas vezes, não conseguimos fazer o trabalho que gostaríamos e debitamos mais”, assume.
Outro dos problemas referidos tem a ver com o domínio do Português. “Os alunos têm muitas dificuldades em interpretar e em expressar-se corretamente”, diz a ex-presidente da APH. “O domínio da língua portuguesa é fundamental num exame como o de História, em que é preciso inferir mensagens mais ou menos implícitas e expressar o pensamento com clareza e correção”, concorda Ana Schefer, professora na Clara de Resende, no Porto, a escola secundária onde se registou a média mais alta do país (contando apenas aquelas onde se realizaram 20 ou mais provas). As instruções do IAVE são claras: “Nos itens de resposta restrita e extensa, a classificação a atribuir traduz a avaliação do desempenho no domínio da disciplina e no domínio da comunicação escrita em língua portuguesa.”

Para Ana Schefer, há uma condição prévia para se conseguirem bons resultados: “As minhas primeiras aulas são sempre para explicar a importância da disciplina. Se há alguma em que se abordam todas as vertentes do ser humano é a História, com uma vertente demográfica, social, económica, cultural, política. E se conseguir incentivar os alunos a gostar da matéria é meio caminho andado”, defende. “Quem se preocupe só em memorizar chega ao exame e tem negativa. É preciso compreender o porquê”, acrescenta, juntando a disciplina na sala de aula e o gosto pelo conhecimento e pela investigação à fórmula do sucesso.
Num total de 518 secundárias onde se realizaram exames de História A, em duas em cada três (327) a média dos alunos ficou abaixo dos 10 valores. A atual direção da APH lembra, no entanto, que um desempenho mais baixo pode dever-se a alguma “desorientação” numa ou duas perguntas, “muitas vezes provocada pelo stress do momento”. Além disso, acrescenta, os exames não “conseguem abranger tudo o que os alunos aprenderam em três anos letivos”, havendo até o risco de se estar a dar “demasiada importância a classificações e rankings”, em detrimento do “mais importante”, como todas as outras tarefas que ajudam ao “desenvolvimento do raciocínio”.
NEGATIVO

9,5 valores foi a média registada no exame de História A, na 1ª fase do ano passado. Foi a classificação mais baixa entre todas as provas realizadas no ensino secundário
14% dos alunos de Línguas e Humanidades reprovaram na disciplina de História no passado ano letivo. Apenas a Matemática A (curso de Ciências) houve mais chumbos: 15%




EXPRESSO
22.01.2017 

sábado, 14 de janeiro de 2017

A extrema-direita em Portugal

Manifestação em Julho no Martim Moniz NUNO FERREIRA SANTOS


A extrema-direita em Portugal quer dar nas vistas, mas é “irrelevante”

Só salta para as páginas dos jornais quando há algum acontecimento ou quando o contexto internacional lança inquietações e levanta o medo de contágio. Mas politicamente, em Portugal, só à lupa a extrema-direita se consegue ver.

O Brexit já tinha provocado os seus efeitos. Depois Donald Trump vence as eleições nos Estados Unidos. Líderes nacionalistas europeus congratulam-se com a chegada de Trump à Casa Branca. Por cá, no mesmo dia em que o recém-eleito Presidente dos EUA insiste em expulsar dois a três milhões de imigrantes, há duas manifestações a acontecer no Martim Moniz, uma que luta pelos direitos dos imigrantes e outra, promovida pelo PNR, que não os quer no país. O que significam estes acontecimentos em Portugal? Há motivos para recear um contágio, para temer a extrema-direita? A resposta, para já, é não. Mas Trump também não ia ganhar, ironiza o politólogo Carlos Jalali.
Para o politólogo André Freire, a extrema-direita em Portugal é, pelo menos do ponto de vista estatístico e eleitoral, “inexistente”, “irrelevante”. “Não estou a dizer que deva ser desvalorizado, mas eles são bastante fracos. São grupos com pouco peso, não quer dizer que não possam ter mais, mas nós não temos muitos imigrantes”, diz.

A vitória de Trump inspira os populistas europeus

Em Portugal, o PNR tem uma expressão eleitoral reduzida (nas legislativas, ficou-se pelos 0,5%, ainda assim, mais do que os 0,32% em 2011. “Não quer dizer que não haja algumas atitudes mais difundidas, mas como conjunto coerente e projecto político não creio que haja grande alastramento na sociedade portuguesa”, acrescenta André Freire.
Ricardo Marchi, do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL, explica essa falta de expressão com o facto de o PNR fazer um discurso anti-imigração e anti-islâmico referindo, que Portugal não se deve tornar como a França, a Bélgica, mas essa mensagem “de oposição a ‘o que poderia ser’ - e não ao que é - tem escassas possibilidades de atrair militantes e eleitores num país que não vive as emergências ligadas ao multi-culturalismo”.

“Medo da globalização”

O politólogo Carlos Jalali também entende que há “uma certa vaga de populismo nas democracias contemporâneas, que tem como núcleo central uma perspectiva antielitista”, segundo a qual os políticos “não ouvem o cidadão comum”. Neste universo, há dois temas recorrentes: o antieuropeísmo e a questão da imigração. Mas em Portugal esta última nem chega a ser uma questão, alerta Jalali: “28% dos europeus considera a imigração um dos dois temas mais importantes que o seu país enfrenta, de acordo com o Eurobarómetro de Maio de 2016. Em contrate com esta média europeia, Portugal surge com apenas 3%”. Se, continua, o tema é o segundo mais importante para os europeus (a seguir ao desemprego), em Portugal a imigração surge no fim da lista das preocupações, é a 10º em 13. Perigo de contágio? “Não me parece que vá haver grande politização dos temas da imigração em Portugal, no sentido de haver uma vaga de partidos com discurso anti-imigração a conseguir mobilizar muitos eleitores.”
Também a politóloga Marina Costa Lobo considera que “o peso da extrema-direita em Portugal é muito reduzido. O impacto é muito diminuto. Tem a ver com razões socioeconómicas, o peso dos migrantes é reduzido e tem vindo a diminuir com crise”. Mais: “As lideranças políticas do PNR tem tido muito pouca força e capacidade de chegar aos media principais.”

O “medo da globalização”, continua, leva o norte da Europa e os países mais ricos a um “populismo de direita, ligado à preservação de territórios e de fronteiras”. No sul, prossegue, leva a um “populismo de esquerda” que se traduz em discursos contra a Europa e pelo fechamento económico, mas sem questões identitárias. Marina Costa Lobo não teme a extrema-direita em Portugal: “Não me parece que seja uma questão de grande relevância em Portugal.”
O PNR não se formou como muitos outros partidos. O que fez foi pegar no PRD (Partido Renovador Democrático): “Resolveram utilizar o PRD que tinha tido algum sucesso parlamentar nos anos 80 à volta de Ramalho Eanes, mas que no final dos 90 já se encontrava sem actividade. Os militantes nacionalistas simplesmente ingressaram no partido, conquistaram a direcção, acertaram as dívidas e a seguir mudaram nome para PNR”, conta Riccardo Marchi. 

Para este investigador, o PNR não tem expressividade, porque “a realidade social portuguesa é muito diferente da que se vive na França, Bélgica, onde a sociedade multicultural e multirracial é evidente e há bairros com minorias muçulmanas, muito mais marcada do que a portuguesa”. Ora, diz, “fazer o discurso anti-imigração em 80% do território nacional, onde não há imigração, não afecta o cidadão, não consegue mobilizar. Tanto que o discurso do líder do PNR é sempre no futuro: ‘não queremos que Portugal se torne a França, Bélgica…’. É o discurso que ele faz há muitos anos.”


M e 
 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Cat Stevens - "Father and Son"


Cat Steves, um dos meus cantores preferidos desde os "60s" com uma das composições mais belas de sempre.

Adoro "Father and son".

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Amados cães

Snoopy
Mousse


Se houver, como dizem que há, um Céu dos Cães, é lá que quero ter assento, a ver a luz a minguar no horizonte, com a sua palidez de crepúsculo num retrato da infância. 
Hei-de então bater à porta e pedir para entrar, e sei que eles virão, contentes e leves, receber-me como se o tempo tivesse ficado quieto nos relógios e houvesse apenas lugar para a ternura, carícia lenta a afagar o pêlo molhado pela chuva. 
Então, poderemos voltar a falar de felicidade e de mim não me importarei que digam: teve vida de cão, por amor aos cães.


José Jorge Letria in Amados Cães