sexta-feira, 5 de agosto de 2016
sábado, 30 de julho de 2016
David Harvey: O neoliberalismo é um projeto político
Perante uma ameaça global ao seu poder, a classe capitalista corporativa reconheceu que tinha que lutar para travar o poder da classe trabalhadora por quaisquer meios possíveis.
David Harvey sobre o que é o neoliberalismo exatamente – e porque o
conceito é importante. Há onze anos atrás David Harvey publicou O
Neoliberalismo. História e Implicações [A Brief History of
Neoliberalism], agora um dos livros mais citados sobre a questão. Os anos desde
então têm testemunhado novas crises económicas e financeiras, mas também novas
ondas de resistência que frequentemente têm como alvo o “neoliberalismo” na sua
crítica de sociedade contemporânea.
Cornel West fala do movimento Black Lives Matter como “um
julgamento de poder neoliberal”; o falecido Hugo Chávez chamava o
neoliberalismo de “caminho para o inferno”; e os líderes sindicais estão cada
vez mais a usar o termo para descrever o ambiente mais amplo no qual ocorrem
lutas laborais. Os mediamainstream também adotaram o termo só para
argumentar que o neoliberalismo realmente não existe.
Mas de que, exatamente, estamos a falar quando falamos de neoliberalismo? É
um útil alvo para os socialistas? E como ele tem mudado desde a sua génese no
fim do século XX?
Bjarke Skærlund Risager, um doutorando no Departamento de Filosofia e
História das Ideias na Universidade Aarhus, sentou-se com David Harvey para
discutir a natureza política do neoliberalismo, como tem transformado modos de
resistência, e porque a esquerda ainda precisa de ser séria sobre a necessidade
de acabar com o capitalismo.
Neoliberalismo é um termo amplamente usado hoje em dia. Porém,
frequentemente não está claro ao que se refere quando as pessoas o usam. No seu
uso mais sistemático, pode referir-se a uma teoria, um grupo de ideias, uma
estratégia política ou um período histórico. Pode começar por explicar como
entende o neoliberalismo?
Sempre tratei o neoliberalismo como um projeto político feito pela classe
capitalista corporativa porque esta sentia-se intensamente ameaçada politica e
economicamente no fim dos anos 1960 e durante os anos 1970.
Desesperadamente queria lançar um projeto político que travasse o poder da
classe trabalhadora.
Em muitos aspetos, o projeto era contrarrevolucionário. Conteria o que, na
época, eram movimentos revolucionários no mundo em desenvolvimento –
Moçambique, Angola, China, etc. – mas também uma maré crescente de influências
comunistas em países como Itália e França e, em menor grau, a ameaça de um ressurgimento
do que aconteceu em Espanha.
Mesmo nos Estados Unidos, os sindicatos produziram um congresso Democrata
que era radical nas suas intenções. No começo dos anos 1970, juntamente com
outros movimentos sociais, forçaram uma série de reformas e iniciativas
reformistas que punham em causa os interesses dos grandes grupos empresariais:
a Agência de Proteção Ambiental (EPA), a Administração de Saúde e Segurança
Ocupacional (OSHA), proteções para consumidores, e um conjunto inteiro de
questões que empoderavam a classe trabalhadora como esta nunca tinha sido
empoderada antes.
Nesta situação, houve, de facto, uma ameaça global ao poder da classe
capitalista corporativa e, portanto, a questão era: “o que fazer?” A classe
dominante não era omnisciente, mas reconheceu que existiam várias frentes nas
quais tinha que lutar: a frente ideológica, a frente política, e, acima de
tudo, tinha que lutar para travar o poder da classe trabalhadora por quaisquer
meios possíveis. Disso, surgiu o projeto político que eu chamaria
neoliberalismo.
Pode falar um pouco sobre as frentes ideológicas e políticas e os ataques
contra a classe trabalhadora?
A frente ideológica consistia em seguir o conselho de um homem chamado
Lewis Powell. Ele escreveu um memorando no qual dizia que as coisas estavam a
ir longe demais, que o capital precisava de um projeto coletivo. O memorando
ajudou mobilizar a Câmara de Comércio e a Mesa de Negócios [Business
Roundtable, a associação de executivos das maiores corporações dos Estados
Unidos].
As ideias também eram importantes à frente ideológica. A conclusão na época
era que era impossível controlar as universidades porque o movimento
estudantil era forte demais e os docentes demasiado progressistas, então
fundaram think tanks como o Manhattan Institute,
a Heritage Foundation, a Ohlin Foundation. Esses think
tanks trouxeram as ideias de Freidrich Hayek e Milton Friedman e a
economia pelo lado de oferta.
A ideia era esses think tanks fazerem pesquisas sérias e
alguns fizeram – por exemplo, a Agência Nacional de Pesquisa Económica (NBER)
foi uma fundação privada que fez pesquisa extremamente boa e extensiva. Essas
pesquisas seriam publicadas independentemente e influenciariam a imprensa e,
pouco a pouco, cercaria e infiltrariam as universidades.
Esse processo demorou muito tempo. Penso que chegamos a um ponto em que não
é mais necessária a Heritage Foundation. As universidades basicamente foram
conquistadas pelos projetos neoliberais.
Em relação à classe trabalhadora, o desafio era fazer o trabalho “doméstico”
competitivo com o trabalho global. Uma das formas era abrir a imigração. Nos
anos 1960, por exemplo, os alemães estavam a importar trabalhadores turcos, os
franceses trabalhadores do Magreb, os britânicos trabalhadores das colónias.
Mas isso criou muito insatisfação e perturbação.
Em vez disso, escolheram uma outra maneira: levar o capital para onde
a mão-de-obra barata estava. Mas para a globalização funcionar, tinha que
reduzir tarifas e fortalecer o capital financeiro, pois o capital
financeiro é a forma mais móvel do capital. Então, capital financeiro e coisas
como a livre flutuação de moedas tornaram-se pontos críticos ao projeto de
travar a classe trabalhadora.
Ao mesmo tempo, projetos ideológicos de privatizar e desregular a economia
criaram desemprego. Então, desemprego no país e transferência
de empregos para fora do país, e um terceiro componente: mudança
tecnológica, desindustrialização através de automação e robotização. Essa era a
estratégia de esmagar a classe trabalhadora.
Foi um atentado ideológico, mas também um atentado económico. Para mim,
neoliberalismo era sobre isso: era um projeto político, e acho que a burguesia
e a classe capitalista corporativa colocaram em prática pouco a pouco.
Não creio que começaram por ler Hayek ou algo do género, creio que
intuitivamente diziam: “Temos que esmagar a classe trabalhadora e como
fazemos?” E encontraram uma teoria legitimadora existente que apoiaria esse
objetivo.
Desde a publicação do O Neoliberalismo. História e
Implicações [em inglês] em 2005, muito já foi escrito sobre o conceito. Parece
que tem dois campos: estudiosos mais interessados na história inteletual do
neoliberalismo e pessoas que se preocupam com o “neoliberalismo atualmente
existente”. Onde se encaixa?
Há uma tendência nas ciências sociais, que tendo a resistir, para procurar
uma teoria singular das coisas. Então há uma ala de pessoas que dizem que o
neoliberalismo é uma ideologia e escrevem uma história idealista dele.
Um exemplo disso é o argumento de governabilidade de Foucault que
vê as tendências de neoliberalismo já presentes no século XVIII. Mas se
você vê o neoliberalismo como uma ideia ou um conjunto de práticas limitadas de
governabilidade, vai encontrar vários precursores.
O que falta aqui é perceber a maneira pela qual a classe capitalista
orquestrou os seus esforços durante os anos 1970s e os primeiros anos da década
de 1980. Acho justo falar que na época – no mundo inglês, pelo menos – os
capitalistas corporativos se tornaram unificados.
Eles concordaram entre si sobre muitas coisas, como a necessidade de uma
força política para os representar. Então, deu-se o controlo do Partido
Republicano e uma tentativa de minar, até certo grau, o Partido Democrata.
A partir dos anos 1970s, o Supremo tribunal tomou muitas decisões que
deixaram a classe capitalista corporativa comprar as eleições mais facilmente
que no passado.
Por exemplo, surgem reformas de financiamento de campanhas que trataram as
doações às campanhas como uma forma de livre expressão. Há uma longa tradição
nos Estados Unidos de capitalistas corporativos comprarem eleições, mas agora
essa prática foi legalizada ao invés de ser considerada como corrupção
escondida.
Em geral, penso que esse período foi definido por um movimento amplo numa
série de frentes, ideológicas e políticas. E a única maneira de explicar aquele
movimento amplo é reconhecer o relativamente alto grau de solidariedade da
classe capitalista corporativa. O capital reconheceu o seu poder numa tentativa
desesperada de recuperar a sua riqueza económica e a sua influência, que tinham
diminuíram a partir do fim dos anos 1960 e continuaram assim nos anos 1970.
Houve numerosas crises desde 2007. Como a história e o conceito de
neoliberalismo nos ajudam a entendê-las?
Houve poucas crises entre 1945 e 1973; houve alguns momentos sérios,
mas nenhuma crise grande. A viragem para políticas neoliberais ocorreu no meio
da crise dos anos 1970, e o sistema inteiro tem sofrido uma série de crises
desde então. E, é claro, crises produzem as condições de futuras crises.
Em 1982-1985, houve uma crise de endividamento no México, Brasil,
Equador e basicamente todos os países em desenvolvimento, inclusive Polónia. Em
1987-1988, teve a grande crise nas instituições de poupança e crédito nos
Estados Unidos. Teve uma crise ampla na Suécia em 1990 e todos os bancos
tiveram que ser nacionalizados.
Então, certamente temos a Indonésia e Ásia Sudeste em 1997-1998, depois a
crise mudou para a Rússia, Brasil e atingiu a Argentina em 2001-2002.
E existiram problemas nos Estados Unidos em 2001 que foram resolvidos
tirando dinheiro da bolsa de ações e colocando-o no mercado imobiliário.
Em 2007-2008, o mercado imobiliário implodiu, então deu-se a crise aqui.
Pode olhar num mapa do mundo e ver como as tendências à crise se movimentaram.
Pensar no neoliberalismo é útil para entender essas tendências.
Um dos maiores movimentos de neoliberalização foi a demissão de todos os
keynesianos do Banco Mundial e FMI em 1982 – um saneamento total dos assessores
económicos que tinham ideias keynesianas.
Foram substituídos por economistas neoclássicos do lado da oferta e a
primeira coisa que fizeram foi decidir que a partir de então o FMI deveria
seguir uma política de ajuste estrutural sempre que surgisse uma crise.
Em 1982, certamente, houve uma crise de endividamento no México. O FMI
disse: “Vamos salvar-te”. Na verdade, o que o FMI fez foi salvar os bancos de
investimento de Nova York e implementar uma política de austeridade.
A população de México sofreu algo como uma perda de 25% do seu padrão de
vida nos quatro anos depois que se seguiram a 1982 como resultado das políticas
de ajuste estrutural do FMI.
Desde então, houve quatro ajustes estruturais no México. Muitos outros
países tinham sofrido mais do que um. Essa tornou-se uma prática padrão.
O que estão a fazer na Grécia agora? É quase uma cópia do que fizeram no
México em 1982, mas só mais sofisticado. Isto é o que também aconteceu nos
Estados Unidos em 2007-2008. Salvaram bancos e fizeram as pessoas pagarem
através de uma política de austeridade.
As crises recentes e a forma como as mesmas foram geridas pelas classes
dominantes fez com que repensasse a sua teoria sobre o neoliberalismo?
Bom, não creio que a solidariedade entre a classe capitalista hoje seja
como antes. Geopoliticamente, os Estados Unidos não estão numa posição de
mandar globalmente como nos anos 1970.
Acho que estamos a assistir a uma regionalização das estruturas globais de
poder dentro do sistema de estados – hegemonias regionais como Alemanha na
Europa, Brasil na América Latina, China na Ásia Oriental.
Obviamente, os Estados Unidos ainda têm uma posição global, mas os tempos
mudaram. Obama pode ir ao G20 e dizer: “Devemos fazer isso” e Angela Merkel
pode responder “Não estamos a fazer isso”. Isso não aconteceria nos anos 1970.
Então a situação geopolítica é mais regionalizada, há mais autonomia. Penso
que é parcialmente um resultado do fim da Guerra Fria. Países como Alemanha não
precisam mais de depender dos Estados Unidos para proteção.
Além disso, o que tem sido chamado de a “nova classe capitalista” de Bill
Gates, Amazon e Silicon Valley tem políticas diferentes dos tradicionais
capitalistas do petróleo e da energia.
Como resultado, tendem a agir de forma própria, então há muita rivalidade
entre, digamos, energia e finanças, e energia e o pessoal de Silicon Valley,
etc. Há sérias divisões que são evidentes em questões como mudança climática,
por exemplo.
A outra coisa crucial, penso eu, é que a onda neoliberal dos anos 1970 não
aconteceu sem resistência. Houve resistência massiva dos trabalhadores, de
partidos comunistas na Europa, etc.
Mas eu diria que até o fim dos anos 1980, a luta foi perdida. Então, na
medida em que a resistência tem desaparecido, os trabalhadores e sindicatos já
não têm o poder que tinham, a solidariedade entre a classe dominante não é mais
necessária para [o neoliberalismo] funcionar. Não precisa mais de se juntar e
fazer algo contra a luta de baixo porque não existe mais uma ameaça. A classe
dominante está a dar-se extremamente bem e não precisa de mudar realmente
nada.
Porém, enquanto a classe capitalista está a dar-se muito bem, o capitalismo
não está. As taxas de lucro recuperaram-se, mas as taxas de reinvestimento são
terrivelmente baixas e muito dinheiro não está a circular de volta na produção
e está a ir para a compra de terras e a especulação financeira.
Vamos falar mais sobre resistência. No seu trabalho, aponta o aparente
paradoxo de que os ataques neoliberais foram acompanhados por um processo
paralelo de declínio em luta de classes – pelo menos no Norte Global – a favor
de “novos movimentos sociais” para liberdades individuais. Pode desvendar como
o neoliberalismo provoca certas formas de resistência?
Aqui uma proposta para pensar. E se cada modo dominante de produção, com a
sua configuração política particular, cria um modo de oposição como uma imagem
de espelho a si mesmo?
Durante a era Fordista da organização do processo da produção, a imagem de
espelho era o grande e centralizado movimento sindical e os partidos políticos
centralistas democráticos.
A reorganização do processo da produção e a viragem para a acumulação
flexível durante os tempos neoliberais têm produzido uma esquerda que, em
muitos aspetos, é a sua imagem de espelho: redes, descentralização, não
hierárquica. Acho isso muito interessante.
E até certo ponto a imagem de espelho confirma aquela que está tentar
destruir. No final, acho que o movimento sindical na verdade reforçou o
Fordismo.
Creio que uma grande parte da esquerda hoje, sendo muito autonomista e
anárquica, está na verdade a reforçar o jogo final do neoliberalismo. E muitas
pessoas da esquerda não gostam de ouvir isso.
Mas, é claro, a questão surge: Há forma de se organizar que não é uma
imagem de espelho? Podemos esmagar esse espelho e encontrar algo diferente que
não faz o jogo do neoliberalismo?
A resistência ao neoliberalismo pode ocorrer de diferentes maneiras. No meu
trabalho, eu enfatizo que o ponto no qual o valor é realizado é também um ponto
de tensão.
O valor é produzido no processo de trabalho, e esse é um aspeto muito
importante da luta de classes. Mas o valor é realizado no
mercado através do comércio, e há muita política envolvida nisso.
Muita resistência à acumulação de capital ocorre não só no lugar de
produção, mas também através do consumo e a realização do valor.
O exemplo de uma fábrica de automóveis: grandes fábricas costumavam
empregar 25 mil trabalhadores; agora empregam 5 mil, pois a tecnologia tem
reduzido a necessidade de trabalhadores. Então cada vez mais empregos estão a
ser deslocados da esfera de produção e estão a ser cada vez mais empurrados
dentro da vida urbana.
O centro principal de descontentamento dentro da dinâmica capitalista está
crescentemente a mudar para lutas sobre a realização do valor – sobre as
políticas da vida quotidiana na cidade.
Os trabalhadores obviamente são importantes e há muitas questões
relativamente aos trabalhadores que são cruciais. Se estivéssemos em Shenzhen
na China, lutas sobre o processo de trabalho são dominantes. E nos Estados
Unidos, por exemplo, a greve na empresa Verizon deveria ter sido apoiada.
Mas em muitos lugares no mundo, lutas sobre a qualidade da vida quotidiana
são dominantes. Registe-se as grandes lutas nos últimos dez a quinze anos: algo
como Gezi Park em Istambul não foi uma luta de trabalhadores, foi
descontentamento com as políticas da vida quotidiana e a falta de democracia e
os processos decisórios; as revoltas nas cidades brasileiras em 2013, novamente
foram manifestações de descontentamento com as políticas da vida quotidiana:
transporte, possibilidades e contra todos os gastos nos grandes estádios quando
não havia dinheiro para construir escolas, hospitais e habitação decente.
As revoltas que nós vemos em Londres, Paris e Estocolmo não são sobre o processo
de trabalho: são sobre as políticas de vida quotidiana.
Essas políticas são bem diferentes das políticas que existem no lugar da
produção. No lugar do trabalho, é capital versus trabalho. Lutas sobre a
qualidade da vida urbana são menos claras em relação à sua configuração de
classe.
Políticas claras de classe, que geralmente vêm de um entendimento sobre
produção, ficam mais confusas enquanto se tornam mais realistas. É uma questão
de classe, mas não é uma questão de classe no sentido clássico.
Considera que falamos demais sobre neoliberalismo e pouco sobre
capitalismo? Quando é apropriado usar um termo ou o outro, e quais são os
riscos envolvidos em misturá-los?
Muitos liberais dizem que o neoliberalismo foi longe demais em relação à
desigualdade de rendimento, que a privatização foi além do normal, que existem
bens comuns que temos que cuidar, tal como o meio ambiente.
Há também uma variedade de maneiras de falar sobre o capitalismo, a
economia da partilha, por exemplo, que acaba por ser muito capitalizada e muito
exploradora.
Há a noção de capitalismo ético, que acaba por ser simplesmente sobre a
necessidade de ser honesto em vez de roubar. Portanto, há possibilidades nas
mentes de algumas pessoas de algum tipo de reforma da ordem neoliberal para uma
outra forma de capitalismo.
Acho possível que se possa fazer um capitalismo melhor do que o
atualmente existe. Mas não muito melhor.
Os problemas fundamentais estão tão enraizados agora que não há forma de
avançar sem um movimento anticapitalista forte. Então, colocaria as coisas nos
termos anticapitalistas ao invés de colocá-las em termos anti neoliberais.
E creio que o perigo é que, quando ouço pessoas a falar de anti
neoliberalismo, não existe a perceção de que o capitalismo em si, em
qualquer das suas formas, é o problema.
A maioria dos anti neoliberal falha em não tratar dos macroproblemas
de crescimento composto sem fim – problemas ecológicos, políticos e económicos.
Então, prefiro falar de anti capitalismo do que de anti neoliberalismo.
Entrevista a David Harvey conduzida por Bjarke Skærlund Risager.
29 de Julho, 2016 - 13:23h
in http://www.esquerda.net//artigo/david-harvey-o-neoliberalismo-e-um-projeto-politico/43872?utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook
Publicado originalmente no blog da revista Jacobin.
Tradução de Sean Purdy para o Blog Junho.
Tradução de Sean Purdy para o Blog Junho.
quarta-feira, 27 de julho de 2016
Discurso completo de Michelle Obama na DNC (25.07.2016)
Michelle Obama marcou a convenção do Partido Democrata esta segunda-feira (madrugada de terça em Portugal) com um discurso de apelo ao voto a Hillary Clinton, mas que foi bem para lá disso. Num momento em que o partido democrata enfrenta divisões e protestos, as palavras da primeira-dama dos Estados Unidos da América foram diretas à identidade dos americanos, à sua História e aos seus valores, emocionando quem a ouvia.
Michelle recuou aos dias em que, após a eleição de Barack Obama para a presidência, há oito anos, entraram na Casa Branca. “Nunca esquecerei aquela manhã de inverno, enquanto via as nossas filhas, com apenas sete e dez anos, a subirem para os grandes SUV pretos, com todos aqueles homens armados", recorda. "A única coisa em que eu conseguia pensar era: 'O que fomos nós fazer?'."
"Naquele momento, percebi que o nosso tempo na Casa Branca formaria a base daquilo que elas viriam a ser. E a forma como nós geríssemos essa experiência poderia formá-las ou quebrá-las."
Michele Obama lembrou que o que está em causa são "os nossos filhos e filhas" e o papel que o presidente dos Estados Unidos tem nesse futuro, num discurso que pode ser lido na íntegra na “Time”*, por exemplo. “Nesta eleição, e noutras eleições, o que está em causa é quem terá o poder de formar as nossas crianças nos próximos quatro ou oito anos das suas vidas.” E acrescentou: “Há apenas uma pessoa a quem confio essa responsabilidade, uma única pessoa que acredito ser verdadeiramente qualificada para ser presidente dos Estados Unidos, e é a nossa amiga Hillary Clinton”.
in
http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-07-26-O-discurso-de-Michelle-Obama-que-emocionou-os-americanos
http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-07-26-O-discurso-de-Michelle-Obama-que-emocionou-os-americanos
Grande senhora! Inteligente, política, cativante.
A Casa Branca aguardará a sua chegada na hora certa. Assim o desejo.
Aqui fica o discurso completo**:
Michelle Obama's speech to the Democratic National Convention in Philadelphia, July 25, 2016.
MRS. OBAMA: Thank you all. (Applause.) Thank you so much. You know, it’s hard to believe that it has been eight years since I first came to this convention to talk with you about why I thought my husband should be President. (Applause.) Remember how I told you about his character and conviction, his decency and his grace -– the traits that we’ve seen every day that he’s served our country in the White House.
I also told you about our daughters –- how they are the heart of our hearts, the center of our world. And during our time in the White House, we’ve had the joy of watching them grow from bubbly little girls into poised young women -– a journey that started soon after we arrived in Washington, when they set off for their first day at their new school.
I will never forget that winter morning as I watched our girls, just seven and ten years old, pile into those black SUVs with all those big men with guns. (Laughter.) And I saw their little faces pressed up against the window, and the only thing I could think was, “What have we done?” (Laughter.) See, because at that moment, I realized that our time in the White House would form the foundation for who they would become, and how well we managed this experience could truly make or break them.
That is what Barack and I think about every day as we try to guide and protect our girls through the challenges of this unusual life in the spotlight -- how we urge them to ignore those who question their father’s citizenship or faith. (Applause.) How we insist that the hateful language they hear from public figures on TV does not represent the true spirit of this country. (Applause.) How we explain that when someone is cruel, or acts like a bully, you don’t stoop to their level -– no, our motto is, when they go low, we go high. (Applause.)
With every word we utter, with every action we take, we know our kids are watching us. We as parents are their most important role models. And let me tell you, Barack and I take that same approach to our jobs as President and First Lady, because we know that our words and actions matter not just to our girls, but to children across this country –- kids who tell us, “I saw you on TV, I wrote a report on you for school.” Kids like the little black boy who looked up at my husband, his eyes wide with hope, and he wondered, “Is my hair like yours?” (Applause.)
And make no mistake about it, this November, when we go to the polls, that is what we’re deciding -– not Democrat or Republican, not left or right. No, this election, and every election, is about who will have the power to shape our children for the next four or eight years of their lives. (Applause.) And I am here tonight because in this election, there is only one person who I trust with that responsibility, only one person who I believe is truly qualified to be President of the United States, and that is our friend, Hillary Clinton. (Applause.)
See, I trust Hillary to lead this country because I’ve seen her lifelong devotion to our nation’s children –- not just her own daughter, who she has raised to perfection –- (applause) -- but every child who needs a champion: Kids who take the long way to school to avoid the gangs. Kids who wonder how they’ll ever afford college. Kids whose parents don’t speak a word of English but dream of a better life. Kids who look to us to determine who and what they can be.
You see, Hillary has spent decades doing the relentless, thankless work to actually make a difference in their lives -- (applause) -- advocating for kids with disabilities as a young lawyer. Fighting for children’s health care as First Lady and for quality child care in the Senate. And when she didn’t win the nomination eight years ago, she didn’t get angry or disillusioned. (Applause.) Hillary did not pack up and go home. Because as a true public servant, Hillary knows that this is so much bigger than her own desires and disappointments. (Applause.) So she proudly stepped up to serve our country once again as Secretary of State, traveling the globe to keep our kids safe.
And look, there were plenty of moments when Hillary could have decided that this work was too hard, that the price of public service was too high, that she was tired of being picked apart for how she looks or how she talks or even how she laughs. But here’s the thing -- what I admire most about Hillary is that she never buckles under pressure. (Applause.) She never takes the easy way out. And Hillary Clinton has never quit on anything in her life. (Applause.)
And when I think about the kind of President that I want for my girls and all our children, that’s what I want. I want someone with the proven strength to persevere. Someone who knows this job and takes it seriously. Someone who understands that the issues a President faces are not black and white and cannot be boiled down to 140 characters. (Applause.) Because when you have the nuclear codes at your fingertips and the military in your command, you can’t make snap decisions. You can’t have a thin skin or a tendency to lash out. You need to be steady, and measured, and well-informed. (Applause.)
I want a President with a record of public service, someone whose life’s work shows our children that we don’t chase fame and fortune for ourselves, we fight to give everyone a chance to succeed -- (applause) -- and we give back, even when we’re struggling ourselves, because we know that there is always someone worse off, and there but for the grace of God go I. (Applause.)
I want a President who will teach our children that everyone in this country matters –- a President who truly believes in the vision that our founders put forth all those years ago: That we are all created equal, each a beloved part of the great American story. (Applause.) And when crisis hits, we don’t turn against each other -– no, we listen to each other. We lean on each other. Because we are always stronger together. (Applause.)
And I am here tonight because I know that that is the kind of president that Hillary Clinton will be. And that’s why, in this election, I’m with her. (Applause.)
You see, Hillary understands that the President is about one thing and one thing only -– it’s about leaving something better for our kids. That’s how we’ve always moved this country forward –- by all of us coming together on behalf of our children -- folks who volunteer to coach that team, to teach that Sunday school class because they know it takes a village. Heroes of every color and creed who wear the uniform and risk their lives to keep passing down those blessings of liberty.
Police officers and protestors in Dallas who all desperately want to keep our children safe. (Applause.) People who lined up in Orlando to donate blood because it could have been their son, their daughter in that club. (Applause.) Leaders like Tim Kaine -- (applause) -- who show our kids what decency and devotion look like. Leaders like Hillary Clinton, who has the guts and the grace to keep coming back and putting those cracks in that highest and hardest glass ceiling until she finally breaks through, lifting all of us along with her. (Applause.)
That is the story of this country, the story that has brought me to this stage tonight, the story of generations of people who felt the lash of bondage, the shame of servitude, the sting of segregation, but who kept on striving and hoping and doing what needed to be done so that today, I wake up every morning in a house that was built by slaves -- (applause) -- and I watch my daughters –- two beautiful, intelligent, black young women –- playing with their dogs on the White House lawn. (Applause.) And because of Hillary Clinton, my daughters –- and all our sons and daughters -– now take for granted that a woman can be President of the United States. (Applause.)
So don’t let anyone ever tell you that this country isn’t great, that somehow we need to make it great again. Because this, right now, is the greatest country on earth. (Applause.) And as my daughters prepare to set out into the world, I want a leader who is worthy of that truth, a leader who is worthy of my girls’ promise and all our kids’ promise, a leader who will be guided every day by the love and hope and impossibly big dreams that we all have for our children.
So in this election, we cannot sit back and hope that everything works out for the best. We cannot afford to be tired, or frustrated, or cynical. No, hear me -- between now and November, we need to do what we did eight years ago and four years ago: We need to knock on every door. We need to get out every vote. We need to pour every last ounce of our passion and our strength and our love for this country into electing Hillary Clinton as President of the United States of America.
Let’s get to work. Thank you all, and God bless.
**Discurso escrito in http://abcnews.go.com/Politics/full-text-michelle-obamas-2016-democratic-national-convention/story?id=40884459
domingo, 24 de julho de 2016
O que significa Brexit?
Brexit é a abreviação de Britain Exit, uma expressão inglesa que significa “Saída Britânica”, na tradução literal para o português. Este termo refere-se ao plano que prevê a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
A decisão sobre a saída do Reino Unido do bloco económico europeu foi feita a partir de um referendo popular (plebiscito), realizado em 23 de junho de 2016. Com 51,9% dos votos, a maioria dos cidadãos britânicos optaram pelo Brexit, contra 48,1% que apoiavam a permanência do Estado na União Europeia.
A maioria dos eleitores da Inglaterra e País de Gales votaram a favor da saída do Reino Unido, enquanto que grande parte dos cidadãos da Escócia e Irlanda do Norte se manifestaram por permanecer na UE.
O Reino Unido (United Kingdom ou UK, em inglês) é formado por quatro países constituintes: Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales.
O principal discurso dos defensores da Brexit é a ideia do nacionalismo tradicional, apoiado por ideais anti-migração.
Para a saída do Reino Unido da União Europeia foi invocado o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que prevê que qualquer Estado-membro da UE tem a liberdade para sair do bloco económico de modo voluntário e unilateral. Também fica determinado que o prazo máximo para as negociações de saída é de dois anos, caso não haja uma decisão unânime que prorrogue este tempo.
Com a Brexit, o Reino Unido entra para a história como o primeiro Estado-membro a sair da União Europeia.
No entanto, futuramente, caso decida voltar a fazer parte da UE, o Reino Unido deverá formular um novo pedido de adesão ao Conselho Europeu. Após deliberação e voto unânime do Parlamento, o Estado pode voltar a ingressar o bloco económico.
in http://www.significados.com.br/brexit/
Ver também:
o significado da União Europeia e http://pt.euronews.com/2016/02/16/brexit-sabe-o-que-e-nos-explicamos-lhe-para-que-saiba-o-que-esta-em-jogo
O que significa Brexit?
Brexit é a abreviação de Britain Exit, uma expressão inglesa que significa “Saída Britânica”, na tradução literal para o português. Este termo se refere ao plano que prevê a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
A decisão sobre a saída do Reino Unido do bloco econômico europeu foi feita a partir de um referendo popular (plebiscito), realizado em 23 de junho de 2016. Com 51,9% dos votos, a maioria dos cidadãos britânicos optaram pelo Brexit, contra 48,1% que apoiavam a permanência do Estado na União Europeia.
A maioria dos eleitores da Inglaterra e País de Gales votaram a favor da saída do Reino Unido, enquanto que grande parte dos cidadãos da Escócia e Irlanda do Norte se manifestaram por permanecer na UE.
O Reino Unido (United Kingdom ou UK, em inglês) é formado por quatro países constituintes: Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales.
O principal discurso dos defensores da Brexit é a ideia do nacionalismo tradicional, apoiado por ideais anti-migração.
Para a saída do Reino Unido da União Europeia foi invocado o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que prevê que qualquer Estado-membro da UE tem a liberdade para sair do bloco econômico de modo voluntário e unilateral. Também fica determinado que o prazo máximo para as negociações de saída é de dois anos, caso não haja uma decisão unânime que prorrogue este tempo.
Com a Brexit, o Reino Unido entra para a história como o primeiro Estado-membro a sair da União Europeia.
No entanto, futuramente, caso decida voltar a fazer parte da UE, o Reino Unido deverá formular um novo pedido de adesão ao Conselho Europeu. Após deliberação e voto unânime do Parlamento, o Estado pode voltar a ingressar o bloco económico.
in http://www.significados.com.br/brexit/
Ver também:
o significado da União Europeia e http://pt.euronews.com/2016/02/16/brexit-sabe-o-que-e-nos-explicamos-lhe-para-que-saiba-o-que-esta-em-jogo
quinta-feira, 21 de julho de 2016
Trump
Trump: How many people know what ‘xenophobe’ means?
Donald Trump is not too worried about people calling
him a “xenophobe” or “nativist,” if his comments to Boston radio host Howie
Carr are any indication.
Carr wrote in the Boston Herald on Thursday that
aboard the presumptive Republican nominee’s plane after attending a rally in
Bangor, Maine, he mentioned a protest sign earlier in the day in Boston, which
he recalled as saying, “RACIST SEXIST BIGOT FASCIST XENOPHOBE ISLAMOPHOBE
TRUMP.”
“Hillary’s called me a ‘xenophobe’ a few times. How
many people even know what the word means? Same with ‘nativist,'” Trump said,
according to Carr’s account.
Carr spoke at Trump’s event in Bangor, Maine, and
proceeded to mock Sen. Elizabeth Warren (D-Mass.) with Indian war whoops,
poking at the accusation that she secured a job at Harvard University by
claiming Cherokee heritage. Warren, a Hillary Clinton surrogate who campaigned
with the presumptive Democratic nominee on Monday in Ohio, has lashed out at
Trump frequently for his rhetoric toward women and minorities.
By NICK GASS 6/30/16, 4:28 PM CET
Subscrever:
Mensagens (Atom)