domingo, 4 de novembro de 2018

Morreu Amal



Num título bem destacado, o JN noticia a morte de Amal Hussain, a menina de sete anos "escondida num corpo doente, de tão magro".
Mas a imagem, a imagem desta criança, igual a milhares de outras imagens de crianças cujas vidas mais morte são, faz-me doer a alma e o coração, angustia-me, revolta-me.
Sinto vergonha por esta sociedade tão desigual, tão sem dignidade, tão indiferente ao outro, que continua a deixar que milhões de pessoas inocentes morram sem alimentos ou sem medicamentos básicos, morram sem realmente ter vivido, tal a miséria e a privação extrema que passam.
"Não há carne. Só pele e osso", dizia a médica responsável.
Que realidade tão brutal e tão cruel.
Cruel e evitável, porque as malditas guerras a que assistimos, e cujas vítimas são esta pequenina Amal e milhares e milhares de outras crianças como esta, e milhares e milhares de mulheres e de homens inocentes, são feitas por sacanas sem lei que tudo fazem para ganhar cada vez mais poder e dinheiro, porque ter dinheiro é ter poder, poder perverso que cresce com a morte e destruição dos outros. Poder que cria desumanidades.
A fome no mundo continua a existir, a esta escala, porque não há vontade política para acabá-la.
Pobres inocentes nas mãos dos senhores da guerra que impunemente continuam a matar, a violar e a destruir a vida de quem nada fez para merecer este fim.
Malditas guerras.
“É uma daquelas fotografias que fazem olhar para o lado, porque custa a crer que seja real e porque realidades assim tão más não deviam afetar quem ainda não teve tempo para fazer mal na vida”.


Nazaré Oliveira



Artigo original: https://www.nytimes.com/interactive/2018/10/26/world/middleeast/saudi-arabia-war-yemen.html?smtyp=cur&smid=tw-nytimes