domingo, 1 de novembro de 2015

Não gostas de Política? Este texto é para ti.



Isto, é como a salada. Não aprecias enquanto és criança, porque não provas, porque é chato, porque é comida para adultos, e ninguém te mostra como pode saber bem. Dizer “faz-te bem à saúde!” não chega. Tens de crescer, entender em que é que os legumes te beneficiam, forçar-te a experimentar e, passado um tempo, já nenhuma refeição te sabe ao mesmo sem a bela saladinha.
A política é a alface da história.
Não gostas de política? Não entendes isto de ser de Direita ou de Esquerda? Não fazia mal… Sim, não “fazia” mal… É que agora cresceste.
Tudo, ou quase tudo o que te rodeia é política. A tua conta da água, a quantidade de horas que trabalhas, quanto recebes, quanto descontas, a educação do teu filho, o apoio à tua saúde, a emigração da tua amiga, as dificuldades do teu irmão ao abrir um negócio…(podíamos estar aqui o dia todo).
Eu sei que é difícil não perder o fio à meada. Mas talvez não precises de perceber, de início, a meada toda.
A única coisa necessária é que saibas quem és e o que defendes. Que te perguntes quais são os temas que não te deixam ficar calada. Não interessa se são os mesmos que os meus, ou se estão certos para quem quer que seja. Desde que estejam certos para ti.
Eu, por exemplo, sei que sou pela igualdade. Por todas, e a todos os níveis. É o que mais me define. Também acredito que quem trabalha e produz mais, deve receber mais e que mesmo quem não produz nada tem direito, no mínimo, à dignidade. Então, procurei o partido que melhor me representa. E encontrei. Tu, se te deres a esse trabalhinho, também vais encontrar. Ou até fiques dividida. Ou não gostes de nenhum. Não importa. O que importa é que queiras saber!
O que tens, realmente, é de saber quem és, quem queres ser, e como queres ser lembrada. A partir daí é fácil. É só garantires que nunca irás dar o teu apoio a quem pensa de forma contrária à tua. Usares a tua espada – o voto – para impedir que o poder chegue às mãos de quem ofende as tuas convicções.
Eu já decidi. Quero viver num país onde, independentemente da minha aparência, profissão, classe social, orientação sexual ou etnia, tenha tal e qual os mesmos direitos, tal e qual os mesmos deveres, do meu vizinho do lado. Seja ele quem for.
E tu? Queres continuar a ser aquela que diz: “Calem-se com política! Vamos falar
de coisas interessantes! Afinal onde é o jantar de sábado?!”? E o que vais responder à tua filha, quando te fizer uma pergunta difícil, porque quer ser uma mulher informada?
Vais continuar a fingir que “são todos iguais!”, só porque, na verdade, tens tido demasiada preguiça para te interessares sobre as decisões que estão a ser tomadas em relação à tua vida?
Ou vais, finalmente, começar a apreciar salada?



Catarina Corvo

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