Os animais humanos e não humanos são seres dotados de
sistema nervoso, mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar
consciência do que se passa em seu redor e do que é agradável, perigoso e
agressivo e doloroso.
Estes seres experimentam sensações, emoções e
sentimentos muito semelhantes. Este facto leva-os a
utilizar mecanismos de defesa e de fuga, sem as quais, não poderiam sobreviver. Portanto,
medo e dor são condições essenciais de sobrevivência.
Afirmar-se que nalguma situação não medicada, algum
animal possa não sentir medo e dor se for ameaçado ou ferido, é
testemunho da maior ignorância, ou intenção de negar uma verdade vital.
A ciência revela que o esquema anatómico, a fisiologia
e a neurologia do touro, do cavalo e do homem e de outros mamíferos são
extremamente semelhantes.
As reacções destas espécies são análogas perante a
ameaça, o susto, o ferimento. O senso comum apreende e a ciência
confirma-o.
Depois desta explicação, imaginem o sofrimento
horrível que uma pessoa teria se fosse posta no lugar de um touro capturado e
conduzido ao “calvário” de uma tourada.
Conclusão comportamental ética?
Seres humanos (tauromáquicos) não devem infligir a
outros seres de sensibilidade semelhante (touros e cavalos), sofrimentos a que
os próprios infligidores (tauromáquicos) não aceitariam ser submetidos.
Na tourada à portuguesa importa mencionar o
terrível sentimento de claustrofobia e pânico que o touro sofre desde que é
retirado violentamente da campina e transportado em aperto até à arena. Depois,
há o maltrato com a finalidade de o enfraquecer física e animicamente antes de
ser toureado.
Na arena, o touro enfrenta a provocação e a tortura
durante a lide e no fim desta, com a retirada sempre violenta e muito dolorosa
das bandarilhas, rasgando ou cortando mais o couro sem qualquer anestesia.
No final de tudo, o animal é metido no transporte,
esgotado, ferido e febril, em acidose metabólica horrível que o maldispõe e
intoxica, até que a morte o liberte de tanto sofrimento.
O cavalo sofre um esgotamento e terrível tensão
psicológica ao ser usado como veículo, sendo
dominado, incitado e lançado pelo cavaleiro e obrigado a enfrentar o touro, quando
a sua atitude natural seria a de fuga e de pôr-se a uma distância segura.
À força de treino, de esporas que o magoam e
ferem, de ferros na boca e corrente à volta da mandíbula, que o magoam e o
subjugam, o cavalo arrisca morte por síncope/paragem cardíaca, ferimentos mais
ou menos graves, até a morte na arena.
É difícil, senão impossível, acreditar que toureiros e
aficionados amem touros e cavalos, quando os submetem a violência, risco,
sofrimento.
Questiono-me porque se continua a permitir uma
actividade que assenta na violência e no sofrimento público de animais,
legalizado e autorizado por lei e até apreciado, aplaudido e glorificado por
alguns?
E uma verdadeira democracia não permite nem legaliza a
tortura. E você?
Vasco Reis,13.6.13
Publicado no Algarve Jornal 123, Portimão, Algarve,
Portugal
Fonte:
Partilhado do blogue da Isabel Ferreira http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/