A tradução
deste discurso foi feita por Isabel Atalaia a partir da tradução não oficial
para inglês de Stathis Kouvelakis. Em ambos os casos, as traduções foram feitas
com grande urgência, por se entender prioritário difundir um discurso de
importância fundamental. Por esse motivo, este texto será atualizado caso se
verifique a necessidade de fazer qualquer alteração que salvaguarde a sua fidelidade
ao original.
Compatriotas,
Durante estes seis meses, o governo grego tem travado uma batalha em condições de asfixia económica sem precedentes para implementar o mandato que nos foi dado, a 25 de Janeiro, por vós.
Durante estes seis meses, o governo grego tem travado uma batalha em condições de asfixia económica sem precedentes para implementar o mandato que nos foi dado, a 25 de Janeiro, por vós.
O mandato que negociávamos com os nossos
parceiros visava acabar com a austeridade e permitir que a prosperidade e a
justiça social regressassem ao nosso país.
Era um mandato com vista um acordo sustentável que respeitasse quer a democracia, quer as regras europeias comuns e que conduzisse à saída definitiva da crise.
Era um mandato com vista um acordo sustentável que respeitasse quer a democracia, quer as regras europeias comuns e que conduzisse à saída definitiva da crise.
Ao longo deste período de
negociações, fomos convidados a executar os acordos concluídos pelos governos
anteriores através dos memorandos, embora estes tenham sido categoricamente
condenados pelo povo grego nas recentes eleições.
Apesar disso, nem por um momento
pensámos em render-nos. Isso seria trair a vossa confiança.
Após cinco meses de duras
negociações, os nossos parceiros, infelizmente, lançaram, na reunião do
Eurogrupo de anteontem, um ultimato à democracia grega e ao povo grego.
Um ultimato que é contrário aos
princípios e valores fundamentais da Europa, aos valores do nosso projeto comum
europeu.
Pediram ao governo grego que
aceitasse uma proposta que representa um novo fardo insustentável para povo
grego e boicota a recuperação da economia e da sociedade grega, uma proposta
que, não só perpetua a instabilidade, mas acentua ainda mais as desigualdades
sociais.
A proposta das instituições inclui:
medidas conducentes a uma maior desregulamentação do mercado de trabalho, cortes
nas pensões, reduções adicionais aos salários do sector público e um aumento do
IVA sobre os alimentos, a restauração e o turismo, enquanto elimina alguns
benefícios fiscais das ilhas gregas.
Estas propostas violam diretamente
os direitos sociais e fundamentais europeus: elas são reveladoras de que, no
que diz respeito ao trabalho, à igualdade e à dignidade, o objetivo de alguns
dos parceiros e instituições não é um acordo viável e benéfico para todas as
partes, mas a humilhação do povo grego.
Estas propostas manifestam,
sobretudo, a insistência do FMI na austeridade severa e punitiva e tornam mais
oportuna do que nunca a necessidade de que as principais potências europeias
aproveitem a oportunidade e tomem as iniciativas que permitirão o fim definitivo
da crise da dívida soberana grega, uma crise que afeta outros países europeus e
ameaça o futuro da integração europeia.
Compatriotas,
Pesa, agora, sobre os nossos ombros
uma responsabilidade histórica face às lutas e sacrifícios do povo grego para a
consolidação da democracia e da soberania nacional. A nossa responsabilidade
para com o futuro do nosso país.
E essa responsabilidade obriga-nos a
responder a um ultimato com base na vontade soberana do povo grego.
Há pouco, na reunião do Conselho de
Ministros, sugeri a organização de um referendo, para que o povo grego decida
de forma soberana.
A sugestão foi aceite por
unanimidade.
Amanhã, será convocada uma reunião
de urgência no Parlamento para ratificar a proposta do Conselho de Ministros de
um referendo a realizar no próximo domingo, 5 de Julho, sobre a aceitação ou
rejeição das propostas das instituições.
Já informei desta minha decisão o
presidente francês e a chanceler alemã, o presidente do BCE, e amanhã farei
seguir, por carta, um pedido formal, aos líderes e às instituições da UE, para
que prolonguem por alguns dias o programa atual, para que o povo grego possa
decidir, livre de qualquer pressão e chantagem, como é exigido pela
Constituição do nosso país e pela tradição democrática da Europa.
Compatriotas,
Compatriotas,
À chantagem do ultimato que nos pede
para aceitar uma severa e degradante austeridade sem fim e sem qualquer perspetiva
de recuperação social e económica, peço-vos para responderem de forma soberana
e orgulhosa, como a história do povo grego exige.
Ao autoritarismo e à dura austeridade, responderemos com democracia, calmamente e de forma decisiva.
A Grécia, o berço da democracia, irá enviar uma retumbante resposta democrática à Europa e ao mundo.
Estou pessoalmente empenhado em respeitar o resultado da vossa escolha democrática, qualquer que ele seja.
E estou absolutamente confiante de que a vossa escolha honrará a história do nosso país e enviará uma mensagem de dignidade ao mundo.
Nestes momentos críticos, todos temos de ter em mente que a Europa é a casa comum dos povos. Na Europa, não há proprietários nem convidados.
A Grécia é e continuará a ser uma parte integrante da Europa e a Europa é uma parte integrante da Grécia. Mas, sem democracia, a Europa será uma Europa sem identidade e sem rumo.
Convido-vos a demonstrar unidade nacional e calma para que sejam tomadas as decisões certas.
Por nós, pelas gerações futuras, pela história do povo grego.
Pela soberania e a dignidade do nosso povo.
Ao autoritarismo e à dura austeridade, responderemos com democracia, calmamente e de forma decisiva.
A Grécia, o berço da democracia, irá enviar uma retumbante resposta democrática à Europa e ao mundo.
Estou pessoalmente empenhado em respeitar o resultado da vossa escolha democrática, qualquer que ele seja.
E estou absolutamente confiante de que a vossa escolha honrará a história do nosso país e enviará uma mensagem de dignidade ao mundo.
Nestes momentos críticos, todos temos de ter em mente que a Europa é a casa comum dos povos. Na Europa, não há proprietários nem convidados.
A Grécia é e continuará a ser uma parte integrante da Europa e a Europa é uma parte integrante da Grécia. Mas, sem democracia, a Europa será uma Europa sem identidade e sem rumo.
Convido-vos a demonstrar unidade nacional e calma para que sejam tomadas as decisões certas.
Por nós, pelas gerações futuras, pela história do povo grego.
Pela soberania e a dignidade do nosso povo.
Atenas, 27 de Junho, 1h00.
in http://aventar.eu/2015/06/27/discurso-de-alexis-tsipras/ - 27.6.2015