quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Avante!


Grande senhor! Tem sido e certamente continuará a ser um grande exemplo para o mundo, particularmente o mundo da Política e da governação.

"Não, o poder não muda as pessoas; apenas revela quem elas são na realidade."

Uma frase simples que encerra exatamente o que é fundamental dizer-se, particularmente nestes tempos em que a Política e a ação governativa tão ofendida tem sido por quem dela se tem aproveitado para singrar na vida. Na sua vida, claro, e não na vida do povo, na vida democrática.

Esta frase de José Mujica deveria ser traduzida e colocada em todos os cruzamentos de todas as vilas, cidades e aldeias do nosso país! Afinal, em todo o mundo, porque, infelizmente, em todo o mundo cresce o polvo da corrupção, do compadrio, dos eternamente candidatos a políticos mas dos eternamente aproveitadores da Política para fins pessoais, familiares e corporativos.

Se houvesse Ética e uma Justiça mais atenta e mais atuante, os políticos que nos representam seriam escolhidos de forma muito mais verdadeira e coerente e, se mais tarde revelassem que na Política não estão para servir, antes, para servir-se, seriam imediatamente presos e exemplarmente julgados para nunca mais dela se abeirarem.

Eu acredito na Política, sim, e na força do povo como único fator de mudança para uma sociedade justa.

Em Portugal, volvidos 40 anos pós 25 de Abril, é com muita revolta e muita tristeza que vejo ao ponto a que chegámos em matéria de Estado Social e de democraticidade nas nossas instituições!

Mas ninguém está inocente neste processo dramático de assistirmos ao delapidar dos valores e direitos conquistados no dia 25 de Abril de 1974!

Quem cala consente, e a infelicidade tem sido, também, resultante de uma inação quase letárgica e fatal que vai permitindo cá como noutras paragens, políticas corruptas, fascizantes, até cruéis nas medidas que adotam, tal a insensibilidade com que decidem e impõem legislação, não para eles mas sim para nós, não para os seus mas sim para os nossos.

Todos temos tido culpa pelo estado a que chegou a nossa democracia. Uns mais do que outros. 
Todos, sobretudo os que, como eu, sentem a angústia de um povo à deriva que não se une e não se mobiliza, apesar das diferenças, apesar das sensibilidades, mesmo quando em causa está a manutenção do regime democrático e os valores consignados na nossa Constituição.

Avante!



É urgente o amor
É urgente um barco no mar

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos, muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer. 



(poema de Eugénio de Andrade)



Nazaré Oliveira